Alfa Romeo ad perpetuam rei memoriam - alfasud sprint 1.5 veloce

Diários de Bordo

Alfa Romeo ad perpetuam rei memoriam - alfasud sprint 1.5 veloce

Desde que não seja um Brera.:p
Não fosse a raridade dum TBi no nosso mercado, diria que seria o meu primeiro coupé num curto/médio prazo...não tem de longe a magnitude do protótipo, mas o essencial da estética está quase lá :wub:
Pode ser pesado, mas deve pesar o mesmo que um 8C e sendo turbinado dá para apimentar sem grandes invenções. Não dá para ter a potência do V8, mas ficar a pouco menos de 100cvs de diferença deve dar na boa...100cvs...o que é isso? :xD:
 
OP
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Miguel Gomes Dinis
Pois não é um 916 Gtv. Embora menos exuberante no desenho para isso teria o Gt com o melhor Busso possível que é melhor carro que o Gtv.

Também não é um Brera. Para Brera tenho um de 5 portas na garagem (159 sw) que pouco anda para além de pontuais necessidades diárias, e que é um prosaico carro sem história.

Quanto a conservar o 75... Feliz de quem passa pela vida sem ter de escolher. A esmagadora maioria precisa de financiar aquisições, em parte ou no todo suportada por alienações.

A verdade é que do ponto de vista da angústia de suportar um conjunto de carros o propósito passou exactamente pela redução dos mesmos.

Poderiam ser outros já que o 75 me é tão especial? Poderiam. Mas do ponto de vista de simbolismo de uns ou de experiência na diversidade de outros acabou por ser assim. Até porque serviram estes para financiar parte da operação do substituto.

Está quase...

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Miguel Gomes Dinis
Se a noiva estivesse de esperanças, e com o secreto desejo de não ser descoberta antes do enlace matrimonial, teria muito azar se esperasse por esta viatura porque quando chegasse à igreja, o "fruto do amor" vinha ao colo e com sorte a fumar um "marlboro"...

Com degustação e sem alambuzamento, não queiras os 125€ do Costa todos de uma vez.

Qual é a piada da noiva casar sem rebento, e deste sem tabaco?

Isso é segunda-feira...
 

joao p vasconcelos

Pre-War
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Gosto, ainda mais se tiver os bancos Sabelt!
É uma escolha para quem gosta de carros diferentes (no mesmo segmento, para além dos óbvios Mini e Abarth..).
Agora, pessoalmente, se venderia o Alfa 75 (com peças raras e caras) ou o Gt (com peças raras e caras e também IUC a condizer) para o comprar, já não sei.
Iria depender de vários fatores que não são mensuráveis.
 
OP
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Miguel Gomes Dinis
Ora então,

Num mundo ideal não teriamos que ter disciplina orçamental.
Não teriamos necessidade de fazer contas.
Não teriamos que passar pela angústia de almejar o momento em que os nossos velhinhos não precisam de nada todos ao mesmo tempo.

Mas isto não é tampouco um mundo ideal, é um mundo de utopia. Também porque amadurecer a convivência de que os velhinhos não sendo jovens precisam quase sempre de alguma coisa faz parte do processo.

Acontece que como já referi, a vertigem do perfeccionismo, e o tempo para reflectir que a pandemia a todos mais ou menos convocou, trouxeram consigo um compósito de auto análise a que muitos de nós acabaram por sucumbir.

Nesse mundo ideal, e num teste de limite à resistência mas também numa prova de superação a um certo desprendimento, depois da escolha feita do que teria que sair para que uma nova entrada tivesse lugar sem sobressaltos ou engenharias de percurso, todos eles seriam vendidos ao mesmo tempo. O processo de lamber feridas seria violento e apenas um, e o caminho de uma nova busca unguento para o curar.

Não sendo propriamente longo o processo , acabou por ser penoso na cabeça de quem o vive, e a sensação de ver partir o último foi tão dolorosa quanto libertadora. Estava fechado o processo. Até então procurei evitar pesquisas, foruns, revistas, tudo que me consumisse a alma e pudesse operar recaídas a meio do caminho. Carro passou a ser meio de transporte, única e exclusivamente no que me acompanha todos os dias, e um ou outro momento de ocasião dos que ficaram na garagem.

Este rapaz que chegou e que agora habita a garagem, e que mais detalhadamente descreverei um dia destes, sempre cumpriu com o caderno de encargos daquilo que representa um automóvel enquanto objecto de prazer e de culto. Talvez dos últimos escritos pela velha receita, pelo clássico paradigma dedicado aos vários prazer da sua experiência.

