Fiat Fiat 124 Familiare - Diário De Bordo

[Eduardo Relvas]

Raisparta! Foste encontrar essa coisa cá em Portugal?! Quem diria...

Podes crer... ninguém ficou mais surpreendido que eu! Já tinha praticamente desistido e estava a pensar enviar a came original para o Reino Unido para alterar o perfil, mas afinal resolveu-se.

 

[João Luís Soares]

Há gajos com sorte!

Agora é começar a montar o 1438...

 

[João Pedras]

Podes crer... ninguém ficou mais surpreendido que eu! Já tinha praticamente desistido e estava a pensar enviar a came original para o Reino Unido para alterar o perfil, mas afinal resolveu-se.

Boa tarde
Tens este torneiro em Portugal que faz esse tipo de trabalho Veicomer

 

[Eduardo Relvas]

Boa tarde
Tens este torneiro em Portugal que faz esse tipo de trabalho Veicomer

Boa! Não fazia ideia que havia este tipo de serviços por cá! Muito obrigado pela dica, vai fazer jeito de certeza, mesmo que não seja para a came, mas há muitas outras coisas interessantes.

 

[António Barbosa]

Esta semana chegaram algumas encomendas para a 124, e um mimo importante que faltava dar há imenso tempo era esta compra, curiosamente "Made in Portugal", algo que hoje em dia é cada vez mais raro de se encontrar...



Os 124 da primeira série, equipados com o carburador duplo horizontal, têm um filtro de medida distinta de todos os outros 124, e já são incrivelmente difíceis de encontrar. Ainda perdi um grande pedaço com os amigos da loja de peças a tentar cruzar referências, mas não tivemos sorte.

Por acaso, tropecei num anúncio no OLX e encontrei este. O vendedor ainda tem mais, o que é sempre bom de saber, e provavelmente ainda vou adquirir mais para stock.



A mudança é simples, e foi feita logo que chegou, este filtro já devia ter sido trocado há muito...



Entretanto, e na mesma "passeata" pelo OLX, tropecei noutra coisa que andava à procura pelo mundo fora e já quase tinha desistido de encontrar, e afinal foi tão simples e fácil...



Uma árvore de cames original, nova, para os últimos 124, mais potentes que os originais. Esta came tem ligeiramente menos duração mas mais abertura, o que beneficia o binário em todo o regime e, como consequência, a potência.



Esta vai direitinha para o 1438 que vou montar para a Familiare... um dia!

Um abraço a todos!

O que entendes por abertura e duração? Tem a haver com este esquema?


Sendo a duração o ângulo em que a válvula está aberta (inicio, abertura máxima e fecho) e a abertura, normalmente em mm e corresponde à abertura máxima da válvula.

 

[Eduardo Relvas]

O que entendes por abertura e duração? Tem a haver com este esquema?
Ver anexo 406786

Sendo a duração o ângulo em que a válvula está aberta (inicio, abertura máxima e fecho) e a abertura, normalmente em mm e corresponde à abertura máxima da válvula.

É isso mesmo, António. Duração é o total de ângulo de rotação da cambota em que a válvula está fora da sede, e abertura (peak lift) é o valor de amplitude da elevação que ela faz.

As cames das primeiras séries têm uma duração relativamente grande, mas menos abertura. Esta came tem um pouco menos de duração, mas abre mais.

A vantagem de uma duração grande é permitir ao motor "respirar" melhor, mas se for em excesso reduz a compressão efectiva. Esta alteração fez exactamente isso, ganhou um pouco mais de compressão efectiva, mas como também aumentou a abertura, o integral de abertura (volume total do gráfico de abertura) é o mesmo ou até ligeiramente mais que a anterior. Ganhou binário e, por consequência, potência.

 

[António Barbosa]

É isso mesmo, António. Duração é o total de ângulo de rotação da cambota em que a válvula está fora da sede, e abertura (peak lift) é o valor de amplitude da elevação que ela faz.

As cames das primeiras séries têm uma duração relativamente grande, mas menos abertura. Esta came tem um pouco menos de duração, mas abre mais.

A vantagem de uma duração grande é permitir ao motor "respirar" melhor, mas se for em excesso reduz a compressão efectiva. Esta alteração fez exactamente isso, ganhou um pouco mais de compressão efectiva, mas como também aumentou a abertura, o integral de abertura (volume total do gráfico de abertura) é o mesmo ou até ligeiramente mais que a anterior. Ganhou binário e, por consequência, potência.

