Boa Tarde a todos.
Aqui no Brasil, como não poderia deixar de ser, encontramos muitas garrafas portuguesas, principalmente as de vinho, tanto as de vidro, como as de grés. Entre as décadas de 1880 e 1910 a grande maioria das garrafas é de vinho e de vidro, principalmente as de vidro “preto”. Deste período colecionamos apenas uma garrafa de grés: do Vinho Verde do Lavrador.
Tenho outras garrafas de grés todas mais recentes, talvez, em razão da sua maior resistência e do reuso que era feito delas, como revelara o artigo “Grés, vinho e imigração: arqueologia de uma produção vitivinícola, São Paulo, 1920-1950” (disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-81222013000100003&lng=pt&nrm=iso>).
Além das garrafas de vinho tenho outras seis garrafas inequivocamente portuguesas. A mais antiga (uma botija de cerâmica não vidrada recuperada ainda nos anos 1970 dos restos do galeão Santíssimo Sacramento, naufragado em Salvador, Bahia, em 1668), um frasco de vidro incolor da “Pharmacia Ultramarina” de Lisboa, uma garrafinha de vidro escuro da água “Pedras Salgadas”, duas da “Água de Inglaterra” (por aqui “Água Inglesa”) de Ribeiro da Costa & Cia. e uma da “Água de Inglaterra” de André Lopes da Costa.
As “águas inglesas” de origem portuguesa foram bastante comuns por aqui e garrafas ou fragmentos delas foram encontradas em escavações de norte a sul do país. As garrafas da água de Ribeiro da Costa & Cia. que eu tenho são um exemplo interessante.
Uma delas, a de vidro verde claro, foi fabricada em molde duplo (provavelmente do tipo cup-bottom mold) e tem gargalo aplicado. Com 22,8 cm de altura e 8,1 cm de diâmetro na base foi encontrada aqui no litoral do Estado de São Paulo, em contexto (lixão) datável entre 1890 e 1910.
A outra, mais recente, de vidro verde oliva, é de fabrico automático ou semiautomático como revelam as marcas deixadas pelo molde no gargalo e junto à base. Tem 22,0 cm de altura, 7,7 cm de diâmetro na base e foi encontrada no interior do Estado da Bahia. Traz junto à base a marca do fabricante do frasco “ILVC”, que não consegui identificar. Alguém sabe alguma coisa a respeito?
Abraço a todos. Obrigado.
Daury
Ver anexo 325447 Ver anexo 325448 Ver anexo 325449 Ver anexo 325450 Ver anexo 325451 Ver anexo 325452 Ver anexo 325453 Ver anexo 325454 Ver anexo 325455
Boa Tarde a todos.
Aqui no Brasil, como não poderia deixar de ser, encontramos muitas garrafas portuguesas, principalmente as de vinho, tanto as de vidro, como as de grés. Entre as décadas de 1880 e 1910 a grande maioria das garrafas é de vinho e de vidro, principalmente as de vidro “preto”. Deste período colecionamos apenas uma garrafa de grés: do Vinho Verde do Lavrador.
Tenho outras garrafas de grés todas mais recentes, talvez, em razão da sua maior resistência e do reuso que era feito delas, como revelara o artigo “Grés, vinho e imigração: arqueologia de uma produção vitivinícola, São Paulo, 1920-1950” (disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-81222013000100003&lng=pt&nrm=iso>).
Além das garrafas de vinho tenho outras seis garrafas inequivocamente portuguesas. A mais antiga (uma botija de cerâmica não vidrada recuperada ainda nos anos 1970 dos restos do galeão Santíssimo Sacramento, naufragado em Salvador, Bahia, em 1668), um frasco de vidro incolor da “Pharmacia Ultramarina” de Lisboa, uma garrafinha de vidro escuro da água “Pedras Salgadas”, duas da “Água de Inglaterra” (por aqui “Água Inglesa”) de Ribeiro da Costa & Cia. e uma da “Água de Inglaterra” de André Lopes da Costa.
As “águas inglesas” de origem portuguesa foram bastante comuns por aqui e garrafas ou fragmentos delas foram encontradas em escavações de norte a sul do país. As garrafas da água de Ribeiro da Costa & Cia. que eu tenho são um exemplo interessante.
