Alfa Romeo 156 2.0 JTS 16v

HugoSilva

"It’s gasoline, honey. It’s not cheap perfume."
Eventos Team
Independentemente de toda a poesia ou prosa com que possamos querer pintar as palavras, uma SW será sempre uma SW, seja ela Italiana ou Alemã, seja ela revivalista ou vanguardista, as SW querem-se carros que trazem para cima da mesa e que potenciem e maximizem a vertente da versatilidade face às berlina, por isso me parece, sem nunca ter conduzido nenhum 156, ressalvo, que conceber uma versão carrinha de uma berlina com uma estética de tirar o fôlego para ao final do dia precisar rebater os bancos para ganhar esse espaço extra de mala... inócuo.

Se ainda pudéssemos dizer que foi com o 156 que um construtor projetou uma versão carrinha mais bonita que a versão berlina, especialmente se estivermos a falar de construtores italianos sempre meio embriagados com a estética, mas nem por isso, quem é que se atreve a comparar as duas e dar o primeiro lugar à SW? É bonita? Sim. É das mais bonitas SW? É. É mais bonita que a berlina? Não.

Dito isto, adoro o carro, e como nunca o conduzi, apenas por motivos estéticos e era capaz de perder a cabeça por um bom exemplar 2.0 TS ou JTS, porque na cor "certa" me tira do sério e me faz olhar para trás depois de a estacionar e enquanto me afasto e isso é das coisas que mais aprecio num carro.

Parabéns novamente.
 
Carlos eu concordo absolutamente contigo já sabendo que sim. Tu também concordas absolutamente comigo só que ainda pensando que não.

Sumariaste a coisa de forma perfeita. Além do mais sempre tiveste unhas grandes para falar com propriedade. As minhas sempre estiveram cortadas muito rentes (daí a simpatia por cilindradas médias em chassis sãos e tolerantes como o do 156). Eu até concordo contigo relativamente a bons e menos bons exemplares independentemente do eixo de tracção, com um senão apenas. A arquitectura mais favorável do ponto de vista teórico que melhor oferece ao conjunto do ponto de vista dinâmico é a proposta de motor à frente com tracção atrás. De preferência transaxle, o que é muito complicado em termos de compromisso. E aqui partimos justamente para o compromisso. O grupo não tinha possibilidade de desenvolver uma plataforma de acordo com o que o historial da marca apresentou até ao 75 e desenvolveu a plataforma tipo 3 ao limite da competência. E o limite da competência foi uma coisa muito boa e muito dirigida ao caderno de encargos bem marcado no DNA da marca. Foi uma extraordinária maionese sem azeite e com iogurte porque era o que havia à mão dentro de prazo.

A tracção atrás é recomendável para berlinas de médio porte para cima por duas ordens de razão. Equilíbrio dinâmico/distribuição de peso aos eixos, e desenho /leitura de perfil. É extraordinariamente difícil projectar um desenho de 3 volumes para um carro de tracção frontal pela colocação transversal do motor em cima do eixo sem criar eixos de tensão e desiqulibrios formais de proporção. Criam-se overhangs exageradíssimos para conciliar a distribuição de peso à frente com a habitabilidade interior. O Walter da Silva conseguiu mitigar este efeito de forma superlativa, daí o monumento estético da criatura. Volto a repetir, devia fazer parte dos compêndios de design de massas, não há um risco fora do lugar, não há um registo histórico que não tenha propósito sem cair na redundância revivalista do pastiche, não há um elemento que não funcione tanto isoladamente o como integrado no conjunto, não existe ângulo que comprometa a linguagem formal e que rompa o diálogo visual com o observador. É PERFEITO!! É um diálogo de corte com o interlocutor. Quando saiu em 1997 estive horas a olhar para ele ainda na parte de trás do stand antes da apresentação. Foi uma Chicotada emocial fortíssima, um acto firme e físico de sedução. Tudo isto com uma berlina 1.6 de 120 CV na versão mais baixa. Muitos dos desportivos não foram capazes de produzir em mim tamanha inquietude.

