Um dia triste. O dia em que morreu a hidropneumática.

HugoSilva

"It’s gasoline, honey. It’s not cheap perfume."
Eventos Team
Certo, e face à minha ignorância relativamente a pormenores de caráter histórico sobre os quais vocês parecem estar muito melhor informados...

... a Lancia, tal como a hidropneumática, morreram (será que morreram mesmo? veremos...), porque do ponto de vista financeiro, e vamos ser objetivos, no século XXI é apenas isso que interessa, já não faziam sentido e nenhum de nós sabe porquê mas a verdade é essa.

Após análise do estado das coisas chegaram à conclusão que não era rentável continuar a manter a Lancia no mercado respeitando o seu pedigree. Tentaram revitalizá-la (leia-se, torná-la rentável) colocando-a num segmento mais luxuoso, algo que também acabou por não resultar pelo que a última solução foi mesmo arquivar a sigla. Quiçá um dia regresse!

Além do mais, e detesto dizer isto, mas se calhar não estou sozinho, se a alternativa a manter a Lancia foi manter a Alfa... seja! Todos sabemos a mística que a marca carrega. A paixão. A doença (como alguns apelidam) que é a Alfa Romeo. Aquela marca onde mesmo os piores carros despertam o fogo dos viciados em gasolina.

Teria sido melhor deixar sucumbir a Alfa?...

Num mundo perfeito estas decisões não deveriam ter de se tomar mas num mundo perfeito a Somalia não estaria no estado em que está =|
 

nuno granja

petrolhead
Portalista
Autor
Este desabafo do Afonso e outros que por exemplo li quando o VW Type 1 (Carocha) deixou de ser produzido no México em 2003, ou mesmo antes reclamações por a VW não vender esse modelo oficialmente na europa são legítimos mas...

As marcas de automóveis são detidas por empresas que visam o lucro o que também é perfeitamente legitimo.
Para tal tem de acompanhar as tendências do mercado, da sociedade e a evolução tecnológica, pagar os ordenados a quem lá trabalha e distribuir dividendos pelos acionistas, tudo isto num mercado extremamente competitivo onde uma má decisão pode ter consequências gravíssimas.

A melhor maneira de conseguir todos este objectivos raramente coincide com os desejos dos coleccionadores dos produtos que as marcas comercializaram há 30, 40, 50 ou mais anos. É chato mas quem está à frente das empresas é que decide a estratégia para conseguir os objectivos.

Em termos de peças, há excepções como a Porsche, a Mercedes, a BMW, ou a VW mais timidamente, que chegaram à conclusão que dar atenção a esses colecionadores pode dar lucro a curto prazo através da venda de peças e a longo prazo vantagens na fidelização dos clientes (já li um estudo da Mercedes sobre este fator) e diferênciação da marca, mas no que diz respeitos a novos produtos vão fazer aquilo que o mercado pedir.

Por mim tudo bem façam o que quiserem e os compradores que comprem as "experiências" que desejam, mesmo que o desejo passe por um Golf disfarçado de "new beetle" ou um Punto de Fiat 500.

O que me preocupa é a tentação de me proibirem de fazer o que eu quero e gosto, isto é andar nos meus carros sem restrições.


nuno granja
 
Última edição:

Samuel

Veterano
As marcas de automóveis são detidas por empresas que visam o lucro o que também é perfeitamente legitimo.
Para tal tem de acompanhar as tendências do mercado, da sociedade e a evolução tecnológica, pagar os ordenados a quem lá trabalha e distribuir dividendos pelos acionistas, tudo isto num mercado extremamente competitivo onde uma má decisão pode ter consequências gravíssimas.

Em termos de peças, há excepções como a Porsche, a Mercedes, a BMW, ou a VW mais timidamente, que chegaram à conclusão que dar atenção a esses colecionadores pode dar lucro a curto prazo através da venda de peças e a longo prazo vantagens na fidelização dos clientes (já li um estudo da Mercedes sobre este fator) e diferênciação da marca, mas no que diz respeitos a novos produtos vão fazer aquilo que o mercado pedir.

Que dirão os puristas da Porsche acerca do fim dos refrigerados a ar?...
 

Samuel

Veterano
Continuo a achar que este era um fim mais ou menos inevitável.

