Viaturas Militares Portuguesas No Ultramar

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Antes Francisco Lemos Ferreira
Os Veículos da Guerra Colonial Portuguesa

O objectivo de saber e partilhar no que a veículos miltares diz respeito durante os anos de 1961 a 1975 essencialmente, os anos em que a Guerra Colonial esteve no centro da nossa história.


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Foto: José Silva Santana


Este tópico é uma ideia antiga que só é possível fruto da disponibilidade e amizade dos ilustres "Camaradas" do "Mazungue" que responderam ao desafio que lançei e sem os quais este tópico não seria a mesma coisa:

Carlos Ganhão - ex-militar e autor do livro "Casa da Restinga" nas livrarias desde 2ª feira;

Raul Almeida Machinho -Ex- militar e autor do livro "História passadas no tempo da tropa" Angola 1966 a 1969;

Francisco Sardinha

Manuel Carvalho " Manecas"

Este tópico não será limitado a fotos ou mera descrição,pretende-se que seja um espaço de vivências, testemunhos, experiências e tudo o que diga respeito às viaturas utilizadas pela tropas portuguesas durante a guerra colonial.
 

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Antes Francisco Lemos Ferreira
Citando Carlos Ganhão
No meu tempo, 1969 a 1971, as viaturas que tínhamos em zona operacional nos Dembos, eram:

- Berliet Tramagal tracção 6x6 , caixa aberta com taipais e esteiras metálicas;
Berliet6X6.jpg

Apresento-vos o estado da mesma viatura Berliet Tramagal 6X6 em duas situações distintas. Na primeira foto, obtida algures numa picada do itinerário Zala-Nambuangongo, a segunda fotografia mostra a mesma viatura no estado em que ficou, após o rebentamento de uma bomba de avião de 52 libras (eram duas), armadilhada como mina anti-carro, e que me levou para um descanso forçado no Hospital Militar em Luanda, em 29 de Dezembro de 1970 .



- Unimogues /Mercedes 411-15, a gasóleo (mais conhecidos por burrinhos do mato)
- Unimogues 404 a gasolina;
- jipes Willys que nunca saíram do Destacamento para a picada (porque se houvesse o azar de pisar um mina, não sobrava nada);
- blindado americano de rastos, M5A1 .
- Quinzenalmente, nas colunas de reabastecimento, aparecia-nos a sua escolta composta por Autometralhadoras Panhard EBR.


Na Escola Militar e no Regimento de Infantaria 21, em Nova Lisboa, como no Campo do Grafanil, em Luanda, por onde passei, vi as seguintes viaturas que por norma apenas eram utilizadas nas cidades e arredores;

- camião Berliet GB (normalmente no trasnporte de liquidos) diferentes dos de cx. aberta pela dimensão da cabine;
- Camião americano GMC (recuperámos um em 1970, abandonado pelas n/forças num talude durante muitos anos) ;
- Pequenas camionetas de transporte de pessoal, das marcas Mercedes-Benz (alemã) e as antigas camionetas de cx. aberta de marcas Morris, Austin, Trade Mark e Bedford (todas de origem inglesa) ;
- Dodge (americano), mais conhecido por Jipão e que existiam em abundãncia no início da guerra.

O que posso disponibilizar são imagens de viaturas em zona operacional, de Zala principalmente, mas que estão sempre ocupadas com militares.

Blindado americano M5A1


M5A1


Jeep Willys


Unimog 411 (conhecido por burrinhos do mato).


Unimog Mercedes 411 (com secção pronta a sair para coluna).


Berliet Tramagal 6x6


Berliet Tramagal GB ao lado de Unimogs 404


Em anexo foto de uma viatura militar, obtida em Nova Lisboa, da qual desconheço a marca e origem.



"A Barreiros foi fundada por Eduardo Barreiros Rodriguez e começou a sua actividade de fabrico de camiões em 1958. Mas já antes o seu fundador convertia motores de gasolina para diesel e tinha começado a fabricar motores diesel.
Mas só em 1958 começou o fabrico de camiões completos.
Em 1963 a Barreiros foi adquirida pela Chrysler que, em 1967, muda o nome da Barreiros para Chrysler Espanha Sa. Houve camiões Barreiros, contudo, até 1978 a partir daí os carros passaram a ostentar a marca Dodge.
 

