Isetta 300

O Isetta era um dos microcarros mais bem sucedidos produzidos nos anos seguintes à Segunda Grande Guerra, um tempo em que o transporte barato para curta distância era o mais necessário. Embora o projecto fosse originário de Itália, foi construído em vários países incluindo Espanha, Bélgica, França, Brasil, Alemanha e Grã-Bretanha. Por causa da sua forma de ovo e janelas em forma de bolha, tornou-se conhecido como carro bolha, nome esse atribuído mais tarde a outros veículos similares. Noutros países tiveram outros nicknames: Na Alemanha era “das rollende Ei” (o ovo rolante) ou o “Sargwagen” (literalmente “caixão com rodas”; o nome veio aparentemente da distância pequena (ou inexistente) entre os passageiros e o tráfego próximo). Na Franca era o “yogurt pot” (Frasco de Iogurte). No Brasil era a “Bola de futebol”, e no Chile é chamado ainda o “huevito” (ovo pequeno).

Iso Isetta (Itália)
As origens do carro são da empresa italiana Iso SpA. Nos anos 50, a companhia construía frigoríficos, motores de scooters e camiões pequenos de três rodas. O Proprietário da Iso, Renzo Rivolta, decidiu que gostaria de construir um carro pequeno para as massas. Por volta de 1952 os coordenadores Ermenegildo Preti e Pierluigi Raggi tinham projectado um carro pequeno que usasse um motor de scooter e chamaram-no de Isetta, um diminutivo italiano que significa ISO pequeno. Diz-se que os projectistas chegaram à forma do Isetta juntando duas scooters, adicionando um frigorífico e dando forma ao resultado como uma lágrima ao vento.
O Isetta causou sensação quando foi apresentado à imprensa em Turim em Novembro 1953, porque era desigual de qualquer coisa vista antes. Pequeno (com 228 centímetros por 168 centímetros) e forma de Ovo, toda a extremidade dianteira do carro articulava para permitir a entrada no seu interior e no evento de um acidente, o condutor e o passageiro podiam sair pelo tecto de lona. O guiador e o painel de instrumentos balançam junto com a única porta. O assento fornece um conforto razoável para dois ocupantes, e talvez uma criança pequena. Atrás do assento existe uma prateleira grande. Um desembaciador era um dos opcionais, e a ventilação era fornecida abrindo o tecto de lona.
O motor era bicilindrico de 236cc a dois tempos que produzia 9.5 cavalos. O motor funcionava por meio de um gerador-acionador de partida de nome Dynastart. Uma caixa de velocidades fornece quatro velocidades e uma marcha-atrás. Uma corrente liga a caixa de velocidades a um eixo traseiro com um par das rodas separadas por poucos centímetros. Os primeiros protótipos tiveram apenas uma roda na parte traseira mas este fazia o carro mais susceptível aos roll-overs, assim colocaram duas rodas traseiras quase juntas. Esta curta distância entre as rodas traseiras eliminou a necessidade para um diferencial. O eixo dianteiro era uma versão modificada de uma suspensão dianteira independente de Dubonnet. O Isetta faz mais de 30 segundos dos 0 aos 50 km/h. A velocidade máxima é aproximadamente de 75 km/h. O tanque de combustível leva 13 litros.
Em 1954, o Iso inscreveu diversos Isettas na legendária Mille Miglia onde ficaram nos 3 primeiros lugares na classificação da economia: sobre uma distância de 1.000 milhas os condutores conseguiram uma velocidade média de 70 km/h. Entretanto, apesar de seu sucesso inicial, o Isetta estava começando a perder popularidade. Isto era principalmente devido à competição da renovada FIAT com seu modelo 500C.
A BMW começou a falar com Rivolta em meados de 1954 e comprou, não apenas uma licença mas os moldes do corpo de Isetta também. Rivolta não parou, e licenciou também o Isetta a outras companhias em França e no Brasil.

