Honda N600 - Contagem decrescente (abortada)

Diários de Bordo

Honda N600 - Contagem decrescente (abortada)

Rui Durão

Veterano
Premium
Pois, isto da ferrugem é mesmo um problema. Depois do final menos afortunado do meu Saab 900 Turbo, o plano era aproveitar uma garagem vazia para, discreta mas paulatinamente, encher de motas. Mas... conversa de amigos, então o teu Honda N600, queres ajuda para meter aquilo a andar? Pois, tenho de me meter nisso, ainda tenho o outro branco no armazém para lá de Santarém, posso ir lá tentar aproveitar peças... mas o carro está bom, pá, é uma pena usar aquilo para peças. Olha, tu é que podias ficar com o carro! Começa a aparecer a bebida, faltaram os amendoins ou tremoços. Mas uns dias depois, no final de um dia semana (porque a pandemia não deixa atravessar concelhos ao fim de semana), e com a ajuda do reboque de um portalista que costumava ser por aqui assíduo...

IMG_20210316_184836.jpg

É um Honda N600 matriculado a 30 de abril de 1973, muito completo, que supostamente parou a andar quando a condutora comprou outro carro. Parece que foi em 1993 que pagou pela última vez os 460 escudos para poder circular - o que significa que poderá estar parado há 28 anos. IMG_20210317_093828.jpg

Tem alguns pormenores deliciosos, incluindo o manual do proprietário e o livro de revisões original... carimbado. Revisões a cada 3 meses ou 5.000km, e há provas de que foi muito ativo no período pré-revolucionário. Curiosamente, o livro de revisões acaba nos 30 meses ou 50.000km. Presumo que não fosse este o período de vida útil estimado pela Honda, até porque este continuou a andar bem para além disso...




IMG_20210405_155408.jpg IMG_20210405_155429.jpg IMG_20210405_155518.jpg

É também um produto da política industrial da época, de obrigar à montagem em território nacional. Este veio da Movauto, ali para os lados do choco frito:

IMG_20210317_094414.jpg

E tem outras preciosidades, como as folhas de inspeção da chapa e pintura à saída da fábrica:

IMG_20210405_155715.jpg IMG_20210405_155740.jpg

Mas nem tudo são rosas. A tal suspeita de 28 anos parado tem consequências, e a mais óbvia é o motor... as mudanças não entram, o motor não roda, e quando o abri, apesar de ter óleo no cárter, toda a zona da árvore de cames estava coberta de uma poeira de óleo... e tudo completamente colado.
IMG_20210319_191809.jpg

O passo seguinte era óbvio, separar a mecânica da chapa. O manual de oficina manda tirar o motor por baixo, juntamente com o charriot. Elevar a carroçaria 76cm, e deslizar o motor para fora. Feito.

IMG_20210325_123550.jpg

O plano... restauro profundo. Desmontar o carro, ficar com a mecânica e enviar a carroçaria para chapa e pintura. Desafio: ter o carro a circular no dia em que fizer 50 anos de matrícula: 30 de abril de 2023.

FALTAM 755 DIAS.
 

Anexos

  • IMG_20210405_155740.jpg
    IMG_20210405_155740.jpg
    216.2 KB · Vistos: 0

JorgeMonteiro

...o do "Boguinhas"
Membro do staff
Premium
Portalista
QUE ESPETÁCULO!!!!

Espero que este tópico se desenvolva detalhadamente, para eu poder apreciar as diferenças para o meu Boguinhas, já que as semelhanças devem ser poucas.

Qual seria a diferença de preço entre um N600 e um 126 em 1973?
 

João Luís Soares

Pre-War
Membro do staff
Premium
Delegado Regional
Portalista
Pois, isto da ferrugem é mesmo um problema. Depois do final menos afortunado do meu Saab 900 Turbo, o plano era aproveitar uma garagem vazia para, discreta mas paulatinamente, encher de motas. Mas... conversa de amigos, então o teu Honda N600, queres ajuda para meter aquilo a andar? Pois, tenho de me meter nisso, ainda tenho o outro branco no armazém para lá de Santarém, posso ir lá tentar aproveitar peças... mas o carro está bom, pá, é uma pena usar aquilo para peças. Olha, tu é que podias ficar com o carro! Começa a aparecer a bebida, faltaram os amendoins ou tremoços. Mas uns dias depois, no final de um dia semana (porque a pandemia não deixa atravessar concelhos ao fim de semana), e com a ajuda do reboque de um portalista que costumava ser por aqui assíduo...

Ver anexo 1208584

É um Honda N600 matriculado a 30 de abril de 1973, muito completo, que supostamente parou a andar quando a condutora comprou outro carro. Parece que foi em 1993 que pagou pela última vez os 460 escudos para poder circular - o que significa que poderá estar parado há 28 anos. Ver anexo 1208585

Tem alguns pormenores deliciosos, incluindo o manual do proprietário e o livro de revisões original... carimbado. Revisões a cada 3 meses ou 5.000km, e há provas de que foi muito ativo no período pré-revolucionário. Curiosamente, o livro de revisões acaba nos 30 meses ou 50.000km. Presumo que não fosse este o período de vida útil estimado pela Honda, até porque este continuou a andar bem para além disso...




