Na minha opinião o
@Francisco Lemos Ferreira expôs o que lhe ia na alma, sendo que os Ralis de Regularidade estão a ser invadidos por veículos do final dos anos 80 e com aparentes e provavelmente claras pretensões à vitória, tendo-se perdido a componente lúdica, de prazer, de luta com o as dificuldades de condução de um automóvel antigo e de cálculo mental, efectuando com que os veículos de deleite para os olhos do público esteja a diminuir drasticamente.
Infelizmente acho essa situação verdadeira, mas vou tentar analisar os factos.
O Campeonato Nacional de Ralis de Regularidade “Histórica” (doravante designado pelo acrónimo CNRR) nasceu se não me engano em 2013, com outro nome penso que era Classic Club, apareceu devido à carolice de clubes automobilísticos entusiastas essencialmente da zona centro que organizavam e organizam provas para o deleite e prazer de uns quantos aficionados, este mesmo campeonato veio no meu entender lançar o espírito de competitividade e retirar a tal componente lúdica e até de passeio.
Temos acho eu de distinguir o CNRR, dos Ralis que existem para desfrutar como o roadbook Santa Maria da Feira, Fim do Ano Figueira da Foz, 48H do Alentejo entre outros. No entanto é claro que o CNRR nasceu destes Ralis FIVA.
Vou fazer uma analogia com o futebol nos escalões mais jovens, o CNRR é para os que andam nas escolas de
competição dos clubes, os outros são as escolas de
formação. Cada um participa onde preferir!
Não podemos retirar de um campeonato o espirito competitivo senão não seria um campeonato. Sou no entanto totalmente de acordo que deveriam existir duas classes distintas a separar-se principalmente por equipamentos (um Porsche 911 ou BMW 635Csi será sempre melhor que um Fiat Uno 45, ou um Peugeot 205 Rallye e os mais velhos até já podem ter injecção e DA e se calhar ABS) a serem utilizados pelos participantes, falei várias vezes desta situação com vários participantes assíduos, sempre me foi comunicado que seria impossível verificar a situação com a utilização de bluniks ou programas de forma anómala, o que me é uma pena, acho sinceramente que poderá existir mercado para 2 campeonatos distintos ou tipos de provas distintos com regras distintas mas principalmente claras para todos, no entanto com alguma desertificação existente criar 2 tipos de prova, algumas questões se colocam: Essa situação “matará” todas as provas? Podem coexistir? Podem ser efectuadas simultaneamente?
Não podemos olvidar que além do CNRR existem provas de Regularidade Sport, algo que nunca vi ser “chamado” para as provas CNRR.
Quando o campeonato foi lançado penso que o limite de idade dos veículos seria terem no mínimo 25 anos, o ano passado bloquearam essa situação pois pretendem que a idade mínima dos veículos no futuro seja de 30 anos como indicado pela FIVA. A utilização do melhor equipamento nunca será proibida e cada um vai porque gosta quer e pretende. É óbvio que muitos não podem almejar ganhar (o Blunik é aqui claramente a grande diferença, pela precisão e custo, ou outros equipamentos similares que não conheço mas que tenham uma precisão metrológica e de indicação ao metro), mas desejam participar e principalmente divertir-se, eu estou neste último grupo, tinha uma ideia mínima ao que ia, sinceramente correu bem demais e não espero repetir o resultado, é óbvio que não se vai logo para ganhar, pois a experiência aqui também é muito importante. No campeonato os veículos sofrem mais, as médias são normalmente mais elevadas, este ano aumentaram para 55Km/h, não há “lamechices” que gostamos como prendas das câmaras, T-shirts de oferta ou a preço de amigo etc, a comida é boa sendo eventualmente menos requintada, a camaradagem existe. Se aparece malta competitiva sim e existem clubes “rivais”; aparecem a falar mal sim já apanhei, muito poucos na realidade, mais de 90% está em amena cavaqueira. É uma paz podre? Não sei. Sei que existe um clube o Classic Clube que organiza tudo com os clubes para entregar na federação (FPAK) e assim existir um campeonato aprovado pela FPAK. Só para terem uma ideia um curso de regularidade em Espanha custa entre 180€ e 350€, dependendo das questões que abordarem e sua extensão, o Classic Clube fez um curso simples, com teoria, prática, demonstrativo e
gratuito! Querem mais?