Acontece que é muito difícil alcançar este balanço, sendo esta esta uma das (múltiplas e se calhar a principal) razões de eu não gostar do 911. O forçar do conceito ao limite do insuperável. E a tracção frontal tem de facto limites de eficiência projectual e de equilíbrio formal quase insuperáveis por comparação com a propulsão.

Dito isto, se quando se sentaram à mesa para discutir o sucessor do 155 eu teria preferido que começassem a desenvolver a coisa empurrando em vez de puxar? Naturalmente que sim. Achei no entanto que perceberam muito bem a que tipo de fracção de mercado decidiram dirigir o produto transformando o pão em rosas.

De notar que não tenho qualquer complexo com a tracção à frente aplicada sobretudo nos segmentos que justificam. A bmw percebeu finalmente a inutilidade de ter um carro em que 2/3 de quem o tem não sabe qual o eixo que faz mover o carro. Foi pena perder-se o m2, dos poucos carros actuais que poderia levar o meu dinheiro (... em boa verdade não levaria porque daria para um Giulia 1750 Gtv se o houvesse + 75 2.0 twin spark + uns trocos para um 156 1.8 ou 2.0 vermelho e lusso), mas o que a propulsão lhe dava não era tanto assim em função daquilo que como vulgar produto comercial lhe retirava.

Curiosamente dos meus 6 Alfa Romeo só um empurra, todos os outros puxam. Curiosamente também, aquele que empurra representa o extermínio da natureza de um chassis brilhante como o do Giulia ao remover-lhe o tejadilho, sendo que não acrescenta nada demais com o 1.6 carburado. Ao dizer isto fiquei deprimido...

Quanto ao mais, Hugo as Sw são fruto da época. Fruto que pelo menos se come, dada a lamentável moda de saltos altos que lhe sucedeu. Eu confesso que tenho uma certa simpatia pelo conceito da forma como a Alfa Romeo o interpretou. A Alfa Romeo nunca teve stations. Sempre teve ou giardinettas ou promíscuas ou Sport... Wagons. Fazem-me lembrar outro conceito que gosto muito das break de chasse ou shooting break. No caso da 156 a coisa saiu para mim tão interessante quanto a berlina. Ou pelo menos lá próximo. A 159 aqui da casa não tem o mesmo charme. Apesar de neste caso a escolha se resumir a esta carroçaria, dado que o volume traseiro da berlina é demasiadamente pesado e o recorte do vidro e montante traseiros manifestamente inestéticos por comparação com o 156, a verdade é que se perdeu muito do conceito na passagem para a geração seguinte. Deixou de haver um vínculo com o ADN da marca limitado pela tracção à frente, e passou a ser uma mistura de orientações a várias premissas de mercado que acabaram por não se cumprir e até se contrariar ao responder a umas por limitação de outras. Foi o abraçar de muitas causas com dois braços sem abraçar verdadeiramente nenhuma delas.

O 156 não foi nada disto. Foi uma lança apontada ao sítio certo. Certamente que o arco não era o mais adequado para projectar a FLECHA. A verdade é que limitados de instrumentos e com improvisos no ponto de mira conseguiram apontar ao centro do alvo.
 
Última edição:

Carlos Vaz

Pre-War
Carlos eu concordo absolutamente contigo já sabendo que sim. Tu também concordas absolutamente comigo só que ainda pensando que não.

Simplesmente adorei! Muito bom.

Quanto ao resto, eu avançaria por outro caminho... não vejo (continuo a não ver) genéricamente nenhuma vantagem ma propulsão num "sports sedan" como o 156.
A não ser nas motorizações de topo que essas sim, fazem-me balançar. A ideia de ter um V6 Busso lá na frente, seja na versão 2.5 de 190 cv... o que me parece o sweet spot deste motor, seja no mais balistico 3.2 de 250 é muito apelativa mas... e há sempre a pôrra d'um mas, esses sim, começam a pedir um chassis com propulsão.
No 156, o sweet spot é o 2.0 de 155cv e esse desequilibrio está técnicamente compensado. Na verdade, pergunto-me se ter uma frente mais pesada que a traseira se traduz num efectivo desequilibrio num tracção dianteira?

