Honda Transalp XL600V - 1991

Diários de Bordo

Honda Transalp XL600V - 1991

Geralmente quando alguém se queixa que a garagem está cheia, a ideia é uma pessoa ficar pelo que tem ou até libertar algum espaço, certo?

Ocorreu-me a belíssima ideia de optar por uma terceira opção: porque não arranjar mais sarna para me coçar?

Felizmente desta vez tive o bom senso de comprar algo que ocupa pouco espaço. E que anda pelos próprios pés. Na verdade, a ideia é vir a ter uso regular nas minhas mãos, e é uma forma de ter algo para me divertir quando quiser, mesmo com as minhas limitações de garagem em Lisboa (razão pela qual não tenho comigo os mais velhotes sem ser de forma muuuuutio pontual), não tendo que ficar no armazém como os restantes.

Vai fazer 32 anos entretanto e pouco tem em comum com o que já tenho. Aliás, partilha apenas a marca com uma parte que pertence a um dos meus carros (e da qual me queixo constantemente :p )

Para além disso, o exemplar que comprei tem um gosto especial. Andava à procura de um modelo idêntico ao que o meu irmão teve há uns anos... E acabei por reconhecer num anúncio (em que as matrículas nem estavam à mostra) precisamente o exemplar que era do meu irmão, mesmo que com algumas alterações face ao que me recordava.

Alguém tem um palpite do que é? Aviso já que, podendo chocar algumas pessoas, não se trata de uma viatura britânica. Mas esteve em equação uma viatura nova para o mesmo efeito de uma antiga marca inglesa, que agora tem uma nacionalidade mais... Indiana.
 

RubenMariz

Portalista
Portalista
Vou atirar para uma motorizada / Mota , isto porque a Royal enfield é indiana já há muitos anos , mas o facto de ser referido anda pelo próprio pé também leva a crer que seja um animal ????

:DD
 
OP
OP
A

Andre Jacinto

Veterano
Uma XL600V... são de facto companheiras incrivelmente fiáveis e polivalentes, mas confesso que o motor é demasiado morno para o meu gosto. Subscrito!

Certíssimo!

A ideia é daqui a uns anos passar para algo menos morno, vai servir como uma escola da mesma forma que o fez com o meu irmão.

Foi precisamente por isso que a Himalayan esteve em cima da mesa, aparenta ser uma mota facílima de conduzir e com boas capacidades para andar fora de estrada...

Mas... O motor era uma limitação para mim. Trabalho a 30km de casa e quando, por alguma razão, não vou de comboio, tenho usado a pequena 125 que comprei para a minha namorada (só a "pedi emprestada" enquanto ela não se sentia confiante em andar de mota :p), e dava mesmo jeito conseguir ter algo que se aguentasse sem problemas acima dos 100km/h em AE se necessário. Não era o caso da Royal Enfield.

Aqui está ela então!

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OP
OP
A

Andre Jacinto

Veterano
Parabéns pela aquisição, principalmente por até já existir uma história por trás!

Muito obrigado! Como vou explicar abaixo, foi apenas uma coincidência, mesmo!


@Andre Jacinto grande máquina essa Transalp, qual a lista de trabalhos?

Vou então aproveitar isto para começar do início. (Peço desde já desculpa pelo testamento!)

O primeiro ponto da lista de trabalhos, e já que estamos a falar de fauna, é de tratar do animal que vai montar a burra de carga. Ainda não tenho a carta, vou tratar disso nas próximas semanas, mas como já tenho a parte teórica (tirei a categoria A1 aos 16 anos) não será demorado.

Não tencionava comprar a mota tão cedo, daí ainda não me ter preocupado com isso.

Como disse, a minha namorada quis melhorar a mobilidade dela para o centro da cidade e quis algo pequeno e versátil para se habituar. Comprámos em Maio uma pequena 125. Para a primeira experiência dela, tirámos partido do mercado budget desta cilindrada para ter algo moderno, ao gosto dela versátil e fácil de conduzir. A escolha foi uma chinesa Zontes G1 125, e eu fiquei incumbido de a ir conduzindo até que ela tirasse a carta (não era obrigatório mas ela preferiu ganhar experiência ao tirar a categoria A completa).

Comecei com umas voltas de quando em quando, que rapidamente se tornaram em uso regular e no verão, usando como desculpa as greves da CP, a dada altura serviu para os meus 60km diários.

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Os meses foram passando, e só mais para o final do ano é que veio a parte prática. Assim que a vi a andar de forma mais confiante é que percebi que estava na hora de passar de mãos para a sua verdadeira dona. E aí é que percebi que... Precisava de mais 2 rodas na minha vida. :p

Como disse, andava de olho nas Himalayan desde que fui retomando o gosto de andar de mota. Continuo a adorar o modelo, mas o motor metia-me mesmo confusão. Não sou fã de velocidade em duas rodas, mas gostava de ter motor qb para viagens mais longas em AE se necessário, e sei que esse não seria o caso.