Anexos

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Antes Francisco Lemos Ferreira
Citando Carlos Ganhão

" A SITUAÇÃO NO EXÉRCITO PORTUGUÊS
"

Em Portugal a viatura ligeira Tempo G1200 foi a primeira do seu género a ser adquirida pelo Exército Português. Foram adquiridas algumas viaturas em 1940 à firma Virgílio Preto de Lisboa e foram atribuídas à Escola Prática de Cavalaria em Torres Novas. Só mais tarde, em 1942, é que o Exército Português voltou a receber mais viaturas ligeiras de tracção às quatro rodas. Devido aos acordos estabelecidos entre o Governo Português e o Governo Inglês para a cedência de facilidades na Base das Lajes nos Açores, foram recebidos no Exército grandes quantidades de viaturas de todos os tipos, entre as quais algumas Viaturas de Transporte de Pessoal Humber FWD TP3 4×4 m/1942, as quais foram atribuídas aos comandos de alguns regimentos, tal como o Regimento de Cavalaria 7 em Lisboa. No início de 1944 o Ministro da Guerra, Coronel Santos Costa adquiriu nos Estados Unidos da América um primeiro lote de JEEPS. Foram adquiridas Viaturas de Transportes Gerais Willys MB 1/4 ton. 4×4 m/1944 e Viaturas de Transportes Gerais Ford GPW 1/4 ton. 4×4 m/1944 para o Exército. No pós-guerra Portugal aderiu à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO). Devido aos acordos de auxilio mútuo, foi recebido muito material proveniente dos E.U.A. e do Canadá entre 1948 e 1956. Mais lotes de Jeeps foram entretanto recebidos, quer Willys quer Ford. Foram também recebidas viaturas Dodge WC, que mais tarde se tornaram conhecidas pela alcunha de “Jipão”. Desde o pós-guerra até à actualidade, e em particular durante o período em que ocorreu a guerra em Angola, Guiné e Moçambique, o Exército Português adquiriu diversos tipos de Jeeps, desde diversos modelos de Land-Rover e de Willys, até aos UMM de produção portuguesa. A lista que aparece a seguir refere por ordem cronológica os principais modelos de que temos conhecimento.

LISTA CRONOLÓGICA DE MODELOS DE VIATURAS LIGEIRAS COM TRACÇÃO ÀS QUATRO RODAS UTILIZADAS NO EXÉRCITO PORTUGUÊS
1940 - 1990