E a taxa de compressão desses motores mais recentes, manteve-se? Tenho na ideia que nos anos sessenta as gasolinas ditas 'normais' com índices de octanas relativamente baixos não permitiam taxas de compressão acima dos 9:1, provavelmente nos últimos motores desses, as gasolinas já teriam a qualidade necessária para uma taxa de compressão mais elevada e consequentemente uma árvore de cames a condizer.
É uma pesquisa/estudo que nunca fiz nem nunca vi ninguém fazer, será que há uma relação entre a crise petrolífera de 73 e uma eventual melhoria na qualidade dos combustíveis?

 

[Eduardo Relvas]

E a taxa de compressão desses motores mais recentes, manteve-se? Tenho na ideia que nos anos sessenta as gasolinas ditas 'normais' com índices de octanas relativamente baixos não permitiam taxas de compressão acima dos 9:1, provavelmente nos últimos motores desses, as gasolinas já teriam a qualidade necessária para uma taxa de compressão mais elevada e consequentemente uma árvore de cames a condizer.
É uma pesquisa/estudo que nunca fiz nem nunca vi ninguém fazer, será que há uma relação entre a crise petrolífera de 73 e uma eventual melhoria na qualidade dos combustíveis?

De cabeça não sei ao certo, sei que a câmara de combustão foi redesenhada e não sei se não terá também havido alguns retoques nos colectores. O Lampredi estava na linha da frente no que toca a caudais e turbulências na admissão, e sei que nos twin-cam houve muitas evoluções ao longo dos anos.

Mesmo que a taxa de compressão estática não tenha sofrido alterações, na realidade o que te conta é a taxa dinâmica ou efectiva, que depende da duração da abertura da came, porque a taxa estática é um valor teórico. Em termos práticos, a mistura só começa a ser comprimida quando a válvula de admissão fecha, e isso geralmente acontece já uns bons 50 ou 60 graus depois do PMI, logo é bastante menos.

Lembro-me de em tempos ter estado a calcular a taxa efectiva do 1608, que tem uma taxa estática de 9,8 para 1, mas com uma came de admissão que fecha 66º depois do PMI. A taxa efectiva não chega a 7 para um... mas permite uma rotação fantástica.

É por isto que os motores preparados precisam de ter taxas estáticas altas, tens de compensar a maior duração da came. Na realidade, só estás a tentar manter uma taxa efectiva minimamente decente. E também não pode ser muito alta, senão os esforços internos sobem em flecha, já para não falar que isso não se dá com altas rotações.

Quanto aos combustíveis, eles têm vindo a ser melhorados continuamente. É provável que possa ter havido um incentivo para melhorar os produtos, mas não sei se terá ligação directa com a crise.

 

[Jorge Viegas]

Adoro os 124 e a prova está que com 18 anitos conduzi varias vezes o do meu Saudoso Tio Armando que também o adorava.

Porra que menino e tinhas cabelo

 

[Eduardo Relvas]

Os últimos meses têm sido preenchidos com o serviço habitual, e nada de mais a reportar, mas esta semana foi ligeiramente diferente.

Tudo começou quando me inscrevi por carolice numa prova que um amigo mencionou, e não pensei muito mais no assunto até à semana passada, quando comecei a ver os trabalhos pendentes que havia para fazer. Tinha pensado montar a caixa de 5 antes disto, mas os eventos ultrapassaram-me e não tive tempo nenhum para esse projecto. Entre um carro e outro, a garagem esteve em ebulição constante.

Tinha pensado adiantar algum serviço no fim-de-semana anterior, mas fiquei com este amigo em meio à espera que o torneiro me despachasse as mangas de eixo, por isso nada feito.



(a minha garagem parece tão grande assim... sobra imenso espaço!)

Depois de terminar este e mais outro, sobrou um pequeno pedaço da quinta e umas horas da sexta para preparar a Familiare.

O primeiro trabalho a resolver era trocar (outra vez) os triângulos superiores da suspensão dianteira. Os que montei antes estavam com folga (o torneiro prensou os sinoblocos até ao fundo e depois voltou a puxá-los para fora quando expliquei que estavam mal), e faziam uns ruídos horripilantes, pois permitiam ao triângulo deslizar longitudinalmente. Como tinha marcado alinhamento para sexta às 9 da matina, mas tive um jantar de família em Castelo Branco na quinta, fui montar os bons dos triângulos já passava da meia-noite, e terminei perto das duas e meia da madrugada, porque tinha de fazer tudo com mais calma para não ser muito ruidoso...



