Lixas - Técnicas De Lixagem

Luis C Matos

Clássico
Regra geral as lixas servem para amaciar as superfícies e dar às superfícies e/ou produtos aplicados que exijam uma lixagem de modo a que se livrem as peças dos desníveis e fazer um alisamento de agradável aspecto ao toque e preparando a superfície para receber as camadas de tinta e outras matérias sem que no final se notem irregularidades, asperezas e as próprias marcas de lixagem.

Em resumo, as lixas servem como uma grande mais-valia de pré-acabamentos. A sua aspereza ou suavidade de lixagem dependem do tipo de grão tanto para as lixas a seco quanto para as lixas a água.

Há, mitologicamente, pois, quem esteja convencido que uma superfície metálica ou de madeira é só lixar e toca a andar para a frente como as muitas infelizes e até caricatas situações públicas que se observam nos tais vizinhos pintores de fins-de-semana a pintar um portão ou cancela onde lixam (qualquer lixa serve) e raspam, por vezes nem colocam aparelho primário, e toca a pintar por cima que é para só “inglês ver”. Um automóvel não funciona assim nesta metodologia ocasional e pode-se observar o estado da sua pintura por defeitos visíveis por muito bem que os tentem ocultar.

Uma situação a saber e muito importante por todos os utilizadores de lixas e jamais não confundir é:

- Quanto mais BAIXO for o seu número mais GROSSO é o seu grão e,

- Quanto mais ALTO for o seu número mais FINO é o seu grão.

Temos assim as categorias de lixas consoante os seus grãos:

- MUITO GROSSAS - P16, P24, P30, P36, P40

- GROSSAS – P50, P60, P80

- MÉDIAS – P100, P120

- FINAS – P120, P180

- MUITO FINAS – P220, P240, P280, P320

- EXTRAFINAS – P360, P400, P500, P600

- SUPERFINAS – P1000, P1200, P1500

- MICROFINAS – P2000, P2500

Entretanto aproveito para aplicar aqui as tabelas para as lixas de:


- Lixa de Água – Grão 80 até 2000


- Lixa para Ferro - Grão 36 até 220


- Lixa para Massa - Grão 60 até 220


Qual é a forma correcta de usar as lixas segundo os seus grãos?


Regra geral começa-se a utilizar as lixas mais grossas em primeiro lugar e indo após cada lixagem terminada, passar na sequência seguinte para as lixas de grão mais fino, caso contrário gasta-se tempo em lixagem, demasiado esforço e ter-se-á, pois, um trabalho final imperfeito que poderá requer começar tudo do princípio.


Se começamos com uma lixa 80 (por exemplo) logo teremos que ir reduzindo entre cada lixagem, e já muito antes de chegar ao fim do trabalho, por outra lixa de grão mais fino, caso contrário a lixa grossa desbastará todo o trabalho. Assim, usando uma 80 passaremos depois a uma 150, seguindo-se a 220 (acabamento mais liso) e continua-se com uma 400 e termina-se com uma 600 para um maior prefeito alisamento.


Um betume de poliéster ou fibra de poliéster depois de secos são sempre lixados pela seguinte sequência de grãos e lixas:


1ª MãoLixa 80 – Para desbastar as irregularidades e conseguir assim uma superfície, quase, imediatamente nivelada. Notem que eu descrevo “quase” porque aqui terão que ir lixar de modo a não desfazer a camada de massa na sua totalidade e somente a tentar alisar as irregularidades da superfície que de facto é apresentada e bem visível pelo uso das espátulas usadas para misturar e espalhar o betume e que quando não se possui a devida prática de colocar uniformemente as massas sobre uma superfície acaba-se, claramente, numa cobertura bem irregular em vez de naquela camada de pasteleiro profissional bem mais lisinha.


2ª MãoLixa 150 – Para alisar a superfície de modo a que esta se “funda” com a restante chapa, ou seja, criar a mesma aparência (plana ou curva) de modo a parecer o mais possível com a restante superfície em redor sem ondulação e sem bordas altas em redor da área trabalhada.


3ª MãoLixa 220 – Para alisar a superfície mas desta vez com mais um pouco de lixagem estendida a 5 cm da superfície tratada de modo a que a área de sobra em redor da massa não se apresente com marcas de lixagem causadas na “1ª Mão”.


4ª MãoLixa 600 – Para alisar e aveludar a superfície dando-lhe uma maciez que irá ser coberta pelo primário e de modo a que no final não se note a sobressair no primário as primeiras marcas de todas as lixagens.