Viatura de Transporte de Pessoal Tempo G1200 TP3 4×4 m/1940.
Viatura de Transporte de Pessoal Humber FWD TP3 4×4 m/1942.
Viatura de Transportes Gerais Willys MB 1/4 ton. 4×4 m/1944.
Viatura de Transportes Gerais Ford GPW 1/4 ton. 4×4 m/1944.
Viatura de Transportes Gerais Willys CJ2 1/4 ton. 4×4 m/1948.
Viatura de Transporte de Pessoal Dodge T-214-WC56 tp3 4×4 m/1948.
Viatura de Transporte de Pessoal Dodge T-214-WC57 tp3 4×4 m/1948.
Viatura de Transportes Gerais Dodge T-214-WC51 3/4 ton. 4×4 m/1948.
Viatura de Transportes Gerais Dodge T-214-WC52 3/4 ton. 4×4 m/1948.
Viatura de Transporte de Pessoal Dodge T-214-WC51 3/4 ton. 4×4 m/1948/50.
Viatura de Transportes Gerais Land Rover Série I 1/4 ton. 4×4 m/1949.
Viatura de Transportes Gerais Willys CJ3A 1/4 ton. 4×4 m/1949.
Viatura de Transportes Gerais Land Rover Série I 3/4 ton. 4×4 m/1954.
Viatura de Transportes Gerais Willys-Overland 3/4 ton. 4×4 m/1954.
Viatura de Transportes Gerais Dodge Power Wagon 3/4 ton. 4×4 m/1954.
Viatura de Transportes Gerais Willys M38 1/4 ton. 4×4 m/1955. Viatura de Transportes Gerais Willys CJ3B 1/4 ton. 4×4 m/1955.
Viatura de Transportes Gerais Land Rover Série I Mk 2 ¼ ton. 4×4 m/1957.
Viatura de Transportes Gerais Willys CJ5 1/4 ton. 4×4 m/1957.
Viatura de Transportes Gerais Land Rover Série II 1/4 ton. 4×4 m/1958.
Viatura de Transportes Gerais Land Rover Série II 3/4 ton. 4×4 m/1958.
Viatura de Transporte de Pessoal Land Rover Série II TP10 4×4 m/1959.
Viatura de Transportes Gerais Nissan 4W73 3/4 ton. 4×4 m/1962.
Viatura de Transportes Gerais Willys Jeep 3/4 ton. 4×4 m/1962.
Viatura de Transportes Gerais Willys-Overland 3/4 ton. 4×4 m/1962.
Viatura de Transportes Gerais Austin Gypsy G4M10 1/4 ton. 4×4 m/1965.
Viatura de Transportes Gerais Austin Gypsy G4M15 3/4 ton. 4×4 m/1965.
Viatura de Transportes Gerais Mitsubichi J54A 1/4 ton. 4×4 m/1969.
Viatura de Transportes Gerais Kaiser Jeep CJ6 3/4 ton. 4×4 m/1969.
Viatura de Transportes Gerais Land Rover Série III 1/4 ton. 4×4 m/1977.
Viatura de Transportes Gerais Land Rover Série III 3/4 ton. 4×4 m/1977.
Viatura de Transportes Gerais Ford MUTT M151A2 0,25 ton. 4×4 m/1978.
Viatura de Transportes Gerais UMM Cournil 0,5 ton. 4×4 m/1979.
Viatura de Transportes Gerais Auto Union “Munga” 0,25 ton. 4×4 m/1980.
Viatura de Transportes Gerais UMM Alter II 0,25 ton. 4×4 m/1989."
 
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Antes Francisco Lemos Ferreira
Citando Francisco Sardinha:

BEDFORD
Talvez poucos se lembrem mas o exército também teve viaturas Bedford.

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Bedford Trooper. Também tivemos destas mas julgo que foram substituídas logo no início da guerra. Lembro-me que havia um quartel em Nova Lisboa que tinha uma destas.

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Também tivemos destas, mas julgo que formam muito poucas. Lembro-me de em 61 ou 62 ter visto um desfile em que havia viaturas destas. Impressionou-me o facto de ter colocada uma metralhadora pesada instalada no tecto, num buraco redondo que permitia que a metralhadora rodasse enquanto fazia fogo.
 

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Antes Francisco Lemos Ferreira
Citando Raul Almeida

Pouco se falou aqui sobre as GMCs.
Já me tinha esquecido que quando chegamos a Vila Pimpa, em Junho de 1967, ainda fazia parte da frota das viaturas entregues a Companhia, uma velha GMC, bastante desgastada.
Não tenho nenhuma fotografia, onde mostre essa GMC funcional. Por isso coloquei duas outras, onde mostra uma GMC que pertencia a uma Companhia do Batalhão e foi destruida por uma mina, em 29 de Agosto de 1967, colocada num riacho que atravessava a picada, no itinerário Bela Vista Zala, nas imediações do Bico do Pato.
O impacto foi tamanho que retirou o motor do lugar. Eu não ia nessa escolta ao MVL, mas faziam parte dois Grupos de Combate da minha Companhia. Essa foto foi tirada, no cemitério das viaturas, no Zala.




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Nota do Portal: GMC - Viatura táctica pesada de origem americana de três eixos (6x6) dotada de um motor de 6 cilindros a gasolina com 106 cv com rodados duplos à rectaguarda e foi adoptado pelo exército português em 1952. Originalmente destinados à divisão SHAPE, foram depois desviados para Angola.
 