Uma delas, a de vidro verde claro, foi fabricada em molde duplo (provavelmente do tipo cup-bottom mold) e tem gargalo aplicado. Com 22,8 cm de altura e 8,1 cm de diâmetro na base foi encontrada aqui no litoral do Estado de São Paulo, em contexto (lixão) datável entre 1890 e 1910.
A outra, mais recente, de vidro verde oliva, é de fabrico automático ou semiautomático como revelam as marcas deixadas pelo molde no gargalo e junto à base. Tem 22,0 cm de altura, 7,7 cm de diâmetro na base e foi encontrada no interior do Estado da Bahia. Traz junto à base a marca do fabricante do frasco “ILVC”, que não consegui identificar. Alguém sabe alguma coisa a respeito?
Abraço a todos. Obrigado.
Daury
Ver anexo 325447 Ver anexo 325448 Ver anexo 325449 Ver anexo 325450 Ver anexo 325451 Ver anexo 325452 Ver anexo 325453 Ver anexo 325454 Ver anexo 325455
Hoje encontrei estas garrafas.... Ver anexo 325672
boa tardeEncontrei hoje esta garrafa: Garrafa de soda PH. CHARVOZ ST MICHEL (Savoie)
alguém sabe o seu enquadramento histórico, idade?
boa tarde
porque a sua garrafa me pareceu muito interessante fiz uma pesquisa no google na qual só encontrei um antigo folheto publicitário do qual deixo a imagem Ver anexo 325880
cumprimentos
Antonio Arruda
boa noite
as garrafas de agua Inglesa postadas pelo senhor Daury principalmente a mais antiga com o selo aplicado
foram para mim uma enorme e agradável surpresa pois as unicas garrafas nacionais com selo aplicado de
que tinha conhecimento eram algumas garrafas de porto e uma da fabrica ancora e claro está que iniciei
uma pesquisa usando os nomes dos fabricantes pesquisa que não deu nenhum resultado de relevo
mudei então o tema da pesquisa para o conteúdo das garrafas que erroneamente pensava ser algum tipo de agua mineral modificada e desta vez obtive alguns resultados interessantes que passo a descrever de forma abreviada
a agua inglesa terá sido intrudozida em Portugal cerca de 1681 por Fernando Mendes (1645 - 1724 )
médico Portugues residente em Londres
conhecida por agua de Fernão Mendes agua inglesa ou agua de Inglaterra hera e é um medicamento feito a partir de ervas amargas com propiedades medicinais como a quina amarela,calumba,carqueja,losna,e camonila é usada em casos de má digestão ou falta de apetite entre outros
um dos primeiros fabricantes em Portugal terá sido André Lopes de Castro ( 1735 - 1803 ) as garrafas da foto que suponho estejam em algum museu ou outra instituição nacional tem todas selo aplicado
Ver anexo 325949
cumprimentos
Antonio Arruda
Boa Tarde a todos.
Aqui no Brasil, como não poderia deixar de ser, encontramos muitas garrafas portuguesas, principalmente as de vinho, tanto as de vidro, como as de grés. Entre as décadas de 1880 e 1910 a grande maioria das garrafas é de vinho e de vidro, principalmente as de vidro “preto”. Deste período colecionamos apenas uma garrafa de grés: do Vinho Verde do Lavrador.
Tenho outras garrafas de grés todas mais recentes, talvez, em razão da sua maior resistência e do reuso que era feito delas, como revelara o artigo “Grés, vinho e imigração: arqueologia de uma produção vitivinícola, São Paulo, 1920-1950” (disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-81222013000100003&lng=pt&nrm=iso>).
Além das garrafas de vinho tenho outras seis garrafas inequivocamente portuguesas. A mais antiga (uma botija de cerâmica não vidrada recuperada ainda nos anos 1970 dos restos do galeão Santíssimo Sacramento, naufragado em Salvador, Bahia, em 1668), um frasco de vidro incolor da “Pharmacia Ultramarina” de Lisboa, uma garrafinha de vidro escuro da água “Pedras Salgadas”, duas da “Água de Inglaterra” (por aqui “Água Inglesa”) de Ribeiro da Costa & Cia. e uma da “Água de Inglaterra” de André Lopes da Costa.
