RAMPA DE PORTALEGRE
EM PORTALEGRE – UM VENCEDOR-SURPRESA
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A famigerada Rampa de Portalegre sempre acabou por se realizar, embora após um adiamento, para o qual apenas o clube organizador terá encontrado explicação.
Ao fim e ao cabo, foi bom que a prova se tivesse concretizado, já que constitui um prémio para as gentes alentejanas, normalmente esquecidas em matéria de automobilismo. Mas os tempos vão mudando e lá pelo Alentejo irão surgir motivos de interesse a compensar o vazio, só quebrado pelos Montes Alentejanos, uma prova com belas tradições.
A Rampa de Portalegre contava para o Nacional de Montanha e para o Regional de Promoção (Zona Sul), reunindo 57 inscritos, número que podia ser considerado muito interessante, mesmo levando em linha de conta que a maioria dos concorrentes pertencia à Promoção e não ao Nacional. Destes, apenas havia 17, o que já terá de ser considerado sobre o fraco, fazendo pensar bastante acerca do futuro de um Campeonato de Montanha que se criou separado do de Velocidade para (entre outros motivos) atrair maior número de concorrentes.
Dos 57 inscritos, muitos haviam de primar pela ausência e aos treinos apenas compareceram 39, sendo 16 do Nacional e 19 da Promoção. No que diz respeito a equipas era de salientar as presença dos Teams BLP, Dalva, Sociedade Central de Cervejas e A Tabaqueira, numa demonstração do interesse que o automobilismo vem suscitando, como meio de promoção de produtos, mesmo alheios a este desporto.
Como motivo de muito agrado, ponha-se em destaque o facto de a Organização (Club 100 à Hora) ter decidido efectuar duas subidas de treinos e outras tantas de prova. Tal procedimento permitiu, não só um melhor conhecimento do traçado da rampa, como uma conscienciosa escolha de pneus.
Ao longo dos escassos 2 quilómetros da rampa (na EN 246-2, entre os km 1,400 e 3,400) os pilotos foram subindo, sem que se registassem tempos espectaculares. Isto aconteceu até ao momento da escalada de Hélder Fortes, o comandante do Regional de Promoção, que tal como na corrida do Autódromo do Estoril, utilizou o Datsun 240 Z do Entreposto. O seu tempo de 1m 15s 88 deu imediatamente indicações de que estava ali um candidato sério, não apenas ao triunfo no seu Campeonato, como também à vitória absoluta.
A principal oposição viria, já se esperava, de Mário Gonçalves, no Austin 1275 GT de Grupo 2 e dos Datsun 1200 de «Josame» e Francisco Fino. Apesar de uma melhoria acentuada, não se acreditava ainda num triunfo de Mário Costa (Alpine Renault).
Francisco Fino acabaria por ser o mais rápido dos primeiros treinos, com o tempo de 1m 15s 60, contra 1m 15s 80 de Gonçalves.
A segunda subida forneceu logo a Hélder Fortes, um tempo ainda mais notável: 1m 14s 67. Até final dos ensaios não seria superado, pois Mário Gonçalves ficou-se em 1m 15,12 e Francisco Fino não completou o percurso, devido a uma blocagem da caixa. Bernardo Sá Nogueira (Alfa Romeo-Team Mocar) era, de longe, o mais rápido do Grupo 1, ao nível mesmo, de diversos Grupo 2.
ALTERA-SE AS CONDIÇÕES
No domingo, as condições meteorológicas alteraram-se e o piso apresentava-se molhado, o que obrigou a diversas mudanças de pneus. Com o sol a brilhar, a pista acabou por secar, pelo que só os primeiros foram prejudicados. Mas as duas subidas «a sério» repuseram a verdade dos factos.
Na primeira subida, Francisco Fino foi o melhor, gastando 1m 16,20, enquanto Gonçalves fazia 1m 16,82 e Fortes se quedava pela modesta marca de 1m 18,49 obtido por Mário Costa.
Com o piso seco, inicia-se a segunda subida e com ela a melhoria quase geral dos tempos. «Josame» faz 1m 17,35, Sá Nogueira 1m 15,33. Francisco Fino, tocado pelo azar, volta a ver a caixa do Datsun encravada. As perspectivas de vitória de Gonçalves aumentam até ao momento em que Hélder Fortes realiza 1m 14,52, pondo fim a qualquer discussão.
Uma bela vitória do jovem piloto, que deu medida exacta das suas excelentes possibilidades.
(ACP DESPORTIVO – Setembro/Outubro de 1973)