Para referência, a dificuldade está na peça onde liga o cabo do travão de mão (#19 no esquema), que só tem uma maneira de entrar na parte de trás do pistão. Mas o modo como entra não permite depois montar a mola (#18 do esquema). A não ser que estivesse a tentar montar aquilo ao contrário, como agora estou convencido...
Eu até gosto de puzzles, e a sabedoria popular até diz que o material tem sempre razão. E tinha. Descobri o gato com a montagem das maxilas da frente, e depois disso foi fácil:
Duas maxilas totalmente reconstruídas, prontas a montar. Consegui roubar mais um par de horas, e foram para o carro, para ver se não sobravam peças:
Todos os consumíveis ali por baixo são novos, incluindo os tubos de travão, e exceptuando os discos (que ainda vão ser limpos corretamente). E já agora, uma foto do antes e do depois:
Tempo para as maxilas traseiras. Para quem não se lembra (eu próprio tive de ir procurar), os travões foram desmontados em agosto de 2019. Os da frente já estão, faltavam os de trás. As pinças traseiras tinham os pistões agarrados, e o truque habitual de usar ar comprimido não resolvia o problema. A situação inicial era esta:
Só um pistão saiu com o ar comprimido. Com os travões da frente já montados, o plano era voltar a montar as maxilas traseiras e usar o próprio sistema de travagem do carro para tirar os pistões resistentes. Mas depois de alguma pesquisa e de matutar no problema, eis que...
4 pistões sacados, sem grande esforço, com aquela ferramentazinha ali no canto inferior esquerdo do enquadramento. É, supostamente, uma garra para retirar braços de limpa-brisas, serve muito bem para tirar pistões de travão. Custou a estrondosa quantia de 7€. Com portes.
Foi tudo limpo, superfícies levemente lixadas, vedantes todos novos. Duas maxilas traseiras prontas a voltar para o carro:
Uns dias depois, houve tempo para montar os travões traseiros, sangrar o sistema e verificar se estava tudo bem. Um vizinho apanhou-me a fazer testes pelo bairro...
Ainda precisa de ser sangrado novamente, e o travão de mão ainda precisa de ser afinado. Mas está a progredir.
Uns dias depois, houve tempo para montar os travões traseiros, sangrar o sistema e verificar se estava tudo bem. Um vizinho apanhou-me a fazer testes pelo bairro...
Ainda precisa de ser sangrado novamente, e o travão de mão ainda precisa de ser afinado. Mas está a progredir.
Os cabos de afinação do travão de mão vão dar entre os bancos da frente, por trás do cinzeiro para os ocupantes traseiros. Pode ser só uma questão de ir lá dar umas voltas ao parafuso. Assim que tiver tempo vou lá descobrir.
Os Saab, para mim, são automóveis com um certo "Je ne sais quoi"... Em muitas coisas, a começar pela silhueta, são carros que primam pela distinção, por se afastarem do tradicional e do corriqueiro. Acredito que ser proprietário de um, por si só, já é uma afirmação de personalidade, singularidade e de originalidade... Só embebidos naquilo que é o gosto pelo automóvel é que alguém pode compreendê-los suficientemente bem para os adorar, eu acho! Gosto de pensar que são vanguardistas, porque acredito que o são!
Magnífico trabalho esse que tens feito no 900! Vou continuar a acompanhar!
Um Grande Abraço! Tudo de bom
Para o carro voltar a circular falta apenas uma última tarefa, reconstruir a caixa de direção. Na inspeção tinham assinalado uma fuga que, se bem analisado o problema, se limitaria a um ou dois o-rings das linhas que ligam à bomba da direção assistida. Mas como tipo ambicioso que sou (com uma pequena inclinação sado-masoquista) decidi reconstruir a caixa toda. Primeira tarefa, tirar a caixa para fora. O parafuso que ligava à coluna de direção estava hesitante, mas depois de uns dias de molho com WD40, lá cedeu. O resto incluía apenas 2 parafusos e duas linhas de óleo. A caixa acabada de retirar do carro:
As ponteiras de direção foram as primeiras a sair, depois de medir a posição onde estavam (para garantir um alinhamento grosseiro quando voltar a montar as novas):
O ambicioso kit de reconstrução, ao qual ainda faltavam mais dois o-rings (ou não vinham, ou perdi-lhes o rasto quando abri o pacote):
Desmontar a caixa de direção não é tarefa fácil. Muitas molas de pressão, algumas delas bem escondidas e de difícil acesso. Só tirar os braços de direção foi em si uma tarefa, que implicou ir comprar ferramenta - era precisa uma chave de bocas #36, como não encontrei acabei com uma chave inglesa suficientemente grande. Cumpriu a tarefa, e lá consegui desmontar tudo:
E aqui uma comparação de todos os itens a montar, duas linhas de peças, com os novos em cima, e os originais em baixo. Como podem ver, muitos vedantes foram completamente destruídos durante o processo de desmontagem. Muita palavra cabeluda, e muito coçar da cabeça para descobrir "como é que vou tirar esta $%&"#!" Mas saiu tudo.