A minha ideia sempre foi ter uma mota adequada a aventuras em estrada e fora dela, e tive desde sempre um fascínio pelo estilo "scrambler". Como resolução do meu problema com o motor da Royal Enfield, cheguei a olhar para as Fantic Caballero 500... Mas aqui senti que poderia ter limitações com passeios mais longos em estrada no que ao conforto diz respeito e, sobretudo, com a minha namorada. Era uma forte candidata, mas depois pensei: É muito dinheiro para algo que sei à partida que não preenche os meus requisitos na totalidade, e que poderia vir a arrepender-me mais tarde, tendo aí que lidar com a desvalorização.

Então, decidi largar a ideia de comprar algo novo, e virei-me para as usadas e baixei o budget. Pensei que mota estaria adequada ao meu uso pretendido, que seria robusta qb para não ser uma dor de cabeça, e que já estaria numa posição de não desvalorizar de sobremaneira, caso um dia mais tarde quisesse fazer um upgrade?

Até gostava de dizer que a Transalp foi a primeira coisa que me veio à cabeça. Mas não foi :xD:.

A procura por este modelo foi fruto do aconselhamento (bem insistente) do meu irmão, desde o momento em que lhe disse que queria fazer o upgrade para algo mais a sério, tendo ele sido de imediato do contra face à minha preferência pela Himalayan.

Mas quando mudei de ideias, lembrei-me do tempo em que o meu irmão teve uma Transalp, das aventuras que teve com ela, e da única vez que lhe meti as mãos em cima... E gostei.

Então, no início de Novembro, comecei a busca. Tinha um budget definido, mas infelizmente vim a perceber que era a linha que separava as que estavam em bom estado das que... Não tanto. Durante a minha procura evidenciou-se um degrau a separar estas duas, e o meu budget estava precisamente no meio. Cheguei a ir ver apenas uma, que me pareceu apenas (bastante) usada, mas ao vivo deparei-me com demasiados investimentos por fazer, que atiravam o valor para cima do budget e, sobretudo, para a mesma ordem das que estão em bom estado.

Por esta altura estávamos na primeira semana de Dezembro. Não estava preocupado em arranjar algo no imediato, até porque ainda não tinha carta, mas gostava ainda assim de comprar antes para a deixar preparada para desfrutar assim que fosse legalmente possível.

Mas no primeiro fim-de-semana, apareceu um anúncio de uma na cor da que o meu irmão teve. Não era das minhas favoritas, mas por curiosidade abria sempre os anúncios, apenas para ver se tropeçava nela, mas era muita coincidência. O meu irmão vendeu-a a um conhecido nosso (penso que por volta de 2018), mas foi vendida novamente pouco depois.

Ao abrir o anúncio, saltou algo à vista: o banco. Na altura o meu irmão mandou estofar com uma modificação na estrutura para melhorar o conforto para o pendura. Achei o banco demasiado idêntico ao que me lembrava, mas o anúncio só tinha uma foto de frente. Reconehci também o vidro alto que o meu irmão tinha instalado.

Tinha, no entanto, outras coisas que não me recordava: crashbars, um escape aftermarket, e uma top case diferente. Tinha também sido instalada uma suspensão traseira da Hyperpro.

Contactei de imediato o vendedor, e questionei se a matrícula era a mesma da que o meu irmão teve. E era.

Fui vê-la com ele e, felizmente, pouco mudou esteticamente face ao que me lembrava. Também não andou muito desde que a vendeu, mas notámos logo alguns pontos a investir: fuga numa das tampas das válvulas, fuga numa das juntas entre carburador e cilindros (já do tempo do meu irmão :p ), pneu traseiro, conta kms sem funcionar (felizmente consegui rastrear e comprovar que foi uma avaria recente). O escape aftermarket teria que ser substituído pelo original, uma vez que o que tem não está averbado. Neste dia estava de chuva, pelo que não houve test drive (e a haver, por razões, óbvias, seria pelo meu irmão)

Estava cara mas, para mim, era uma aposta segura. Para o meu irmão era... Demasiado cara. Ainda assim, mesmo estando o vendedor sem grande flexibilidade para negociar, comprometi-me e daí a uma semana seria para a ir buscar.

