Abaixo as rainhas de garagem!

Eduardo Relvas

fiat124sport
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Desculpem lá o desabafo, mas tenho mesmo de dizer isto. Irrita-me um bocado quando aparecem certos comentários sobre descaracterização dos carros, falta de originalidade, etc.

Um clássico não é suposto ser o nosso pequeno prazer individual? Ser aquela escapadela à loucura do mundo moderno? Ser algo que nos diz o que queremos ouvir? Que expressa a nossa personalidade? E que mal tem mudar esta ou outra coisa se o carro fica mais a nosso gosto, ou é mais eficiente e seguro?

Restaurar um carro não é um contrato, nem uma prisão. É a nossa real gana a dizer-nos que podemos ser malucos, e o resto que se lixe. Comprar um carro moderno? Nem pensar! Este é muito mais giro, se calhar vai-me custar os olhos da cara, mas pronto! E fica como eu quero, e vou poder dizer que fui eu que fiz. Não tenham medo dos velhos do Restelo que vêm logo apontar que o vosso carro já não está bem, e que assim não vale nada ou assim e assado. É a frustração deles a falar porque vocês estão a gozar mais do que eles.

Quantas vezes vemos pessoas que restauram um carro e depois perde a piada porque depois de arranjado afinal o carro não tem tanta piada? Ou porque não é prático, ou porque é lento, ou porque assim ou porque assado.

Se mudarmos esta ou outra coisa, e isso tornar o carro mais agradável para nós, isso é um valor acrescentado, e vai estimular o nosso amor pelo carro. Assim vamos mantê-los em condições e usá-los frequentemente. Porque um carro parado se estraga, digam o que disserem. Eu sei. Preferem queimar a junta da cabeça ou deixá-la apodrecer? (sim, acontece, e até nos modernos... já vi)

Um carro deve acima de tudo andar. Foi para isso que se fizeram, todos eles sem excepção. A paixão do movimento é algo que muitos coleccionadores idiotas esqueceram. Qual é a excitação de ter um carro em casa e só lhe puxar o lustro com uma fraldinha? Tá bonito, sim senhor, e agora ir a um encontro? Andar na estrada? A maior parte diz-vos logo que não, que "é muito longe" ou outra desculpa esfarrapada qualquer.

Não me admira nada que ainda hoje muita gente quando compra um clássico vá logo comprar o que os ingleses chamam os "shiny bits", ou seja, as peças para pôr o carro bonito. E o resto? Pois...

Ainda agora no encontro nacional ouvi várias pessoas dizer que só era pena o meu carro não ter os estofos arranjadinhos, estavam a destoar e davam mau aspecto, etc. etc. Chamem-me esquisito se quiserem, mas eu prefiro que o carro vá e venha de Aveiro na boa, a concorrer com os modernos, do que ter estofos "muitalindos" para ficar confortavelmente sentado à espera do reboque! O aspecto não é tudo! Ainda digo mais, se não fosse ter o compromisso de levar a minha cunhada à igreja um mês depois de ele ter chegado a Portugal, ainda tinha andado bastante com ele antes de o pintar. Com pintura estalada e tudo!

E há-de chegar o dia dos estofos, quando os euros derem. Mas enquanto ele não chega, o carro anda, anda bem e com 41 anos anda mais do que muito outro carro com menos anos que por aí anda. E não tenho medo de o usar, nem tenho o número do rapaz do reboque na marcação rápida do telemóvel. E o meu miúdo delira com o carro, o cão também, e dá-me gozo andar com ele. Nem é uma questão de exibicionismo, é mesmo o prazer de condução a falar mais alto.

Desde que tenho carta que ando a esmagadora maioria do tempo na estrada com clássicos. Raramente me deixaram ficar mal (e menos do que muita gente com carros modernos), e definitivamente não me vejo a gozar tanto nem ter tanta viagem memorável com carros modernos. Os modernos não deixam histórias para contar.

Por isso não queiram ser uns velhos do Restelo que restauram tudo ao parafuso e rigorosamente segundo o projecto de fábrica, nem queiram que a maior excitação da vossa vida seja puxar o lustro com uma fraldinha e levar o carro de reboque para todo o lado. Disfrutem os vossos clássicos!

... e tenho dito! Desculpem lá, o serviço normal será resumido dentro de momentos...

Um abraço a todos!
 

