50 Anos Renault 16

João "Pegadas"

Portalista
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Confesso que estou incrivelmente desiludido com os média automobilísticos quanto ao 50º aniversário do Renault 16, passou tão despercebido que acho uma falta de consideração por parte das revistas e mesmo páginas web ligadas a este meio que aqui falamos. Dos 60 anos do Boca de Sapo toda a gente se lembra, dos 60 anos do Alpine, a mesma coisa, mas o facto de não darem o devido mérito a este carro, para mim, esta é que foi a maior das desilusões e visto que já vou muito tarde de fazer o quer que seja no que diz respeito à divulgação do assunto, prefiro antes compartilhar convosco um breve resumo que elaborei sobre este fantástico automóvel...

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Portanto, vou escrever assim de um modo muito resumido a sua história, passando pelas inovações técnicas e modelos, acompanhando respectivamente com umas fotos...

Em 1958, a Renault manifestava claras intenções de conceber uma nova viatura topo de gama para uma classe mais exigente e em constante transformação. O "velhinho" Frégate de 11 CV não obteve grande sucesso em França e na Europa em geral, mas foi relativamente bem recebido no exterior, nomeadamente nos Estados Unidos, assim como o modesto Dauphine.
Com Pierre Dreyfus a ter grande sucesso nos automóveis citadinos, surgiu a necessidade de conceber um Renault de uma classe superior que pudesse cativar tanto o mercado Europeu como o Americano. E assim surgiu o Projecto 114...

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Com um design típico de limosousine da firma italiana Ghia e equipado com um motor de 2200 cc de 6 cilindros e suspensão hidropneumática, o projecto tinha de tudo para ser lançado... até acontecer o imprevisivel! Em 1961, Pierre Dreyfus decidiu terminar o projecto 114, das inumeras causa que o levaram a tal decisão, as principais centravam-se na queda das vendas nos EUA, na tensão entre os vários mercados Europeus e nos custos previsionalmente estabelecidos para o projecto... assim nasceu o Projecto 115!

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Com base nas decisões do Presidente da Régié, P. Dreyfus, estabeleceu-se que o novo Renault teria uma cilindrada de 1500cc e deveria ter um "design ousado e original e em nada similar a um 404, um Reckord ou um Taunus" . Deveria de ser o carro que todos os técnicos e engenheiros da Renault quereriam para o dia-a-dia... moderno, espaçoso, prático e confortável.
As suas linhas foram uma obra conjunta de Philippe Charbonneaux e Gaston Juchet. Este último, além de designer era também engenheiro de aerodinâmica, pelo que Pierre Dreyfus, o encarregou da concepção do Renault 16…

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Apresentado entre 11 e 22 de Março de 1965 no Salão de Genebra, o Renault 16 desde logo captou o público pelo seu desenho absolutamente inovador: uma carroçaria 2 volumes (hatchback) com um grande portão traseiro para acesso à bagageira.

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Resultado do “cruzamento” de uma berlina com uma carrinha, o Renault 16 oferecia uma polivalência de utilização absolutamente inédita para a época. A bagageira dispunha de quatro diferentes configurações, com um volume entre o 346 dm3 e os 1200 dm3, graças ao banco traseiro deslizante, rebatível e amovível. Os bancos adaptavam-se a todo o tipo de utilização: desde a instalação de uma cadeira para crianças, a uma posição de repouso e até mesmo posição cama.

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Concebido como um automóvel completamente distinto de tudo o que havia na concorrência, rapidamente convenceu o público e a imprensa, arrecadando o título de “Carro do Ano” em 1966, à frente do Rolls Royce Silver Shadow…
O Renault 16 marcou também o seu tempo pela modernidade e pelo pioneirismo das características técnicas. O seu brilhante comportamento dinâmico era justificado pela excelência do chassis de tracção dianteira – uma solução técnica ainda bastante rara no seu segmento – e pelo motor colocado em posição central dianteira. O bloco do motor, a cabeça e a caixa de velocidades eram em alumínio, uma estreia absoluta no mercado Europeu! Além disso, estava dotado do sistema de ar fechado, que se estreou mundialmente com o Renault 4L, em 1961.

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Em 1968, surge a versão TS que introduz novos equipamentos absolutamente inovadores, como o vidro traseiro com desembaciamento, os faróis adicionais de iodo, os limpa para-brisas com 2 velocidades e 4 jactos e, o retrovisor com regulação dia/noite. Em 1969 são introduzidos faróis de marcha atrás, vidros dianteiros elétricos, tecto de abrir de comando eléctrico e os estofos em couro. O Renault 16 era uma forma de “viver” o automóvel.

