Marco Pestana
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Batalha "portuguesa" da II Guerra Mundial foi há 62 anos em Aljezur
Por Marta Duarte (texto) e Luís Forra (fotos), da Agência Lusa Faro, 08 Jul (Lusa) - Era ainda adolescente mas lembra-se como se fosse hoje do dia em que, há mais de sessenta anos, viu um avião em chamas a cair a pique junto a Aljezur, na costa do Sudoeste algarvio, matando sete aviadores alemães. Passam sábado 62 anos.
Para José Emídio, agora com 75 anos, o dia 09 de Julho de 1943 começou calmo, como tantos outros, mas rapidamente o pânico tomou conta do povo que assistia, perplexo, a uma batalha aérea travada entre aviões alemães e ingleses.
"Ouvimos um grande estrondo e logo a seguir vimos um avião a arder no ar, que ia deixando um rasto de fumo negro", conta, acrescentando que as pessoas, apesar de muito assustadas, "queriam era ir lá ver o que é que se passava".
O mundo estava em plena II Grande Guerra e, apesar da neutralidade declarada pelo Governo português, o espaço aéreo do País era utilizado por ambas as facções - forças do Eixo e Aliados -, e não foram raros os casos de aviões abatidos ao longo da costa algarvia.
Contudo, nessa manhã, teria lugar a maior batalha aérea travada em território português durante a II Guerra, provocando a morte aos sete tripulantes do bombardeiro alemão - todos eles na casa dos 20 anos -, abatido pelos ingleses.
Segundo José Marreiros, da Associação de Defesa do Património Histórico e arqueológico de Aljezur, a batalha começou quando quatro caças alemães tentavam interceptar um "comboio" de 25 navios aliados, que navegava ao longo da costa vicentina em direcção ao Norte de África, escoltado por dois aviões "spitfire" ingleses.
Um dos caças alemães (os outros conseguiram escapar) acabaria por ser atingido, incendiando-se e explodindo no ar, antes de se despenhar sobre uma falésia no sítio da Parede, próximo da Ponta da Atalaia e junto à praia da Arrifana, onde se ergue um memorial em homenagem às vítimas.
De acordo com José Emídio, logo a seguir começou a "romaria" ao local do acidente, do qual apenas restaram intactas quatro grandes bombas de cerca de 250 quilos cada uma, detonadas artificialmente por especialistas.
"Houve muita gente que foi lá buscar peças do avião para as vender na sucata", recorda, acrescentando haver também quem usasse balas retiradas do local nos cintos, como recordação.
Os sete soldados que tripulavam o avião foram sepultados com honras de Estado no cemitério de Aljezur - onde as campas ainda se mantêm impecavelmente arranjadas -, num funeral a que assistiram quase todos os cerca de 6.000 habitantes da vila.
Adolf Hitler viria mesmo a condecorar quatro personalidades portuguesas - entretanto já falecidas -, com a cruz de mérito da águia alemã, num acto de reconhecimento do auxílio prestado na recolha e enterro dos aviadores.
Apesar de noticiada na imprensa da época, a batalha de Aljezur foi "completamente abafada" pelas autoridades, conforme conta José Marreiros, que realça ainda a existência de um faroleiro que serviria alegadamente os alemães sem o conhecimento da Marinha Portuguesa.
"Havia um faroleiro que informava via rádio a legação germânica em Lisboa de todas as movimentações dos aliados ao longo da costa algarvia", afirma, o que pode explicar a rapidez no ataque ao comboio aliado, já que os alemães tinham uma base no Sul de França.
O certo é que até hoje a batalha de Aljezur persiste na memória daquele povo, que velou os corpos dos sete tripulantes mortos como se de conterrâneos seus se tratasse.
MAD Lusa/Fim
Agência LUSA
Por Marta Duarte (texto) e Luís Forra (fotos), da Agência Lusa Faro, 08 Jul (Lusa) - Era ainda adolescente mas lembra-se como se fosse hoje do dia em que, há mais de sessenta anos, viu um avião em chamas a cair a pique junto a Aljezur, na costa do Sudoeste algarvio, matando sete aviadores alemães. Passam sábado 62 anos.
Para José Emídio, agora com 75 anos, o dia 09 de Julho de 1943 começou calmo, como tantos outros, mas rapidamente o pânico tomou conta do povo que assistia, perplexo, a uma batalha aérea travada entre aviões alemães e ingleses.
"Ouvimos um grande estrondo e logo a seguir vimos um avião a arder no ar, que ia deixando um rasto de fumo negro", conta, acrescentando que as pessoas, apesar de muito assustadas, "queriam era ir lá ver o que é que se passava".
O mundo estava em plena II Grande Guerra e, apesar da neutralidade declarada pelo Governo português, o espaço aéreo do País era utilizado por ambas as facções - forças do Eixo e Aliados -, e não foram raros os casos de aviões abatidos ao longo da costa algarvia.
Contudo, nessa manhã, teria lugar a maior batalha aérea travada em território português durante a II Guerra, provocando a morte aos sete tripulantes do bombardeiro alemão - todos eles na casa dos 20 anos -, abatido pelos ingleses.
Segundo José Marreiros, da Associação de Defesa do Património Histórico e arqueológico de Aljezur, a batalha começou quando quatro caças alemães tentavam interceptar um "comboio" de 25 navios aliados, que navegava ao longo da costa vicentina em direcção ao Norte de África, escoltado por dois aviões "spitfire" ingleses.
Um dos caças alemães (os outros conseguiram escapar) acabaria por ser atingido, incendiando-se e explodindo no ar, antes de se despenhar sobre uma falésia no sítio da Parede, próximo da Ponta da Atalaia e junto à praia da Arrifana, onde se ergue um memorial em homenagem às vítimas.
De acordo com José Emídio, logo a seguir começou a "romaria" ao local do acidente, do qual apenas restaram intactas quatro grandes bombas de cerca de 250 quilos cada uma, detonadas artificialmente por especialistas.
"Houve muita gente que foi lá buscar peças do avião para as vender na sucata", recorda, acrescentando haver também quem usasse balas retiradas do local nos cintos, como recordação.
Os sete soldados que tripulavam o avião foram sepultados com honras de Estado no cemitério de Aljezur - onde as campas ainda se mantêm impecavelmente arranjadas -, num funeral a que assistiram quase todos os cerca de 6.000 habitantes da vila.
Adolf Hitler viria mesmo a condecorar quatro personalidades portuguesas - entretanto já falecidas -, com a cruz de mérito da águia alemã, num acto de reconhecimento do auxílio prestado na recolha e enterro dos aviadores.
Apesar de noticiada na imprensa da época, a batalha de Aljezur foi "completamente abafada" pelas autoridades, conforme conta José Marreiros, que realça ainda a existência de um faroleiro que serviria alegadamente os alemães sem o conhecimento da Marinha Portuguesa.
"Havia um faroleiro que informava via rádio a legação germânica em Lisboa de todas as movimentações dos aliados ao longo da costa algarvia", afirma, o que pode explicar a rapidez no ataque ao comboio aliado, já que os alemães tinham uma base no Sul de França.
O certo é que até hoje a batalha de Aljezur persiste na memória daquele povo, que velou os corpos dos sete tripulantes mortos como se de conterrâneos seus se tratasse.
MAD Lusa/Fim
Agência LUSA