Boa tarde,
Confesso que, após a magnífica descrição do VII Rally Costa Brava Historic pelo João Queiroz, fiquei mais seco que um bacalhau, isto agora é só “deserto” (…LOL, escreveria a minha filha).
Assim sendo, vou tentar concentrar-me noutros “quinhentos”, …
O dia antes:
Quando cheguei a Barcelona, o carro já estava no chão (cortesia da Auto Transcais superiormente representada pelo Zé Manuel), pelo que me fiz logo à estrada para o troço de aferição, levando o Nuno da A(d)EGA à pendura. Feito o troço de aferição (que coincidia em parte com o já falado TR2 onde mais tarde apanharíamos os “moços” ou “moucos” (conforme lhes queiram chamar), conferimos a mesma fazendo o troço à média de 50km/h e… deu-nos um erro de + 5 metros no fim, pelo que decidi não mexer mais no “call”. Após ter despachado a (sonda) da roda, fiz a chamada aferição “coeficiente de cagaço” (leia-se sonda da caixa) só com uma passagem e como se fazia tarde para o Jantar, ala para Barcelona.
À chegada ao “parque ferial” lá estava o Mexia e o Nuno à rasca com um radiador (que mais parecia das “Caldas”), pelo que o outro Nuno, o da A(d)EGA, por lá ficou mais o Zé Manuel.
Nós, como quem não quer a coisa e por ali não fazer falta nenhuma, fomos à bucha para desentorpecer as ideias.
Depois de umas “cañas”, tintol e uns petiscos tipo “revuelto”, “batatas bravas” e “fidues” em quantidades obscenas, fomos para a caminha (de bandulho cheio) que o dia seguinte afigurava-se comprido.
1º Dia:
Bem dormidos e levantados bem cedinho (ainda com a boca a saber a papeis de musica), fomos atestar o carro e lavar o para brisas (que estava empestado de óleo do carro do Nuno), fizemos as verificações técnicas e instalámos o transponder. Pusemos o carro em “Parque Cerrado” ainda antes do almoço e… lá fomos assobiando a ver o Queiroz & Mexia na maior das calmas (isto de carros com problemas existenciais de ultima hora com nevorsinho à mistura é só para os maçaricos) enquanto o Nuno e o Zé Manuel terminavam a montagem do escape e do radiador de óleo (no 924 e 911 respectivamente) com fecho da folha de obra pela ordem inversa.
Ok, agora é que é, vamos almoçar e dormir a sesta… que aquilo só iria começar à tardinha.
Chegada a nossa hora de partida (já bem depois das 20:00) lá arrancámos, fizemos o circuito de MontJuic (não contava para a classificação) e seguimos para o denominado TR2, onde já estava uma “Açorda” montada, com fila de carros (muito) bem medida; quando estamos prestes a arrancar, ponho o carro na estrada (a estorvar) na tentativa de que os “paisanos” não passassem para a minha frente (que por ali, devido à curiosidade, circula-se muito devagar); mas aquilo são Espanhóis e passaram à mesma para a frente pelo traço bi-continuo. Escusado será dizer que quando arranquei, logo a seguir quase que parei… atrás de uma fila com uns dez carros e entre eles, um “papa reformas”, duas “camionetas da carreira” e mais uma data de chaços devidamente encabeçados/comandados por uma Kangoo (que me pareceu dos “Moçoilos” e que também virou aos 1.500mts para o “troço”) a emparelhar com um outro carro de que nem vi a marca (tal era a pressa).
Como nós já vínhamos a comer por atraso cerca de +/- 800mts, o tal segundo carro a virar foi logo atendido ainda no cruzamento e por lá ficou (de mão colada na buzina); a Kangoo não durou mais que a segunda curva; essa mesma “carroça” que na estrada “larga” tipo “gran via” com dois traços contínuos não “conseguia” andar, pareceu ganhar nova vida na estradinha suja e estreita, tentando vir atrás de nós e aguentando até à 3ª curva, após o que, nicles, nunca mais se viu… com este atraso fomos por ali acima a aparvalhar até estarmos no nosso tempo (yes), e com tanta curva feita a “abardinar” (para recuperar ignoramos, ou ignorei, pura e simplesmente o desenho da estrada) lixámos a distância do conta metros, tendo apanhado 2” e 4” por avanço em dois controles antes de sairmos numa rotunda à direita onde… estava tudo paradinho à nossa espera!!! A camaradagem é uma coisa bonita… Ah, mas não é à nossa espera; eles estavam parados à espera que os “Moçoilos Acintosos da carripana branca e verde” cortassem a estrada de vez… o que, infelizmente não aconteceu, e assim lá “mamámos” com 17,4pts (fui o ultimo dos que pararam) cortesia dos senhores policiais. Quando por lá estávamos ainda estive para ir ter com o Queiroz, o Nuno e o Titi a saber se queriam jogar uma Sueca, Bisca ou Cames mas, os “mossos” mandaram a malta dispersar… após o que e já agora, fomos por ali todos (novamente) a acelerar à parva, numa zona residencial de supostos 30km/h, devidamente patrocinados pelos Moçoilos.