Peças todas limpas, e o corpo principal da caixa levou uma camada de tinta - também para ficar bonito, mas sobretudo para facilitar a deteção de fugas quando a caixa voltar ao serviço.
Montar tudo foi quase tão difícil como desmontar. Não só o esquema do manual de fábrica (visível na foto acima) deixava algumas dúvidas quando ao sentido de montagem de alguns dos vedantes, como vários deles são de PTFE - nada fáceis de montar, e muito fáceis de estragar. Resultado final, depois de mais umas palavras cabeludas e outras tantas cervejas:
Falta montar no carro e testar. Se não começar a escorrer óleo depois de duas curvas, já fico contente. Mas confesso que é das tarefas mais desafiantes que já fiz num carro.
Falta montar no carro e testar. Se não começar a escorrer óleo depois de duas curvas, já fico contente. Mas confesso que é das tarefas mais desafiantes que já fiz num carro.
Não podia concordar mais. Racionalmente, boa parte do trabalho que tenho feito neste carro ou não devia ser feito, ou devia ser feito por profissionais. A consequência dessa irracionalidade é que o carro passou recentemente a barreira dos 8 meses parado. Mas, como bem disse um amigo meu em tom acusatório, na verdade eu uso isto como escape. Para quem ganha a vida sentado em frente a um computador a ler documentos compridos, fugir para a garagem e apertar porcas e parafusos é um modo que arranjei de descontrair. E é difícil de descrever a satisfação de ver que uma peça que nós arranjámos está agora a funcionar, e muitas vezes melhor até do que a original. Nesse aspeto, para mim o Saab não é apenas um carro para andar, é também - e se calhar com igual importância - um carro para mexer. Mas, sabendo que foi comprado com o argumento de que ia ajudar na rotina diária da família, e que expulsou o outro carro da garagem, não digam nada cá em casa...
Rui, mais um trabalho de excelência! Parabéns, dá gosto só de ver! Tenho a certeza que ficou melhor que aquilo que estava!
Para desmontar e montar os braços da direcção desenrascaste-te da mesma forma que eu há uns anos no meu Clio! Mas não é a ferramenta ideal!! (imaginando que necessitas de trocar apenas um sem desmontar a caixa do carro...) Há ferramentas próprias, universais, que até são em conta!! Deixo os links para tua apreciação e dos demais!
Obrigado pelas sugestões. Eu pesquisei essas (e outras) ferramentas, mas todas elas implicavam encomendar e ficar semanas à espera que chegassem. A chave inglesa é uma solução de sapateiro (sempre lhe chamei a chave preguiçosa, porque nunca é a mais adequada, mas é sempre a usada quando não se tem paciência para ir arranjar a ferramenta certa), mas para já resolveu. Quanto ao trabalho de excelência, só saberei quando testar no carro. Estou muito pouco confiante que todos aqueles vedantes tenham ficado bem montados.... e se bem percebo, a pressão interna num sistema de direção assistida é bastante alta - pouco tolerante a vedantes fragilizados. O tempo dirá...
Obrigado pelas sugestões. Eu pesquisei essas (e outras) ferramentas, mas todas elas implicavam encomendar e ficar semanas à espera que chegassem. A chave inglesa é uma solução de sapateiro (sempre lhe chamei a chave preguiçosa, porque nunca é a mais adequada, mas é sempre a usada quando não se tem paciência para ir arranjar a ferramenta certa), mas para já resolveu. Quanto ao trabalho de excelência, só saberei quando testar no carro. Estou muito pouco confiante que todos aqueles vedantes tenham ficado bem montados.... e se bem percebo, a pressão interna num sistema de direção assistida é bastante alta - pouco tolerante a vedantes fragilizados. O tempo dirá...
Pois, em relação às ferramentas dada a situação atual sim, talvez... Mas isto por norma existe à venda em lojas de ferramentas que representem a JBM, por exemplo, ou de equipamento oficinal e até em algumas casas de peças auto...
Mas o que importa realmente é que usaste o que tinhas à mão e foste bem sucedido!
