Alfa Romeo ad perpetuam rei memoriam - alfasud sprint 1.5 veloce

Diários de Bordo

Alfa Romeo ad perpetuam rei memoriam - alfasud sprint 1.5 veloce

Faltou dizer: ainda por cima a versão ainda com os faróis "olhos de mosca"! Melhor era impossível!
Eu também faria a troca que efectuaste sem ressentimentos de maior;)
Apenas tenho um apontamento em relação ao bimmer da equação. Apesar de gostar, iria sempre para o Z3 M coupé. O único carro alemão recente que adoro!!!
 
OP
OP
Miguel Gomes Dinis
Faltou dizer: ainda por cima a versão ainda com os faróis "olhos de mosca"! Melhor era impossível!
Eu também faria a troca que efectuaste sem ressentimentos de maior;)
Apenas tenho um apontamento em relação ao bimmer da equação. Apesar de gostar, iria sempre para o Z3 M coupé. O único carro alemão recente que adoro!!!

As ópticas aranha não são uma questão de tempo. Desde que saiu o spider que estavam disponíveis ambas sendo que para o mercado americano só estavam disponíveis as ópticas carenadas em ambas as versões (coupé e spider). Na Europa estavam disponíveis ambas no coupé, e também apenas as carenadas no spider.

Resumidamente na Europa existem ambas as versões de óptica no coupé dependendo da encomenda.
 
Ob
As ópticas aranha não são uma questão de tempo. Desde que saiu o spider que estavam disponíveis ambas sendo que para o mercado americano só estavam disponíveis as ópticas carenadas em ambas as versões (coupé e spider). Na Europa estavam disponíveis ambas no coupé, e também apenas as carenadas no spider.

Resumidamente na Europa existem ambas as versões de óptica no coupé dependendo da encomenda.
Obrigado pela partilha de conhecimento!
 
OP
OP
Miguel Gomes Dinis
Alguns como o José H. Silva desmontam meio carro, analisam parâmetros, trabalham chapa, abrem motores e fazem pinturas.

Outros desafortunadamente só podem olhar para isso e delegar quase sempre em quem sabe a grande maioria das tarefas ligadas aos seus carros.

Assim, com um misto de resignação e vontade deita-se a mão ao mais elementar dos serviços.

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Já em fim de vida útil.

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Ainda antes de limpar. O tabuleiro é de plástico o que dada a função não é mau.

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Achei piada ser vermelha. Já agora também era um bocadinho melhor de características que a que lá estava e mais barata.

E vai uma voltinha até à bomba para lamber o depósito.

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Em boa companhia.

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E são estas as miseráveis histórias de quem nasceu com o dom de gostar e o pouco talento da saber mexer.

Para a semana a vez de outros para a voltinha higiénica.
 

Anexos

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João "Pegadas"

Portalista
Portalista
Sendo assim, depois da venda da restante frota, só sobraram o Spider e o 4C, certo? Ou ainda há mais alguma coisa que me escapa? :lol:

Aproveitando que é o meu primeiro comentário cá no tópico, os meus parabéns pelas máquinas. É sempre bom ver espécimes tão bem tratados quando passam pelas mãos de pessoas que efectivamente têm um conhecimento mais vasto da matéria, o 75 TS foi excelente exemplo disso.
 
OP
OP
Miguel Gomes Dinis
Sendo assim, depois da venda da restante frota, só sobraram o Spider e o 4C, certo? Ou ainda há mais alguma coisa que me escapa? :lol:

Aproveitando que é o meu primeiro comentário cá no tópico, os meus parabéns pelas máquinas. É sempre bom ver espécimes tão bem tratados quando passam pelas mãos de pessoas que efectivamente têm um conhecimento mais vasto da matéria, o 75 TS foi excelente exemplo disso.

Não, os que saíram foram aqueles que estão meia dúzia de posts aqui acima - 166 V6 Turbo (já alguém aqui do portal o fotografou no Caramulo), Gt 3.2 V6 e 75 2.0 TS (continuo a dizer que se só pudesse ter um carro, este seria o 75. Tenho imensas, imensas saudades dele...)

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O início da história nunca sairá da garagem. Esteve a efectuar uma grande revisão da a tratar de uns pequenos mas trabalhosos detalhes. Regressou como novo, mais tarde farei uma exposição mais exaustiva.

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Do lado direito o primeiro a entrar na garagem. Está sem os frisos do para choques para limpar.

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BMW E36 318Is M 48 mil kms.