VELAM Isetta (França)
A VELAM adquiriu uma licença da Iso em 1954 fazendo um carro baseado no Isetta. Dado que o Iso tinha vendido os moldes à BMW, a VELAM desenvolveu seu próprio molde mas usou o motor original do Iso. O corpo do VELAM era mais redondo e mais em forma de ovo do que Isetta da Iso. Em vez de um chassis como nas versões italianas e alemãs, havia uma substrutura aparafusada ao corpo na parte traseira, que prendeu os pneus, o motor, e a transmissão traseira. A suspensão dianteira foi aparafusada à parte dianteira do corpo. A porta dianteira era aberta por um botão em vez de um punho, e o velocímetro foi montado no centro do volante.
A produção da VELAM começou em 1955 na velha fábrica da Talbot em Suresnes, e o carro foi apresentado no Salão de Paris em 1955. Foram produzidas cinco versões do carro: o Isetta padrão, uma versão convertível, uma versão luxuosa, uma versão Sport, uma versão de corrida. Devido à competição do Renault Dauphine, a produção cessou em 1958.

Romi-Isetta (Brasil)
Em 1955 a ISO licenciou o Isetta à Romi, uma empresa fabricante de Maquinas e Ferramentas sedeada na cidade de Santa Bárbara d'Oeste, no estado de São Paulo. O Isetta foi escolhido porque foi considerado um veículo ideal para o uso nas cidades tendo em conta o seu tamanho e economia. Lançado em 5 de Setembro de 1956, era o primeiro carro produzido no Brasil.
Alguns 3.000 Romi-Isettas foram feitos entre 1956 e 1961. Mantiveram o projecto da Iso e usaram os motores da Iso até 1958; em 1959 trocaram para os motores da BMW de 300 centímetros cúbicos.

BMW Isetta (Alemanha)
A BMW fez do Isetta o seu próprio carro. Redesenharam as fábricas em torno de um monocilindrico de confiança da BMW, a quatro tempos, de 247 centímetros cúbicos que produzia 12 cavalos. Embora os elementos principais do projecto italiano remanescessem intactos, a BMW reprojectou muito do carro, de modo a que nenhuma das partes entre o BMW Isetta MotoCoupe e um Iso Isetta fossem permutáveis. O Primeiro BMW Isetta apareceu em Abril de 1955.
BMW Isetta 250
O Isetta reteve as “janelas bolha” e, diferiu do modelo italiano porque os seus faróis eram separados da carroçaria e o emblema da BMW estava abaixo do pára-brisas.
O carro foi redesenhado também para fazer uso de uma versão modificada do motor da moto R25/3 e a suspensão dianteira também foi mudada. O monocilindrico gerava 12 cavalos às 5800 RPM. O cárter e o cilindro foram feitos de ferro forjado, a cabeça de cilindro em alumínio. Entretanto, a cabeça foi girada 180 grau comparados com o motor da moto. Além de mais algumas alterações de detalhe, os coordenadores da BMW refrigeraram o motor por meio de um ventilador radial e ar forçado.
Na Alemanha o Isetta podia mesmo ser dirigido com uma licença de moto.
A velocidade máxima do Isetta 250 cifrava-se nos 85 km/h.
Primeiro BMW Isetta rolou para fora da linha de montagem em Abril de 1955 e nos oito meses seguintes, foram produzidos cerca de 10.000 Isettas.
BMW Isetta 300
Em Outubro 1956 o Isetta Moto Coupe DeLuxe (de janela deslizante) foi introduzido. As janelas de bolha foram substituídas por umas janelas laterais deslizantes. A BMW alterou o diâmetro do cilindro para 72 milímetros e o curso para 73 milímetros, que deu um deslocamento de exactamente 298 centímetros cúbicos, e ao mesmo tempo elevaram a relação da compressão de 6.8 a 7.0:1. Desta maneira o motor gerava agora 13 cv às 5200 RPM, e o torque cresceu para os 18.4 Nm às 4600 RPM. A velocidade máxima continuava em 85 km/h.
Além da procura de um desempenho melhor, havia uma outra razão para a mudança: O motor de 250 centímetros cúbicos não tirava vantagem da classe do imposto, que tinha subido para os 300 centímetros cúbicos.

