Desculpem lá o desabafo, mas tenho mesmo de dizer isto. Irrita-me um bocado quando aparecem certos comentários sobre descaracterização dos carros, falta de originalidade, etc.
Um clássico não é suposto ser o nosso pequeno prazer individual? Ser aquela escapadela à loucura do mundo moderno? Ser algo que nos diz o que queremos ouvir? Que expressa a nossa personalidade? E que mal tem mudar esta ou outra coisa se o carro fica mais a nosso gosto, ou é mais eficiente e seguro?
Restaurar um carro não é um contrato, nem uma prisão. É a nossa real gana a dizer-nos que podemos ser malucos, e o resto que se lixe. Comprar um carro moderno? Nem pensar! Este é muito mais giro, se calhar vai-me custar os olhos da cara, mas pronto! E fica como eu quero, e vou poder dizer que fui eu que fiz. Não tenham medo dos velhos do Restelo que vêm logo apontar que o vosso carro já não está bem, e que assim não vale nada ou assim e assado. É a frustração deles a falar porque vocês estão a gozar mais do que eles.
Quantas vezes vemos pessoas que restauram um carro e depois perde a piada porque depois de arranjado afinal o carro não tem tanta piada? Ou porque não é prático, ou porque é lento, ou porque assim ou porque assado.
Se mudarmos esta ou outra coisa, e isso tornar o carro mais agradável para nós, isso é um valor acrescentado, e vai estimular o nosso amor pelo carro. Assim vamos mantê-los em condições e usá-los frequentemente. Porque um carro parado se estraga, digam o que disserem. Eu sei. Preferem queimar a junta da cabeça ou deixá-la apodrecer? (sim, acontece, e até nos modernos... já vi)
Um carro deve acima de tudo andar. Foi para isso que se fizeram, todos eles sem excepção. A paixão do movimento é algo que muitos coleccionadores idiotas esqueceram. Qual é a excitação de ter um carro em casa e só lhe puxar o lustro com uma fraldinha? Tá bonito, sim senhor, e agora ir a um encontro? Andar na estrada? A maior parte diz-vos logo que não, que "é muito longe" ou outra desculpa esfarrapada qualquer.
Não me admira nada que ainda hoje muita gente quando compra um clássico vá logo comprar o que os ingleses chamam os "shiny bits", ou seja, as peças para pôr o carro bonito. E o resto? Pois...
Ainda agora no encontro nacional ouvi várias pessoas dizer que só era pena o meu carro não ter os estofos arranjadinhos, estavam a destoar e davam mau aspecto, etc. etc. Chamem-me esquisito se quiserem, mas eu prefiro que o carro vá e venha de Aveiro na boa, a concorrer com os modernos, do que ter estofos "muitalindos" para ficar confortavelmente sentado à espera do reboque! O aspecto não é tudo! Ainda digo mais, se não fosse ter o compromisso de levar a minha cunhada à igreja um mês depois de ele ter chegado a Portugal, ainda tinha andado bastante com ele antes de o pintar. Com pintura estalada e tudo!
E há-de chegar o dia dos estofos, quando os euros derem. Mas enquanto ele não chega, o carro anda, anda bem e com 41 anos anda mais do que muito outro carro com menos anos que por aí anda. E não tenho medo de o usar, nem tenho o número do rapaz do reboque na marcação rápida do telemóvel. E o meu miúdo delira com o carro, o cão também, e dá-me gozo andar com ele. Nem é uma questão de exibicionismo, é mesmo o prazer de condução a falar mais alto.
Desde que tenho carta que ando a esmagadora maioria do tempo na estrada com clássicos. Raramente me deixaram ficar mal (e menos do que muita gente com carros modernos), e definitivamente não me vejo a gozar tanto nem ter tanta viagem memorável com carros modernos. Os modernos não deixam histórias para contar.
Por isso não queiram ser uns velhos do Restelo que restauram tudo ao parafuso e rigorosamente segundo o projecto de fábrica, nem queiram que a maior excitação da vossa vida seja puxar o lustro com uma fraldinha e levar o carro de reboque para todo o lado. Disfrutem os vossos clássicos!