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BMW E46 318i - 17 mil kms

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O carro recente que não tem história nem motor que interesse. Ainda assim gosto dele.
 
Última edição:

Moises Trovisqueira

MTrovisqueiraF
Portalista
Ora então,

Num mundo ideal não teriamos que ter disciplina orçamental.
Não teriamos necessidade de fazer contas.
Não teriamos que passar pela angústia de almejar o momento em que os nossos velhinhos não precisam de nada todos ao mesmo tempo.

Mas isto não é tampouco um mundo ideal, é um mundo de utopia. Também porque amadurecer a convivência de que os velhinhos não sendo jovens precisam quase sempre de alguma coisa faz parte do processo.

Acontece que como já referi, a vertigem do perfeccionismo, e o tempo para reflectir que a pandemia a todos mais ou menos convocou, trouxeram consigo um compósito de auto análise a que muitos de nós acabaram por sucumbir.

Nesse mundo ideal, e num teste de limite à resistência mas também numa prova de superação a um certo desprendimento, depois da escolha feita do que teria que sair para que uma nova entrada tivesse lugar sem sobressaltos ou engenharias de percurso, todos eles seriam vendidos ao mesmo tempo. O processo de lamber feridas seria violento e apenas um, e o caminho de uma nova busca unguento para o curar.

Não sendo propriamente longo o processo , acabou por ser penoso na cabeça de quem o vive, e a sensação de ver partir o último foi tão dolorosa quanto libertadora. Estava fechado o processo. Até então procurei evitar pesquisas, foruns, revistas, tudo que me consumisse a alma e pudesse operar recaídas a meio do caminho. Carro passou a ser meio de transporte, única e exclusivamente no que me acompanha todos os dias, e um ou outro momento de ocasião dos que ficaram na garagem.

Este rapaz que chegou e que agora habita a garagem, e que mais detalhadamente descreverei um dia destes, sempre cumpriu com o caderno de encargos daquilo que representa um automóvel enquanto objecto de prazer e de culto. Talvez dos últimos escritos pela velha receita, pelo clássico paradigma dedicado aos vários prazer da sua experiência.

Acontece que desde que o vi e o experimentei em 2014 oito anos passaram. A memória vibrante de desejo incontrolável de ter um acabaram por me acompanhar todo esse tempo, mas será que passada quase uma década, e de outras tantas pela frente se Deus quiser e a saúde deixar, seriam o 1,18m de altura e a ausência de direcção assistida assimiladas com a noção acessória que os meus olhos viram e o meu corpo viveu em 2014?

E foi aqui que entraram as outras duas hipóteses, também elas de desejo antigo, e as únicas que considerei no tempo necessário para firmar a escolha. Na verdade houve um joker pelo meio mas já la irei.


A primeira:

Ver anexo 1255338

Foi exactamente este o ângulo que me arrebatou em 98, na apresentação em Setembro com o Luca di Montezemo, Sir Stirling Moss e Giorgetto Giugiaro, fresco eu dos meus 17 anos e almejando sempre um dia cumprir os vários sonhos que muitos carros e poucas marcas estimulavam o mais delirante do imaginário.

E a unidade que pretendia era exactamente esta que se vê na fotografia, que ainda hoje está à venda a encorpar os taninos na pipa, porque é um excelente modelo, e um excelente exemplar.

Quais as vantagens por comparação. Tem 4 lugares, um dia já velho ainda consigo entrar nele, e é um GT. Dá para conduzir de faca nos dentes num dia mais agitado mas em ritmo de passeio num dia de verão de vidro aberto na marginal. Depois, tudo que lhe é intrínseco. A forma como o lápis do criador comunica com os nossos impulsos. Essa é o primeiro qualificativo que um automóvel desperta em mim e aquele a que sou mais sensível. É italiano. É um Maserati. Tem história. A do tridente e a dele próprio, é verdadeiramente o último Maserati no qual pulsa o V8 3200 do Shamal, que ruge grosso e agressivo debaixo da frente a atrás nos escapes. Que tem na verdade mais que os 370cv anunciados, mas assim ficaram para a imprensa e para o mundo porque o Ferrari 456GT tinha 442cv e a política de grupo achou melhor que a oferta Maserati não entrasse em território Ferrari. E que é em suma um carro extraordiário. Duro de comandos, mas sensitivo, extraordinariamente rápido e daqueles que dá vontade de abrir a garagem todos os dias para lhe tirar medidas. Nunca considerei o 4200 que lhe sucedeu, não obstante as melhorias introduzidas, mas que ao mesmo tempo lhe retirararam carácter. E se no motor podemos admitir que o que lá foi posto enobrece (não obstante o descaracterize), nos farolins traseiros foi um golpe de misericórdia exactamente nos detalhes que este carro tinham de mais sedutor. Para finalizar, o problema crónico no módulo by wire do acelerador que é um pincel para arranjar (felizmente no mercado já vão aparecendo empresas e profissionais a dirigir o negócio e o conhecimento para estes novos clássicos, e para os novos problemas que a electrónica cria para lá da mecânica), e as despesas de manutenção de acordo com o pedigree.

