A direção... depois de perceber, como relatado aqui, que as linhas da caixa original não eram compatíveis com as da caixa nova, voltei a contactar o vendedor (na Suécia) que se disponibilizou a enviar-mas sem custo adicional. Aproveitei o envio e comprei-lhe mais umas peças (um botão do elevador dos vidros e uma vareta do óleo da caixa). Mas... isto demorou mais de um mês a chegar. Entretanto, os dois casquilhos de borracha que seguram a caixa também chegaram de Inglaterra, e depois de mais umas aventuras, a caixa foi finalmente montada no carro. Vou poupar-vos aos pormenores, mas a notícia fresquinha, de ontem mesmo, é:
Antes da inspeção o carro teve de ser alinhado. Com a suspensão toda reconstruída, assim como a caixa de direção, violetes (um dia vou saber de onde vem este nome) e ponteiras de direção também novas, o carro estava tudo menos direito. Fiz um alinhamento grosseiro na garagem, e lá foi ele para a loja de pneus. O resultado, que eu já esperava, foi que o camber da roda direita estava excessivamente negativo - mas eu precisava de saber quanto para poder fazer o ajuste correto. A convergência foi ajustada com o camber assim, e foi para a IPO (que passou...).
Chegado de volta à garagem, e já com as medidas do alinhamento, pude voltar ao trabalho:
Precisava de corrigir 1º12" no camber da roda da frente direita. O camber é ajustado por estes espaçadores que se montam nos parafusos do triângulo superior. Alterando os espaçadores entre o parafuso da frente e de trás desse triângulo superior, podemos ajustar o caster. No manual de fábrica descobri que 5 mm de espaçadores equivaliam a 1º de camber, portanto... foi fazer as contas. Hoje volta ao alinhamento, para verificar se ficou tudo bem.
Já de volta do novo alinhamento. Camber direito ficou ligeiramente negativo, o esquerdo ligeiramente positivo - ambos próximo de 0º, que era o que queria. Aqui não mexo mais.
Desde que foi aprovado na IPO, o Saab tem andado ao serviço diário - para tirar as teias de aranha depois de mais de um ano parado, e para verificar que as inúmeras intervenções - toda a suspensão, travões, depósito, e sei lá mais o quê - ficaram bem feitas. Os testes no trânsito alfacinha não têm corrido mal:
Entretanto, o que já consegui perceber nestes dias de testes:
- As molas novas são fenomenais. São um ótimo compromisso entre conforto e comportamento - que melhorou bastante. Apesar de ainda não ter abusado muito, a estabilidade em curva é muito boa. Percebo porque é que esta era uma alteração tão comum nestes carros - aprovado.
- Em piso mais irregular tenho um chocalhar na suspensão traseira, que me parece mais forte no lado esquerdo. Eu verifiquei o aperto de toda a suspensão várias vezes, mas alguma coisa não ficou bem. A verificar.
- A reconstrução total dos travões também deu bons frutos, tenho boa travagem, e potente. Mas ainda não estou satisfeito com a afinação do travão de mão - está equilibrado (esq/direita), mas não está particularmente forte, e não é totalmente seguro numa rua inclinada. Para já, deixar sempre o carro engatado, e voltar a ver isto mais tarde;
- A peça que consegui encontrar para a bomba da gasolina, dentro do depósito, deve-se ter desencaixado. Continuo com uma falha de motor quando faço curvas pronunciadas para a esquerda, que era o que aquela peça devia resolver. Creio que vou ter de desmontar o depósito novamente, mas até lá ou mantenho o nível da gasolina acima de meio do depósito, ou tenho cuidado extra nas curvas à esquerda;
- A caixa de direção nova continua a cumprir, sem fugas. Comprei mais duas garrafas de óleo de direção assistida para fazer uma lavagem do circuito, muito em breve.
- Estar mais de um ano sem circular tem consequências. O ralenti está errático, o parafuso de afinação no corpo de admissão não faz nada, e o APC está constantemente a cortar o turbo. Para já vai ter uma afinação à italiana, e com o tempo verei tudo com atenção - sobretudo a verificação de todo o sistema do APC, que está planeada há muito.
- Em piso mais irregular tenho um chocalhar na suspensão traseira, que me parece mais forte no lado esquerdo. Eu verifiquei o aperto de toda a suspensão várias vezes, mas alguma coisa não ficou bem. A verificar.
São todos novos. Todos. Mesmo todos. Já disse todos? Já retirei o pneu suplente, macaco e restante parafernália da mala, para ver se era dali - não era. Estou agora convencido que pode ser a chapeleira, que reconstruí em tempos idos. Até porque o barulho mudou nos últimos dias. A ver.