Quanto ao 911, sinceramente (e já o escrevi algures) transformou uma desvantagem técnica numa vantagem e creio que atingiu o estatuto de intocável.

Mas entendo quem diz que motores fora de borda só em barcos... e mesmo assim há opções melhores.
 

HugoSilva

"It’s gasoline, honey. It’s not cheap perfume."
Eventos Team
Independentemente do que possamos opinar, seja no plano estético como no técnico, os números falam por si e o 156 foi um sucesso estrondoso, foi comprado, tal como qualquer carro nos dias de hoje, maioritariamente por pessoas que não percebem nem querem perceber de nada do que foi escrito aqui neste tópico, porque no fundo, bem lá no fundo, mesmo os que não o admitem, somos todos umas grandes "pegas", o que reluz capta o olhar e a estética do 156 é uma atração fatal, depois vem a tração, o quão bem curva, o quão bem/mal passa o que se passa entre o pneu e o asfalto, enfim, pormenores irrisórios para se apaixona à primeira vista, antes de lhe deitar as mãos.

Salvo erro o total de vendas andou a rondar o milhão de carros e infelizmente à data de hoje ninguém sabe o que fazer com a marca, eu deixo a sugestão: lancem outro 156...
 

António José Costa

Regularidade=Navegação, condução e cálculo?
Portalista
Quanto ao 911, sinceramente (e já o escrevi algures) transformou uma desvantagem técnica numa vantagem e creio que atingiu o estatuto de intocável.

Mas entendo quem diz que motores fora de borda só em barcos... e mesmo assim há opções melhores.

Adoro este debate! Obrigado!
Também adoro a estética do 156 e prefiro de longe a "Station", detesto carros com "rabo", os gostos são subjectivos, mas carrinhas de 3 portas (ou Shooting brakes) são uma perdição, e a 156 tem 5 mas parece ter 3, LINDA!
Agora sobre a condução, quem sou eu, o que posso opinar sobre o fora de borda, é que onde está o motor ajuda e bastante em "tração motriz" e travagem a direito, obviamente preferia um MR, mas para um RR é um carro do caraças. Atenção não sou nem nunca fui um bajulador de Porsches, ok.

Hugo, tira mais fotos, esceve mais e mantem a JTS por aqui a bombar, beleza nunca lhe faltará.
Salvo erro o total de vendas andou a rondar o milhão de carros e infelizmente à data de hoje ninguém sabe o que fazer com a marca, eu deixo a sugestão: lancem outro 156...

Não sei se vão conseguir :(
 
Carlos, de acordo novamente. Não existe vantagem na tracção atrás até determinado índice de potência. Na garagem mora um BMW E46 18i que era do meu pai (digo era porque a dada altura veio outro e com 15 mil kms decidiu-se deixá-lo ficar por cá, estando mais a meu cargo do que dele). Não existe vantagem nenhuma em ter uma arquitectura motriz teoricamente mais eficiente. O carro não descola de forma nenhuma com piso seco. Não tem motor para explorar o que podia ter de melhor, pese embora a forma como dialoga connosco de curva para curva represente uma forma mais táctil de pisar, típica de um carro que empurra e dificilmente se encontra num carro que puxe. Todavia neste caso, e carros que venham dali, até determinado período são feitos para ter 6 cilindros em linha (hoje a esmagadora maioria do portefólio é composto por 4 magros cilindros com apêndices de fôlego...). O facto de ter versões com 4 foi uma consequência da pobreza de espírito, de carteira ou de ambos.