No dia seguinte, a lista continuava grande, mas aos poucos as tarefas foram reduzindo...



Entre os itens constava a revisão com mudança de óleo e lubrificação geral. Também ajustei a tensão da correia do alternador, que andava a chiar ligeiramente em frio.



Entretanto, no trabalho do serão anterior, reparei neste tubo de travão do lado do pendura, que estava com a manga exterior completamente aberta...



Embora a interior ainda estivesse boa, não hesitei em demiti-la de funções...



Depois de uma rápida troca e sangramento, aqui temos o novo membro do sistema de travagem já em funções. Como o tempo era pouco, ficou anotado na lista de pendentes a troca dos restantes para um futuro próximo.



Outro dos trabalhos era a instalação da tomada de isqueiro, que não tinha, mas que achei que seria útil... tinha pensado levar o GPS mas não o encontrei. Ainda assim, deu jeito. Ah, e esta é a famosa peça Valeo que comentámos há uns dias...



Aqui ainda se vê a luz de cortesia fora do sítio, porque este painel ainda levou mais umas modificações. Aqui percebe-se mal, mas é um painel estético que fecha a lateral do compartimento porta-luvas:



Ainda mudei a lâmpada de sítio, e adicionei um interruptor para poder manter a luz apagada com a tampa em cima em vez de acender sempre que se levanta. Por vezes levo a tampa aberta enquanto estou a mexer no rádio e a luz é desnecessária, por isso decidi torná-la independente da tampa.

Depois disto, ainda vieram mais alguns detalhes como verificação de níveis e atestos, mas nada de mais. Estava tudo em condições, e nessa mesma noite parti em direcção ao Montijo, para lá pernoitar e estar bem fresco na manhã seguinte para a aventura que se seguiria...

(continua)

 

[Eduardo Relvas]

(desculpem a demora, mas ontem adormeci e não terminei o relato... )

A prova em que me inscrevi dá pelo nome de Southwest Europena Classic Safari, e esta foi a décima edição. É uma prova de regularidade maioritariamente em trilhos de terra, ao longo da Costa Vicentina. Começámos em Alcochete, e descemos até Milfontes.

No sábado estávamos convocados para agrupar na Herdade da Barroca d'Alva em Alcochete às 8:30, mas quando chegámos (uns minutos depois da hora marcada) poucos eram os veículos já presentes.



Aos poucos, o cenário lá se foi compondo... e deu logo para perceber que estávamos rodeados de um grupo de petrolheads do melhor. O contingente nipónico estava em força, e havia de tudo um pouco, desde carros quase de competição até chassos comprados no OLX uns dias antes por trocos.



Um grupo de amigos que se inscreveu em massa começou logo a fornecer uma boa parte da animação, e seria assim durante todo o evento. Malta genuína, solidária e muito divertida...



Um velho amigo destas lides decidiu participar com este bicharoco... lembrei-me logo do @afonsopatrao !



Afonso, se quiseres o contacto dele, diz... ele está a pensar vender!

Algumas máquinas eram gloriosamente inadequadas ao tipo de provas a que iam ser submetidas, mas ainda assim dava gosto vê-las. Provavelmente o melhor exemplo será este lindo Taunus coupé... rebaixado. Foi o mal dele, e haveria de ficar pelo caminho.



Em breve aproximou-se a hora de início do primeiro sector, e lá nos fomos chegando a medo (nem eu nem a amiga que convidei para navegadora tínhamos experiência alguma disto). Como escolhi o 68 para número e a hora de partida foi atribuída por ordem numérica, estávamos em penúltimo, apenas sucedido pelo Datsun azul todo artilhado e preparado para uma exibição em grande...



O trajecto passou num instante, e foi diversão em grande! Muita calma e suavidade, concentração para escolher as melhores linhas de ataque, e alguma confusão para seguir o roadbook e não nos perdermos. A princípio tinha decidido seguir o Datsun pois a navegadora era a "nossa" @leonor espinhal , mas acabámos por nos separar deles por azelhice minha.

Saí de uma curva demasiado depressa para conseguir mudar de direcção e em vez de contornar uma enorme poça de água e lama, acertei-lhe mesmo em cheio. Como consequência, o chapão de água foi de tal ordem que os contactos das velas isolaram por uns minutos. Mas depois de umas quantas tentativas, e já com o carro-vassoura pronto a puxar da cinta, lá ressuscitou por si quando evaporou tudo e saíu pelos próprios meios.