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Antes Francisco Lemos Ferreira
Citando Francisco Sardinha:

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Jeep marca AUSTIN. Na época destes, pricipios dos anos 60, parece-me que também houve uns jeeps FIAT mas não sei o modelo para procurar. Alguns destes Fiat estiveram durante pouco tempo ao serviço do exército e da OPVDCA.

JEPÃO
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Jepão algures por quicabo.

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Exemplarmente recuperado

GMC

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Jepão ao lado de uma GMC.

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Felizmente existe gente que se preocupa em recuperar viaturas que fizeram história. Esta GMC foi recuperada nos Estados Unidos.
 

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Antes Francisco Lemos Ferreira
Citando Carlos Ganhão

Durante a fase de reconhecimento da picada Zala – Bela Vista, encontrámos um camião militar americano GMC com a matrícula ME-96-77, que se encontrava caído e abandonado num barranco. Verificou-se posteriormente pelo seu historial que a viatura tinha sido abandonada em 1965. Umas semanas depois recebemos a missão de recuperá-la o que deu muito trabalho trazè-la do fundo do talude até à picada e rebocá-la para o aquartelamento, onde a tornaram operacional. Nunca consegui saber por que razão não a recuperaram antes.





Na primeira foto estou em cima do capot e na segunda sou o elemento que está em primeiro plano.
 
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Antes Francisco Lemos Ferreira
Citando Francisco Sardinha:

Amigo Francisco Lemos Ferreira.

Na sequencia do teu pedido para postarmos fotos de viaturas que serviram no nosso exército para depois usares no "Portal dos Classicos", julgo que te conseguimos arranjar material bastante, principalmente a lista que o Carlos Ganhão aqui indicou. Através dela podes arranjar fotos de quase tudo.

Não sabia que o "MUNGA" também fez parte do nosso exército. Apenas o conheci em particulares. Era um jeep com o motor a 2 tempos do famoso automóvel DKW .

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Antes Francisco Lemos Ferreira
Citando Carlos Ganhão

Aqui vão mais umas fotografias de viaturas que estiveram ao serviço das nossas Forças Armadas.














Excluindo a 4ª e 5ª foto, que retratam duas versões da conhecida GMC, temos na 1ª foto duas White ao lado de duas Chaimite. Na 3ª fotografia o blindado Cadilllac Comando Mecar e por fim, as duas últimas retratam viaturas blindadas White estando a última equipada "à portuguesa" com duas metralhadoras. Por informações que me foram dadas, as White nunca terão operado em Angola ou em Moçamique, apenas foram utilizadas naGuiné.
 
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Antes Francisco Lemos Ferreira
Citando Manuel Carvalho:

Vocês já imaginaram que se tivesse havido o cuidado, ou o interesse, em guardar um exemplar de cada viatura que serviu no nosso exército o Museu que não teriamos '?? Sendo filho de militar, desde pequeno que andei ligado aos quartéis, neles morando e mais tarde também servindo ! Vendo as vossas últimas mensagens sobre o tema em título, revi autênticas "múmias", particularmente o "Matador" ! Estes monstrinhos estavam distribuídos às unidades de artilharia anti-aérea, rebocando cada um, a peça, o Holofote, o radar e o preditor ( era assim que chamavam ao aparelho que fazia a ligação do radar à peça) ! Pelas suas dimensões, no meu tempo de criança e quando haviam as tradicionais paradas militares, impressionavam sempre o Zé Povinho !! Em 1966, estando eu no R.I. 20 (R.I.L.), foi aumentado à carga um trambolho destes ! Volante à direita, e só pegava de empurrão, ou de manivela! Permaneceu sempre estacionado no parque da Parada, ao serviço do Piquete, mas até me vir embora jamais o vi em serviço !!

Da mesma "família inglesa", houve outros 4x4, esses em maior quantidade, mas todos já veteranos da retirada de Dunquerque, ou do 8º Exército do Montgomery,no Norte de África ! Ainda trabalhei com eles na E.P.I, em Mafra e em 1961 muitos foram acabar os seus dias nas picadas do norte de Angola ! Sabem a que me refiro ? É pouco provável e por isso aqui vai : Eram designados por "FORD - CANADÁ" mas não sei se seria a designação oficial !