Verdade que ficaremos sempre a pensar o que seria o V6 Busso a empurrar um 156. Era justamente aqui que seria superlativo por oposição ao que por limitação significa puxar 192 ou 250cv. Até lá a coisa funciona perfeitamente bem para o peso que transporta. Ainda assim, quando o mesmo concorrente puxava dos 6 cilindros que começava no 20i de 150cv, fico sempre a pensar o que não seriam os 155cv do 156 2 litros com a mesma arquitectura. Verdade que a realidade diz que o equilíbrio de forças ainda aqui penderia para o 156, no entanto como não é possível projectar um carro de forma estrutural em função da potência e do peso, dita a ciência que empurrar um carro preveligia sobretudo maiores potências eliminando as más consequências de motores maiores e de maior peso sobre eixos de tracção. De certa forma aquilo que o 156 teoricamente perde pelas limitações de ser tracção, compensa largamente pelo melhor tacto de direcção que conheço num carro actual que nos lê o piso até à ponta dos dedos.

Quanto a vendas o 156 vendeu cerca de 600 mil unidades entre berlina e sportwagon. Muito bom ainda assim. Vendeu muito e bem também entre muitos daqueles que não ligam nada a este mestiere. Mas ao não prostituir nada dos seus princípios, ou pelo menos trabalhando em cima daqueles que não sendo seus mais se lhe assemelhassem alcançou uma quota de mercado alargada dentro daquele que é o seu espectro. Por oposição ao 159 que alcançou uma quota de mercado muito mais estreita prostituindo muitos dos seus valores tentando jogar num tabuleiro que não é o seu, fazendo o mesmo jogo dos alemães, onde perde claramente.

Relativamente ao 911, para mim é uma declaração de princípios que começou pelas conclusões. Não encontro melhor definição que aquela que usou o Pedro Marques, a qual não tinha sido capaz de traduzir tão bem do sentimento à palavra e que subscrevo na íntegra.

"Infelizmente (...) falta-lhes ali qualquer coisa, ou um investimento humano, ou um traço mais feminino, subjectivamente falando falta-lhes arte, falta-lhes metafísica, falta-lhes intelecto, não sei… são carros excelentes em tudo, mas assemelham-se mais a robôs na perfeição, do que à perfeição humana. Será que são perfeitos demais para mim? Possivelmente são e isso… não é do meu agrado. Assim como disse anteriormente em relação aos filmes, gosto de histórias de vida de coisas reais, algo que me faça interagir humanamente e no Porsche, eu Pedro Marques não o consigo fazer, o carro não fala comigo, não interage, é apenas um excelente carro e eu gostava que fosse um excelente companheiro de viagem… quero na realidade muito mais do que a Porsche me oferece."

Não tenho rigorosamente nada a acrescentar a não ser rematando que se trata efectivamente de uma questão de filosofia, de perspectiva e conduta, de expectativa e correspondência, de princípio e consequência, de prosa e de verso, de gesto e de toque, de lógica humana e lógica cartesiana. O homem é monogâmico apenas por imposição cultural. Não é possível viver enamorado de uma silhueta tão pouco elegante e que ainda por cima delega o mesmo perfil ao longo de toda a descendência. É demasiadamente aborrecido, decadente, quase incestuoso, e de nada vale fazer tudo muito bem, se no final do dia não passa de uma contabilista tão eficiente que tira o máximo do nosso IRS.
 
Última edição:

Carlos Vaz

Pre-War
Verdade que ficaremos sempre a pensar o que seria o V6 Busso a empurrar um 156. Era justamente aqui que seria superlativo por oposição ao que por limitação significa puxar 192 ou 250cv. Até lá a coisa funciona perfeitamente bem para o peso que transporta. Ainda assim, quando o mesmo concorrente puxava dos 6 cilindros que começava no 20i de 150cv, fico sempre a pensar o

É precisamente aí que a coisa pende para o BM /e por conseguinte para a propulsão), mas nunca para o 320... teremos sempre que olhar mais para cima. De resto, confesso que tenho também um certo "soft spot" pelo e46, a meu ver a melhor "mistura" desde que existem série 3... mesmo em versão M, o meu preferido, a seguir ao M3 e30 é o e46... e não sei se não o preferia a um e30!

