Pedido de ajuda a identificar "rafeiros": o 127.

afonsopatrao

Portalista
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Roubando o magnífico título que o Gomes Miguel utilizou para os carros que se fazem passar pelo que não são (rafeiros), venho pedir a vossa ajuda.
Como alguns de vós saberão, agora que terminei a recuperação do meu Fiat Uno, não me sai da cabeça a ideia de avançar um pouco na escala de dificuldade e passar para o antecessor do Uno - o 127.

A ideia está só a amadurecer. Julgo que, durante o próximo ano, não se passará nada. Mas queria dedicar este ano a conhecer muito bem o 127, para depois não ser enganado.
Além disso, não é fácil encontrar um carro no estado que eu quero: que esteja a andar (e não podre) e que precise de "recuperação" (e não restauro). Para eu poder pôr as mãos na massa (aprendendo!) sem desmontar até ao último parafuso (apagando porventura a história do carro).
Como saberão, carros destes não deve haver muitos: os que há, pelo menos de primeira geração, ou estão abandonados há 20 anos (e nem imagino a podridão dos fundos ou das cavas das rodas...), ou estão todos restaurados, sabe-se lá como.

Bom: posto isto, gostava de pedir a vossa ajuda nos anúncios que vou vendo. Concretamente, não querendo abusar, gostava que me alertassem para os pontos a que devo estar atento quando vou ver um carro à venda e que me identificassem indícios de coisas achanatadas, disfarçadas e não originais.
Comecemos com este belo exemplo, aqui de Coimbra: http://coimbracity.olx.pt/fiat-127-mk1-restaurado-iid-466790727

O que é que me saltou desde logo à vista:
1- Diz "todo original" mas o bloco é FIAT e não SEAT. Isto é possível? Ou os modelos montados na SOMAVE tinham sempre bloco SEAT?
2- Como é que um restauro "total" deixa os bancos rotos? E a faltar piscas laterais?
3- Esta cor não me parece, de todo, constar do catálogo original... Estou enganado?
4- O cofre do motor não parece ter betume a disfarçar podres, em vez de os podres reparados? Ou é de mim?
5- Se tudo tivesse sido desmontado para pintar, o tubo de escape não estava manchado de azul... É que nem os parafusos dos amortecedores escaparam à tinta! Dá ideia que houve ali muito spray por cima da tinta original e nada mais do que isso...

Notam mais coisas? Estou enganado nalguma das minhas observações (por exemplo, a primeira)?
 
Há imensos 127 da primeira série em 3 portas, Moisés... nós levámos algum tempo para os receber cá em Portugal, mas a versão existe desde o lançamento em Itália. Tenho aqui a QuattroRuote de 71 com um especial sobre o lançamento e tem todas as especificações e fotos, e já tinha as versões 2 e 3 portas. Desconheço porque é que o 3 portas demorou tempo a vir para fora, mas a casa-mãe fê-los logo.

Os 127 da Somave tanto tinham material Fiat como Seat, era ao calhas, o que viesse montava-se. Nos primeiros anos de produção acho que o material era mais italiano e para o final mais espanhol, mas havia de tudo. Ter mecânica Fiat é uma excelente vantagem, porque é de melhor qualidade e robustez.

A cor pode ser original, sei que houve algum tempo em que havia um azul claro, e já vi alguns. Nas fotos não me parece é que seja a mesma cor, mas às vezes as máquinas pregam partidas... é por isso que convém ver ao vivo.

De resto, betumes não vejo ali sinais de nenhum - não quer dizer que não os tenha - e até parece bastante direitinho. A pintura a despachar é infeliz, de facto, mas se não havia necessidade de desmontar mais pode ser bom sinal para a saúde geral da carroçaria.

Um abraço!
 
Eduardo, muito obrigado!
Como especialista, pode dar-me umas dicas nos pontos a que devo olhar quando for ver 127s? Os fundos são dramáticos, não é? Há mais pontos de podridão habituais?
 