BMW Isetta (Reino Unido)
Com espaço para dois e sua bagagem, o Isetta era perfeito para as estradas urbanas e rurais dos Reino Unido. O primeiro auto-estrada, a M1, não abriu até 1959, e uns carros mais convencionais tais como o Morris Minor dificilmente chegavam aos 95Km/h.
Em 1957, Isetta da Grã-bretanha começou a produzir Isetta 300 na sua fábrica em Brigghton sob a licença da BMW. A fábrica não tinha acesso por estrada, pelo que os componentes eram entregues por comboio, e os carros terminados saíam da mesma forma.
Os carros britânicos tiveram a alteração para a direita da articulação da abertura da porta bem como a coluna de direcção e o painel de instrumentos. Como o motor estava no mesmo lado, foi adicionado um contrapeso do lado esquerdo, para compensar. Foram usados pneus sem câmara da Dunlop, e componentes eléctricos Lucas que substituíram os componentes da Hella alemã e da Bosch. Os componentes de travagem também foram trocados por uns da Girling.
O Isetta não foi popular no Reino Unido até que uma versão três rodas foi introduzida, porque havia uma vantagem financeira: se a marcha-atrás não fosse instalada, poderiam tornear a legislação e a taxação como automóvel, sendo classificados como motos de 3 rodas, e poderiam ser dirigidos com uma licença da moto. A Isetta da Grã-bretanha continuou a produzir Isettas de 4 rodas, mas somente para exportação para o Canadá, a Nova Zelândia e a Austrália.
Em 1962, Isetta de Grã-bretanha também parou a produção dos carros pequenos mas continuou a produzir os motores de Isetta até 1964.

Estatísticas
A Iso fez aproximadamente 1.000 Isettas.
A Romi-Isetta fez aproximadamente 3.000.
A Velam produziu aproximadamente 5.000 carros.
A Isetta da Grã-bretanha produziu aproximadamente 30.000 carros.
Apenas 1750 de 3 rodas foram construídos.
A BMW construiu 136.367 Isettas.
Dos carros feitos por BMW, aproximadamente 8.500 foram exportados para os ESTADOS UNIDOS de que se estima 1.000 sobreviventes.
 

Anexos

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Daniel Melo

Azimute
Nao esta mencionado aqui no artigo, mas a Heinkel (Alemã) produzui tambem alguns modelos, com material que sobrou da produção de aviões durante a II Guerra.

http://www.amigosdaheinkel.net/

Em Portugal ainda existem alguns exemplos.

Que eu tenha conhecimento, aqui nos Açores ainda existem 3 exemplares sobreviventes dos Isetta 300
 
Daniel Melo disse:
Nao esta mencionado aqui no artigo, mas a Heinkel (Alemã) produzui tambem alguns modelos, com material que sobrou da produção de aviões durante a II Guerra.

http://www.amigosdaheinkel.net/

Em Portugal ainda existem alguns exemplos.

Que eu tenha conhecimento, aqui nos Açores ainda existem 3 exemplares sobreviventes dos Isetta 300

O Heinkel não é BMW.
Deverá estar à parte na letra H de Heinkel e modelo é o "Kabine".
Há 3 modelos o 153, o 154 e o Trojan.
Se houver interessados, que coloquem a ficha do Heinkel...
 

Daniel Melo

Azimute
Pedro Bessa disse:
O Heinkel não é BMW.
Deverá estar à parte na letra H de Heinkel e modelo é o "Kabine".
Há 3 modelos o 153, o 154 e o Trojan.
Se houver interessados, que coloquem a ficha do Heinkel...

Amigo Bessa;
Peço desculpa, mas nao reparei de que se tratava de uma ficha tecnica. Respondi de como estivessemos a falar num Forum normal e dum Modelo popularmente conhecido como o "ovo" ou ainda por "panela de pressao". Foi por isso que falei no Heinkel.
 
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