Mas deixemos espaço para o tópico.

P.S. - só para lembrar: Propulsão - Eixo traseiro motriz.
Tracção - Eixo dianteiro motriz.
 


Gosto da carrinha. Aliás, sempre gostei e na sua versão GTA que o Schumacher trouxe à inauguração do Autódromo Internacional do Algarve ainda mais. No entanto a tracção em vez da propulsão e a falta de um diferencial autoblocante de série tiram lhe algum carácter desportivo, que se realça no revivalismo usado na altura nas linhas, nos binóculos interiores, na consola central com os três indicadores apontados para o condutor, entre outros detalhes apaixonantes.

Do ponto de vista do utilizador nem o facto de ter sido carro do ano o fez vender mais que os seus concorrentes. Os e36 e Passat, conhecidos pela sua fiabilidade (ou não...), num mercado onde a Alfa Romeo era (é?) vista como uma fonte de problemas com carburadores que desafinam sozinhos, instalações eléctricas que não gostam de trabalhar com chuva e uma chapa mais fina que um rolo de papel higiénico de folha simples, nada ajudou a retirar os germânicos e os teus C-class com 90cv movidos a combustível do demónio das praças de taxis. Ainda bem que as forças policiais Italianas têm outro pensamento. Ainda restam alguns ao serviço daqueles brutamontes dos Carabinieri. Se resistem a eles, também resistem ao português pobre, que gosta do carro mas não tem dinheiro para o manter, como apresenta este exemplar que vi à uns tempos... que custou 500€.

received_1936682866566972.jpeg
Vejam bem o grau de engenharia usado pelo Português desenrasca. Se fosse um germânico qualquer a esta altura o motor estava no chão.

Nem a belíssima tampa escapou. received_1936691626566096.jpeg

O típico mecânico Português desdenha dos Alfa Romeo, dos Fiat e dos Lancia. Mas quantos carros de 500€, como este aguentavam este tipo de tratamento?

Cá em casa viveu um 156 2.0 Twin Spark Sport desde Janeiro 1998 até Abril 2007, quando um camião decidiu que a faixa de rodagem não era larga o suficiente e fez desta maravilhosa berlina num segmento A. Foi dado como perda total. Guardo ainda a tampa das válvulas e algumas peças do motor. Dos carros originais mais entusiasmantes de conduzir, com espaço para levar dois miúdos atrás a rirem se que nem uns perdidos enquanto o pai os leva à escola num ritmo mais elevado porque já vai atrasado para o emprego.
 

João Carvalho

Veterano
Parabéns pela máquina! Em tempos conduzi (muito pouco, infelizmente), uma Selespeed.
Pessoalmente, gosto bastante das linhas, tanto da carrinha como do sedan. Quanto às jantes, gostava das raiadas de 17'' e preferiria as circulares um tamanho acima. Mas compreendo que o preço dos pneus faça uma grande mossa.
 
OP
OP
Hugo Viana da Silva
Não sei bem o que escrever...em primeiro lugar obrigado a todos pela forma entusiasmante com que participaram neste tópico, não estava nada à espera!

Em segundo lugar o 156 para mim foi um grande marco na Alfa Romeo da Fiat em particular e da industria automóvel em geral em termos de design e de compromisso dinâmico numa berlina média de tracção. Não é ao acaso que em listas dos mais belos automóveis de sempre aparece quase sempre no top 10...tendo em conta os cento e muitos anos em que existe carros é obra! Quem não vê ou não aceita isto está com graves problemas de sensibilidade. :)

Em terceiro lugar não vou citar todos, mas comentar algumas das questões mais polémicas.

