Casal 125...

joao ponte pereira disse:
Boas...aqui ficam as fotos da minha casaleira. Sou da ilha da Madeira e esta é das poucas que andam por cá. É uma mota muito explosiva, tem uma caixa de seis velocidades e os travões ficam muito a desejar. Fica aqui uma foto do antes e do depois.

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A mecânica foi toda feita por mim...as peças já são difíceis de encontrar e são já muito caras ( é praticamente impossível encontrar os piscas originais e já me pediram 100 euros pelo conjunto...ridículo)
Cumps

Parabéns, está muito porreira ;) só falta mesmo os foles nas suspenções da frente para dar o toque final :cool:
 

nuno granja

petrolhead
Portalista
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Eu tive uma Casal 125 Branca (quando a comprei).

Os donos destas motos que me perdoem, mas foi a pior 125 que tive e quem afirma isto teve e Casais de 2, de 4, de 5 de 6 a ar e de 6 a água, das quais gostou muito apesar dos pequenos defeitos proprios da produção nacional.

A nivel de 125s tive a seguir à Casal, uma Suzuki TS 125 e depois uma Yamaha DT LC das primeiras. Todas essas 125 foram utilizadas intensamente tanto em viagens, algumas Porto > Algarve, como em todo o terreno, uma ou outra vez na companhia de Santos Godinho, meu colega de faculdade e que teve uma carreira com algum sucesso nos campeonatos de TT nacional.
Estive no Brasil uns meses entre 1986 e 1987 e usei no dia-a-dia um Honda 125 4 tempos de fabrico local e com zero km 4. Nessa Honda fiz diversas viagens pelo estado de S Paulo, nomeadamente a famosa rodovia bandeirante entre Santos e S. Paulo que tinha uma característica interessante, um troço para cada sentido (não era auto-estrada) o que permitia entrar nas curvas a matar... Usei ainda com frequência um Suzuki RV 125 e conduzi em pequenas voltas quase todas as 125 que se vendiam em Portugal no fim dos anos 70 até meio dos anos 80.

E isto para dizer que a Casal 125 trail era a pior de todas as 125 em que andei, claramente um exemplo da teoria em que tendemos a evoluir até encontrar o nosso nivel de incompetência, o que creio ter sido o que se passou na Casal com as 125.
Numa das últimas "Da Mota Clássica" veio um artigo sobre esta Casal e fiquei na dúvida se estavam a falar da mesma mota que tive. Comprei a minha com pouco mais de 20.000km e praticamente nova. Gosto muito da Casal e das marcas nacionais, mas dourar a pilúla não é bom jornalismo.


Para além dos defeitos habituais das motos nacionais, carburador bing de má qualidade que desafina por dá cá aquela palha e mesmo afinado tem aceleração pouco suave e irregular, parte eléctrica digna de uma moto bomba, fugas de óleo por todo o lado, rolamentos das rodas de má qualidade, vibrações anormais, conta km e conta rotações que se desfazem com as vibrações, eixos do braço oscilante de afinação difícil (ou fica perro ou com folga), etc, etc, a Casal 127 tinha 3 defeitos tipicos sendo dois deles grave: 1 gastava discos de embraiagem como se não houvesse amanha; 2 tinha um defeito na geometria do quadro/suspensões que a tornava perigosa quando acima dos 80km/h se cortava gás, desatando a forqueta a "varejar". Não sei o que pensam os donos destas motas actualmente, mas na altura frequentava o meio motard em Gaia (antes de se chamar motard...) e estes defeitos eram unanimemente reconhecidos; 3 tinha a trava anti-roubo mal feita o que podia ser muito perigoso...