Recomendo durante a lixagem de betumes, sempre que possível, a utilização de tacos de borracha ou plástico adquiridos para o efeito cuja face seja o mais direita possível e que ajudarão em muito durante a lixagem a tornar as superfícies mais planas e sem as ondulações do que usar simplesmente as mãos e os dedos que neste caso não irão garantir uma face plana dado que as mãos são tortas quanto bastem para causar maiores ondulações inevitáveis.


A técnica de lixagem, para quem não possui prática, é isolar com fita de mascarar (fita de papel) a área onde se trabalha até cerca de 15 cm em redor da área a lixar de modo a fixar um ponto onde “começa” a lixagem um pouco atrás e “acaba” a área a ser lixada um pouco mais à frente, a não ser que queira lixar a superfície de um painel totalmente ou já possuam boa prática de lixar.


Um dos maiores factores a ter em muito boa conta neste acto de lixar é que devem começar a lixar 5 cm antes da massa e terminar 5 cm depois do limite final da massa e devem lixar sem grande aplicação de enorme força de fricção e sempre numa linha directa do princípio ao fim e numa sequência de cima para baixo como se estivessem a limpar as migalhas da vossa camisola começando com a mão estendida sobre o peito e terminando no fundo da camisola.


Não rodem nem façam círculos com o taco de lixagem porque a superfície irá criar marcas desse acto. Numa situação de usar uma máquina lixadeira rotativa é diferente dado que esta possui uma velocidade sincronizada que não se alcança manualmente nem humanamente.


Terão que ter em conta que não poderão usar uma lixa até esta se apresentar altamente desgastada e/ou se apresente a dada altura a desfazer-se, a perder grão ou a começar a apresentar riscos sobre a superfície que está a ser trabalhada tanto faz que seja à mão ou com a lixadeira pneumática ou eléctrica. Substituam as lixas sempre que é necessário. Continuar a lixar com lixas velhas irá não só sobreaquecer a superfície quanto provocar mais esforço e menor qualidade de serviço final.


Tentem usar o taco de forma mais plana possível sobre a superfície a lixar, caso contrário se caírem na tentação de levantar o taco e lixarem só uma borda ou esquina o que vai acontecer é que terão lixado mais um lado do que o outro e terão uma superfície irregular já que quanto maior for aplicada uma lixagem sempre a direito maior será a sua regularidade de superfície fundida com a restante.


Em todo e qualquer trabalho de lixagem é de grande importância que se respeitem uma certas progressividades ao nível da mudança de grãos das lixas dado que se o “salto” entre os grãos for muito grande (passar de uma 80 para 220 por exemplo), apenas a parte superior ficará lixada e os rasgos e riscos profundos não serão, pois, eliminados e ficarão os claros riscos que irão inevitavelmente causar defeitos na pintura final.

Falta agora, pois, saber para e quando é que cada lixa deve ser aplicada dado que cada uma, independente do seu grão, tem a devida e certa finalidade de lixar tanto para acertar como obter acabamentos. È aqui que começa a explicação dos usos correctos em superfícies das viaturas desde a chapa, passando pelos primários, pelas tintas e finalmente pelo verniz e polimento.

QUE FAZER COM AS LIXAS E ONDE AS USAR?

Lixagem de Acabamento - Processo que consiste em lixar “levemente” sobre a superfície já envernizada ou pintada, a fim de retirar só o seu brilho para permitir a perfeita aderência da próxima demão de tinta ou verniz.

Lixagem de Desbaste - Também é conhecido como pré-lixamento e é uma lixagem que se destina a retirar uma quantidade considerável de material, a fim de eliminar os defeitos de correcção de chapas tais como as ondulações e marcas deixadas pelas ferramentas de corte ou soldaduras que foram rebarbadas.

Lixagem Superficial - Processo de lixar “leve” para regularizar a superfície do material e que serve somente para abater as ondulações dos materiais primários aplicados ou tintas que apresentam determinadas irregularidades.

As técnicas adquiridas durante anos de trabalho permitem que a experiência de uns e outros seja um dos factores que ajuda muito, pois, a não cometer erros. Porém as técnicas usadas variam de acordo com a formação, anos de prática e claramente métodos de trabalho de cada artesão consoante também as matérias aplicadas tais como tintas aquosas ou brilho directo e em chapa antiga ou moderna.