1963 - Mafra - EPI - Eu e os "meus sapadores" (A Canadá atráz)

fordcanad04.jpg




1961 - Angola - Nambuangongo após a reconquista

( Do lado direito da foto, atráz de um jipão lá está uma ...)

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Também em 1961, lá vão duas nas primeiras saídas ...​
 
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Antes Francisco Lemos Ferreira
Nestes primeiros anos o nosso equipamento e armamento era .... o que estás a ver !! O "penico" era só chapa de aço e tinha por dentro umas pequenas mas rijas almofadas que só ocupavam espaço, nada de segundo capacete interior em fibra ! Salvo erro, os Páras é que tinham desses, creio que americanos. Ma so cedo o penico ficou nas arrecadações ! O armamento era a velha Mauser 7,9 mm, a pistola metralhadora de fabrico naciona, FBP, algumas Uzis e pistola Walther 9 mm ! Em algumas viaturas montavam-se metralhadoras, a pesada Breda, e as ligeiras Dreize, Bren e umas velhas de fabrico sueco, que não me recordo agora a marca !

Esta coluna, era motorizada, só que nem sempre o pesoal ia "montado". Aqui vão mais umas fotos, da Imprensa local !

As viaturas primavam pela variedade!!

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Até mesmo o jipão, às vezes faz uma nega !

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Aquilo a que chamávamos a "Família Americana": O filho Jeep, o Papá Jipão e a Mamã G.M.C.

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Um Jipão com uma Dreyze à direita

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Antes Francisco Lemos Ferreira
Citando Raul Almeida

O Unimog (burro do mato) era a viatura ideal para aquelas picadas cheias de buracos, ladeiras e atoleiros.
Com tração ás 4 rodas e guincho era um autêntico trator e usado para todo tipo de serviço inclusivê rebocador de outros veiculos, tracionador de carretas e tanques de água, puxador de árvores e tambem utilizado para rotação de gerador eletrico e bombas de lavagem.
Na companhia tinhamos 2 com suporte giratório e proteção para a metralhadora MG.
Andei muitos Kms na garupa desses burros e com tanto balanço, quando chegava a noite não podia endireitar as costas.
Pior para aqueles que iam atrás nos bancos de madeira, que tinham que se agarrar para não cairem, quando a roda entrava em algum buraco. (Um dia um Soldado descuidou-se, caiu, bateu com o nariz no chão e quebrou a coronha da G3).

Na companhia tambem tinhamos um velho jeep willys que era a viatura do Capitão. Só que nunca foi utilizado em qualquer deslocamento, inclusive quando fomos para a Bela Vista foi em cima de um camião.

Raul anexou as seguintes imagens:
 
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Antes Francisco Lemos Ferreira
Citando Manuel Carvalho:

Grande máquina o "Burro do Mato" sem dúvida ! Porém, em 65 e 66, estavam limitados ao serviço das unidades, para recolha de lenha e água,ou dentro de povoações sendo raro encontrá-los em deslocações operacionais! Haviam sido substituídos pelos seus irmãos, maiores, de motor a gasolina, muito mais rápidos mas mantendo as extraordinárias caracteristicas para todo o terreno, (não me recordo qual era a sua designação). Quanto aos jeeps, nesses anos também estavam retirados das picadas ! Porém, nos primeiros anos da guerra, e enquanto não apareceram as primeiras minas, juntamente com os burros e ... toda a lata que andava, percorreram o norte todo! (Vê-se nas fotos da reconquista de Nambu).