Acontece que desde que o vi e o experimentei em 2014 oito anos passaram. A memória vibrante de desejo incontrolável de ter um acabaram por me acompanhar todo esse tempo, mas será que passada quase uma década, e de outras tantas pela frente se Deus quiser e a saúde deixar, seriam o 1,18m de altura e a ausência de direcção assistida assimiladas com a noção acessória que os meus olhos viram e o meu corpo viveu em 2014?

E foi aqui que entraram as outras duas hipóteses, também elas de desejo antigo, e as únicas que considerei no tempo necessário para firmar a escolha. Na verdade houve um joker pelo meio mas já la irei.


A primeira:

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Foi exactamente este o ângulo que me arrebatou em 98, na apresentação em Setembro com o Luca di Montezemo, Sir Stirling Moss e Giorgetto Giugiaro, fresco eu dos meus 17 anos e almejando sempre um dia cumprir os vários sonhos que muitos carros e poucas marcas estimulavam o mais delirante do imaginário.

E a unidade que pretendia era exactamente esta que se vê na fotografia, que ainda hoje está à venda a encorpar os taninos na pipa, porque é um excelente modelo, e um excelente exemplar.

Quais as vantagens por comparação. Tem 4 lugares, um dia já velho ainda consigo entrar nele, e é um GT. Dá para conduzir de faca nos dentes num dia mais agitado mas em ritmo de passeio num dia de verão de vidro aberto na marginal. Depois, tudo que lhe é intrínseco. A forma como o lápis do criador comunica com os nossos impulsos. Essa é o primeiro qualificativo que um automóvel desperta em mim e aquele a que sou mais sensível. É italiano. É um Maserati. Tem história. A do tridente e a dele próprio, é verdadeiramente o último Maserati no qual pulsa o V8 3200 do Shamal, que ruge grosso e agressivo debaixo da frente a atrás nos escapes. Que tem na verdade mais que os 370cv anunciados, mas assim ficaram para a imprensa e para o mundo porque o Ferrari 456GT tinha 442cv e a política de grupo achou melhor que a oferta Maserati não entrasse em território Ferrari. E que é em suma um carro extraordiário. Duro de comandos, mas sensitivo, extraordinariamente rápido e daqueles que dá vontade de abrir a garagem todos os dias para lhe tirar medidas. Nunca considerei o 4200 que lhe sucedeu, não obstante as melhorias introduzidas, mas que ao mesmo tempo lhe retirararam carácter. E se no motor podemos admitir que o que lá foi posto enobrece (não obstante o descaracterize), nos farolins traseiros foi um golpe de misericórdia exactamente nos detalhes que este carro tinham de mais sedutor. Para finalizar, o problema crónico no módulo by wire do acelerador que é um pincel para arranjar (felizmente no mercado já vão aparecendo empresas e profissionais a dirigir o negócio e o conhecimento para estes novos clássicos, e para os novos problemas que a electrónica cria para lá da mecânica), e as despesas de manutenção de acordo com o pedigree.

Só que... O Maserati 3200 GT é muito o conceito do saudoso ido Gt 3.2V6. Até a cilindrada é a mesma embora com mais 2 cilindros. Com um Barítono no Maserati e um Tenor no Gt, e eu até gosto mais deste. Naturalmente mais potente e com uma arquitectura mecânica mais nobre. Mas assim ficamos, exactamente com este diagnóstico aguardando o que cada um dos outros ofereceria por comparação.


A segunda:

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Este carro não tem um ângulo fora de sítio. Não tem perspectiva nenhuma que se observe que não esteja no limiar da perfeição. Está tudo certo. E a prova é que o sucessor é exactamente o mesmo desenho com afinações de pormenor e uma frente francamente pior.

Também este quando foi apresentado, mais ou menos ao mesmo tempo que o primo Alfa Romeo 8c (este é outro colpo di scena mas inatingível), já numa fase diferente da vida, reavivou o mesmo tipo de emoção mais pura. A mesma que se encontra quando o sexo oposto cumpre com os desejos mais fantasiados. Só que, mais electrónica que o 3200GT, e um upscale maior ainda de manutenção. É um carro maravilhoso, não tenho memória de um V8 tão encantador:



Que orquestra!!