Começo pelo espaço interior. O espaço traseiro não considero de todo acanhado para o segmento. Havia claramente concorrentes superiores, mas por exemplo, algo raramente mencionado, era mais desafogado que o MB classe C da altura!
Para os meus filhos chega lindamente e adormecem com facilidade mesmo com a condução "estúpida" do pai:
jtsIMG_20191108_223623.jpg
Se calhar a minha sogra não vai lá tão à vontade...mas acham que eu me ralo com isso? :D

Quanto à mala. Sim, é o calcanhar de Aquiles, principalmente quando pensamos na de 500l do 75...mas, para mim chega bem para mais 90% das ocasiões. A minha profissão não é transportar grandes cargas e mesmo que fosse, esta SW não é carro de trabalho. :p

Mesmo assim gabo-me de ter transportado as 4 jantes de 16" com os respectivos pneus sem rebater os bancos:
jtsIMG-20190525-224105.jpg
Ou mesmo fazer 10 dias de férias com a bagagem de 2 adultos e 2 crianças, sem necessitar do espaço extra em altura:
jtsIMG_20190906_213728.jpg
Como podem ver, cabe mais que 3 malas de viagem...não é suficiente?
Agora que falei do menos interessante, quase que fiquei com sono e vou deixar o resto para amanhã.:xD:
 
OP
OP
Hugo Viana da Silva
Em relação ao motor tenho algumas reticências em relação aos JTS motores de injeção directa a gasolina deixam-me sempre de pé atrás.

Em 4º lugar o motor 2.0 16v de injecção directa. Por favor não confundam com os 2.2 jts dos 159/Brera. Este é italiano, ao contrário dos outros.

Apenas conduzi o 1.6TS e o 2.5 V6 24v. Não posso por isso comparar com o que dizem ser o melhor para o 156, o 2.0TS 16v na versão de 155cvs.
Aceito que este JTS de 165cvs não seja superior ou seja mesmo inferior. Apenas posso afirmar que gosto. Surpreendeu-me positivamente em baixas. Parece-me melhor que o V6 neste ponto. A partir das 2000rpm tem logo bastante fôlego.

A 2ª velocidade dá 100km/h, o que favorece bastante os 0-100 em praticamente 8s.
Em 5ª, dos 120 aos 180 é muito despachado, uma maravilha!
(reconheço que estas qualidades estão obviamente ligadas com a relação da caixa).
Os consumos também são muito agradáveis, em condução mista não passa dos 10l aos 100.
Ao contrário do que muitos dizem, o som é muito agradável na minha opinião, bem encorpado sem ter no entanto aquele "gritar" mais agudo dos TS.

Digamos que este JTS é um tenor e o TS um soprano.:p

O aspecto do motor é que é muito pouco interessante (a tampa de plástico), podiam ter-se esforçado um pouco mais:
jtsIMG_20191005_195817.jpg
 
OP
OP
Hugo Viana da Silva
Em quinto lugar o animado debate do @Carlos Vaz e do @Miguel Gomes Dinis .

Para escolher um lado, escolho o do Miguel.

Em ritmos mais animados no 156 sinto sempre que o facto de ser de tracção foi uma opção meramente económica. Não sinto mesmo nada o que diziam do 156 quando surgiu, que parecia um hatchback na condução.

Como no inicio a minha maior experiência era no pesado V6, pensei que o menor peso deste 2l iria revelar a tal dinâmica tão elogiada...mas não. A distância entre eixos naturalmente superior duma berlina familiar pede mesmo ser de propulsão para ser perfeito.

O meu ex 145 1.4 TS 16v, por exemplo, era perfeito como tracção dianteira. Entrava e saía das curvas com um gozo elevado (pelo menos até a suspensão/amortecedores atingirem os 180.000kms, começou a fugir muito de traseira, era engraçado, mas não era de todo a configuração original do carro e perdia eficácia). Neste 156 isso não acontece. Sinto sempre que tudo na frente não acompanha a traseira de forma linear.