Roubando o magnífico título que o Gomes Miguel utilizou para os carros que se fazem passar pelo que não são (rafeiros),

O titulo não é meu... é do caríssimo Eduardo Relvas que me exemplificou por um + um como é que um conhecedor deve avaliar os carros (acho que estávamos a falar sobre os fiat 124).

Acho que é exactamente o que estamos a falar... Rafeiros... Olha que existe muito rafeiro que é fiel ao dono, saudável e uma companhia par a vida...

Infelizmente não te posso ajudar nos 127, mas vou seguir o tópico para ver se aprendo algo sobre este carro (o meu já teve um e só fala maravilhas do mesmo). De qualquer maneira não podias estar mais bem entregue sobre o modelo/marca em questão, neste forum existe muito boa gente bastante inteligente e conhecedora da marca, por dentro e por fora.
 
Eduardo, muito obrigado!
Como especialista, pode dar-me umas dicas nos pontos a que devo olhar quando for ver 127s? Os fundos são dramáticos, não é? Há mais pontos de podridão habituais?

O pior de arranjar num 127 é mesmo a chapa e os interiores, os estofos também sofrem imenso.

Em termos de podres, o 127 é bastante honesto e disfarça mal os problemas. O sítio que mais costuma apodrecer é o canto que fica atrás do capot ao topo da cava da roda, por baixo do pilar do pára-brisas. De fábrica aquele recanto recebia pouca tinta, e apodrecem todos de dentro para fora. De resto, é o costume de qualquer carroçaria descuidada... os fundos das portas apodrecem se os drenos ficarem obstruídos, apodrecem em torno do pára-brisas e do óculo traseiro, os cantos da mala e do capot, e o pavimento junto aos pés pode acumular humidade se as portas tiverem as borrachas em mau estado e apodrecer também. Cuidado também é com danos de acidentes mal reparados, que é a maior causa de chatices na chapa.

De resto, males comuns são caixas de velocidades com os selectores e sincronizadores desfeitos (não devem levar valvulina, torna a caixa muito dura), motores que sobreaquecem por entupirem o circuito do radiador com óxido de alumínio (falta de anticongelante decente), e pouco mais... é um carrito muito robusto, mas que é repetidamente mal cuidado.
 
Roubando o magnífico título que o Gomes Miguel utilizou para os carros que se fazem passar pelo que não são (rafeiros), venho pedir a vossa ajuda.
Como alguns de vós saberão, agora que terminei a recuperação do meu Fiat Uno, não me sai da cabeça a ideia de avançar um pouco na escala de dificuldade e passar para o antecessor do Uno - o 127.

A ideia está só a amadurecer. Julgo que, durante o próximo ano, não se passará nada. Mas queria dedicar este ano a conhecer muito bem o 127, para depois não ser enganado.
Além disso, não é fácil encontrar um carro no estado que eu quero: que esteja a andar (e não podre) e que precise de "recuperação" (e não restauro). Para eu poder pôr as mãos na massa (aprendendo!) sem desmontar até ao último parafuso (apagando porventura a história do carro).
Como saberão, carros destes não deve haver muitos: os que há, pelo menos de primeira geração, ou estão abandonados há 20 anos (e nem imagino a podridão dos fundos ou das cavas das rodas...), ou estão todos restaurados, sabe-se lá como.

Bom: posto isto, gostava de pedir a vossa ajuda nos anúncios que vou vendo. Concretamente, não querendo abusar, gostava que me alertassem para os pontos a que devo estar atento quando vou ver um carro à venda e que me identificassem indícios de coisas achanatadas, disfarçadas e não originais.
Comecemos com este belo exemplo, aqui de Coimbra: Portugal Anúncios Classificados OLX

O que é que me saltou desde logo à vista:
1- Diz "todo original" mas o bloco é FIAT e não SEAT. Isto é possível? Ou os modelos montados na SOMAVE tinham sempre bloco SEAT?
2- Como é que um restauro "total" deixa os bancos rotos? E a faltar piscas laterais?
3- Esta cor não me parece, de todo, constar do catálogo original... Estou enganado?
4- O cofre do motor não parece ter betume a disfarçar podres, em vez de os podres reparados? Ou é de mim?
5- Se tudo tivesse sido desmontado para pintar, o tubo de escape não estava manchado de azul... É que nem os parafusos dos amortecedores escaparam à tinta! Dá ideia que houve ali muito spray por cima da tinta original e nada mais do que isso...