Bem sobre a embraiagem, nada a fazer, apenas má qualidade dos discos, num motor mal copiado do Moto Vila de Cross.
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Sobre o varejar a origem também está na má cópia. Vejamos...
Na altura a casal importou umas Moto Villa que vendeu como Casal 125 Cross e chegou a competir com Casais 250 cross (creio que pilotadas por Mário Kalssas) que também eram Moto Villas "baptizadas". Que eu saiba Casais (Villas) 250 de cross/competição nunca foram vendidas ao público, já a 125 cross foi vendida a particulares, tive alguns amigos que as tiveram, conduzi-as sendo motas honestas e dentro dos canones da época.

A Moto Villa 125 cross competição de 1978...
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Depois de "baptizada" como Casal 125 cross competição...
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Enquanto pouco mexeram nas Moto Villa correu tudo bem, mas partir dai começou a asneira...
Para "fazerem" uma trail, efectuam uma revisão ao motor Moto Villa de competição para o tornar mais civilizado e provavelmente mais fácil e barato de produzir, com o resultado que se sabe a nivel de vida da embraiagem, mas o pior estava para vir...

A nivel de ciclistica, pegam no quadro da Moto Villa 125 cross competição e enfiam-lhe um braço oscilante "made in aveiro" mais curto e na frente um garfo "Marzochi" mais curto do que a de competição.
O que era uma moto de cross equilibrada e eficaz torna-se numa trail desquilibrada e perigosa. Se virem o quadro das Motto Villa e Casal 125 de competição ele é exactamente o mesmo quadro da de cross, berço idêntico e mesmo os patins para por os pés, mesmo pedal do travãos. Os amortecedores eram iguais aos das Casal de 6....

Para resolver esse problema e andar na minha em segurança rebaixei a traseira subindo os apoios dos amortecedores, ao mesmo tempo inclinei-os mais um pouco), o que manteve o curso da suspenção, mas inclinou a forqueta para trás, aumentando a distância entre eixos e baixando ,o centro de gravidade. Para que a traseira não fica-se com um ar "encostado ao chão", subi bastante o guarda-lamas de trás, o que implicou o cortes e soldas na zona posterior do quadro, Tive ainda de fazer um banco à medida pois o guarda-lamas traseiro entrou por ele acima. Estas alterações feitas de uma forma empirica, com base em experiência e senso comum, modificaram completamente e para melhor a condução da mota. Efectuei ainda outras modificações mas de caracter estético.

A minha casal 125 quase pronta. Comparem a traseira com as originais, parecem da mesma altura mas o guarda-lamas sai do selim enquanto nas originais está bastante a baixo. Outra diferença para com o modelo original é a linha formada pelo selim e depósito (troquei o meu por um da Fundador). Nas originais essa linha é mais horizontal, na minha desce do depósito até ao banco e sobe do banco até ao guarda-lamas traseiro.
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Aqui numa viagem ao Algarve na companhia de amigos das motas, a minha Casal está ao centro com sacos/mochilas em pano verde da tropa. Podemos ver a inclinação mais acentuada do garfo e dos amortecedores, relativamente aos modelos de origem (o cromo de oculos com tiques meio abichanados de blusão azul e vermelho sou eu...). A Casal RZ branca do lado direito era a minha anterior mota, por sinal muito equilibrada em todos os , aspectos de motor e ciclistica.
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Outra foto do mesmo dia e local onde da minha mota só se vê a forqueta...
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As minhas outras 125...

A Suzuki TS no dia em que a comprei ao lado da minha Casal de 6 a ar...
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Depois de alterada (só a nivel estético...)
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A Yamaha DT LC em plena acção, na areia...
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A Suzuki RV...
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Na Serra da Freita com o Santos Godinho (à esquerda)
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A tal Honda "Made in Brasil"...
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Bem falta refereir o problema da tranca anti-toubo das Casais 125...
As Casais 125 usavam como chave para ligar e desligar que era exactamente a mesma chave de todas as outras Casal, que por sua vez era igual às chaves de todas as motorizadas nacionais. Ora para impedir que um tipo troca-se uma boss por uma 125 com a mesma chave, só havia uma solução, trancar a direcção, pois essa chave era menos promiscua. Mas...
A tranca de direcção estava feita de uma maneira que tinha duas posições de fechar, uma que ficava bloqueada de um dos lados sem praticamente mexer e outra que permitia girar o guiador do lado oposto até um nadinha para lá de meio. Se por distracção a trancar-mos desse lado e ao arrancar nos esquecer-mos de a abrir, arrancamos e na primeira vez que quisermos virar o guiador para o outro lado ele pouco vai para lá do meio...