Esta é uma tecnologia que tem um custo elevado, que se reflecte nos custos de produção e manutenção dos modelos que a equipam e que não era valorizada pela maioria dos consumidores. Mesmo se se a reservasse a modelos de segmentos mais altos, não ia ser reconhecida como aconteceu com o C6 (e vou-me abster de comentar o que penso das pessoas que criticam o seu design).

Estou plenamente em linha com o @Rafael Isento quando ele diz que a Citroen não é só Hidopneumática. É, acima de tudo, inovação e ser diferente.
E nesse aspeto, acho que os modelos continuam a ter uma linha diferenciadora. É certo que de vez em quando lá surge uma crise criativa, como aconteceu, na minha óptica, com a fase do Saxo/Xsara/C5 phase I ou mais tarde com o C3 phase II / C4 phase II. Essas crises criativas coincidiram com os objetivos de ao encontro de mais clientes - ter linhas mais consensuais. Mas no geral, ainda se vem notando uma diferença de conceito e uma coerência dessa diferenciação entre a Citroen e o parceiro do grupo (coisa que não sinto noutros grupos ou parcerias).

Compreendo o @afonsopatrao mas, no que depender de nós (esta "pseudo-minoria" que nunca há-de ter problemas de costas), a hidropneumática continuará a existir nestes modelos que nasceram com anos de avanço como o DS, o GS, o CX, o Xantia,... etc.

Há que dar espaço a que outras revoluções da técnica possam ter lugar. Tenho esperança que ainda vamos engolir tanto cepticismo... :rolleyes:
 

nuno granja

petrolhead
Portalista
Autor
Hoje vi um anúncio da Mercedes e lembrei-me desta "discussão" e da que corre sobre a marca Rover.

A AMG era isto;





Fast Forward > 2017 e agora a AMG é o que o departamento de marketing da Mercedes decide ser melhor para vender, pagando assim salários a quem lá trabalha e distribuindo dividendos aos acionistas, o que por um lado é perfeitamente legitimo e por outro ninguém é obrigado a comprar;


Isto é válido para praticamente todas as marcas de automóveis, mesmo para Porsche onde parece que os 911 até tem um botão para selecionar o barulho de escape.

Há excepções mas são poucas;

Morgan;




Catherham;




Não adianta muito chorar sobre leite derramado, quem detém as marcas tem o direito de manter o negócio a dar lucro.

nuno granja
 
Última edição:
Ainda sobre o assunto da hidropneumática e do meu C5 (X7) HDI ultimamente e depois de ter lido este tópico tenho me atrevido a puxar bem pelo carro em curvas e rotundas e realmente o comportamento da suspensão e a aderência do carro são soberbos! O carro curva com bastante facilidade e segurança. É certo que as quase 2 toneladas de carro ajudam muito mas ainda assim...

Esta historia dos C5 com suspensão hidropneumática já é doença de família já que os meus pais também têm uma carrinha C5 de 2003 de primeira série já com suspensão hidropneumática e um C5 (X7) mesmo modelo que o meu mas motor 2.2 HDI com caixa automática de 6 relações que embora tenha as suas vantagens eu pessoalmente nao gosto muito, já que sempre que o tenho que conduzir ponho sempre em modo sequencial!! Digam o que disserem nada me da mais gozo que uma caixa manual, por isso prefiro a minha caixa de 6 velocidades... :D

Avante, no fim de semana passado tive o prazer de voltar a conduzir a carrinha dos velhotes algo que já não fazia há algum tempo, e mesmo sendo da primeira série, o conforto e o comportamento em curva da carrinha são algo incomparável a outros carros e a carrinha mesmo tendo um motor 1900 HDI puxa muito bem. Difere apenas numa direcção mais pesada embora os bancos sejam muito muito muito confortáveis!

Problemas?
A carrinha 2003 teve apenas que substituir um vedante num dos braços de suspensão que estava a perder óleo. Algo de simples e barata resolução.

O C5 (X7) dos velhotes embora sendo o mais recente precisou apenas de levar dois braços de suspensão a frente que ja apresentavam alguma folga, uma manutenção um pouco mais dispendiosa já que foi feito na marca, embora o sistema hidropenumático se mantenha sem problemas.

Já o meu, 0 problemas de suspensão em 9 anos! Portanto em termos de fiabilidade e despesa estou bastante contente com as prestações da suspensão e do carro em si. Tão cedo não me livro dele!! Eheh
 
Última edição:
Topo