Andre Brandao

Rebuilder
Concordo plenamente consigo... os clássicos têm que ser vividos, não podem ser só peças de museu.
Cumprimentos...
 

Eduardo Flôr

Clássico
Uma verdade inconveniente,com a qual concordo,primeiro deve vir sempre a paixão e o prazer,depois o resto.
Revejo-me completamente nesta opinião Eduardo.
 

Joao Rosa

Clássico
Porreiro...

Tambem nao sei qual é o mal se alguem aparecer com um carro com algum item menos bem tratado, pois as coisas podem ir se fazendo com o tempo e à medida dos €€€...mas normalmente as pessoas ao verem um carro é instantaneo dizerem ou pensarem o que nao lhes agrada neles (todos ja o fizemos admitam), apesar de às vezes nao ser por mal, outras nem tanto... um abraço a todos :cool:
 
J

Jorge Aguiar

Guest
Assim é que é Relvas:huh: Abaixo os "velhos do Restelo" e os "Gigantes do Adamastor":cool:
Este desabafo foi depois de abrires o kit de ferramentas que ganhaste com o 3º prémio ??:DD:D
 

Rui C.Carvalho

Clássico
Completamente de acordo,é preciso que as máquinas estejam a andar(com segurança) e o resto vem com o tempo e disponibilidade de cada um;não interessa se ainda falta aquele friso dificil de encontrar ou a pintura não é a que se deseja ,vamos lá a desfrutar da nossa paixão !
 

Miguel Menezes

Sumybraga
Queria eu ter a arte e o saber do amigo Eduardo para escrever um texto assim.
Concordo plenamente contigo, aliás como sabes, o que me importa é isso mesmo ir a Aveiro e vir com um carrito com 46 anitos e de apenas me preocupar com a gasosa. Gosto muito do estilo Inglês de uso do seu clássico é pegar nele e dar a volta á Europa numas férias, pois se dia tiver €€€ suficientes tambem arranco. :feliz: ......... E sei que alinhas ;)
 
Meu amigo, concordo plenamente contigo!!

Já fui criticado por causa de ter o mini com abas e farois suplementares e um volante racing e depois??? É meu e gosto dele assim. :huh:

O meu bmw, também não vai ficar original. E eu não tenho muitos €€ porque senão aí mudava bastante coisa no carro.
Em relação a restauros, também concordo contigo, primeiro mecânica, segurança e só depois vem o resto.

O clássico retrata o nosso espírito e maneira de ser e por isso, se tiver que ser original é, senão azar ;)
 

Nuno Andrade

Pre-War
Abaixo com os Srs. do cachimbo e todos os que como eles pensam...

Muito bem dito Eduardo... Sobrescrevo totalmente...

cumprimentos.
 

Hugo Rainho

Clássico
Boas Eduardo. Concordo contigo, aliás, neste encontro tive que levar o carro mais "abandalhado" que tinha, o 1602, embora por motivos forçados. O Opel Manta arranjadinho (mais ou menos) que era para levar não me transmitia sensação de fiabilidade mecânica visto que tinha tendência para aquecer(como já pudeste ver no meu tópico). Mas uma coisa é certa, o "abandalhado" Bmw nunca me deixou ficar mal!

P.S. Apesar dos problemas não deixo de gostar do Manta :DD
 

Rui Felizardo

YoungTimer
A malta quer é roncos, carburadores, cheiro a escape e muito barulho por essas secundárias! Viva o prazer da condução! Um bem haja a todos os que disfrutam sem ligar ao que os outros idealizam.
 

Miguel Menezes

Sumybraga
Só quero dar mais uma achega
Só não concordo que quem tem um carro não ande com ele.
Mas se estiver todo original não é crime nenhum e admiro muito quem luta por isso e não hade ser por eu não querer ou poder que vou criticar.
 
Concordo em parte com o que foi dito pois tenho de ressalvar que por vezes o maior desafio é colocar as coisas de origem por forma a ter a peça original.
Agora vos digo que se for preciso ter uma peça de um mini para puder fazer um bom passeio num fiat não tenho vergonha nenhuma.
Quanto ao circular com os veiculos classicos estou de pleno acordo carros em cima de reboque é contra natura!
 
OP
OP
Eduardo Relvas

Eduardo Relvas

fiat124sport
Premium
Obrigado a todos pelos comentários.