As “águas inglesas” de origem portuguesa foram bastante comuns por aqui e garrafas ou fragmentos delas foram encontradas em escavações de norte a sul do país. As garrafas da água de Ribeiro da Costa & Cia. que eu tenho são um exemplo interessante.
Uma delas, a de vidro verde claro, foi fabricada em molde duplo (provavelmente do tipo cup-bottom mold) e tem gargalo aplicado. Com 22,8 cm de altura e 8,1 cm de diâmetro na base foi encontrada aqui no litoral do Estado de São Paulo, em contexto (lixão) datável entre 1890 e 1910.
A outra, mais recente, de vidro verde oliva, é de fabrico automático ou semiautomático como revelam as marcas deixadas pelo molde no gargalo e junto à base. Tem 22,0 cm de altura, 7,7 cm de diâmetro na base e foi encontrada no interior do Estado da Bahia. Traz junto à base a marca do fabricante do frasco “ILVC”, que não consegui identificar. Alguém sabe alguma coisa a respeito?
Abraço a todos. Obrigado.
Daury
Ver anexo 325447 Ver anexo 325448 Ver anexo 325449 Ver anexo 325450 Ver anexo 325451 Ver anexo 325452 Ver anexo 325453 Ver anexo 325454 Ver anexo 325455
A água de Inglaterra
“A partir da década de 1730, Jacob de Castro Sarmento montou uma autêntica organização comercial em Portugal para a venda da sua “água”, importada de Inglaterra. Tinha para isso uma rede de correspondentes espalhada pelo País. Entre os seus clientes contava-se membros proeminentes da sociedade portuguesa. Montou uma rede de distribuição, com correspondentes em Coimbra, Lisboa, Évora, Porto, Faro, Estremoz, Vila Viçosa, Portalegre, Benavente, Abrantes e Rio de Janeiro, no Brasil.
Não era, porém, o único a vender o produto, pois já a Gazeta de Lisboa dizia, em 1720, que a “água de Inglaterra” era vendida em Portugal há 40 anos. Mas a “água” de Sarmento impôs-se e ganhou fama de ser melhor que as outras.
Para o final da sua vida, deverá ter tido o desgosto de ver surgir um concorrente, donde menos esperaria: um seu sobrinho-neto, André Lopes de Castro. Nasceu este em 1734 ou 1735, filho de Diogo Lopes de Castro e, segundo tudo indica, de Violante de Almeida. Em 1750, a mãe dele escreveu para Londres ao tio, pedindo-lhe que lhe acolhesse o filho em Londres, e o educasse para a vida, dando-lhe uma profissão. Resignado, Sarmento recebeu-o em sua casa e pô-lo a estudar, mas ele fugiu ao fim de dois meses. A mãe suplicou ao tio que o recebesse de novo em Londres, o que aconteceu, mas pouco tempo lá esteve. Regressado a Portugal, gabava-se de ter obtido a fórmula da “água de Inglaterra” dizendo umas vezes que o tio lha tinha dado, outras que a roubara, outras ainda que lha dera sua tia Isabel Inácia.
O negócio não terá sido florescente enquanto o tio foi vivo, mas, pouco a pouco, foi crescendo, pois em 1774, foi autorizado legalmente a fabricar a “água de Inglaterra”.
Diz-nos o Prof. José Pedro Sousa Dias na sua monografia que, em 1784, tinha André Lopes de Castro uma rede de 33 correspondentes que daí a pouco se elevou a 48. O mesmo autor explica assim o êxito da “água” por ele vendida:
- Em 1759, dera-se a expulsão dos Jesuítas, desaparecendo assim um concorrente, o P.e Alexandre Botelho, que vendia a “água febrífuga”.
- Em 1762 morre seu tio Jacob de Castro Sarmento, a viúva não deve ter tido condições para gerir o negócio e os filhos eram ainda crianças de 14 e 4 anos.
- O Dr. João Mendes Sachetti Barbosa, que também fabricava a “água”, deixou de o fazer quando foi nomeado Físico-Mor do Reino, também em 1762.
- O medicamento chegava ao consumidor em melhores condições, já que não tinha de viajar tanto como o que vinha de Inglaterra.
