Já agora, deixo aqui o procedimento de uma
afinação convencional.
Os carburadores não desafinam a não ser que estejam avariados.
O que desafina é um motor e os carburadores são ajustados em função disso.
Uma
afinação convencional começa por:
1- testar a compressão ao motor;
2- desmontar o filtro de ar e as "trombetas curvas" do topo dos carburadores;
3- verificar que o cabo acelera a fundo e iluminando o interior do carburador, ver os depositos de residuos na borboleta e se existem desalinhamento de juntas ou da placa de baquelite;
4- sincronizar os carburadores com o carro desligado;
5- sincronizar os carburadores com um vacuómetro com o carro ligado ao relanti;
6- sincronizar os carburadores com um vacuómetro com o carro às 3000rpm;
7- testar a estanquidade da base dos carburadores, com um líquido combustível para ver se há entrada de ar após os carburadores;
8- verificar visualmente o estado da tampa de distribuidor, rotor e cabos de velas;
9- montar velas de ignição para a afinação;
10- afinar o ponto de ignição com uma pistola estroboscópica às 4000rpm e vácuo desligado;
11- verificar que ao relanti o avanço recua até ao valor preconizado, avaliando a quantidade de "scater" do ponto do distribuidor, se excessivo trocar o distribuidor;
12- ligar o vácuo e verificar que apenas actua até rotações preconizadas e em relaxe;
13- bloquear os tubos de vácuo do colector de admissão com tampas e tirar a tampa de enchimento de óleo do motor;
14- limpar os filtros de rede da entrada de gasolina dos carburadores;
15- afinar os parafusos dos carburadores vendo que todos os cilindros respondam à afinação;
16- depois de satisfeito, remontar as velas originais, tubos de vácuo, trombetas, filtros, etc.;
17- re-afinar o regime de relanti que tende a baixar quando tem os filtros e tudo montado.
NOTAS:
- Se depois desta fase o motor voltar a "desafinar", deixa de ser uma afinação convencional e é preciso substituir as peças originais como velas, tubos, filtros, etc.
- Se não complicar dificilmente se consegue fazer em menos de 2 horas, usando equipamento específico e vários produtos químicos de limpeza.
- 2 em cada 3 Alfa Boxer para afinar não passam do ponto 1
Diferenças superiores a 1kg entre cilindros (depois de afinada a folga das válvulas quando se pode) é inadmissível.
Em particular 90% dos boxer com mais de 60.000kms tem diferenças muito grandes de compressão entre a bancada do condutor e a do passageiro.
- 99% dos que tem touches hidráulicas, têm estas a falhar e quando desmontadas as próprias cames estão já danificadas (problema de ausência de um aditivo de óleo que foi retirado do mercado em meados de 90 e essencial para as touches construídas antes dessa data -
ZDDP Zinc-Dialkyl-DithioPhosphate).
- Se se optar por afinar no banco para performance, também já não é uma afinação convencional e serve exclusivamente para performance.
O carro deve estar com o depósito cheio de RON 98 (se existir anteriormente 95 no depósito este deve ser o segundo depósito de 98), com recurso a uma sonda lambda trocam-se os jactos dos carburadores para optimizar a gasolina para 0,86 (potência máxima), principalmente nos regimes altos do motor, e depois afina-se a ignição para o valor de avanço que produz a potência máxima para aquele motor em particular, com o vácuo permanentemente removido.
Assim afinado o carro poderá não ter o funcionamento ideal ao relanti e consumir mais que o original.
Texto adaptado de um original de Tomé Coelho, Fábrica Italiana