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Originalmente comercializado com um motor de 1470 cm3 de 55 cv, a gama foi enriquecida, em 1968, com um motor de 1565 cm3 de 85 cv. Em 1969, o Renault 16 estreou a primeira caixa automática de origem francesa que estava inicialmente disponível no R16 TA (Transmissão Automática), mas que, a partir de 1972, passou a ser opcional para todos os motores da gama, detalhe ainda raro numa viatura do seu segmento.

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Ao longo da sua carreira de 15 anos, o R16 foi alvo de diversas evoluções entre as quais uma 2ª fase, em 1971. A traseira foi redesenhada, apresentando agora umas ópticas rectangulares de aspecto mais moderno.

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Em 1973 é lançada a versão TX, que recebeu um motor de 1647 cm3 de 93 cv e que dispunha de uma caixa de 5 velocidades, capaz de o impulsionar a uma velocidade máxima de 175 km/h. Esta versão trazia, de série, vidros eléctricos, fecho centralizado das portas e cintos de segurança com enrolador, dois equipamentos completamente inovadores para a época e impossíveis de se encontrar na concorrência directa. Era o topo de gama da Renault...!

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Em 1980 foi decidido cessar a produção do Renault 16, numa altura em que o modelo ainda apresentava alguma procura. No total, foram produzidos 1.851.502 exemplares - posicionando-o à frente do Citroën Boca de Sapo nas vendas - e tornou-se num modelo fulcral para o crescimento da Renault, quer na Europa, quer nos Estados Unidos.

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O Renault 16 revelou-se desde o inicio como um automóvel de uma incrível polivalência, além de ser muito avançado para a época que, aliado a uma arquitectura moderna e funcional, rapidamente conquistou o público e se tornou num automóvel “ao ritmo da vida”.

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Não é grande coisa, mas aqui fica a minha homenagem ao Renault 16, um verdadeiro pioneiro no mundo automóvel e um carro que foi claramente uma referência para muitas das famílias dos anos 60 e 70...
Abraço ;)
 

Anexos

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Última edição:

Hugo Albuquerque

Rover Enthusiastic
Excelente apresentação do R16!
O carro tem imensos extras que nunca julguei já existirem na época.

Muito bom e de facto um verdadeiro merecedor de carro do ano.
 

António Barbosa

Red Line
Portalista
Só tenho a dizer bem deste modelo. O meu pai teve um 16TS de 76 e o motor era de uma elasticidade fora do comum.
Uns anos mais tarde tive um TX com vidros eléctricos e mantive a ideia muito positiva do modelo.
Três pontos/pormenores que me lembro dos R16 TS/TX além da elasticidade do motor.

1 - Não tinham bancos tinham poltronas.
2 - O velocímetro tinha uma pequena ranhura a meio do ponteiro para que o odómetro nunca ficasse escondido.
3 - O TX sendo de caixa automática e com comando do ar automático para arranque a frio, não permitia que se tivesse pressa a engrenar 1ª até que o motor atingisse a temperatura de estabilização do ralenti.

Privilegiava o conforto de forma discreta, já não de fazem automóveis assim!
 
OP
OP
João "Pegadas"

João "Pegadas"

Portalista
Portalista
Só tenho a dizer bem deste modelo. O meu pai teve um 16TS de 76 e o motor era de uma elasticidade fora do comum.
Uns anos mais tarde tive um TX com vidros eléctricos e mantive a ideia muito positiva do modelo.
Três pontos/pormenores que me lembro dos R16 TS/TX além da elasticidade do motor.

1 - Não tinham bancos tinham poltronas.
2 - O velocímetro tinha uma pequena ranhura a meio do ponteiro para que o odómetro nunca ficasse escondido.
3 - O TX sendo de caixa automática e com comando do ar automático para arranque a frio, não permitia que se tivesse pressa a engrenar 1ª até que o motor atingisse a temperatura de estabilização do ralenti.

Privilegiava o conforto de forma discreta, já não de fazem automóveis assim!

Devem ter sido umas memórias e pêras amigo António... e logo num TS e num TX, que luxo!

O TX era sem dúvida o mais completo de todos os modelos, hoje em dia para se comprar um gasta-se tanto para os restaurar como para comprar um em excelentes condições, são muito valorizados e percebe-se porquê... os niveis de equipamento eram inéditos para a época e difíceis de encontrar na concorrência directa.

No mês passado, tive a oportunidade de conduzir um TL de 73, apesar de ter sido por pouco tempo deu para experimentar o comportamento do carro um pouco "à bruta"... :p
Pu-lo a 110/120 e era impressionante a serenidade que o motor transmitia a tal regime, isso aliado àquelas magnificas poltronas com apoio de braço dianteiro.... oh! nem lhe conto! :D

Claramente um carro muito bem construido e com uma vida a bordo acima da média... :thumbs up:
 

António José Costa

Regularidade=Navegação, condução e cálculo?
Portalista
João, só hoje vi este tópico, excelente, obrigado pela dedicação.

Se um TX era demais, um TS já era muito bom;).

abraço,
 
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