Ver anexo 1208586 Ver anexo 1208587 Ver anexo 1208588

É também um produto da política industrial da época, de obrigar à montagem em território nacional. Este veio da Movauto, ali para os lados do choco frito:

Ver anexo 1208589

E tem outras preciosidades, como as folhas de inspeção da chapa e pintura à saída da fábrica:

Ver anexo 1208592 Ver anexo 1208604

Mas nem tudo são rosas. A tal suspeita de 28 anos parado tem consequências, e a mais óbvia é o motor... as mudanças não entram, o motor não roda, e quando o abri, apesar de ter óleo no cárter, toda a zona da árvore de cames estava coberta de uma poeira de óleo... e tudo completamente colado.
Ver anexo 1208590

O passo seguinte era óbvio, separar a mecânica da chapa. O manual de oficina manda tirar o motor por baixo, juntamente com o charriot. Elevar a carroçaria 76cm, e deslizar o motor para fora. Feito.

Ver anexo 1208591

O plano... restauro profundo. Desmontar o carro, ficar com a mecânica e enviar a carroçaria para chapa e pintura. Desafio: ter o carro a circular no dia em que fizer 50 anos de matrícula: 30 de abril de 2023.

FALTAM 755 DIAS.

Vou gostar de acompanhar o tópico!

Força com essa obra!
 

Luis Antonio Cardoso

Pre-War
Premium
Portalista
Parabéns pela opção do restauro , ocupa o mesmo que 2 motos , com a vantagem de levar 4 pessoas ao mesmo tempo :)
Aparenta ser uma boa base de restauro , e uma coisa que valorizo , que infelizmente muitas vezes se perde , é historia do carro ,
os tais pormenores deliciosos , como os manuais originais , selo antigos, etc.
Restauro para acompanhar :thumbs up:
 
Gosto muito da histório do carro e de todo o "historial" que o acompanha!
Muito diferente do Saab, mas certamente delicioso e com as suas particulariedades... Sou suspeito, gosto de carros pequenos e "esquisitos"...

Força no restauro!
Vindo de ti, sei que vai ficar 5 estrelas!
Invejo a capacidade de alguns portalistas em meter assim a mão na massa!
Só tenho uma ferramenta no meu "arsenal"...
1617706859804.png

Subscrito!
 
OP
OP
Rui Durão

Rui Durão

Veterano
Premium
Vais manter a mesma cor?
Como está o estado geral da chapa?
Acho que a questão da cor ainda me vai tirar noites de sono. O carro já foi pintado, mas era originalmente branco - tenho o livrete original com selo branco (!) assinado pelo chefe de secretaria em 3 de maio de 1973, e comprovando que era... branco. Eu não gosto de carros brancos. Para piorar a coisa, existiam cores de fábrica muito mais engraçadas para este carro - amarelo, vermelho, azul... e eu.. não gosto de carros brancos. Portanto, ainda não decidi se mantenho a história fiel do carro, branco, ou se escolho outra cor de fábrica mais interessante. Já disse que não gosto de carros brancos?

Quanto à ferrugem, o carro parece muito sólido. Já tirei a alcatifa e os fundos estão bons - excepto nos cantos junto às cavas das rodas da frente, onde já está em modo Flinstones. O guarda-lamas esquerdo também parece ter algum caruncho, mas nada de mais. Mas como o carro já foi pintado, podem ter disfarçado muita coisa nessa altura...
 

Pedro Teixeira

Portalista
Portalista
Acho que a questão da cor ainda me vai tirar noites de sono. O carro já foi pintado, mas era originalmente branco - tenho o livrete original com selo branco (!) assinado pelo chefe de secretaria em 3 de maio de 1973, e comprovando que era... branco. Eu não gosto de carros brancos. Para piorar a coisa, existiam cores de fábrica muito mais engraçadas para este carro - amarelo, vermelho, azul... e eu.. não gosto de carros brancos. Portanto, ainda não decidi se mantenho a história fiel do carro, branco, ou se escolho outra cor de fábrica mais interessante. Já disse que não gosto de carros brancos?

Quanto à ferrugem, o carro parece muito sólido. Já tirei a alcatifa e os fundos estão bons - excepto nos cantos junto às cavas das rodas da frente, onde já está em modo Flinstones. O guarda-lamas esquerdo também parece ter algum caruncho, mas nada de mais. Mas como o carro já foi pintado, podem ter disfarçado muita coisa nessa altura...
Que achas do carro ficar branco?
 

Fernando Pal

Veterano
Porra, mantém a cor de origem,, digo eu aqui de longe........................no FIAT 126 descobri a chapa de alumínio ainda dentro da bagageira com a referência da Valentim.........e foi a cor de origem que pintei, mas o carro é Teu e contra factos não existem argumentos..... :thumbs up: :thumbs up: :thumbs up: :thumbs up:
 
OP
OP
Rui Durão

Rui Durão

Veterano
Premium
Boa!!
Mais um projecto para seguir.
Apesar de se verem muito poucos, gosto deste modelo.. sai da bolha e dos Mini's que se vão vendo por aí, mantendo o mesmo conceito de carro utilitario e compacto.
É verdade, e foi uma das razões para entrar nesta aventura. Mas isso também tem desvantagens, em termos de disponibilidade de informação (apesar de já ter conseguido o manual de oficina completo) e, sobretudo, de peças. Por exemplo, reconstruir os travões vai ser um pesadelo... Mesmo comparado com o Saab, que também não era um carro assim tão comum, o desafio logístico deste vai ser muito maior...
 

Pedro Teixeira

Portalista
Portalista
É verdade, e foi uma das razões para entrar nesta aventura. Mas isso também tem desvantagens, em termos de disponibilidade de informação (apesar de já ter conseguido o manual de oficina completo) e, sobretudo, de peças. Por exemplo, reconstruir os travões vai ser um pesadelo... Mesmo comparado com o Saab, que também não era um carro assim tão comum, o desafio logístico deste vai ser muito maior...
Acredito, e também estava com essa dúvida.
 
Topo