O Saab tem andado ao serviço (quase) diário, e não se tem negado ao trânsito alfacinha. Mas com a utilização, outros problemas têm ficado mais claros. Um dos mais pertinentes era o ralenti, que estava errático e aparentemente demasiado baixo. Depois de verificar todas as linhas de vácuo (e o sistema de injeção K-jet tem muitas, e são todas importantes), decidi que o problema poderia estar no ponto de ignição. Ajustei de ouvido, e fiz asneira. A melhoria foi momentânea (depois de uma volta de teste o ralenti já estava igual), e ainda por cima o carro ficou com a deitar imensa gasolina pelo escape - ao ponto das roupas ficarem impregnadas pelo cheiro depois de uma volta maior.
Como não conseguia acertar o ralenti no parafuso dedicado ao efeito, decidi desmontar e limpar o corpo do acelerador. Aqui já na bancada, pronto para ser limpo:
Muito spray de limpeza de travões, e uma passagem leve com esfregão verde pelo interior, assim como pelas arestas da borboleta:
Entretanto, um claro sinal de que os vedantes do turbo já não estarão no melhor estado - algo a rever no futuro:
Aproveitei para resolver um problema que já tinha identificado há muito, o cabo do acelerador estava quase a partir. Troquei por um cabo de embraiagem de mota, mas esqueci-me de lubrificar o cabo devidamente antes de o montar. Resultado, o acelerador fica preso porque o cabo não corre livremente. Consequência, voltar a desmontar, lubrificar e montar de novo (o que implica contorcionismo com a cabeça enfiada entre o pedal do travão e da embraiagem...:
E o inevitável já agora... aproveitei para limpar, lixar e dar uma camada de tinta do pedal do acelerador, só para ficar mais bonito...
Entretanto os travões também já fizeram das suas, mas quando chegarem as peças voltarei cá para contar...
O cabo era novo, mas também é ligeiramente mais grosso do que o original. Além disso, esta peça vende-se completa - cabo com terminais já dentro da bicha - esta é uma tentativa de solução alternativa - em teste. Se correr mal (ainda não voltei a tirar o cabo), lá vou gastar mais 35€ num conjunto novo.
Quanto ao ralenti, o carro ficou outro depois da limpeza. O parafuso de ajuste já faz qualquer coisa, e o ralenti ficou logo mais certo. Agora tenho de resolver o problema do cabo do acelerador para afinar novamente o ponto de ignição, e fazer testes - vulgo, afinação à italiana...
Com os travões totalmente reconstruídos, percebi que o problema que tinha encontrado logo na primeira inspeção que fiz com o carro tinha a ver com a bomba principal dos travões. Diagnóstico confirmado pela perda de pressão no pedal se ficasse lá com o pé, encomenda de um kit de reconstrução:
Tudo o que tenha a ver com travões é um trabalho sujo, e boa parte do tempo foi passado a limpar peças. Aqui bomba principal já na bancada, e separada do reservatório:
Depois de coçar um pouco a cabeça para perceber como se desmontava tudo:
E pronto a instalar de novo no carro.
Travões sangrados de novo, e foi fazer um teste ali para uma zona de uma ex-colónia agrícola (ao que parece, das poucas bem sucedidas em Portugal).
Entretanto o Saab deu-me uma má prenda de natal. Aquele óleo que estava na admissão quando limpei o corpo do acelerador tornou-se um problema grave. Agora tenho uma nuvem de fumo azul quando ligo o carro, que tende a desaparecer com a circulação (é possível que as afinações à italiana que tem tido na Vasco da Gama, qual boy racer, tenham ajudado). Já estava à espera que acontecesse, mas preferia que fosse mais tarde e não mais cedo. Um turbo para reconstruir, sff.
Uma manhã como tantas outras das últimas semanas, o Saab fazia de carro de serviço. Às 8h55 da manhã, numa agitada estrada de entrada para Lisboa,
O reboque trouxe-me logo o carro para casa, e foi simpático em enfiá-lo logo dentro da garagem. Hoje consegui desmontar o capot para chegar à bateria, e desligá-la.
O Saab (Something An Asshole Buys) vai agora servir de dador para a outra mão cheia de assholes que, como eu, gostam do carro. O objetivo é disponibilizar as peças a preços simbólicos, para ajudar outros 900 a manterem-se na estradas. Já são poucos, as peças pouco abundantes, e este carro tem algumas peças que são mesmo pouco comuns (os interiores, por exemplo, um opcional raro).
Portanto, R.I.P. significa agora Rest In Parts. O que sobrar irá para o céu dos Saab, que cá em Portugal parece ficar ali para os lados do Carregado.
Lamento profundamente...
Espero que o condutor e os ocupantes estejam bem.
Correndo o risco de escrever o óbvio...
Seria desejável que o carro ainda fosse recuperado. Mas se não for de todo possível, ao menos que ajude outros a manterem-se ou a regressar à estrada.
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