É mais dócil, mais civilizado que o 3200GT. É uma delicia de conduzir em qualquer circunstância, e representa um upgrade de qualidade bastante perceptível relativamente ao predecessor. É exactamente aquilo que esperava que fosse, mas no mercado nunca apareceu com um exemplar cuja condição cumprisse com o desejo. Por oposição com o 3200GT, em que 2 dos exemplares que avaliei estavam, um francamente bom (Azul), e outro absolutamente imaculado e com um histórico inatacável (o cinzento), todos os Granturismo que experimentei estavam carregados de kms, bastante usados, o que para além de moderarem o entusiasmo dado o desgaste aparente, deixariam antever despesas futuras de elevado calibre. Acabei por experimentar na mesma altura um Quattroporte 4.2 já com caixa ZF, exactamente o mesmo carro que o Granturismo com mais 2 portas, com 30 mil kms e num estado muito prazeroso ao toque e vista, onde todas as superfícies se sentiam novas e cuidadas, e percebi o que o excesso de uso e um manutenção negligente pode fazer a carros deste segmento. Nunca apareceu um Granturismo no estado deste Quattroporte, mas deu para perceber o que seria um.

Estudo feito e arquivado.


O Joker:

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Estava (não sei se ainda estará) num conhecido stand de Leiria (que aliás está na matrícula).

Sempre gostei do E24, embora ao contrário dos outros não fosse um desejado . Despertava em mim uns esgares de ocasião. Já esta numa época que o tempo consagrou, ao contrário dos outros que certamente lá vão entrar mas ainda não amadureceram o suficiente.

Este E24 era dos últimos da primeira série (de 82, imediatamente antes de sairem os MY83), com desenho interior original (que gosto mais), um 635CSI, com uma combinação de cores deliciosa, branco com estofoes em pele bordeaux, e tinha 12 (disse doze) mil kms.

Pedi a um bom amigo que mora a metros do stand para me fazer uma avaliação preliminar.

Tratava-se de uma spec Eurpeia que foi vendida na alemanha e que imediatamante cruzou o atlântico tendo como destino os EUA. Por lá ficou grande parte da sua vida, onde lhe foram instalados os piscas laterais de lei, e mais umas coisas que não me recordo. Terá regressado à Europa há 10/15 anos atrás e revertido à sua condição original com os enchimentos dos respectivos buracos dos piscas e mais uma spequenas coeméticas. O volante não era o dele, o dono aplicou um do M635 que não lhe pertencia, mas que lhe ficava muito bem, e aparentemente o estado imaculado correpondia ao número marcado no odómetro, e a reconversão à origem europeia teria sido bem executada.

Estava eu neste processo de enamoramento consciente e menos aceso do que tenho que os meus queridos italianos, quando na verdade não existe documentação nenhuma que prove o número de kms que o carro marca. Verdade seja dita que parece ter exactamente os kms que tem. Parece nunca ter sido restaurado. Tudo parece bater certo. Mas do parecer ao ser vai a distancia da obscenidade que pediam pelo carro ao preço habitual que ele tem no mercado.

Visto e arquivado.


A terceira:

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Na verdade foi sempre a primeira.

Pedi a outro bom amigo que tem um que me permitisse recordar o que era (con)viver com as entradas e saidas pouco dignas para dentro e fora dele, a ausência de DA, os 30 cm que distam entre nós e a estrada e os 10 cm entre o para choques e o chão.

Na verdade tudo se ultrapassou com maior facilidade do que esperava. Talvez tenha intuido e elaborado demasiadamente sobre o assunto, mas a verdade é que aquilo que sentimos quando o temos debaixo da mão é a axaltação de um sentimento febril como quando somos crianças. Não tem compromissos, é um objecto de diversão.

Muito haverá a dizer sobre isso, por comparação com experiências de outros Alfa Romeo e outros carros em geral, mas a verdade é que pesados todos os outros carros elementos em arquivo, o número de unidades produzidas deste carro, a célula de carbono, e, pasmem-se, até alguma racionalidade (IUC barato, motor de manutenção corrente, e demais aspectos) não poderia acabar senão assim:

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Cá voltarei. Com muito que há para dizer, sobre ele, e sobre os outros da garagem que entretanto continuam a fazer a sua história.
 
Última edição:
Eu sou uma pessoa muito indecisa...excepto em 3 coisas, carros, motas e mulheres :xD:

Apesar de gostar bastante de todas as hipóteses que apresentaste, iria para o 4C, por todas as questões que mencionaste e mais algumas, sem pestanejar!
 
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