Feito este TR2 (com história para netinhos) fizemos o TR3 e penalizamos 0,4 e 07 pts nos dois controles e lá fomos ao beberete no Hotel, que para quem estava habituado a não ter nada de comer (durante o Rali) nem a parar uma horinha, foi mesmo muito bom (e desta vez parei o carro em pleno “Paseo de Gracía” sem ser multado). Resta dizer que o ambiente dentro do carro esteve sempre ao (alto) nível habitual, tanto em eficiência como em disposição, pelo que já “comidos & mijados” lá prosseguimos até Lloret onde chegamos com a classificação possível: TR4 com -1,3 -2,5 e -3,3 num total de 7,1pts; TR5 com 0,7 e 0,1 no total de 0,8pts; TR6 com -0,8 e 0,9 total de 1,7pts e Orrius, TR7 com -0,5 0,6 e 1,2 no total de 2,3 (até porque nessa hora ainda não sabíamos que o primeiro controle do TR2 iria ser anulado por motivos de “tráfego”), tendo partido para a segunda etapa muito atrasados, para lá do meio da caravana numa posição nada consentânea com a nossa realidade/competitividade nesse momento. Com um total de 36,4pts na 1ª Etapa (após a correcção na secção inicial do TR2) e como mero exercício e comparação, o Padeiro que ganhou o Rali teve 22,5pts nesta Etapa, o Zé Grosso juntou 11,9pts e o Lareppe 21,4pts, em 15 controles…. É curioso também verificar que nesta “palhaçada dos moçoilos”, ficaram quatro carros Portugueses envolvidos, o que deixa-nos a pensar um pouquito na (má) decisão técnica do organizador em termos de equidade entre os concorrentes, mas…
2º Dia:
Começamos com o Circuito de Sils (que nas três vezes que seria feito foi executado sempre da mesma maneira) e depois lá continuamos pelas várias provas como o Queiroz descreveu, tendo gozado que nem uns malucos no Circuito de Can Padró (como se pode ver num dos vídeos da prova) e não cheguei a perceber o que é que o Organizador pretendia no Circuito da Catalunya tendo penalizado forte (+ de 26pts), mas pronto, como a seguir vieram aqueles troços com gelo, neve e nhanha, depressa esquecemos isso (se bem que será sempre bom saber qual é o principio que rege cada prova/desafio). Acabámos o dia (à noite) outra vez com Sils a penalizar um pouquinho mais do que de manhã.
Aqui nesta etapa comemos forte (para não dizer outra coisa), com o Circuito da Catalunya responsável por 25,24% dos pontos (26,2pts) e mais uns quantos controles assim para o palerma, mas fica a comparação dos nossos 103,8pts nesta etapa contra os 53,5pts do Padeiro e 155pts do Lareppe,… ou os Portugueses Nuno Rodrigues com 82,3pts, o Zé Grosso com 95pts e o João Mexia com 107,4pts.
3º Dia:
Este dia ficou marcado pela anulação dos troços de Rupit que são espectaculares (e dá sempre para ultrapassar uns concorrentes em plena PEC e subir uns furos na classificação), mas como aquilo ainda estava nevado, o Alex Romani nem arriscou (e se calhar bem).
Acabámos este dia novamente em Sils e para espanto meu consegui penalizar por avanço 11”…!!! Arre, chiça penico, afinal não é só em Portugal que como por avanço(?!) logo numa altura em que a pista estava toda suja e o carro cavalgava de frente fazendo perder tempo…
Fizemos nesta etapa 37,4pts contra 28,6pts do Padeiro, 37,4pts do Lareppe, 31,7pts do João Queiroz, 31,9pts do Nuno Rodrigues, 40,3pts do Mexia e 40,7pts do Zé Grosso; pelo que somamos um pecúlio de 177,6pts a 73pts do Vencedor e a 43,6pts do Vice, 18º à Geral e quartos melhores Portugueses.
Diversão houve bastante, amizade e companheirismo ainda mais e fica sempre a vontade de voltar a andar naquelas estradas retorcidas.
Também ficou a ideia (peregrina?) de voltar a fazer o rali disputando o “troféu amador”, ou seja, sem instrumentos e para apimentar a coisa, fazê-lo em grande estilo no Citroen 2CV de 1965… e o Sismeiro, enquanto eu ia dizendo o disparate, foi carregando o sobrolho direito, após o que levantou logo o dedinho indicador direito e disse: esse faço-o eu contigo… e o Hugo faz com o Zé Grosso!
Estamos nesta... e só de pensar naquelas estradas com gelo e neve, uau!!!
O meu agradecimento a todos os colegas do Team EURORENTLEI: José Grosso/João Sismeiro; João Queiroz/Marta Queiroz; Nuno Rodrigues/Pipa Queiroz; João Mexia/Nuno Machado; Margarida Mexia/Magda Ferreira; e com o devido destaque ao Hugo Soares por me aturar (e por já estar a ficar fininho ao fim de apenas um ano de “maus tratos”) pelo companheirismo e troféus conquistados, mantendo a nossa tradição no Costa Brava, nomeadamente o “Troféu Escuderias” (em sete edições, com seis participações no Rali, conquistámo-lo quatro vezes: 2006, 2007, 2009 e 2010) em continuar a trazê-lo para Portugal, para a nossa Galeria (que já está a ficar compostinha); um agradecimento também aos elementos do outro Team Tuga FERODO QUEIMADO/AUTO MOTRIZ que também por lá andou connosco nesta aventura.
Especiais agradecimentos aos diversos elementos que nos acompanharam na logística da coisa, nomeadamente: à assistência Mecânica pelo Nuno Paes de Carvalho da AEGA e José Manuel da Auto Transcais; à assistência Gourmet pelo José António e Pedro Dias; à Dinamizadora da boa disposição, Public Relation, repórter & Fotografa (belíssima) de serviço, Joana Queiroz; agradeço também à Old Racers e ao Carlos Aniceto por me ter feito e posto a ponto mais um Alfinha que nada precisou durante toda a prova; e a todos aqueles que, desde este cantinho nos apoiaram de qualquer forma (ou jeito). Neste particular, não posso deixar de referir e agradecer ao “tipo” que fez a ponte entre a nossa fotógrafa/repórter e os sites onde habitualmente “escreve” por “belas fotografias do nosso contentamento”, o Rui “SPL” Correia.
Muito Obrigado a todos.
Bjs e abraços,
JF