Onde é que cada Lixa Serve?

Dependendo do que já sabe no seu individual sobre as lixas e as suas aplicações resta, pois, saber onde usar as mesmas. Mas esta situação não é complicada e aqui fica uma sequência de trabalhos e as respectivas lixas a usar sendo no final indicado o grão.

- Eliminar camadas de tinta velha -Lixa 40 – 80

- Lixar betumes Poliéster e Fibra – Lixa 80 - 150

- Lixar madeiras e chapas antes de envernizar - Lixa 120 – 180

- Lixar superfícies plastificadas - Lixa 60 – 100

- Lixar de camadas intermédias sobre superfícies - Lixa 180 – 220

- Desoxidar superfícies de peças de metal - Abrasivo de fibra Grosso

- Biselar e despolir aço - Abrasivo de fibra Médio / Fino

- Lixar primário aplicado em camadas finas - Lixa 120 – 150

- Lixar a fundo e limpar madeiras naturais e chapas Abrasivo de fibra Grosso

- Lixar cantos e arestas Lixa 80 – 120

- Lixar, limpar, despolição de metais ligeiros não ferrosos Abrasivo de fibra Grosso

- Lixar cantos de madeira natural e chapa - Lixa 120 – 180

- Desoxidar cantos em peças de metal - Abrasivo de fibra Grosso

- Polir peças de chapa - Abrasivo de fibra Grosso/Médio

- Lixar camadas intermédias de verniz sobre superfícies - Lixa 220

- Lixar termoplásticos - Lixa e/ou abrasivo de fibra 40 – 220

O Que São os “Abrasivos?”

São normalmente usados em todas as casas e principalmente na cozinha. São os chamados esfregões Scotch Brite sem possuírem a esponja e que se vendem em qualquer superfície. Podem ser de cor azul, cinza, verde ou castanha consoante a qualidade, composição de fabrico e finalidades de usos.

As empresas especializadas nestes produtos colocam à disposição pública os seguintes abrasivos:

Manta de “não tecido” composta de fibras sintéticas e unidas por resina impregnada com material abrasivo, sendo este produto apresentado em:

- Tipo S Micro Acabamento com as seguintes letras:

- S-Ultra Fino,

- S- Super Fino

- A- Muito Fino e também A-Médio, A-Grosso e Fibra Macia.

As Fibras Abrasivas Scotch-Brite servem principalmente para a limpeza, o acabamento e condicionamento de superfícies que irão receber um revestimento (tinta, verniz, cera, etc.). São óptimas também para a remoção de pequenas fibras deitadas (felpas) de madeira cortada ou lixada.

Estes produtos complementam, pois, o uso da lixa e, em certos casos, podem substituí-la com maior eficiência, tendo um rendimento muito superior a várias folhas de lixa.

As Fibras Abrasivas Scotch-Brite Tipo A-Muito Fino proporcionam um acabamento equivalente a uma lixa de grão 320, e as folhas Tipo A-Médio equivalem a uma lixa de grão 180.

Devido à sua concepção de construção e sendo material maleável estes abrasivos permitem que se amoldem aos mais diversos formatos de peças, penetrando assim em locais de difícil acesso tais como cantos intrincados como no caso de decapagens onde as espátulas não chegam devido ao ângulo do desenho ou cantos demais estreitos.



Nota Importante - As Fibras Abrasivas não substituem de modo algum as lixas de grãos finos na remoção de defeitos na pintura e para remoção de caroços e outras variadas imperfeições superficiais de primários, tintas e vernizes, recomenda-se o uso de lixas apropriadas para o efeito e que trataremos noutro “capítulo dos acabamentos”.



Truque de Lixagem



Para os que tem a dificuldade de obter uma superfície mais plana que é possível podem tentar usar a “técnica da lata de spray” de uma cor diferente da carroçaria, onde por cima do betume a lixar espalham uma leve fumaça de tinta spray e após esta secar começar a lixar até desaparecerem as irregularidades que afinal foram deixadas como marcas profundas pela tinta de spray servem como “Guia de Lixagem”.

No caso dos pintores, usamos um pó especial a que chamamos de “Mão de Guia” mas cujo custo é elevado e pode ser substituído por tintas spray baratas já que só se aplicam como sendo uma “referência e guia para melhor lixagem se superfícies”.