... e tenho dito! Desculpem lá, o serviço normal será resumido dentro de momentos...
Um abraço a todos!
Um clássico não é suposto ser o nosso pequeno prazer individual? Ser aquela escapadela à loucura do mundo moderno? Ser algo que nos diz o que queremos ouvir? Que expressa a nossa personalidade? E que mal tem mudar esta ou outra coisa se o carro fica mais a nosso gosto, ou é mais eficiente e seguro?
Restaurar um carro não é um contrato, nem uma prisão. É a nossa real gana a dizer-nos que podemos ser malucos, e o resto que se lixe. Comprar um carro moderno? Nem pensar! Este é muito mais giro, se calhar vai-me custar os olhos da cara, mas pronto! E fica como eu quero, e vou poder dizer que fui eu que fiz. Não tenham medo dos velhos do Restelo que vêm logo apontar que o vosso carro já não está bem, e que assim não vale nada ou assim e assado. É a frustração deles a falar porque vocês estão a gozar mais do que eles.
Quantas vezes vemos pessoas que restauram um carro e depois perde a piada porque depois de arranjado afinal o carro não tem tanta piada? Ou porque não é prático, ou porque é lento, ou porque assim ou porque assado.
Se mudarmos esta ou outra coisa, e isso tornar o carro mais agradável para nós, isso é um valor acrescentado, e vai estimular o nosso amor pelo carro. Assim vamos mantê-los em condições e usá-los frequentemente. Porque um carro parado se estraga, digam o que disserem. Eu sei. Preferem queimar a junta da cabeça ou deixá-la apodrecer? (sim, acontece, e até nos modernos... já vi)
Um carro deve acima de tudo andar. Foi para isso que se fizeram, todos eles sem excepção. A paixão do movimento é algo que muitos coleccionadores idiotas esqueceram. Qual é a excitação de ter um carro em casa e só lhe puxar o lustro com uma fraldinha? Tá bonito, sim senhor, e agora ir a um encontro? Andar na estrada? A maior parte diz-vos logo que não, que "é muito longe" ou outra desculpa esfarrapada qualquer.
Não me admira nada que ainda hoje muita gente quando compra um clássico vá logo comprar o que os ingleses chamam os "shiny bits", ou seja, as peças para pôr o carro bonito. E o resto? Pois...
Ainda agora no encontro nacional ouvi várias pessoas dizer que só era pena o meu carro não ter os estofos arranjadinhos, estavam a destoar e davam mau aspecto, etc. etc. Chamem-me esquisito se quiserem, mas eu prefiro que o carro vá e venha de Aveiro na boa, a concorrer com os modernos, do que ter estofos "muitalindos" para ficar confortavelmente sentado à espera do reboque! O aspecto não é tudo! Ainda digo mais, se não fosse ter o compromisso de levar a minha cunhada à igreja um mês depois de ele ter chegado a Portugal, ainda tinha andado bastante com ele antes de o pintar. Com pintura estalada e tudo!
E há-de chegar o dia dos estofos, quando os euros derem. Mas enquanto ele não chega, o carro anda, anda bem e com 41 anos anda mais do que muito outro carro com menos anos que por aí anda. E não tenho medo de o usar, nem tenho o número do rapaz do reboque na marcação rápida do telemóvel. E o meu miúdo delira com o carro, o cão também, e dá-me gozo andar com ele. Nem é uma questão de exibicionismo, é mesmo o prazer de condução a falar mais alto.
Desde que tenho carta que ando a esmagadora maioria do tempo na estrada com clássicos. Raramente me deixaram ficar mal (e menos do que muita gente com carros modernos), e definitivamente não me vejo a gozar tanto nem ter tanta viagem memorável com carros modernos. Os modernos não deixam histórias para contar.
Por isso não queiram ser uns velhos do Restelo que restauram tudo ao parafuso e rigorosamente segundo o projecto de fábrica, nem queiram que a maior excitação da vossa vida seja puxar o lustro com uma fraldinha e levar o carro de reboque para todo o lado. Disfrutem os vossos clássicos!
... e tenho dito! Desculpem lá, o serviço normal será resumido dentro de momentos...
Um abraço a todos!