Gosto de clássicos por várias razões:
- em primeiro lugar, e de forma quase inconsciente, sou levado a recordar tempos passados dentro dos carros da minha infância, e, também, às imagens que dela retenho, e que me são todas, felizmente, muito caras e gratificantes.
Pelo que, existe quase uma natural e incessante busca por uma sensação de felicidade que então sentimos, e que nos faz estar perto de nós mesmos, e de todos os que connosco privaram naqueles tempos...e nos ajudaram a dar os primeiros passos.
Tenho hoje um Fiat 1100 que pertenceu a um tio-avô, e, no qual fiz imensas viagens, e passeios, que hoje fazem parte do imaginário dourado da minha infância.
E, cada vez que entro no carro, sinto o mesmo cheiro que na altura sentia, e quase sentindo uma agradável e ilusória presença dos meus tios-avós, que eram pessoas magníficas e que muito me ensinaram.
Quando nasci...o carro já existia, e hoje, que eles já foram embora, o carro ainda existe.
Por outro lado temos a estética.
Os carros antigos tinham formas redondas, sensuais, em muitos deles as suas formas arredondadas lembram as bonitas mulheres, as Pin-Ups, em que os estilistas da altura estavam a pensar, quando se lembraram de os desenhar.
Tudo era suave, arredondado, diferente, sensual e apelativo.
Todos os carros eram diferentes entre si, hoje...são quase todos iguais, e indiferenciados.
Antigamente, cada carro tinha a sua personalidade própria, a sua imagem própria.
Hoje quase não se distingue um Jaguar de um Opel...
A partir do momento em que os farois dos carros deixaram de ser redondos, nos 70s...muito se perdeu, muita fantasia acabou, e boa parte deles perdeu definitivamente, a sua personalidade, e quase todo o poder de atracção.
Depois, temos hoje carros moderníssimos, eficazes, seguros, rapidíssimos, mas...que são terrivelmente entediantes no que à condução diz respeito.
Como se já não bastassem as linhas serem quase todas iguais, e os carros terem quase todos tracção à frente, a condução de um carro hoje, deixou de ter aquelas componentes de gozo, de aventura, de risco, e, acima de tudo, de "pilotagem", que os de antigamente possuíam.
Depois, e novamente a estética...os paineis de condução dos carros de hoje, são todos iguais...bem diferentes dos paineis de condução dos carros dos 50s e dos 60s, em que eram todos diferentes entre si, muitos deles repletos de manómetros e de indicadores analógicos, que, quando se ligava o motor, tudo aquilo mexia...era um prazer mesmo.
Para finalizar, as linhas direitas, quer nos carros, quer nas mulheres...não trazem nada de bom, nem de agradável ao olhar.
JP