O sucessor do burro, pelo menos durante os anos em que por lá andei :



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Citando Carlos Ganhão

Desculpe vir refutar a informação que aqui deixou sobre os Burrinhos do Mato, versus, Unimogues Mercedes 411.
Durante toda a minha comissão nos Dembos, nos anos de 1969, 1970, até Fevereiro de 1971, todos os Destacamentos implantados no itinerário desde Caxito – Beira Baixa – Balacende – Onzo – Nambuangongo – Madureira e Zala (último bastião nos Dembos), todas essas unidades ali estacionadas utilizavam apenas o Unimog 411, vulgo “Burrinho”. Na minha modesta opinião, era a máquina mais completa que existia para andar nas picadas, fizesse sol ou chuva, houvesse lama ou pó. Vencia qualquer obstáculo, trepava qualquer talude e até se dizia ( na brincadeira) que ao burrinho só faltava trepar às árvores. ~
Em Zala só vimos Unimogues 404 a gasolina aquando da visita de duas companhias de páraquedistas em Maio de 1970 que vieram realizar a operação Broca connosco.
A partir de Março de 1971 quando sou transferido para Cuilo-Futa é que vou ter ao meu serviço Unimogues 406 já muito coçados.
Em minha opinião e pela experiência tida nos Dembos, o pequeno Burrinho do Mato era em tudo superior ao seu irmão maior a gasolina, o 411 - digo eu - excepto no aspecto da velocidade e da comodidade, quer seja na cabine ou na caixa de carga, graças à sua suspensão.


Prontos a sair...

Algures na picada entre Zala e Nambuangongo.

Passagem ao Bico do Pato

Picada de Nambuangongo

Fazenda Onzio / Nambu

Fazenda Onzo /Nambuangongo
 
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Conta apagada 31475

Antes Francisco Lemos Ferreira
Citando Carlos Ganhão:


Aqui vão outras fotografias comprovativas do Burrinho nos anos 1969/70/71 no Norte de Angola. As duas últimas fotos referem-se ao Unimog 404 em Destacamentos na zona de fronteira a Norte (Béu Comercial, Sacandica e Cuilo-Futa) onde estive no final da comissão.

Picada de Nambuangongo- Madureira-Zala


Pessoal em contrapeso para utilização do guincho do Unimog, afim de auxiliar a subida de um camião TradeMark carregadinho de cervejola para os rapazes, em 1969 na Mata do Café, picada de Nambuangongo junto a Madureira.



Algures na picada entre Zala e Nambuangongo.



No Béu Comercial - Unimog 404 - 1971 com alguns dos meus 'jagunços' .


Algures entre Béu Comercial e Cuilo-Futa - 1971
 
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Conta apagada 31475

Antes Francisco Lemos Ferreira
Citando Francisco Sardinha

O 411
"Comprimento máximo: 3.57M - Largura: 1.63M - Altura: 2.1M
Peso vazio: 1750Kg. - Capacidade de carga 1400Kg.
Motor/potência/capacidades
Sistema de tracção:Quatro rodas motrizes
Motor: OM636/VI-U 4cyl 1767cc Potência: 34 cv
Velocidade máxima: : 53 Km/h - Velocidade em terreno irregular: 20 Km/h
Tanque de combustível: 70 Litros Autonomia máxima: 600Km"

O 411 era mais vulgar e era o que normalmente estava distribuído à chamada (SEM OFENSA) "tropa macaca" e era o famoso BURRO DO MATO
Este servia para tudo e mais alguma coisa.
O 404 e o 406 tinham corrocerias diferentes e maiores que o 411 e quase só os conheci nas chamadas "tropas de elite" ('???) comandos e paraquedistas.
Apenas conheci o 404 a gasolina. Nunca vi o 406 a gasóleo.

Mais uma particularidade que faziam aos burros do mato, os 411.
Como eram de via muito estreita, as marcas no terreno eram diferentes das outras viaturas, principalmente das Berliet rebenta minas. Então, na base do desenrasque, houve um iluminado que se lembrou de tirar as jantes e montá-las ao contrário. Com isto alargava-se a via e já as marcas no terreno iam sobre as marcas dos rebenta minas. Para lém disso, como ficavam mais largos, a estabilidade aumentava e podiam inclinar-se mais lateralmente.
Esta prática se bem que nos desse alguma defesa contra as minas, tinha o inconveniente de dar cabo dos cinoblocos.
Uma foto roubada no google, algures na Guiné, com um 411, Burro do mato, com a s jantes viradas ao contrário.