Apalpar as Massas



Na medida que forem lixando terão que ir “Apalpando” a superfície em vários ângulos, passando a mão plana sobre a superfície lixada para “sentir pelo tacto” as irregularidades que tem que ser continuamente lixadas para as endireitar o mais possível. Usem a mão limpa e passem a mão no sentido de várias direcções dos pontos cardeais (Norte, Sul, Este e Oeste) desde um pouco antes da superfície até mais uma pouco depois da superfície a tratar.



No caso de terem uma pequena cova e restante superfície envolvente direita, irão ter que dar mais uma pequena dose de massa no local e sempre mais 1 cm para além da superfície a rectificar, deixar secar, voltar a lixar uniformemente de modo a haver “fusão” e obter assim uma superfície “plana” em toda a área global. Quanto mais plana e mais próxima for a área trabalhada também melhor terminação plana ou curva obterão.





A Seguir – “Aplicando Primários e Lixando a Água”
 

Francisco Anadia

Pre-War
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Excelente explicação.

Esta é sem duvida uma das etapas mais delicadas e cruciais da pintura!

Aguardo pelos proximos tópicos. cool.png

Cumprimentos
 

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Eduardo Relvas

fiat124sport
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Dicas interessantes e extremamente importantes para quem trabalha em clássicos... obrigado pela partilha!

Aguardamos pelos próximos...

Um abraço!
 
tenho uma duvida
vou começar a lixar o meu escort, e um bate chapas da velha guarda disse-me que quando ele trata de um carro antigo, ele lixa com a rebarbadora usando um disco lamelado, e depois passa uma lixa fina. Eu já tentei e funciona. mas o problema é que não sei como chegar aquelas esquinas e algumas curvas com lixas, alguns sítios tem ferrugem e nem da para chegar lá com lixa manual.

como faço?

disseram-me que antigamente havia um produto químico acido que que se aplicava nas zonas com ferrugem e "comia" a ferrugem, mas a chapa não.
alguém sabe se isso ainda existe?
 
Fernando M Alves disse:
Jato de areia
cá na minha zona não há ninguém que faça....é com partículas metálicas, não pode ser porque enfiam-se dentro sítios como as embaladeiras e começam a apodrecer la dentro, alem de fazer com que a chapa fique toda picada.(a sílica parte-se ao bater na chapa, as partículas metálicas não, por isso estragam a chapa sleep.png .)

dizem que foi proibido por ser muito poluente.
estive a pensar era arranjar um terreno no campo e fazer isso ao ar livre, porque essas maquinas vendem-se
 

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Alves Fernando

Veterano
Carlos Eduardo Ramos disse:
cá na minha zona não há ninguém que faça....é com partículas metálicas, não pode ser porque enfiam-se dentro sítios como as embaladeiras e começam a apodrecer la dentro, alem de fazer com que a chapa fique toda picada.(a sílica parte-se ao bater na chapa, as partículas metálicas não, por isso estragam a chapa sleep.png .)

dizem que foi proibido por ser muito poluente.
estive a pensar era arranjar um terreno no campo e fazer isso ao ar livre, porque essas maquinas vendem-se
Já tentaste usar escovas de aço de aplicar no berbequim?

Outra coisa que eu uso nas ferrugens é um produto (líquido) DESOX, vendem no aki, aplicas e deixas cristalizar, a ferrugem vai ficar numa espécie de cristal preto que podes tirar facilmente com as escovas de aço do berbequim.
 

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Fernando M Alves disse:
Já tentaste usar escovas de aço de aplicar no berbequim?

Outra coisa que eu uso nas ferrugens é um produto (líquido) DESOX, vendem no aki, aplicas e deixas cristalizar, a ferrugem vai ficar numa espécie de cristal preto que podes tirar facilmente com as escovas de aço do berbequim.
vou mesmo ter de ir para o jato de areia, alguns sítios nem a escova chega.
 
Fernando M Alves disse:
Já tentaste usar escovas de aço de aplicar no berbequim?