Andámos a apanhar aranhas durante um pedaço, mas lá nos conseguimos orientar, e chegámos ao fim do trajecto. Longe de ficar intimidados, o espírito da coisa embrenhava-se aos poucos...

Enquanto se aguarda a hora de partida para mais um sector, o convívio é sempre animadíssimo...



Senti-me estranhamente em casa rodeado da malta dos Datsun, pois a onda por estes lados é mais rat-look...



No final do sector seguinte, a 124 já tinha uma camada respeitável de provas da sua capacidade off-road...



Num contraste gritante e hilariante, a nossa pausa incluía uma visita a uma das maiores adegas da Europa, onde em simultâneo se preparava uma apresentação de um novo modelo da Mercedes. De um lado, havia um parque de trastes velhos enlamaçados e barulhentos, rodeados de malta descontraída e muita animação. Do outro, uma dúzia de engravatados e alguns Mercedes reluzentes. Não tinha sido mais díspare se se tivesse tentado fazer propositadamente...

Apesar do bom tempo do sábado, a lama ainda era muita... e que bem que ela fica na 124!



Durante estes trajectos, um problema que me tinha surgido antes voltou a manifestar-se... o motor começou a aquecer. Para que está habituado a ver o ponteiro sempre no primeiro terço da escala, vê-lo a dois terços ou mais é enervante ao máximo, mas apesar de ter largado alguma água pontualmente, a verdade é que mesmo assim aguentou estoicamente as más condições.

A culpada deste problema é a tampa do radiador manhosa que comprei faz uns meses, e que nunca tinha sido posta à prova a sério. Troquei-a porque andava há mais de um ano com uma das curtas e uma anilha de borracha por baixo, e decidi arranjar uma do modelo certo. Deu asneira... vai voltar a levar a velha! Só troco quando arranjar uma original Fiat, não volto a caír em peças modernas de qualidade ranhosa.

De danos, nada a reportar senão outra consequência do excesso de entusiasmo e alguma inexperiência da minha parte... dobrei para fora o avental traseiro da carroçaria ao entrar numa vala que me parecia menos funda. Bati com o avental no chão, até me doeu a alma, mas tirando a chapa meia dobrada para fora, não houve mais danos. Corrigi-a a olhómetro com os pés e seguimos caminho... mal se nota.

De resto, a Fiat continuou a devorar todos os trajectos que a Costa Vicentina lhe foi apresentando... e aos poucos ganhámos confiança na navegação e fomos fazendo os trajectos ao nosso ritmo.



No final do dia, o penúltimo sector levou-nos a apreciar o pôr-do-sol numa colina por cima da Lagoa de Santo André... muita foto, muito convívio.



A Familiare também apreciou o momento de relax...



Depois de um curto sector (semi-)nocturno, chegámos ao hotel. A bagagem estava tão amarela quanto o exterior... andei o dia todo de janela aberta, como é habitual, e colectei bastante pó....



No parque do hotel, hão-de se discutir mazelas, peripécias, e todos os momentos memoráveis de um dia tão cheio de aventura, mas por agora as montadas repousam enquanto os pilotos fazem o check-in...



Depois do jantar, alguns resistentes remendaram alguns dos danos infligidos ou surgidos... eu simplesmente confirmei que o vaso de expansão ainda tinha água. O motor continuava a funcionar na perfeição, e nada acusava os maus-tratos do piso.

Na manhã seguinte, continua a azáfama com alguns furos e outros danos para enxertar, sempre numa animação divertidíssima... este pessoal é do melhor.



O contingente italiano é pequeno, mas mesmo os pequeninos metem vista... especialmente se vestidos a rigor!



Em breve estávamos na estrada para mais uma dose de aventura... deixando as matas em torno de Sines e Santo André para trás, rumámos para os lados da Ilha do Pessegueiro...



Fiquei bastante triste porque apanhámos uma pancada de chuva brutal antes disto, e lavou a lama quase toda... tanto trabalho e carinho arruinados em menos de 5 minutos!

Seguiram-se mais uns bons e divertidos quilómetros em terra até Milfontes, onde regressámos ao asfalto e fizémos o regresso em pequenos grupos até ao destino final, nas instalações do Clube Ases do Volante em Sines. Aqui aguardava-nos o almoço de convívio final, e uma última surpresa.



Aos poucos o parque lá foi enchendo com os sobreviventes...