No 75, o adornar de origem (apesar de criticado por alguns, que só com blinstein amarelos é que são bons), transmite para mim o que se passa com o carro na sua totalidade nas transições de massas...gosto disso. No 156 isso não acontece, sinto que se fosse de tracção traseira, o facto de empurrar invés de puxar, tornaria a experiência bastante mais intuitiva.
 
Última edição:
OP
OP
Hugo Viana da Silva
Primeira despesa com o 156.
Numa pequena rotunda sinto algo a bater dentro da jante esquerda dianteira.
Parei logo bastante preocupado. Estava com os meus filhos e uma viagem de quase 10kms (apesar de curta era bastante sinuosa) pela frente. Imaginar perder a direcção de alguma forma era algo assustador!:oops:

Deitei-me no chão a tentar perceber o que se passava por baixo do carro. Se fosse algo grave certamente seria visto a olho nu.
Não vi nada anormal do lado esquerdo mas descobri o fole da transmissão do lado direito todo rasgado!
Circulei umas centenas de metros em experiência e nada de esquisito...provavelmente alguma pedra entrou e depois saiu.
Já substitui o fole: €50,00 no total, mão-de-obra incluído.

Entretanto a 1ª coisa que o vendedor me "enganou" ao ocultar. Um dos apoios do cinzeiro estava partido e com o esforço extra no outro, este acabou também por ceder...carros de plástico...:confused:
jtsIMG_20191122_121639.jpg
Ainda por cima não anda sem gasolina...já para não falar no português "inglesado" na ordem do verbo. :xD:
jtsIMG_20191122_170713.jpg
 
O meu ex 145 1.4 TS 16v, por exemplo, era perfeito como tracção dianteira. Entrava e saía das curvas com um gozo elevado (pelo menos até a suspensão/amortecedores atingirem os 180.000kms, começou a fugir muito de traseira, era engraçado, mas não era de todo a configuração original do carro e perdia eficácia). Neste 156 isso não acontece. Sinto sempre que tudo na frente não acompanha a traseira de forma linear.

Oh Hugo não concordo mesmo nada contigo. O 145 tem McPherson à frente com Suspensão independente de braços simples atrás. O 156 tem triângulos sobrepostos à frente e McPherson evoluído atrás. A coisa até pode ser produto da mesma pipa mas um é barca velha e outro bagaço de uva passa.

O 145, para além do facto de assumir timidamente aquilo que num alfa romeo deve ser declaradamente arrogante, a grelha, tem por de trás de si exactamente o que a grelha mostra e não tem. É um verdadeiro charuto por comparação com o 156.

O facto de eu achar que se o 156 empurrasse poderia ser em tese melhor ainda do que puxando não quer dizer que o ache pouco ágil ou com muito a perder para um 2 volumes, isso é irrelevante. O ser marginalmente mais comprido entre eixos é desprezível comparado com a arquitectura mecânica que tem, que é a melhor possível para algo que puxe.

O 145... Bom, eu andei uns tempos com um 146. É pesado relativamente a um 33 e não tem metade do carácter. É uma coisa que não é bom lembrar que a Alfa romeo tenha feito. Não é a única, mas é das que mais pôs a nú o deixar de ser o que já foi sem que tenha vindo a ser o que achou que o mercado queria que fosse e nunca chegou a ser.

De certeza que a recordação que tens do 145 floreou a realidade ao ponto de pensares que o 156 não superou. De certeza também que irás perceber com o convívio amadurecido com o 156 que se trata de um companheiro de outra liga relativamente ao 145.
 
Última edição:
OP
OP
Hugo Viana da Silva
Oh Hugo não concordo mesmo nada contigo. O 145 tem McPherson à frente com Suspensão independente de braços simples atrás. O 156 tem triângulos sobrepostos à frente e McPherson evoluído atrás. A coisa até pode ser produto da mesma pipa mas um é barca velha e outro bagaço de uva passa.

Ainda bem!
Assim há debate! :)

Tenho que dar a mão à palmatória em relação às minhas primeiras impressões com este 156. Sim, são primeiras.