Nos Ralis “FIVA” não do CNRR existe normalmente maior cuidado com os participantes, médias mais baixas, restaurantes eventualmente mais cuidados, prendas, e é melhor para apreendermos, se gostamos mais ou menos é com cada um. Existem Ralis FIVA menos conhecidos mas que tem custos de inscrição bem mais caros, são provas pelo prazer de andar se calhar mais devagar desfrutando da vista, dos manjares, dos hotéis, a condução não será o mais importante, a navegação também não sei se o será.
Não tenho ainda experiência de um CNRR completo, não nos podemos esquecer que vamos em estrada aberta e as médias aumentaram o que se torna mais perigoso, mas no último que participei não achei mais perigoso por isso, estava muito bem delineado, mas sim é um desporto motorizado e pode tornar-se perigoso e aqui o organizador/promotor da prova é muito importante, o que ouço é que o rali do CNRR mais difícil e rápido e consequentemente eventualmente mais perigoso é o que a maioria prefere. Quanto ao andar com equipamento de segurança, entendo e percebo, mas se andamos na estrada com outros veículos normais vamos andar com Rollbar e afins, acho que no mínimo não é salutar, mas não serei a melhor pessoa para responder. É uma competição mas é uma regularidade.
Na minha opinião deveria existir:
Ralis FIVA – Carros até 30 anos sem equipamentos eletrónicos. Médias mais baixas.
Ralis CNRR – Como está, mais tarde alinham com os 30 anos.
Rali Sport – Médias ainda mais altas, equipamentos permitidos. Estradas fechadas.
Por mim os 2 primeiros poderiam co-existir numa mesma prova, participando em conjunto. Será possível? Terá inscritos suficientes?
Eu gosto de participar e não me sinto mal.
Os custos não são Low Cost, apesar do meu carro e do equipamento que tem ser, mas sem esta carolice e amadorismo as participações nos Ralis cada vez mais seriam para uma elite e menos para os adeptos da carolice e espírito de aventura- Atenção existe cada vez mais um afastamento dos jovens em relação aos carros e às provas motorizadas, queremos acabar de vez com as provas e vamos todos curtir o hyper milling à vela dos Eléctricos?
Seja desta ou de outras competições motorizadas existe cada vez menos divulgação e já existe mais participação em provas “intermédias” sem sentido pejorativo como as provas do NDML muito bem organizadas mas que penso não serem campeonatos nacionais do que num campeonato Nacional de ralis, porque será?
Algumas notas extra:
Participantes e temas relacionais: Não conheço outras competições mas ter várias pessoas com muita experiencia agradavelmente a explicar, ajudar e conviver não será em muitas. Claro que existe quem só pense nos títulos e desdenhe todos os outros participantes de meia tijela como eu, mas e nas outras competições, provas, passeios, etc não existem também? Temos duas hipóteses se gostamos de lá andar não nos relacionamos com essas pessoas e simplesmente não lhes damos ouvidos, se não nos sentimos bem por esta ou mais razões vamos pregar para outra freguesia. Atenção ás informações dadas que por vezes não são de desdém ou maldizentes são constatações claras mas que não gostamos de ouvir.
Veículos: Quanto aos veículos, é verdade que é muito mais giro ter um carro dos anos 60 ou 70 a participar, mas são mais caros de ter e manter que dos anos 80, além disso acabamos sempre por levantar mais facilmente pé para não estragar material, eu tenho pena de abusar dos carros mais antigos por isso tenho um charuto de meia tijela, estupidamente barato eventualmente fiável e do qual não tenho pena de andar a “partir” um pouco.
De acordo com as classes existentes, um veículo dos anos 80 pode não ser tão carismático mas para não profissionais são mais simples e baratos de preparar e manter abrindo a porta aos amadores. O mais importante nestes ralis é claramente a fiabilidade. Pode e se calhar deve ser efectuado no futuro uma tabela de handicaps, por ano, potência, relação peso-potência, ajudas à condução etc.
Equipamentos: Quem quiser participar com Bluniks, equipamentos electronicos e outros com precisão ao metro devem ter handicaps rigorosos ou participar numa classe à parte.
Tipos de Provas: Os organizadores serão os responsáveis por medidas futuras, eles são os mais conhecedores para levarem água a bom porto.
Não quero com esta longa missiva ofender ninguém. Pretendo apenas que também aqui nesta casa mesmo que pouco, se cultive o prazer de participar em provas de regularidade sejam elas FIVA, CNRR, Sport ou outras, e que principalmente divulguem as mesmas e demonstrem sempre que seja possível, uma foto, um cartaz, um pequeno texto. Para mudarmos o que achamos mal temos de participar e lutar por isso.
Não fui assertivo, desculpem-me por isso.
Abraço,