Vou desabafar aqui, já que nas redes sociais estou a ser excomungado por aquilo que eu considero uma observação pessoal e um apelo à organização para que se mantenha fiel àquela que era a premissa original do evento, os automóveis clássicos/antigos.
Nos últimos meses do encontro em Armação de Pêra (se bem que, ao longo dos últimos anos, de vez em quando se verificava algumas "anormalidades") tenho vindo a constatar que se está a entrar numa fase onde tudo começa a ser permitido, um pouco à semelhança do que se passou com o Sintra Clássicos aqui há uns anos...
Ou seja, os Citroën Saxos, Peugeot's 106 (Mk2), Hondas Civic's (Mk6), Mitsubishi Eclipse, VW Golf's (Mk3), etc., estão a começar a "ganhar terreno" no evento, estando a larga maioria dos que acabei de mencionar visualmente alterada, para não dizer em alguns casos, excessivamente alterada ou personalizada (atrevo-me a dizer, vítimas do "tunning")!
Eu entendo que o conceito do "tunning" seja algo complexo e que as opiniões variam em função do grau de personalização, mas muitos encaram isto como arte. Não digo que não haja projectos interessantes, mas a maioria deles revela aquilo que certa forma acaba por ser o ego do proprietário a falar mais alto, além do seu questionável bom gosto, bem... é mais a falta dele! Percebo que seja dificil categorizar um carro como estando "tunificado", até porque é um tema complicado, mas acho que tudo se resume a uma questão de bom senso, certo?
E, infelizmente, é este tipo de carros que está a começar a marcar presença assídua de há uns meses para cá. Junta-se a isto os super-carros, Lamborghinis "Raio que o parta", Ferraris, Porsches, Bentley's, Lotus Elise (ou lá como se chama aquilo), BMW 600 e "Não Sei Quantos" com meia dúzia de anos que o "franceguês" trás quando vem de vacances para "a" Quarteira e, temos a receita ideal para que isto, no meu entender, comece a dar barraca daqui por uns tempos.
Entendo que existem carros um pouco mais exóticos que, pela sua raridade, possam ser peças interessantes num evento de automóveis, mas são mundos completamente diferentes, quer o dos super-carros, quer o do "tunning"... Eh pah! Vilamoura é já ali ao lado, isso são carros que seguramente existem por lá aos pontapés, porque raio se hão de infiltrar num evento dedicado a carros do século passado?... Exibicionismo?
Nestes últimos 2 dias, tenho estado numa constante troca de galhardetes, via Facebook, com o Clube dos Veículos Antigos do Barlavento (Organização dos encontros de Armação), ainda não percebi se pelas mãos do Sérgio Costa (com quem muito simpatizo) ou se de outro membro, onde afirmam que a ideia do evento é reunir pessoas que gostam de carros para partilhar e não sei que mais. Se pudesse até colocava aqui os comentários, mas até isso fizeram questão de apagar... Mas Caramba! Desde quando é que um evento de carros antigos é pretexto para juntar tudo e mais alguma coisa, somente pelo facto de gostarem de carros!? Então, mas os cafés e bares servem para quê? Só para mamar "minis"? Os parques de estacionamento públicos também são óptimos para dois dedos de conversa... Cada macaco no seu galho! Se as pessoas gostam de carros que não clássicos, então vão para outro lado e não para o meio de um evento de carros antigos!
Está tudo louco, ou quê!? Parece que se perdeu o bom senso e noção das coisas desde que isto da pandemia surgiu... Se calhar até antes!
Eu gosto de carros, mais de uma época do que outras, mas apesar de tudo considero-me um entusiasta dos carros em geral, mas não é preciso mais do que 2 dedos de testa para perceber que há carros que se enquadram dentro de um determinado contexto e outros não!
Por isso é que os encontros do Queluz Clássicos e os Mensais do Portal na Nossa Senhora da Hora são referências no que diz respeito à definição de regras para que nada fique desenquadrado. Espaços para cada era e o "tunning" completamente à parte! É assim que deveria ser e quando não se pode, eh pah! Define-se uma data (no meu entender, 1995 já dá margem mais que suficiente para a participação de carros interessantes) e passem 5, 10, 15 anos, a FIVA pode mudar as datas dos Pré-Clássicos as vezes que quiser, mas esta continua a ser a data definida e estipula-se um critério específico quanto aos carros personalizados... Só assim é que as coisas me parecem fazer sentido.
As pessoas ficam chateadas? Temos pena! Corta-se logo o mal pela raíz e se houver chatices, as autoridades sempre servem para alguma coisa, espera-se...
O tema já vai longo e muita coisa ficou por dizer, mas vou terminar apenas com isto... Dezembro de 2021 será o último mês que irei a Armação de Pêra!
Quero acabar o ano em grande e, depois de mais de 1 ano a ressacar por eventos relacionados com carros já tirei a "barriga da miséria", mas enquanto a Direcção do Clube não assumir outra atitude perante esta situação, também não vejo necessidade de ir a um evento onde tudo e mais alguma coisa é permitida só porque é um espaço para os que gostam de carros.
Existe um princípio a partir do qual estes encontros começaram a surgir e a ganhar expressão e, neste momento, entendo que esse princípio está a ser violado, precisamente pela falta de restrições que aos poucos foi condenando o Sintra Clássicos e que os obrigou a fazer "reset" no modo como organizaram a coisa, precisamente porque não souberam definir as regras necessárias logo de início.
Respeito a decisão de não quererem impor regras, mas não me revejo na actual balbúrdia que começa a ganhar dimensão e lamento imenso que as coisas cheguem a este ponto, porque é o encontro com maior expressão a nível regional e que mais me cativava participar, mas lembro-me sempre que quantidade não é qualidade e a mesma está ser comprometida.
Podem fazer as críticas que tiverem a fazer, estou-me nas tintas... azul é azul, vermelho é vermelho, quem não consegue perceber... Pois, paciência!
Pessoalmente, não considero isto inteiramente como uma crítica negativa, mas como uma observação construtiva do que é necessário fazer antes que seja tarde, porque acreditem que a cada mês que passa, vejo isto cada vez mais como uma repetição dos Sintra Clássicos "pré-reestruturação".
Bem Hajam!