Guine_Missira_Unimog1_BejaSantos.jpg
 

Anexos

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Antes Francisco Lemos Ferreira
Citando Raul Almeida:


Em Nova Gaia - Malange, na segunda parte da comissão do Batalhão 1968/69, continuavamos com os "burros do mato", nada de 404.
Na 1ª foto eu com a minha secção durante uma patrulha.
Na 2ª foto outra patrulha com o Grupo de Combate.

Abraço

Raul
Raul anexou as seguintes imagens:
 
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Conta apagada 31475

Antes Francisco Lemos Ferreira
Citando Carlos Ganhão:

A propósito de quedas de Unimog e conforme promessa feita há dias, vou contar-vos um episódio ocorrido em finais de 1969 no itinerário Zala - Nambuangongo - Zala. Para isso vou-me limitar a fazer "copy paste" do meu próprio livro.

" No regresso de um período de protecção à Engenharia, é-nos dada uma missão logo para o dia seguinte: ir a Nambuangongo fazer entrega de documentos.
Saímos de madrugada, ainda o dia não tinha nascido.
Como a viagem se prevê rápida e estamos a sair muito cedo, apenas há para distribuir ao pessoal uma caneca de café quente Não é distribuída qualquer ração de combate.
A coluna é formada por três viaturas Unimogs diesel, que na gíria são chamadas burrinhos e transportam uma secção a sete homens cada uma.
No trajecto de ida, uma delas avaria e logo no local há muito famoso para emboscadas, conhecido pela “ Mata do Café ”, há necessidade de ser rebocado por outra até ao P.A.D. (pelotão de apoio directo) em Nambuangongo.
Enquanto a avaria se resolve, o tempo vai passando e o pessoal começa a dar sinais de alguma fraqueza, pois ninguém comera nada desde o jantar do dia anterior. O alferes Cirilo, dada a sua inexperiência, não permitiu o pedido de empréstimo de umas rações de combate. Eu bem o quis fazer, mas ele desaconselhou-me, pois dizia poder trazer problemas com o nosso capitão Lobo.
Acho que a questão era fácil de solucionar. Pediam-se emprestadas umas quantas rações de combate e, na visita seguinte, nós ou outros, devolveríamos a mesma quantidade. Mas não quis!
Claro que o meu problema está resolvido. Por mero acaso levava dinheiro e na companhia dos cabos Cabeleira e Nabeiro vamos comer umas sandes e beber umas cervejas ao cantineiro civil. Um ou outro soldado também se desenrasca. A maioria, essa, fica a olhar para o ar; não come nada a não ser pó.
Já perto da uma da tarde é-nos entregue o carro e assim iniciamos a viagem de regresso a Zala, fazendo uma paragem demorada no destacamento da Madureira porque a viatura reparada está a perder muita água. No final do trajecto mais um percalço: um pneu furado, no “burrinho” do meio.
Há que fazer nova paragem. O pessoal é todo apeado e distribuído em linha dos dois lados da picada para segurança à mudança do pneu. Os condutores, também com pouca experiência, levam um tempão naquela operação e ainda por cima o pneu suplente está com falta de ar. Há que bombear ar à mão.
Finalmente está tudo pronto, vamos embora!
Decorridos uns vinte minutos, meia hora, começa a ouvir-se uma gritaria e apitadelas vindas da última viatura. A coluna pára.
- O que é que se passa? – pergunta o alferes Cirilo que vai no segundo carro.
- Qual é o problema? – pergunto eu que vou no primeiro.
- Foi o “Olhinhos” que, enquanto estivemos parados, sentou-se na berma da picada e tirou o cinturão com as cartucheiras, granadas e cantil de água para descansar do peso e esqueceu-se de o apanhar quando subimos – responde o cabo Silva.
- Isto é que é uma porra! Agora por causa desse gajo temos que voltar para trás. Se calhar os “turras” já lá chegaram e já apanharam o material. Temos que voltar atrás forçosamente! – resmunga o oficial.
- Ok, vamos fazer inversão de marcha. Esperemos é que se encontre o material, senão estás bem lixado – digo ao Olhinhos.