Só que... O Maserati 3200 GT é muito o conceito do saudoso ido Gt 3.2V6. Até a cilindrada é a mesma embora com mais 2 cilindros. Com um Barítono no Maserati e um Tenor no Gt, e eu até gosto mais deste. Naturalmente mais potente e com uma arquitectura mecânica mais nobre. Mas assim ficamos, exactamente com este diagnóstico aguardando o que cada um dos outros ofereceria por comparação.


A segunda:

Ver anexo 1255340

Este carro não tem um ângulo fora de sítio. Não tem perspectiva nenhuma que se observe que não esteja no limiar da perfeição. Está tudo certo. E a prova é que o sucessor é exactamente o mesmo desenho com afinações de pormenor e uma frente francamente pior.

Também este quando foi apresentado, mais ou menos ao mesmo tempo que o primo Alfa Romeo 8c (este é outro colpo di scena mas inatingível), já numa fase diferente da vida, reavivou o mesmo tipo de emoção mais pura. A mesma que se encontra quando o sexo oposto cumpre com os desejos mais fantasiados. Só que, mais electrónica que o 3200GT, e um upscale maior ainda de manutenção. É um carro maravilhoso, não tenho memória de um V8 tão encantador:



Que orquestra!!

É mais dócil, mais civilizado que o 3200GT. É uma delicia de conduzir em qualquer circunstância, e representa um upgrade de qualidade bastante perceptível relativamente ao predecessor. É exactamente aquilo que esperava que fosse, mas no mercado nunca apareceu com um exemplar cuja condição cumprisse com o desejo. Por oposição com o 3200GT, em que 2 dos exemplares que avaliei estavam, um francamente bom (Azul), e outro absolutamente imaculado e com um histórico inatacável (o cinzento), todos os Granturismo que experimentei estavam carregados de kms, bastante usados, o que para além de moderarem o entusiasmo dado o desgaste aparente, deixariam antever despesas futuras de elevado calibre. Acabei por experimentar na mesma altura um Quattroporte 4.2 já com caixa ZF, exactamente o mesmo carro que o Granturismo com mais 2 portas, com 30 mil kms e num estado muito prazeroso ao toque e vista, onde todas as superfícies se sentiam novas e cuidadas, e percebi o que o excesso de uso e um manutenção negligente pode fazer a carros deste segmento. Nunca apareceu um Granturismo no estado deste Quattroporte, mas deu para perceber o que seria um.

Estudo feito e arquivado.


O Joker:

Ver anexo 1255342

Estava (não sei se ainda estará) num conhecido stand de Leiria (que aliás está na matrícula).

Sempre gostei do E24, embora ao contrário dos outros não fosse um desejado . Despertava em mim uns esgares de ocasião. Já esta numa época que o tempo consagrou, ao contrário dos outros que certamente lá vão entrar mas ainda não amadureceram o suficiente.

Este E24 era dos últimos da primeira série (de 82, imediatamente antes de sairem os MY83), com desenho interior original (que gosto mais), um 635CSI, com uma combinação de cores deliciosa, branco com estofoes em pele bordeaux, e tinha 12 (disse doze) mil kms.

Pedi a um bom amigo que mora a metros do stand para me fazer uma avaliação preliminar.

Tratava-se de uma spec Eurpeia que foi vendida na alemanha e que imediatamante cruzou o atlântico tendo como destino os EUA. Por lá ficou grande parte da sua vida, onde lhe foram instalados os piscas laterais de lei, e mais umas coisas que não me recordo. Terá regressado à Europa há 10/15 anos atrás e revertido à sua condição original com os enchimentos dos respectivos buracos dos piscas e mais uma spequenas coeméticas. O volante não era o dele, o dono aplicou um do M635 que não lhe pertencia, mas que lhe ficava muito bem, e aparentemente o estado imaculado correpondia ao número marcado no odómetro, e a reconversão à origem europeia teria sido bem executada.