Defeito ou qualidade, levo algum tempo a conhecer um carro (tive o 145 14 anos e o 156 tem 6 meses).
Por causa disso, hoje voltei a apertar com a SW em estradas nacionais e municipais, quase sempre acima das 5.000rpm e de certa forma, cada vez mais surpreende positivamente.
jtsIMG_20191123_134003.jpg

As minhas impressões iniciais com Alfas nunca são muito favoráveis, talvez pelas expectativas serem sempre elevadas.

É óbvio que ainda estou numa fase muito prematura com este JTS. Tento não ligar muito às fichas técnicas para não me deixar influenciar no julgamento. É que por vezes o que fica bem no papel nem sempre resulta no projecto final. Se assim não fosse, qualquer construtor fazia bons carros, bastava seguir uma qualquer fórmula teórica e nem era necessário investir milhões numa qualquer nova plataforma.

Dito isto, quero defender o 145 (já o 146 odeio esteticamente).
Sei que é de certa forma um dogma que a plataforma do Fiat Tipo não é digna de um Alfa Romeo na comunidade mais madura alfista, mas o carro para mim sempre teve um comportamento exemplar (sei que para um GTV pode ser medíocre), foi por exemplo, o único carro que tive em que não necessitava praticamente nada de ajustar a condução ao piso molhado (desde que aliado aos GoodYear F1).

Sempre senti falta de motor para o carro. Infelizmente em Portugal, mais que 1.4, nas versões TS, é uma miragem e isso ditou injustamente o seu protagonismo entre alfistas.
 
OP
OP
Hugo Viana da Silva
No campo estético, aqui se calhar teremos as maiores divergências, mas adoro. É verdade que a grelha falsa me deu sempre muita comichão (principalmente por aquela parte da minha formação em design), pois a total ausência de funcionalidade na estética não faz mesmo sentido.

Salvo erro, foi um projecto que já incluiu o Walter d' Silva juntamente com o mal amado (por parte dos bimmers) Chris Bangle e tirando esse pequeno defeito na frente, a traseira é para mim, até agora, das mais bem conseguidas em carros compactos (para não voltar a usar o termo inglês hatchback):
Alfa_Romeo_145_back.jpg
O vinco lateral que vem da frente até à parte superior dos farolins traseiros é delicioso, assim como o pormenor do vidro da porta ser mais longo verticalmente da frente para trás...já para não falar do óculo traseiro com a sua base em bico alojando inteligentemente a escova limpa-vidros...depois ainda tem aquela particularidade do prolongamento da porta traseira pelo tejadilho como o 156 SW. :wub:
 

HugoSilva

"It’s gasoline, honey. It’s not cheap perfume."
Eventos Team
No campo estético, aqui se calhar teremos as maiores divergências, mas adoro. É verdade que a grelha falsa me deu sempre muita comichão (principalmente por aquela parte da minha formação em design), pois a total ausência de funcionalidade na estética não faz mesmo sentido.

Salvo erro, foi um projecto que já incluiu o Walter d' Silva juntamente com o mal amado (por parte dos bimmers) Chris Bangle e tirando esse pequeno defeito na frente, a traseira é para mim, até agora, das mais bem conseguidas em carros compactos (para não voltar a usar o termo inglês hatchback):
Ver anexo 1154814
O vinco lateral que vem da frente até à parte superior dos farolins traseiros é delicioso, assim como o pormenor do vidro da porta ser mais longo verticalmente da frente para trás...já para não falar do óculo traseiro com a sua base em bico alojando inteligentemente a escova limpa-vidros...depois ainda tem aquela particularidade do prolongamento da porta traseira pelo tejadilho como o 156 SW. :wub:
É de facto um carro muito giro, não tão quanto o 156 mas muito giro. Cheira-me que tudo o que não forem os 1.4TS ainda vão ter procura inesperada. Na liga dos youngtimers há modelos que de repente ganham um magnetismo curioso, o 145 pode ser um desses modelos.
 
Topo