Caro Fernando Ramos,
Eu próprio sou um entusiasta dos Land Rover embora não tenha nenhum. Já tive um Range Rover e, ainda recentemente, estive quase, quase para comprar um Série pois o bichinho dos Land Rover não passa! Efim...
A questão que põe é muito interessante. Tanto quanto julgo saber, os Série I vinham de fábrica com umas chapas pretas, uma no guarda-lamas dianteiro e a outra junto à mala, ambas do lado direirto. E assim seguiam para todo o mundo, sendo suposto que os números de matrículas fossem pintados de branco, no mercado de destino. Penso que era esta a norma em Portugal. Tenho visto alguns Série I's assim, com os números pintados de branco, seguindo o tamanho e tipo de letra comum (o tal regulamentado pelo decreto/lei que refere).
Anteriormente a 22/12/54 confesso que não tenho grande informação. O que sei sobre regulamentação de circulação no nosso País é o seguinte:
Em 1686, as "Ordenações do Reino" de D. Pedro II estabeleciam regras de prioridades para coches, seges e liteiras onde, pela estreiteza da rua, fosse preciso recuar. não havia legislação específica quando os primeiros veículos motorizados apareceram no final do séc.XIX
Quando o Conde de Avilez comprou o primeiro automóvel a entrar no nosso País,em 12 de Outubro de 1895, um Panhard&Levassor (que ainda existe e é propriedade do Automóvel Clube de Portugal, clube esse que foi fundado em 1903, então chamado de Real Automóvel Clube de Portugal, na sequência da organização da primeira corrida de automóveis realizada na Península Ibérica, entre Lisboa e a Figeuira da Foz, a 27 de Outubro de 1902!), causou grande confusão na Alfândega de Lisboa pois não sabiam como "classificar" tão estranha máquina. Naturalmente, era importante "classificar" pois era de acordo com o tipo de mercadoria que se aplicavam as taxas alfandegárias... A dúvida era entre "máquina agrícula" e "locomobile" (uma máquina a vapor). Acabou por se considerar "locomobile"!
Só em 1901 foi o aprovado o "Regulamento sobre a Circulação de Automóveis", aprovado que ordenou o trânsito das viaturas de tracção a motor e animal. Passam dez anos e uma queda de regime e,em 1911, publica-se um primeiro esboço do "Código da Estrada". Recomendava-se aos condutores que avisassem o Automóvel Club de Portugal ( já sem o "Real"...) caso encontrassem estradas em mau estado, para que este participasse à Direcção de Obras Públicas. NO fundo era a versão "vintage" do SOS Buracos!
Por sua vez, o Guia Oficial do ACP de 1913, alertava os condutores para a inclinação de algumas rampas de Lisboa e Porto. As rampas da rua da Cordoaria Velha e da rua das Taipas eram as mais temidas, com pendentes de 20%!!!
Só em 1928, um ano depois da criação da Junta Autónoma de Estradas, é que a designação de "Código da Estrada" é oficialmente atribuída em Decreto que introduz, em Portugal, a obrigatoriedade de circulação pela direita das faixas de rodagem. Até então, a circulação automóvel era feita pela esquerda, à inglesa.
A sinalização das estradas, iniciada em 1920 pela Vacuum Oil Company — a primeira companhia petrolífera a instalar-se em Portugal — tornou-se, posteriormente, incumbência do Conselho Superior de Viação. Para além das indicações aos automobilistas, a sinalização era também utilizada para promoção de locais turísticos!
Só nos anos '30 é que a sinalização passou a ser da responsabilidade da Junta Autónoma de Estradas.
Entretanto mete-se a II Guerra Mundial e aparece o decreto que refere.
Se conseguir saber mais coisas, diga-me!
Um abraço,
Pedro Santos Jorge