Como sempre faço, a seguir à participação num Rallye, nunca me coíbo de fazer publicamente uma análise, estritamente pessoal (não aceito encomendas de ninguém para que escreva isto ou aquilo) e objectiva, produzindo opinião valorativa sobre a Organização do mesmo.
Uma primeira afirmação em jeito de introdução para referir que, na minha modesta opinião, a 2ª edição das 24 Horas de Portugal foi melhor do que a 1ª, em quase todas as suas vertentes. E, quando assim é, há desde logo que endereçar os parabéns à Organização, porque soube ouvir as críticas construtivas do ano passado e evoluir, fazendo diferente e para melhor. Parabéns ao Classic Clube de Portugal, ao Paulo Almeida e, muito em particular, a todos os seus colaboradores que, de uma forma esforçada, diria mesmo sacrificada, devido, sobretudo, às condições climatéricas que se fizeram sentir, corresponderam com muita entrega, eficácia e eficiência, no cumprimento escrupuloso das tarefas que lhes foram confiadas, proporcionando-nos assim, um magnífico Rallye!... À boa maneira Beirã: bem hajam!...
Um aspecto organizativo que realço, sublinho, elevo… como muito, muito positivo, principalmente para os navegadores, reside no facto de a Organização ter proporcionado, com muita antecedência, a necessária informação para que as equipas pudessem planear no papel o Rallye, sem “stress”! Defendo a tese de que os Rallyes de R.H. se ganham ou perdem na execução, ou seja, na estrada, e não em olimpíadas matemáticas stressantes dentro do automóvel com pouco tempo para fazer as continhas e, ainda por cima, muitas das vezes, em estradas sinuosas!...
O traçado do Rallye foi soberbamente desenhado. O autor seria digno de integrar a galeria dos melhores “Arquitectos” de Rallyes!... Ainda que para mim não tenham constituído uma novidade absoluta, o 24 Horas de Portugal 2009, proporcionou a todas as equipas que tiveram o bom gosto de participar neste Rallye, paisagens deslumbrantes do Portugal Interior “profundo”, quando tal foi possível, é claro!...
Ainda que tal formato não seja inédito, entende-se perfeitamente que uma Organização com poucos recursos tenha de optar por esquemas de dupla passagem, ainda que em sentidos opostos, nas mesmas PEC’s, mas até nisso a “coisa” estave bem feita, porque algumas delas não eram exactamente iguais, derivavam em determinada altura para outro percurso e porque os controladores de uma passagem para outra, também em alguns casos, não estavam nos mesmo sítios, pelo menos assim me pareceu!
Outro aspecto que relevo como muito positivo foi o facto das estradas escolhidas apresentarem um muito bom asfalto em cerca de 95% do percurso do Rallye! E, nos +/- 5% de piso menos bom (razoável), o mesmo não era comprometedor para suspensões, carroçarias, etc..
Mas, na vertente desportiva, o aspecto que eu mais apreciei (fui crítico no ano passado relativamente a este aspecto e fui lançando alguns alertas ao Paulo Almeida), foi o ritmo escolhido para o Rallye, notando-se que existiu sempre, em todo o momento, uma grande preocupação com a segurança. Acho que o ritmo foi o perfeitamente adequado, ou seja, sem ser demasiadamente rápido ou maçudamente lento! As ligações também foram ritmadas, sem grandes tempos de espera. E aquelas em que tivemos mais uns minutinhos, até que foram sempre bem vindas, para fazer as necessidades, beber água e dar dois dedos de conversa com os outros concorrentes.
Outra vertente que merece nota máxima foi a preocupação que a Organização teve com a segurança. Verificaram a quantidade de GNR, Bombeiros, Ambulâncias, Viaturas Camarárias que havia na zona da Pampilhosa da Serra?!... Até parece que estávamos no “Portugal Histórico”! E neste Rallye havia reboque da Organização que, por sinal, parece que terá tido muito serviço!... Enfim, pormenores que marcam a diferença pela positiva!...
Na valência social do Rallye esteve quase tudo bem! O Hotel escolhido tem qualidade, oferece conforto e garagem para os bólides, a um preço extremamente simpático. Na Pampilhosa da Serra, que eu conheça, não existe nenhum Restaurante com capacidade para acolher mais de 150 pessoas! A opção pelo Restaurante Social para além de ser única, não compromete, pelo contrário! A comida é caseira, quentinha e, ainda por cima, servida com muita rapidez. O lanche esteve muito, muito bem, em qualidade, quantidade e num espaço agradável. O pior foi mesmo o jantar na Escola Profissional de Turismo do Fundão. Para além de ser volante (servido em pé), numa altura em que os concorrentes já estavam muito cansados, ainda por cima a confecção da comida não estava “al punto” e até a escolha da ementa não foi a mais feliz! Vi várias pessoas a fazerem “caretas” à Perca!... Na Casa do Guarda, no final da Rampa de Alcongosta, nem sequer entrei e, por isso, não me pronuncio. O almoço de domingo esteve em muito bom nível! Num espaço muito agradável, sossegado e com um bom serviço!
Nota alta, também para a cerimónia de entrega de prémios, ainda que o frio e a ameaça de chuva, tenham arrefecido um pouco os ânimos, num momento daquela natureza.
Venham daí as 24 HORAS DE PORTUGAL 2010!...
P.S. – Sobre a N/ prova (António Ramos / J. P. Martinho) a resenha da aventura ficará para mais tarde.