André Lopes de Castro faleceu a 25 de Fevereiro de 1803, com 68 anos, de gota, de que sofria desde 1784, pelo menos. Continuou o negócio seu filho José Joaquim de Castro, que foi feito Cavaleiro da Ordem de Cristo em 1804, com dispensa das “provanças”.
As disputas sobre a "Água de Inglaterra” chegaram mesmo às Cortes Constitucionais de 1820-1822. Foi o caso que um António José de Sousa Pinto requereu às Cortes que se retirasse a José Joaquim de Castro o privilégio de, em exclusivo, chamar ao seu preparado de quina “água de Inglaterra”, já que a que o requerente fabricava era melhor e mais pura que a dele. Depois de variadas discussões que se prolongaram desde 7 de Abril de 1821 até 23 de Maio do mesmo ano, foi dada razão ao requerente, permitindo-se a todos os preparadores que dessem ao produto o nome de “Água de Inglaterra”, indicando-se a seguir o nome do fabricante. Ficou assim revogado o privilégio da família Castro, que vinha do Decreto Real de 2 de Outubro de 1811”.
Fonte : Internet
Atenciosamente
José Coelho
Boa noite a todos,
Hoje apenas uma rápida passagem para complementar os excelentes apontamentos aqui partilhados pelos colegas António Arruda e José Coelho.
Assim, deixo fotografias (frente e verso) de um rótulo adquirido há anos em leilão (num lote com cartas várias e outros documentos do século XIX), para o qual nunca encontrei a respectiva garrafa e que creio ilustrar um pouco mais o percurso da família Castro no comércio da AGUA D'INGLATERRA em Portugal.
Passo a descrever:
No topo pode ver-se o brasão do Rei D. Pedro IV (Pedro, o primeiro, Imperador do Brasil) que reinou em Portugal de 1826 a 1828 com o cognome de Rei Soldado.
Por aqui é possível datar o rótulo, onde se lê
"REAL FABRICA
DE
AGUA D'INGLATERRA
de
José Joaquim de Castro
Na Rua Nova de S.Mamede
hindo do Largo do Caldas para o Cor-
reio Velho, porta Nº 25
Na Cidade de Lisboa" Ver anexo 325973 Ver anexo 325974
Saudações continentais, atlânticas e intercontinentais,
Ricardo Bruno
bom diaMuito boa noite a todos.
Agradeço os comentários ao meu post sobre as garrafas de “Água de Inglaterra”.
Em resposta ao questionamento do Sr. Amaro Pereira, confirmo que, na garrafa mais clara, o selo de fato é aplicado.
Também com selo aplicado é a garrafa que eu tenho da “Água de Inglaterra” de André Lopez de Castro, muito semelhante àquela de vidro claro mostrada na imagem postada pelo Sr. Antonio Arruda.
É uma garrafa interessante - e gostaria de comentários dos senhores à respeito - porque embora possua o corpo bastante retilíneo, com leves ondulações e um pequeno amassado junto ao ombro, que é ligeiramente assimétrico, não apresenta qualquer indício de uso de moldes indicando o fabrico por sopro livre. O pescoço, terminado em gargalo aplicado, apresenta leve inclinação no sentido oposto ao do selo, também aplicado. O gargalo, também apresenta extravasamento junto à base e fissuras decorrentes da diferença de temperatura entre o vidro do pescoço e o vidro utilizado para a confecção do gargalo. A base traz leve marca de ponteio do tipo que a bibliografia norte-americana denomina iron ou graphite pontil. A garrafa tem 21 cm de altura e 8,2 cm de diâmetro na base e creio que tenha sido fabricada em meados do século XIX, embora a região onde foi encontrada - Chapada Diamantina - tenha sido povoada desde o fim do século XVIII.
As garrafas de André Lopez de Castro de vidro escuro - ainda um sonho de consumo -, também se acham por aqui. Encontrei uma delas em uma exposição com artefatos encontrados em escavação na Rua do Ouvidor, no Centro do Rio de Janeiro.
Cumprimentos,
Daury de Paula Júnior
(e-mail: [email protected])
Ver anexo 326015 Ver anexo 326016 Ver anexo 326017 Ver anexo 326018 Ver anexo 326019