Carlos Galvão Santos
loscar
Caro Camacho, são abordagens diferentes.
Pessoalmente acho que se nos envolvermos a nível emocional num negócio perdemos capacidade de decisão e até alguma de negociação, mas isso também depende de pessoa para pessoa.
Qualquer clássico deve ser analisado friamente e sempre baseado em factos. Devemos ir com a lição estudada, devemos saber com antecedência a história do carro, devemos confirmar todos os números, desde o chassis ao motor passando pela matricula. Devemos confirmar, ponto por ponto todos os locais onde possivelmente existirá aldrabice, devemos, com o motor a frio pegar no carro e ir dar uma volta, parar longe do local de onde arrancamos e analisar outra vez já com o motor quente. Devemos saber que os piscas traseiros têm detalhes cromados e que o motor tem que ter aquele carburador especifico etc e tal... Como disse anteriormente tenho uma lista grande de como fazer e agir para comprar um carro.
Se tu dizes que não devemos passar a imagem de guru e só apontar os defeitos, eu digo que se o carro estiver a ser vendido "como novo", "restaurado de A a Z" ou "Inscrito no CPAA" e com o preço a condizer estas descrições, devemos apontar todos os defeitos do carro, devemos saber dizer, friamente o que está errado e ajustar a nossa oferta sempre de acordo com isso.
Obviamente se o carro está como na descrição e não tivermos argumentos, devemos aceitar a proposta, caso ela seja JUSTA.
Também não me fiz entender quanto ao facto de demonstrarmos quase que apatia quanto ao veiculo em questão, devemos ser sempre mais inteligente (e desculpem se ofendo alguém) calculistas e metódicos. Sempre antes de apresentar a nossa proposta e discutir a contra-proposta. Depois do negócio feito até podemos ir prós copos mais o vendedor, podemos e devemos caso seja um entusiasta e o negócio corra bem para ambos (que é sempre isso que eu procuro).
De qualquer maneira o entusiasmo, a meu ver, é sempre um mau aliado à análise (que é isso que estamos a falar).
Pessoalmente (se calhar estou enganado, mas foi a minha experiência que me fez pensar assim), devemos partir do principio que um negociante de automóveis é um lobo vestido de cordeiro, no caso de clássicos é pior porque a idade do carro é igualmente proporcional ao desgaste. Aliado a isto está o lucro, quase que obrigatório nos dias de hoje, que eles têm que garantir nas vendas, fazendo o mais desonesto que podemos pensar para nos tentar impingir o carro.
A ironia desta discussão é que está a acontecer numa semana que tive uma experiência que apenas comprova todos os argumentos que falei. Está escarrapachada no tópico do Citroen "DS". A conversa, extremamente agradável e de quem transpirava conhecimento do modelo em causa deixou-me descansado e com certezas que é mesmo um veiculo original e em condições quase inigualável no país (Citroen DS da primeira série, mas com liquido "verde"). Aliado a uma extrema saudade que lhe ia deixar um dos melhores carros que lhe tinha passado pelas mãos.... O resto da história pode ser vista no tópico, mas atalhando para o final, tratava-se de um "rafeiro" com motor e chassis que não coincidem, pedaços de outros para atalhar um resultado final, que homologado pelo CPAA não levanta suspeitas.
A própria genesis deste tópico, aparentemente, está no típico "deixei-me levar pelas emoções".
Desculpa o testamento, mas eu adoro este tema, principalmente a alguns dias da compra do carro que espero, seja para a vida. Sabes, que depois de tanto estudo, tanta leitura e tanta análise tenho tanto medo que a compra me corra mal?
Eu já estive para comprar outro clássico, mas a rodar e inspecionado e acabei por abandonar a ideia, para não voltar a ter surpresas desagradáveis. Tenho amigos que me dizem que sou demasiado perfeccionista.