Então se ajudar a servir de consolo... Depois do que vi, Estou confiante!
Aguardo! Sim, a pressão interna é elevada, na casa dos 100bar, mesmo pouco tolerante...
Sou ateu. Convicto. Mas o Saab parecia estar a querer que eu questionasse essa convicção:
- o carro voltou ao chão, após a reconstrução de toda a suspensão, logo a seguir ao dia de natal;
- voltou a ter travões no carnaval, ou seja, no início da quaresma;
- e montei a caixa de direção reconstruída, a última tarefa antes do carro poder voltar a circular, na sexta-feira santa.
Com a caixa de direção reconstruída, aproveitei também para limpar todas as linhas que ligavam à bomba da direção assistida. Esta também teve direito a um pouco de carinho, um pouco de tinta e as restantes peças limpas com escova de aço:
Montagem feita, parafusos todos bem apertados, linhas verificadas, tempo de começar a encher a bomba com óleo de direção assistida fresquinho. É necessário sangrar o sistema, portanto enchia bomba e ia girar o volante de ponta a ponta, para encher todo o circuito. Quando o nível de óleo na bomba deixou de descer tinha garantia que o sistema estava sangrado. De cada vez que regressava à bomba para atestar de óleo procurava fugas por baixo do carro. Nada, tudo a correr bem. Sexta feira santa, é desta que fico crente.
Faltava o teste final, ligar o motor e meter o sistema sob pressão. Correia nova a ligar a bomba de direção assistida à polie da cambota, ligar a bateria, fazer figas:
Desliguei o carro, desliguei a bateria, e fui beber um gin tónico (a cerveja sabia a pouco neste caso).
O dia teve duas consequências: (1) já vem um kit de reconstrução novo a caminho, e vou ter de desmontar a caixa novamente com atenção, para ver onde errei; e (2) continuo ateu convicto.
Faltava o teste final, ligar o motor e meter o sistema sob pressão. Correia nova a ligar a bomba de direção assistida à polie da cambota, ligar a bateria, fazer figas: Ver anexo 1167392
Desliguei o carro, desliguei a bateria, e fui beber um gin tónico (a cerveja sabia a pouco neste caso).
O dia teve duas consequências: (1) já vem um kit de reconstrução novo a caminho, e vou ter de desmontar a caixa novamente com atenção, para ver onde errei; e (2) continuo ateu convicto.
Antes de mais, parabéns pela coragem! Continuo convicto que vais superar esse desafio!
Efectivamente, e não sabendo de onde vem a fuga, se dos internos se das ligações, algo correu aí menos bem...
Depois, na altura mostraste-te reticente em relação à colocação de alguns vedantes... depois do que vi, fiquei tentado em pesquisar e saber mais...
Dá ideia que a maior dificuldade é voltar a inserir o pinhão dentro da caixa novamente depois dos vedantes substituidos, sem os danificar, certo?
Dá uma vista de olhos por aqui (se ainda não tiveres visto):
Há quem fale em aquecer o conjunto em água a ferver para dar mais flexibilidade aos vedantes antes de os introduzir, mas eu acho que uma solução viável era usares algo que abraçasse isso, do género um tubo plástico (tipo hidronil) do mesmo diâmetro que a caixa com um chanfro interior grande, colocado no topo da caixa, para que de forma mais afunilada conseguires deslizar o conjunto lá para dentro... (não sei se faço sentido) Ou uma cinta metálica redonda semelhante a uma ferramenta que se usa para colocar os pistões com as camisas dentro dos cilindros novamente, que tem afinação de diâmetro... Algo assim:
Sim, o problema passa mesmo por esses vedantes vermelhos nessa foto (os meus eram verdes). No meu caso, aqueci-os com uma pistola de calor, montei-os, apertei-os bem com fita de pintor, e voltei a aquecer o conjunto (presumindo que o calor ai ajudar a que encolhessem novamente depois de montados). Não ficou tão bom como na imagem que inseriste, os vedantes não ficaram completamente justos ao pinhão. O desafio seguinte é que quando inseres o pinhão na caixa o primeiro vedante tem de atravessar 3 ranhuras até chegar à sua (a quarta). E o mesmo para todos os outros a seguir...
Para ajudar à festa, há mais dois vedantes desses que ficam no centro da caixa, e cuja instalação também não é trivial.
Já voltei a tirar a caixa do carro, está na bancada. Tirei os foles das barras de direção, e estavam os dois inundados de óleo. O que significa que o sistema não falhou apenas nos 4 vedantes do pinhão dessa foto - tem de ter falhado em mais sítios. Se bem percebo o funcionamento interno da caixa, se fossem só os vedantes do pinhão a falhar, só devia ter óleo a sair pelo fole do lado do pendura. Se sai pelos dois lados, mais alguma coisa falhou.