No dia de a ir buscar, assim que foi metida a trabalhar, o meu irmão achou algo estranho. Parecia estar a falhar e comprovou ao fazer o test drive. Estava menos suave do que se recordava e com um delay na resposta. Sem saber bem o que poderia estar a causar, estive para vir embora de mãos a abanar. Como disse, queria algo robusto e não estava com intenções de gastar demasiado nesta fase, principalmente pelo valor pedido. Mas felizmente houve uma redução considerável, e decidi arriscar. Ainda veio com um kit de embraiagem original para trocar, uma vez que já a sentiram a patinar em esforço.

Caso não tenham ainda adormecido, ou se tiverem saltado o testamento... As fotos começam agora!

Lá veio ela então, com o ex-ex-ex-ex dono aos comandos:

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Logo no próprio dia foi verificada a razão para o conta km não funcionar. O mais provável era ser a bicha mas afinal...

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Nos dias seguintes tratei da solução, recorrendo à impressão 3D:

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Depois então veio a desmontagem completa. Durante a semana após a compra recebi do meu irmão a foto com a Honda toda desmontada para tratar de tudo o que fosse necessário. Retomando agora a lista dos trabalhos:

• Substituição das juntas das tampas das válvulas
• Afinação das válvulas
• Kit de reparação dos carburadores
• Afinação e sincronização dos carburadores
• Regulação da altura do amortecedor traseiro (estava demasiado alto) para a altura original


O escape original estava incluído no negócio, mas era o ex-ex dono que o tinha. Como ele era da zona de Lisboa, e eu fui buscar a mota a Tomar, foi-me dado o contacto para combinar a entrega.

Assim foi, um rapaz 5*, que me deu também a top case que a mota tinha quando o meu irmão vendeu a mota. Mas não tinha a chave dela...

Por acaso, o meu irmão ainda tinha com ele as chaves suplentes (não as tinha entregue porque pensava que estavam perdidas quando vendeu a mota, tendo vindo a encontrar quando mudou de casa). Nesse conjunto tinha também a suplente da top case :xD:

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Quanto ao escape, desmontei as ponteiras para dar uma nova pintura.

IMG_20221228_203704541.jpg

As ponteiras em si... Estou a tratar de as substituir uma vez que uma delas estava completamente corroída. Como não consigo encontrar em lado nenhum, e como as dimensões do tubo não são standard de mercado, já pedi a maquinação de dois tubos na medida correcta.

WhatsApp Image 2023-01-02 at 20.33.40.jpeg

O escape original só será montado com isto resolvido e será verificada a afinação dos carburadores nessa altura.

Assim sendo, na to do list temos:
• Troca do pneu traseiro
• Troca da embraiagem (mas ainda vou queimar um bocadinho mais a actual enquanto me for habituando à mota)
• Substituição das peseiras (as originais são demasiado pequenas)

Fora isto, a transmissão foi trocada nos últimos tempos em que esteve nas mãos do meu irmão e continua em boas condições, e as pastilhas dos travões foram trocadas recentemente.





Mas tu não és capaz de comprar algo e NÃO desmontar na primeira semana? :)

Parabéns pela aquisição.

Abraço

É difícil, é difícil! :D

Obrigado!


Com que então as "transamos" :xD::xD::xD::xD:

Esse acto chegou a ficar comprometido quando decidi comprar mais uma coisa velha em vez de uma mota nova.... :xD:
 

António_Vidal

Veterano
Premium
Portalista
O escape original estava incluído no negócio, mas era o ex-ex dono que o tinha. Como ele era da zona de Lisboa, e eu fui buscar a mota a Tomar, foi-me dado o contacto para combinar a entrega.

Assim foi, um rapaz 5*, que me deu também a top case que a mota tinha quando o meu irmão vendeu a mota. Mas não tinha a chave dela...

Por acaso, o meu irmão ainda tinha com ele as chaves suplentes (não as tinha entregue porque pensava que estavam perdidas quando vendeu a mota, tendo vindo a encontrar quando mudou de casa). Nesse conjunto tinha também a suplente da top case :xD:
Meu deus... Que história.
O que me ri com este excerto apenas :xD:
 
OP
OP
A

Andre Jacinto

Veterano
Desde há pouco menos de um mês que tenho a carta de categoria A. Fui a exame numa Sexta, e no fim-de-semana fui logo buscá-la.

A troca de viaturas:

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A chegada à nova casa:

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E acabou por ser a minha única viatura com direito a "box" aqui em Lisboa :xD:

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Uma vez que, logo de seguida, apanhei uma semana inteira de greve dos comboios, com bom tempo à mistura... Tornou-se logo no daily driver:

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Nos dias em que a levo e saio mais cedo tenho tirado vantagem da versatilidade dela para explorar um pouco:

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Até agora tenho gostado bastante, e rapidamente me habituei a ela. Portanto, a próxima etapa é trocar a embraiagem.
 

Anexos

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