Estava eu neste processo de enamoramento consciente e menos aceso do que tenho que os meus queridos italianos, quando na verdade não existe documentação nenhuma que prove o número de kms que o carro marca. Verdade seja dita que parece ter exactamente os kms que tem. Parece nunca ter sido restaurado. Tudo parece bater certo. Mas do parecer ao ser vai a distancia da obscenidade que pediam pelo carro ao preço habitual que ele tem no mercado.

Visto e arquivado.


A terceira:

Ver anexo 1255343

Na verdade foi sempre a primeira.

Pedi a outro bom amigo que tem um que me permitisse recordar o que era (con)viver com as entradas e saidas pouco dignas para dentro e fora dele, a ausência de DA, os 30 cm que distam entre nós e a estrada e os 10 cm entre o para choques e o chão.

Na verdade tudo se ultrapassou com maior facilidade do que esperava. Talvez tenha intuido e elaborado demasiadamente sobre o assunto, mas a verdade é que aquilo que sentimos quando o temos debaixo da mão é a axaltação de um sentimento febril como quando somos crianças. Não tem compromissos, é um objecto de diversão.

Muito haverá a dizer sobre isso, por comparação com experiências de outros Alfa Romeo e outros carros em geral, mas a verdade é que pesados todos os outros carros elementos em arquivo, o número de unidades produzidas deste carro, a célula de carbono, e, pasmem-se, até alguma racionalidade (IUC barato, motor de manutenção corrente, e demais aspectos) não poderia acabar senão assim:

Ver anexo 1255355

Cá voltarei. Com muito que há para dizer, sobre ele, e sobre os outros da garagem que entretanto continuam a fazer a sua história.

Parabens, gosto imenso, verifico os valores todos os meses!!!
 
OP
OP
Miguel Gomes Dinis
Haverá forma de centrar a matricula traseira sem ter que fazer mais furos?


Senão tenho de ir ali tomar os comprimidos para o meu transtorno obsessivo compulsivo. :p
Há. Mas envolve um desafio ainda maior para a obcessão compulsão de que infelizmente partilho e que passa por destruir a integridade do P e do 9.

Entre as duas consigo viver menos mal com esta.

40 velas a 20 e muitos euros cada uma…. Bela idade que já tem! Já agora, que velas leva? Bosch super 4 ou as golden lodge?

Nem umas nem outras. As Lodge são uma memória que perdura mais romântica do que práctica. Estão nas respectivas caixinhas no armário de memorabilia.

Lá dentro estão umas NGK que na práctica funcionam melhor que as Lodge.
 

Miguel L. Catarino

Veterano
Premium
Há. Mas envolve um desafio ainda maior para a obcessão compulsão de que infelizmente partilho e que passa por destruir a integridade do P e do 9.

Entre as duas consigo viver menos mal com esta.



Nem umas nem outras. As Lodge são uma memória que perdura mais romântica do que práctica. Estão nas respectivas caixinhas no armário de memorabilia.

Lá dentro estão umas NGK que na práctica funcionam melhor que as Lodge.
4 pólos ou 1 pólo?
 
OP
OP
Miguel Gomes Dinis
Porque razão devemos pagar pela informação que consumimos?

Porque entendemos que será um profissional a elaborar sobre o produto que recebemos.

Alfa Romeo GT 3.2 V6

Este é o resultado de quando esta premissa não se verifica.

Vou começar pelo facto de que nem sempre consumimos qualidade por aquilo que pagamos. Vou assumir também que nem sempre recebemos mau conteúdo quando não existe transacção directa entre quem produz e quem consome. Mas vou assumir que universalmente a qualidade não anda de mãos dadas com audiência, e que audiência é o pior dos propósitos para elaborar sobre qualquer assunto.

Dito isto, e não obstante a quantidade de disparates de A a Z, este meu ex GT merecia melhor sorte para ficar imortalizado na web.

Prolixo como habitualmente (mas não pró lixo, espero, como o que deu origem a esta apreciação) , vamos lá começar pelo que este GT não é:

Não é um Alfanord. Qualquer Alfa Romeo nascido em Pomigliano (ainda que os V6 tenham saído de Arese) fica aquém de qualquer Alfa Romeo nascido a norte antes de 1985.

A Alfa Romeo não foi nunca um negócio bem gerido. Diria mais, a Alfa Romeo não foi um negócio na medida em que chegou a produzir automóveis cujo valor de aquisição (mesmo que elevado) não era capaz de suprir o custo integral de produção. Quer isto dizer que desde o pré-guerra até ser nacionalizada e depois adquirida pela Fiat produziu automóveis bons e automóveis excepcionais mas quase nunca fez bons negócios para si.