Descobri esse problema "the hard way" quando sai muito bem acompanhado da discoteca Summertime perto de Albufeira.


nuno g
 

Anexos

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Excelente reportagem Nuno ( aliás como sempre ) ;)

Belas motos e belos tempos...acredito! Nessa altura ainda eu usava fraldas :D Vi uma TS 125 100% restaurada a rigor à venda na net, fiquei de boca aberta a olhar pra ela :rolleyes: as Casal 125 também foi e é uma moto que sempre gostei, talvez pela experiência de ter andado várias vezes à penduro do meu primo quando ainda só andava de bicicleta ;)

Obrigado pela partilha de fotos e um pouco da tua historia nas 2 rodas...!

Um abraço,
 

paulo válega

Fisgante
Boas amigos e inimigos da Casal 125 K276:

Pois de facto está aqui feito um grande comentário ás grandes Caleiras 125, embora sempre pela parte negativa.
Realmente tem alguns pequenos defeitos mas não serão todos nem tantos como aqui são referenciados, podiam tambem ser mencionados os lados positivos deste modelo que esta mota tem, mais e digo, para mim K276 grandes motos nacionais e de uma resistencia invejavel e um modelo muito bonito de se ver, por isso é que se chama uma classica.
Cumprimentos,
Paulo Válega
 

nuno granja

petrolhead
Portalista
Autor
paulo válega disse:
Boas amigos e inimigos da Casal 125 K276:

Pois de facto está aqui feito um grande comentário ás grandes Caleiras 125, embora sempre pela parte negativa.
Realmente tem alguns pequenos defeitos mas não serão todos nem tantos como aqui são referenciados, podiam tambem ser mencionados os lados positivos deste modelo que esta mota tem, mais e digo, para mim K276 grandes motos nacionais e de uma resistencia invejavel e um modelo muito bonito de se ver, por isso é que se chama uma classica.
Cumprimentos,
Paulo Válega

Paulo,

É uma clássica sem duvida e terá muito futuro como tal. Mas isso não pode dourar a pilula...

Não é um "grande comentário", é um comentário com "factos" e baseado em "experiêcia real",

A forqueta/garfo dianteiro da Casal 125 "varejava" mesmo e não podemos ignorar que foi uma mota produzida de uma forma trapalhona, copiando um modelo de competição com alterações que só podiam acabar mal. Até o pedal de travão é igual ao da Moto Villa.

Aliás era um velho hábito da casa, as casais de 4 e 5 eram cópias das Zundapp.

Não tenhas dúvidas que os defeitos são reais e sobre a tal "resistência invejável", gostava de saber quais os termos de comparação, se for com Suzukis ou Yamahas contemporâneas estás completamente enganado.

Quanto a serem "grandes motas nacionais", tudo é relativo pois houve mais dois modelos 125 Casal e a partir dai é praticamente o deserto, num universo que não deve chegar a uma meia dúzia de modelos é dificil de definir o que foi grande e o que foi pequeno.
As únicas motos nacionais sérias são as AJP.

A fecharmos os olhos à realidade nunca vamos perceber porque é que a indústria nacional naufragou, de certo modo foi o que se passou com a indústria inglesa, "somos os maiores, os nossos produtos são os melhores" pois mas o público deixou de os comprar e foi para a concorrência. Há quem goste de Marinas que serão com certeza clássicos, mas que são uns chassos, são.

nuno g
 
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