Só houve três baixas no plantel, a saber... o Taunus, que bateu numa pedra e danificou o mecanismo de selecção das mudanças, ficou só com primeira e segunda; o Volvo 340, que foi sempre o bobo da festa e espectacularmente assassinado numa pista de motocross depois de terminadas as provas com um par de saltos à "Três Dukes"; e o Mercedes 190, com o cárter partido. Todos regressaram a casa de reboque. O Volvo terá futuro como dador de peças para outro projecto, e o Mercedes será reparado.

Depois do almoço, a promessa de abertura da pista de autocross do clube concretizou-se e, da minha parte, sem grande interesse. No entanto, a Leonor estava roidinha para conduzir um bocadinho e lá me veio pedir a 124 emprestada, pedido a que eu acedi...



Depois de aguardar a vez, lá se seguiram umas 4 ou 5 voltas de acção em pista, que me deram a oportunidade de fotografar a 124 em acção pela primeira vez do lado de fora, e que foram muito apreciadas pela piloto de serviço, que se declarou fã da 124, apesar de achar que pedia muito mais cavalos do que o entusiástico 1200 era capaz de dar. Eu sei, eu sei... mas por enquanto é o que há.



A atitude em curva é bastante neutra, graças ao chassis muito bem configurado... esta primeira série ainda tem barras estabilizadoras nos dois eixos.



Não é fácil fazê-la soltar a traseira, mas curva com muita segurança e inspira confiança a quem guia...



... e a suspensão com uma taragem bem escolhida lida perfeitamente com o pior do piso. Fiz 300 km em terra e nem sequer mexi na pressão dos pneus, mas ó pra eles a agarrar...



Depois disto, e com o coração cheio de tantas emoções, despedimo-nos de todos e lá nos fizemos à estrada. Ainda havia perto de 400 km entre nós e a casa, e o cansaço começava a sentir-se.

Foram 400 km algo inquietos por causa do problema da tampa do radiador que mantinha a temperatura alta, mas o bom 1197 levou a coisa como se nada fosse, e lá despachámos a estrada toda até casa. Fui direito a casa dos meus pais, onde já era aguardado há mais de uma hora para jantar...

Em jeito de balanço, foram quase 900 km de um fim-de-semana inesquecível, com aventuras indescritíveis e muitos momentos de riso genuíno, sempre com o espírito em alta. Não esquecerei nunca esta aventura, e nem me incomodou nada os pequenos inconvenientes que passei, e que ao pé dos outros participantes menos afortunados nem quase merecem ser mencionados.

Mas acima de tudo, orgulho-me da minha 124, que foi descartada como inadequada e incapaz de terminar a prova quando começámos ("Não tens pneus de terra? Nem autoblocante? Ficas logo na primeira areia..."), e que fez toda a gente engolir as suas palavras... eu disse desde o princípio que na segunda-feira ela estaria de volta ao serviço a levar os miúdos à escola, e assim foi! Não gosto de me gabar, mas gosto de deixar demonstrado que tenho razão, e a 124 silenciou todos os preconceitos na perfeição.

O melhor filme de todos para mim foi nas primeiras etapas seguir o Datsun do Roger e da Leonor, sempre a curvar em drift e a fazer muito barulho, seguidos de perto por uma Fiat silenciosa, calma e serena, a fazer o trajecto à mesma velocidade mas sem uma pinga de drama... foi lindo!

Não avariou, não atascou, não precisou de ser rebocada, não precisou de remendar nada. Só precisou de arrefecer um pouco de vez em quando. E os pneus que foram, vieram, e andam ao serviço. E não há ruídos novos, não há danos na suspensão, não há nada mecânico que tenha acusado o mínimo sofrimento. Continua a ser a mesma 124 de antes. E isso para mim é o melhor prémio. Dominámos a terra do sudoeste alentejano em estilo, e numa discrição segura de quem confia no que tem.

Posso dizer que fiquei com o bichinho, eu que nunca apreciei provas de qualquer estilo, pois isto é quase ao género dos trials que os ingleses fazem. Já ando a traçar planos para uma eventual nova prova deste género, com outro veículo do mesmo estilo... vamos ver o que o futuro trará!

Um abraço a todos!

 

[afonsopatrao]

Espectacular!! A Familiare e o dono estão de parabéns!! Muitos e sinceros parabéns!

(Eduardo, não me tentes com o Visa. Olha que eu faço a loucura e depois fico arrependido para sempre de deixar ir o Uno... )

 

[Hugo Albuquerque]

Eduardo antes de mais os meus parabéns
Já vi que tiveste na minha amada terra alentejana (Vila Nova de Santo André)!!