Sim, o problema passa mesmo por esses vedantes vermelhos nessa foto (os meus eram verdes). No meu caso, aqueci-os com uma pistola de calor, montei-os, apertei-os bem com fita de pintor, e voltei a aquecer o conjunto (presumindo que o calor ai ajudar a que encolhessem novamente depois de montados). Não ficou tão bom como na imagem que inseriste, os vedantes não ficaram completamente justos ao pinhão. (...)
Sim, creio que li algures num desses tópicos que havia quem fervesse só os vedantes (os Verdes, no teu caso) e depois de os colocar, lhes dava calor com a pistola para os encolher... (não me convence a técnica e o uso da pistola de calor) Acredito que não tenhas de os encolher, porque nesse caso eles vão perder a elasticidade e eficácia, acho que não é o que se pretende!
Depois acho que o calor que sai da pistola é excessivo, se estão a encolher, é porque está a deteriorar os vedantes! Não me parece que o PTFE esteja projectado para resistir á exposição a tanto calor!
Continuo a achar que uma manga a toda a volta é uma ferramenta mais adequada (como a que se usa nos pistões). Mas sou franco, nunca reconstruí uma caixa dessas!
(...)
O desafio seguinte é que quando inseres o pinhão na caixa o primeiro vedante tem de atravessar 3 ranhuras até chegar à sua (a quarta). E o mesmo para todos os outros a seguir...
Para ajudar à festa, há mais dois vedantes desses que ficam no centro da caixa, e cuja instalação também não é trivial.
Já voltei a tirar a caixa do carro, está na bancada. Tirei os foles das barras de direção, e estavam os dois inundados de óleo. O que significa que o sistema não falhou apenas nos 4 vedantes do pinhão dessa foto - tem de ter falhado em mais sítios. Se bem percebo o funcionamento interno da caixa, se fossem só os vedantes do pinhão a falhar, só devia ter óleo a sair pelo fole do lado do pendura. Se sai pelos dois lados, mais alguma coisa falhou.
Ok, creio que te compreendo! Então e na tua ótica não existia forma mais fácil se o primeiro vedante entrasse primeiro e o pinhão depois? (não conseguias embrulhar a só a ponta do pinhão em filme ou fita para depois o fazer entrar, já com o primeiro vedante posto e depois tirar a fita por um dos outros orifícios?) Não sei se dá, estou só a tentar contigo achar uma outra forma menos difícil de fazer o trabalho...
Os vedantes e as restantes superfícies não podem mesmo ser "ofendidos" com nada metálico ou forçados a entrar de qualquer forma, se "riscas" ou "esmurras" os vedantes ou superfícies metálicas de vedação no interior da própria caixa isso nunca mais vai vedar seja de que maneira for... tem de estar tudo completamente "au point", tens de ser muito cuidadoso e manter a calma, deves preferencialmente usar sempre ferramentas de dureza inferior á do metal... plástico, nylon, cobre... por aí...
Os outros vedantes (não sei se é o caso) às vezes tem de se usar um tubo plástico de diâmetro ligeiramente inferior ao da caixa, também para os levares direitos até ao sitio...
Não vai ser fácil... eu gosto desses desafios, mas ainda vais dizer mais umas palavras bem cabeludas ás custas disso, parece-me... No fundo acho que deves olhar essencialmente para duas palavras: Calma e Jeito! Não apresses... e não forces! (nada de segundas interpretações)
Se existe um kit de reparação então é porque há reparação! Mas estou a ver que isso é um berbicacho de todo o tamanho! Sei que nesta altura é dificl, mas não tens nenhum amigo mecânico, boa pessoa e interessado, que te possa dar mais um parecer ou até uma ajuda?
Este site utiliza cookies para ajudar a personalizar os conteúdos, melhorar a sua experiência e manter a sua sessão activa.
Ao continuar a utilizar este site estará a concordar com a nossa utilização dos cookies.
Os vedantes e as restantes superfícies não podem mesmo ser "ofendidos" com nada metálico ou forçados a entrar de qualquer forma, se "riscas" ou "esmurras" os vedantes ou superfícies metálicas de vedação no interior da própria caixa isso nunca mais vai vedar seja de que maneira for... tem de estar tudo completamente "au point", tens de ser muito cuidadoso e manter a calma, deves preferencialmente usar sempre ferramentas de dureza inferior á do metal... plástico, nylon, cobre... por aí...