Apesar da Alfa Romeo ter falido várias vezes ao longo da sua história, tempos houve em que o automóvel usufruia de uma aura particular para além de óptica de um qualquer produto de consumo. Isto fez com que continuasse a produzir excelentes automóveis para um público dedicado, coisa que hoje se encontra acantonada num nicho muito reduzido (os excelentes automóveis e o público dedicado).

O GT é fruto de um tempo que já vive nas franjas desta extraordinária herança, que faz encontrar o último sopro de um dos motores mais entusiasmantes da história do automóvel, o V6 Busso, com uma coisa muito interessante, uma espécie de último estertor chamado 156.

De facto o GT é um produto herdado desta coisa extraordinariamente bem feita com os recursos possíveis, uma espécie de Porto de Honra de bom palato sem ano Vintage.

Ora, o primeiro erro disto tudo passa desde logo por aqui, de passar ao lado do contexto da história, e de enquadrar o objecto no seu tempo. No seu tempo quanto à data que ocupou na história recente, e no seu tempo ideosincrático dentro da Alfa Romeo.

O segundo erro parte exactamente do primeiro. O V6 Busso é muito mais sensorial, melódico, artístico do que uma análise de números ou de exercício basal de colar as costas ao banco. O V6 Busso é uma experiência de vários matizes. Quem reduz isto ao cronómetro não merece gostar de carros.

O 3.2 V6 atmosférico já no seu tempo não era comparável a concorrentes projectualmente mais modernos, e muito menos será se comparado com a forma com que pequenos motores carregados de turbos são empurrados (ou puxados) nos carros que conhecemos hoje.

O GT por seu turno herda uma plataforma e geometria de suspensões excepcionais do 156, com a mesma distância entre eixos e uma melhor rigidez torcional do que este, apesar de uma afinação menos agressiva (de suspensão e motor) relativamente aos 147/156 GTA.

O modo como se fundem estes 2 elementos cruza efectivamente 2 universos que não vivem na mesma casa, um motor que é uma pérola herdado de si com um carro que e a melhor versão herdado de quem tomou posse de si.

Ora, se bem me lembro, como diria Vitorino Nemésio, o grande calcanhar de Aquiles que ajudaria a ciência mas não a ultrapassaria seria o autoblocante viscoso com que este carro deveria ter saído de série. Coisa que o actual proprietário levou a sério e juntando à palavra acabou por fazer.

Já conduzi o GT depois desta tão adequada alteração, que melhorou substancialmente o comportamento da frente designadamente o torque steer que desapareceu e as fugas de frente em aceleração no pico da curva ds binário.

O terceiro erro é assumir a mais valia do autoblocate sem conhecer o comportamento do mesmo carro sem ele. Efectivamente o autoblocate empresta muito à melhor composição de um carro com um grande motor à frente. Não resolve a evidência da física. Faz o melhor de si para que a mesma não se faça sentir de forma tão presente.

O quarto erro...

alfa-romeo-giulietta-sprint.jpg
Alfa_Romeo-GT-2003-1600-31~2.jpg

A secção mais característica de um Alfa Romeo é a frente. O scudetto, o trilobo na grelha, todo um conjunto se elementos que fazem desta uma secção inconfundível de qualquer Alfa Romeo.

Também admito que esta carroçaria Tipo 937 vulgarizada pela proliferação do 1.9 Diesel no mercado não tenha gozado da apreciação que merece mas, ponto absolutamente incontornável, a inspiração é clara no Giullietta Sprint Tipo 750 de 1954, e não podia ser melhor.

É para mim o conjunto mais interessante desta carroçaria, o recorte do vidro, a coda tronca e alta, o minimalismo dos grupos ópticos. É conjunturalmente excepcional. E não é uma questão de gosto, esse é tão pessoal quanto irrelevante. É uma questão de desconhecimento, de falta de noção, de incapacidade de análise visual e de falta de cultura histórica.

O quarto erro... é o conjunto de todos. Não passa nada do que este carro é para o lado de quem assiste. Um português paupérrimo, carregado de bengalas linguísticas, um default script, certamente usado para o conjunto de carros analisados a metro e para as views, e um tempo mal passado, mais adequado a um stress test de um formulário de crédito do que propriamente dedicado a um objecto de desejo.

E assim vamos. Não só pelo que temos, mas também pela forma como as novas formas e critérios de comunicação nos fazem bater na cara a incapacidade de perceber o que já tivemos.
 
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