Outra coisa que eu uso nas ferrugens é um produto (líquido) DESOX, vendem no aki, aplicas e deixas cristalizar, a ferrugem vai ficar numa espécie de cristal preto que podes tirar facilmente com as escovas de aço do berbequim.
Esse produto chama-se Passivador de ferrugem, a capa preta criada com a aplicação
não pode ser removida, é precisamente essa capa que evita a oxidação (ferrugem).
Deve-se limpar o melhor possivel a ferrugem e depois aplicar e deixar ficar, pinta-se
por cima, quando se lixa os aparelhos e betumes tem que se ter o cuidado de não
remover a "capa" do passivador, nos locais aonde for removida vai aparecer a ferrugem.
Tenho trabalhos feitos com isso alguns com 6 a 7 anos e nunca mais apareceu nada,
 

Alves Fernando

Veterano
Francisco Jose Clemente disse:
Esse produto chama-se Passivador de ferrugem, a capa preta criada com a aplicação
não pode ser removida, é precisamente essa capa que evita a oxidação (ferrugem).
Deve-se limpar o melhor possivel a ferrugem e depois aplicar e deixar ficar, pinta-se
por cima, quando se lixa os aparelhos e betumes tem que se ter o cuidado de não
remover a "capa" do passivador, nos locais aonde for removida vai aparecer a ferrugem.
Tenho trabalhos feitos com isso alguns com 6 a 7 anos e nunca mais apareceu nada,
Tal como indica no rotolo do produto, se for pintar a peça tratada esta deve ser lavada em água em abundância.

Até agora tenho tirado sempre a capa preta, fica o metal bem reluzente no caso de ir pintar.

Tenho algumas peças que não retirei a capa preta, pois não pintei de seguida e voltou a oxidar.

Este DESOX funciona mesmo só como agente corrosivo, pois até a chapa boa vai desgastar se o tempo de actuação for prolongado.
 
OP
OP
Luis C Matos

Luis C Matos

Clássico
Caro Carlos Eduardo Ramos,

Ainda que existam várias metodologias de decapagem, as que envolvam "LIXAR a CHAPA" tem o inconveniente de desgastar a mesma e sobreaquecer por fricção excessiva e se não for feita com velocidade adequada e sem as devidas escovas especiais para o efeito acaba com um trabalho de clara deformação da chapa.
Usar escovas de arame tanto manuais quanto aplicadas a berbequins e outra máquinas rotativas tem sempre o claro inconveniente de desgastar chapa e marcar profundamente a mesma. No caso dos cantos mais complicados pode-se é usar um pouco de decapante químico que facilitará todo o trabalho e evitará esforços físicos, aplicações desnecessárias de força e desgaste da chapa.
Mas, para quem não sabe depois desta situação de decapagem - seja lá ela qual for entre as muitas que vão desde escovas e discos, jacto de areia e esferas de vidro, jacto de água e produto químico - no final do trabalho a metodologia de trabalho de cobertura da chapa é feita com "PRIMÀRIO CATAFORESE" e não com simples cobertura de "Primários Enchedores", já que sem a colocação do primário cataforese e só com cobertura de primários enchedores o mais que estão a fazer é metade do trabalho e a fazer uma cobertura que em alguns poucos anos irá mostrar graves danos de ferrugem e outras situações de alta corrosão da chapa que só podem ser evitados pela primeira cobertura do Primário Cataforese.
O primário, encontra-se em todas as carroçarias e pode ser observado quando alguma viatura tem riscos profundos até à chapa e onde podem observar que debaixo da camada de tinta existe uma cor diferente da tinta (branca, vermelha ou castanha) e que é a única que protege eficazmente a carroçaria da ferrugem e que sendo "ferida" por golpes acidentais logo expõe a chapa a inevitáveis cancros.
Todas as carroçarias de fábrica, desde as viaturas mais antigas que se conhecem no mundo e ainda em circulação após 50 anos, tem obrigatoriamente a cobertura de Primário Cataforese. Já as viaturas da Ferrari, Porsche, Lamborghini, Rolls Royce e outras marcas, tem uma cobertura inicial de "Cerâmica" antes de qualquer outro primário ou tinta e onde evitam o aparecimento da ferrugem e/ou oxidação da chapa.
Decapar, cobrir com primário e pintar por cima é somente meio trabalho feito que não é considerado trabalho profissional mas sim uma arte de "representar o diabo sem coxear". Nunca fui por esse método de trabalho que na realidade só é aplicado a viaturas que não tenham sido decapadas na sua totalidade até ao osso e onde eu só lhe retirei a tinta superficial deixando intacta a camada original de fábrica já que este método pode facilmente ser descoberto por um bom júri de carros clássicos que através de um aparelho portátil de medição electrónica terá a resposta imediata se a carroçaria tem ou não o devido tratamento.
 

zeto1990

YoungTimer
Muito interessante mesmo, já tenho aqui informação para quando começar a trabalhar no meu restauro eheh
 
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