Sábado, 20:15, 17 de Junho de 2017
Estávamos a poucas horas de começar a perceber as dimensões grotescas do número de vidas humanas que se tinham perdido apenas à algumas horas atrás em Pedrogão Grande.
Uma das maiores tragédias de que há memória no nosso país e que ainda me pôs a bater mal após conhecer a dramática história de um casal, com dois filhos, que pouco antes do meio-dia tinha atualizado a rede social com mais uma foto de um momento em família, daqueles que devemos guardar para toda a vida mas infelizmente, não tiveram direito a tal. Fugiram para se salvar a eles e aos filhos, perderam a vida na estrada da morte. Se tivessem ficado em Castanheira de Pêra provavelmente esta entrada no diário não fazia sentido. Trágico.
Eu não os conhecia...
Não sei qual foi o percurso de vida...
Se eram boas pessoas...
Se gostavam de quem gostava deles...
Mas esta tardia entrada no diário de bordo começa com eles, começa com Pedrogão, com os Bombeiros, com Portugal.
Enfim, é por estas e por outras é que devemos rir, chorar, beber, magoar e ser magoados, é para isso que cá estamos e o Spider decidiu levar isto à letra... à grande!!
Duas Semanas antes
Tenho o carro desde o Verão de 2014 e a verdade é que fui resolvendo os poucos problemas que me deu de forma DIY com grande ajuda de um amigo que tem algum à vontade e não tem medo de aprender. Obrigado
Sérgio, mais uma vez!
No entanto este ano decidi resolver alguns detalhes que se tinham vindo a acumular, e que não tinhamos capacidade para resolver sem outros recursos logísticos, nomeadamente:
- sempre que o carro atingia a temperatura de funcionamento os carburadores começavam a silvar, um "pi-pi-pi-pi" irritante na cadência própria do funcionamento do motor que provavelmente denunciava alguma fuga que tinham nas juntas, afinal é um carro de 1985, as borrachas já deviam estar demasiado acomodadas e sem elasticidade.
- com tempo quente a temperatura escalava e era fácil vê-lo perigosamente passar dos 80º/85º, chegando aos 100º e quiçá mais dependendo do esticão.
- a linha de escape tinha uma soldadura partida junto a uma das panelas, para a qual já me tinham alertado na última IPO.
- quando tive a triste ideia de colocar o carro à venda à uns meses a única pessoa verdadeiramente interessa que esteve a olhar para ele ficou com a sensação que os sinoblocos traseiros estavam a precisar de renovação.
Assim foi, ficou numa oficina que trabalha maioritariamente com clássicos da qual já conhecia o dono faz alguns anos mas nunca lhe tinha confiado um bólide.
Uma semana depois os problemas tinham sido todos atacados com a agravante de que ao começarem a tratado dos sinoblocos foram dar com nada mais, nada menos, amortecedores montados ao contrário!... Mas há mais! Uma das molas... estava partida!!...
Sempre achei o carro muito falso, a pressão superior nos pneus traseiros contolava a coisa mas pouco, sempre foi muito fácil fazer este carro fugir de traseira, o que pode ser bom, se soubermos controlar a coisa, que não é o meu caso. Será que estes dois pormenores justificam?...
O Spider perdeu a cabeça
Estava eu e a moçoila a caminho de um normalíssimo jantar de aniversário do outro lado do rio, já no tabuleiro da ponte VdG, alguns quilómetros após as portagens quando comecei a levar com líquido anti-congelante no pára-brisas... haverá algum sinal que apele mais ao "Pára já!!!" que este? A verdade é que tinha acabado de fazer alguns quilómetros em AE com picos momentâneo de 140km/h e já tinha reparado que a temperatura estava a galgar mas como estávamos no tal fatidigo dia com temperaturas a bater nos 36º perto das 21h e o ar quentíssimo que nem a cara refrescava, não achei totalmente descabido e achei que viria a normalizar com o avançar da noite.
Não aconteceu.
Encostei imediatamente (pudera...) e chamei a assistência, afinal é para isso que pagamos seguro certo? Estava um dia de vento demoníaco e nesses dias qual é o pior sítio para se ter uma avaria? Claro está, no tabuleiro da ponte Vasco da Gama. Para piorar só se tivesse estado à espera uma data de tempo!!... E estive. Cerca das 21h55 lá chegou o reboque, conduzido por um Sr. no mínimo
suis generis e que no processo ia ficando tal como veio ao mundo, tal não era a ventania que se fazia sentir. Belzebu estava irritado, estava mesmo.
O Diagnóstico
Como era dia de festa na terra da oficina, o rapaz, que foi impecável, recebeu-nos, já passava das 23h. Estivemos à conversa alguns minutos e um colega entusiasta Fiat que também lá estava (provavelmente conhecido por alguns de vocês mas não me recordo o nome) após observar o tubo que sai/entra ao topo do radiador observa que se calhar o tubo estava entalado entre o radiador e o
capot, isto porque o tubo estava com aspeto de achatado. Para confirmar que não tinha sido isso soprou-se pelo depósito de anti-congelante mas o ar não passava.
Eureka! O tubo estava entalado... debaixo da bateria!
Agora a questão é... fui eu? Assumindo que sim é de dar 3 cabeçadas numa parede com picos... vá 5 que é para não ser estúpido. A verdade é que a última vez que mexi na bateria, e de facto a tirei fora, foi para por outro carro a trabalhar, aquele trabalhar higiénico como costuma dizer o
@nuno granja hehe Será que nesse momento, quando a voltei a montar não reparei que o tubo tinha ficado por baixo?...
A noite terminou com um cofre de motor completamente enlameado, uma espécie de água acinzentada, provavelmente o resultado de ter fervido o anti-congelante e eu com vontade de me converter a uma qualquer religião que me safasse de uma junta da cabeça queimada.
Não aconteceu.
Dias mais tarde ligaram-me para informar que mesmo com o tubo de volta ao sitio expectável o carro continuava a aquecer. Testou-se o radiador, esta entupido. A casa de recondicionamento orçamentou a operação em cerca de €150, reutilizando o topo e o fundo, usando um favo novo. Optei por colocar um radiador novo. Veio do estrangeiro para poupar uns trocos, ainda assim ficou nos €24X. Porra!!
Infelizmente mesmo com o radiador novo o líquido continuava a ser expulso e o pior veio a confirmar-se. Junta da cabeça no galheiro.
Neste momento estou sem o carro faz duas semanas, houve problemas com o fornecimento da junta que chegou incompleta. Esta semana passou-se e ainda não tive notícias. 2ªF ligo e pergunto qual é o estrago.
Neste momento estou com receio pois se for outra fatura avultada começo e entrar no redline onde de um ponto de vista financeiro começa a ser discutível continuar a investir no carro.
Entretanto ainda o quero levar a uma loja de detalhe para:
- tratarem a estrutura da capota que está com picos de ferrugem;
- lavar a capota, tem zonas esbranquiçadas, nunca a lavei;
- remover algumas falhas de pintura na extremidade das portas que provoquei quando arranquei os frisos plásticos que alguém aplicou para prevenir danos com eventuais batidas da porta.
Espero concluir esta desventura brevemente e fazê-lo sem a conta depenada de euros...