Este tópico fez-me lembrar algo que vi recentemente. Um cenário usual em Portugal, este fiat 125 abandonado à porta das antigas instalações da rtp, e que um dia serviu de figurante na série "conta-me como foi".
Serviço público não é só ter um canal chamado memória. É saber respeitá-la como veículo da história. Somos um país sem memória e definitiva e consequentemente um país que não sabe como respeitar e conservar a sua história.
É algo que se repete no património edificado, e na forma como o espaço público é negligenciado, na gestão e conservação da floresta, como recorrentemente todos os anos vamos assistindo à devastação de uma franja substancial do património florestal e do qual "orgulhosamente" ostentamos, ano após ano, o primeiro lugar na Europa no que à área ardida diz respeito.
Na gestão da ferrovia, e das composições que vendemos a Espanha para não termos que restaurar, e assim podermos alojar fundos aos imensos quadros da CP cujas funções muitas vezes desconhecemos, importando depois material circulante pastiche para fazer a linha turística do Tua.
É assim na cultura orgânica instalada, no imediatismo consumista que se enraizou nas famílias. No usa e deita fora. No livro pelo smartphone, no carro "velho" pelo híbrido ou SUV da moda, no vinil pelo mp3, no mogno pelo ikea, no analógico pelo digital, em suma, Portugal tem um grave problema de cultura, e no culto da memória. E com isso perde alma. Com isso pede tempo. Tempo que viveu mas na ficou. Tempo que as novas gerações desconhecem, na sabem conhecer e perdem referências de como a ele chegar.
"Este país não é para..." novos. Porque só sabe ser antigo quem um dia soube ser velho. E Portugal é apenas ... asséptico, inodoro e insípido. Porque cada vez menos cheira, café vez menos sabe, e cada vez menos é porque não soube ser, porque afinal... "conta-me como foi", mas não querias saber como será depois.
quo vadis Portugal...?