Adorei ver toda esta reportagem, espetacular mesmo, não sei é como tiveste coragem de levar a Fiat para esse piso. Não sei se teria a mesma coragem

Esse tipo de piso não é propício a empanar as jantes?


Gostei bastante!!!
Num próximo não te esqueças de me dar um toque

 

[JorgeMonteiro]

Nem quero imaginar qual será a sensação de ver a nossa máquina nas mãos de outros numa pista de autocross...

Dava-me um treco!


Parabéns pela aventura e obrigado pelo relato.

 

[Eduardo Relvas]

Espectacular!! A Familiare e o dono estão de parabéns!! Muitos e sinceros parabéns!

(Eduardo, não me tentes com o Visa. Olha que eu faço a loucura e depois fico arrependido para sempre de deixar ir o Uno... )

Se tens de deixar o Uno, esquece! Estás muito bem servido...

Eduardo antes de mais os meus parabéns
Já vi que tiveste na minha amada terra alentejana (Vila Nova de Santo André)!!

Adorei ver toda esta reportagem, espetacular mesmo, não sei é como tiveste coragem de levar a Fiat para esse piso. Não sei se teria a mesma coragem

Esse tipo de piso não é propício a empanar as jantes?

Gostei bastante!!!
Num próximo não te esqueças de me dar um toque

A coragem é muito simples de explicar... estes carros têm fama de ser bastante robustos, e a maioria das pessoas que os tem são umas princesas que nunca querem fazer nada com eles. Eu uso a minha no dia-a-dia, e nada é pior que isso. Este passeio provou isso mesmo, não tive nenhum precalço nem nada acusou o toque. Não noto vibrações nenhumas, e como as jantes são de aço não empenam praí assim. Além disso, com pneus de perfil 80 (como deve ser), há muita lateral para amortecer os impactos.

Não dei toques a ninguém porque, além de não saber até onde íamos ou por onde (o roadbook era secreto), as passagens pelas localidades ou não existiram ou foram de fugida. Por exemplo, em Milfontes entrámos de um lado e saímos do outro, nem sequer parámos a não ser nalgum cruzamento.

Nem quero imaginar qual será a sensação de ver a nossa máquina nas mãos de outros numa pista de autocross...

Dava-me um treco!

Parabéns pela aventura e obrigado pelo relato.

Eu tenho confiança na minha máquina, e a Leonor foi instruída para cuidar bem da minha menina. Eu só a conhecia daqui do Portal, e não tinha interagido com ela antes, mas criou-se uma amizade ao longo destes dois dias, que me deu confiança para lhe entregar a 124. Ela sabe como são os amores destas coisas, mas eu também sei que a Fiat não é nenhuma florzinha de estufa e era bem capaz de aguentar umas voltas na pista, como aliás se provou.

 

[António Vieira Rodrigues]

Uma 124 TT...

Cada vez mais multifacetada, esta FIAT...

 

[afonsopatrao]

Eduardo: o problema da tampa do radiador é qual, exactamente? Não aguenta a pressão devida e, por isso, faz perder líquido? É por isso que aquece mais do que devia?

 

[Eduardo Relvas]

Eduardo: o problema da tampa do radiador é qual, exactamente? Não aguenta a pressão devida e, por isso, faz perder líquido? É por isso que aquece mais do que devia?

Presumo que seja mesmo fraqueza da mola que controla a pressão, sim... é muito fácil vencê-la, comparado com outras que tenho. A pressão de serviço é essencial à manutenção dos níveis correctos, e evita a ebulição do líquido de refrigeração, já que a água ferve aos 100º quando à pressão atmosférica, mas o simples facto de estar fechada num sistema que retém pressão até aos 5-7 bar (consoante a tampa), aumenta bastante esta temperatura de transição, e mantém-se líquida.

O factor estado físico é importante porque o vapor não conduz calor, enquanto o líquido sim. Assim que a água consegue expandir e evaporar, reduz-se a eficácia do arrefecimento.

 

[António Barbosa]

Muito boa esta incursão pelo todo terreno, se ainda não te deste ao trabalho de trocar a mecânica da 124, começa a tirar medidas à mecânica de um Lada Niva e vê se cabe!

 

[João Pedras]

Muito boa esta incursão pelo todo terreno, se ainda não te deste ao trabalho de trocar a mecânica da 124, começa a tirar medidas à mecânica de um Lada Niva e vê se cabe!

Pelo menos a caixa de velocidades cabe