Atenção que isto não é de forma alguma uma crítica a quem se empenha em restaurar os carros ao ínfimo pormenor... é mesmo àqueles que não disfrutam os carros.

Por exemplo, o João Bento e o pai restauraram o carro na perfeição, mas ainda assim o João fez o slalom a queimar com ele. É para isso que o carro serve, para se ter prazer.

Além disso há coisas que estão melhor se estiverem de origem, lembro-me por exemplo das mil e uma aldrabices e enxertos que tirei de tanta cablagem de carros que arranjei. Quando se põe tudo como devia, funciona e funciona bem, e não tenho medo que pegue fogo.

Um abraço a todos!
 
:passim é que é eduardo!
tambem fui muito criticado com os meus gostos quando reconstrui o meu carocha...
por nao é de origem, nao tem valor comercial assim... BAAHHH!!!!!
eu consegui por o carro ao meu gosto e quem nao gosta feche os olhos!:wacko:
é claro que ignorei as bocaas dos outros mas uma coisa é certa!
o carro é UNICO!!!! porque nao vejo nenhum igual ao meu!!! :huh::huh::huh:
é meu e unico e é assim que eu penso!
e por onde passa todda a gente olha para o carro e diz:
-olha aquele carocha tao giro e diferente! :D
 

Ivo do Val Gil

Buda de Bucelas
Também fico abismado com a quantidade de coleccionadores que têm dezenas largas de clássicos, em estado de concurso, apenas para exposição. Falo por experiência própria pois conheço vários.
Isto no mundo dos clássicos há cada "esquizó", irra!
 
OP
OP
Eduardo Relvas

Eduardo Relvas

fiat124sport
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Jorge de Aguiar disse:
Assim é que é Relvas:huh: Abaixo os "velhos do Restelo" e os "Gigantes do Adamastor":cool:
Este desabafo foi depois de abrires o kit de ferramentas que ganhaste com o 3º prémio ??:DD:D

:DD:D

Por acaso ainda nem o abri, cheguei a casa e guardei-o cuidadosamente na minha prateleira das peças novas até decidir o que fazer com ele, mas tenho andado com tão pouco tempo para a garagem nestes dias que ainda nem vi bem o que tem...

Miguel Menezes disse:
Queria eu ter a arte e o saber do amigo Eduardo para escrever um texto assim.
Concordo plenamente contigo, aliás como sabes, o que me importa é isso mesmo ir a Aveiro e vir com um carrito com 46 anitos e de apenas me preocupar com a gasosa. Gosto muito do estilo Inglês de uso do seu clássico é pegar nele e dar a volta á Europa numas férias, pois se dia tiver €€€ suficientes tambem arranco. :feliz: ......... E sei que alinhas ;)

Caro amigo,

Não é arte nenhuma, foi mesmo só escrever à medida da inspiração. De facto a minha mentalidade é bastante próxima da dos ingleses, porque acho que eles têm razão.

Ora se eles até chegam a ter clássicos como carros de serviço nas suas empresas, e alguns bem exóticos, andamos nós aqui cheios de mariquices para quê?

Estou farto de tentar convidar este ou aquele tipo para passeios e torcem sempre o nariz. É por isso que às vezes até já me enjoam os carros exóticos, porque os donos também são exóticos... :D São umas aves raras idiotas que fazem 20 km por ano no máximo. Têm autênticos museus, para quê? Nunca gozam os carros! E nunca ninguém os vê.

Ainda há uns dias estava a ver um episódio do Top Gear de há uns anos e era um especial sobre a Lamborghini. Numa peça sobre o Miura, apareceu o Jay Kay (vocalista dos Jamiroquai, apaixonado por carros) com o seu SV, e mesmo ele dizia "não sou como a maior parte dos palhaços que os têm, e que os escondem e nunca andam neles. Por isso a maioria dos miúdos hoje em dia nunca viu um nem sabe o que é a sensação de ser passado por um Miura a 200 à hora". Isto é que é falar!

Quanto à história da Europa, é questão de um dia se alinhar a oportunidade certa... eu tinha vontade de ser já este ano com a desculpa das 24h de Le Mans Clássicas, mas não sei se os €€€ estarão à altura, acho que vai ser difícil... Mas outras oportunidades virão!

Um grande abraço aos dois!
 
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