Notam mais coisas? Estou enganado nalguma das minhas observações (por exemplo, a primeira)?

Só agora dei com este tópico, e Afonso isto poderia ter sido escrito por mim... Tu seguiste via Citroën eu segui no Fiat...

E já aprendi mais alguma coisa acerca do meu rafeiro...
 
Sobre o Fiat 127, o Eduardo Relvas indicou todos os locais, de que padecem os 127.
No ato de compra de um carro destes, deve-se ser muito observador, saber que o 127 teve 3 series com o primeiro modelo (mala curta, cumprida e 3 portas), depois o 900C já um pouco mais elaborado em termos estético, o motor o mesmo, sendo que a caixa de velocidades tem raport diferente do modelo inicial e por fim o fiat 127 Super, mais carenado, plásticos exteriores e obviamente mais elaborado em termos do habitáculo.
Depois, outra coisa de devemos ter em atenção, são as alterações, e saber ou ter algum conhecimento de todos, os modelos para que não haja misturas entre modelos.
Ter em atenção o brilho da pintura, olhar para o carro de forma obliqua para verificar se há empenos, levar um pequeno íman e passar nas zonas que o Eduardo indicou para ver se é chapa ou massa, olhar para debaixo do carro, ver bem os o piso do carro aventais, de frente a traseiros, sentir se papos, junto as borrachas dos vidros, pilares das portas, e claro, verificar se há fugas de óleo da caixa e motor.
Ter uma ideia dos farolins que cada modelo trazia de origem, e faróis, etc .
Eu presto muita atenção a essas coisas, outros não, mas são essa coisas que fazem a diferença entre um carro original ou não.
Mais coisas há dizer, mas fiquemos por aqui.
 
Meus caros amigos .....
Depois de ver um "mala curta" enxertado num MKII; para mim tudo é possível ...
:D :D
:D



Post scriptum - e depois de manifestar o meu "parecer" foram "corrigir" o que era possível.
Por isso "moita carrasco" ....
 
Meus caros amigos .....
Depois de ver um "mala curta" enxertado num MKII; para mim tudo é possível ...
:D :D
:D


Post scriptum - e depois de manifestar o meu "parecer" foram "corrigir" o que era possível.
Por isso "moita carrasco" ....
Atençao que no mercado espanhol e frances saiu o mk2 com mala curta.
E há alguns em Portugal, com matricula portuguesa.
 
Foi mesmo "enxertado", não tem nada a ver com "mercados" .....

Conheço alguns casos desses, por vezes era mesmo intenção de "modernizar" um modelo mais antigo à força, havia muita vaidade dessa (e ainda há... o nosso país tem muita dessa mentalidade de índio), é como os VW de óculo pequeno a quem "enxertavam" o óculo grande porque era mais bonito... e agora é vê-los desesperados a tentar reverter o transplante.
 
Conheço alguns casos desses, por vezes era mesmo intenção de "modernizar" um modelo mais antigo à força, havia muita vaidade dessa (e ainda há... o nosso país tem muita dessa mentalidade de índio), é como os VW de óculo pequeno a quem "enxertavam" o óculo grande porque era mais bonito... e agora é vê-los desesperados a tentar reverter o transplante.

Há um lapso no que eu pretendi dizer ...
A ideia foi "arranjar" um chassi do MKII para adaptar aos docs dum "mala curta".. Por outras palavras fez-se um "pretenso" restauro do "mala curta"
Mas que a coisa estava excelente ... lá isso estava ... ainda andei de volta do numero do chassi a ver onde tinham feito a soldadura e não vi rigorosamente nada ....
O "problema" é que há outros pormenores ... :D
 
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