O soldado está pálido.
Após o início da marcha, o soldado Lourenço põe-se de pé na viatura e começa a urinar para a picada. Com a deslocação do ar, os outros que estão a seu lado na fila terão sido salpicados com uns pingos de urina e começam a barafustar com razão. Através do retrovisor observo o despudor daquele indivíduo. Enquanto uns riem, outros não acham graça nenhuma àquela atitude. Apesar das reclamações, o tipo continua a esvaziar a bexiga. Então puxo da G3 e faço uma rajada para o ar, o que obrigou a coluna a parar de emergência e a malta ir toda para o chão, pensando que fosse uma emboscada.
O Lourenço está metido na valeta ainda com a braguilha aberta, quando me dirijo a ele:
- Se voltas a repetir essa gracinha levas um balázio na gaita, para ver se aprendes a respeitar os teus colegas.
- Peço desculpa, meu furriel, mas estava à rasca.
- Paraste lá atrás há uns minutos e não viste que estavas aflito?
- Só agora é que me deu o aperto.
- Estás avisado!
Entretanto o oficial, que também tinha ido de cara ao chão, chegou ao pé de nós e, depois de se inteirar do ocorrido, pôs-se a rir às gargalhadas. Lá terá achado graça!...
Após retomarmos a marcha, num instante chegamos ao local. O Olhinhos vai directo ao sítio onde tinha estado sentado e logo encontra o cinturão com todo o material. Sorte a dele!
Nova inversão das viaturas e retoma da marcha.
São cerca das dezassete horas quando finalmente se vêem as edificações do quartel de Zala.
Uns minutos depois, iniciamos a subida para a porta de armas. É bastante acentuada e com uma curva à direita.
De repente ouvem-se gritos, muitos gritos! A coluna pára.
Um homem está deitado no chão, de bruços.
- O que foi?
- Um homem vinha a dormir, na curva caiu e bateu com a cabeça no chão – responde o cabo Silva
- E já está morto! – acrescenta o soldado Vieira de seguida.
Quando chego junto do soldado caído no chão da picada, ainda lhe sai por um dos ouvidos um pequeno fio de sangue.
À semelhança dos restantes, este soldado passou desde madrugada, o dia inteiro sem comer o que lhe provocou alguma fraqueza e sonolência. Adormeceu e na curva, tombou.
“Traumatismo craniano” – é o diagnóstico. Ainda se pede evacuação imediata ao Sector, mas nada há a fazer; o homem já é cadáver.
São quatro e meia da tarde do dia dezanove de Dezembro de mil novecentos e setenta. É´ a primeira baixa e sem ser em combate.
Era um soldado atirador, de seu nome, Joaquim Cupertino.
Nessa noite o corpo é colocado na capela para ser velado. Junto a ele e durante toda a noite mantém-se o seu grupo, desperto e coeso, que se vai revezando para que o colega esteja sempre acompanhado.
No dia seguinte chega um soldado do comando de sector de Santa Eulália que executa todos os trabalhos conducentes à soldadura da urna, a qual é colocada em seguida dentro de um caixote feito em tabuado, ficando nesse dia e na noite seguinte na capela, velado pelos seus companheiros.
Esta atitude não é de agrado do comandante que nos revela pela primeira vez o seu carácter. Dá ordem para que o caixote seja metido numa arrecadação junto de outros materiais e em voz alta, perante um grupo de soldados que se encontra perto da capela, diz: – “ Desses há lá muitos para virem para cá; morre um, vêm dez. O batalhão já tem demasiadas preocupações com a vida, para se dar ao luxo de perder tempo com a morte”.
Psicologicamente é uma atitude demolidora e altamente desmoralizante para todos.
É a atitude de um canalha. Um pulhastro, diria mesmo.
Que incómodo lhe causa aquela demonstração de dor e sofrimento?
Oito dias depois, a urna segue para Luanda numa coluna de reabastecimentos, mas a acção do comandante despertou em mim uma atitude de desprezo. Mostrou-se um canalha. "
 
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