Mike Silva
O aprendiz
A designação de "comercial", não joga muito a favor na hora de escolher um clássico para "adopção", uma actividade mais ligada com " tempos livres", " lazer", ou " Férias".
Nunca "trabalho".
Depois, por algum soturno motivo, os comerciais têm a mania estranha de virem só com dois lugares, ou no máximo ,três. Mais do que isso, já teremos de ter uma carta de outra categoria para os fazer circular na via publica.
Juntando a isto tudo, os comerciais estão anos luz da imagem que muitos entusiastas pretendem lançar, a de " prestígio" e " Bon vivant". Sabem perfeitamente que nunca irão conseguir essa imagem ao volante de uma " Caixa aberta",por exemplo. ( Mais tarde, descobrirão que também nao a vão conseguir ao volante de um MGB,que é basicamente uma carrinha de caixa aberta. Mas isso são outros quinhentos...)
Entranhou-se de tal maneira na nossa mente que os "comerciais" são para cinzentos personagens envergando fatos-macaco e desperdício no bolso, que falam de bombas e repartidores como quem fala de bola ou de telenovelas, que raramente desperdicamos um segundo olhar a um comercial, quando andamos a procura de um " projecto". Desconhecem os altos valores que os comerciais atingem em mercados internacionais de coleccionadores, frequentados por pessoas cujo os seus " segundos carros", envergonhariam muito dono de BMW comprado a crédito.
Entretanto, a nossa vida de entusiasta arrasta-se pelos anos, estacionando o nosso carocha nos encontros, ao lado de outros carochas. O puto de dezasseis anos, já dá palpites sobre carochas e sobre Minis. Ja nos "corrige", se não identificamos o espelho como sendo daquele ano. Quando acordamos de manhã, aos Domingos de encontros, rebentamos de expectativa sobre se iremos encontrar um espelho, ou um tubo novo para nos surpreender, num mar de carros que estamos carecas de conhecer.
Entretanto, aparece um comercial clássico: Uma carrinha.Um autocarro. Um camião. Uma furgoneta. Subitamente, a malta ja não liga aos espelhos e ao ano que pertence o escape do modelo B,instalado no modelo A. De repente, uma lufada de ar fresco, acompanhada de silvos de ar sobre pressão, e a visão de um motor que parece ter sido esculpido numa só peça, e cujas únicas modificações sao o óleo que escorre pelo bocal de enchimento abaixo, levam de novo as mãos aos narizes e às cabecas, que se coçam de novo a tentar assimilar o que acabam de ver. O fumo grosso , a ferrugem no chassis, e a caixa de carga toda esmoçada, ja não interessam para nada!
De novo, voltamos a ver um clássico na sua essência, como um veículo que surpreende e nos transporta de novo para tempos passados. Já não nos importamos com escorridos de tinta,porque sinceramente, não existe semelhante coisa numa pintura que conservou o seu carácter ao longo dos anos, Riscos e mossas "included". E que dá um jeitão do camandro, quando precisamos de fazer mudanças ou algum transporte. Ou armazenar motos,ou ferramentas.
Um pequeno grupo reduzido de "camisinhas de marca", relegados para segundo plano, reunem-se ao fundo, junto a MGBs ultravalorizados, e a carochas a custar o preco de um M3, a descobrir da pior forma que um comercial salta brutalmente à vista num encontro de clássicos, e rouba facilmente o protagonismo , colocando-se violentamente no foco de atencoes que rebenta contra ele,como um Mar encapelado numa tarde de Inverno contra as rochas.
Não será para todos, é certo. Não é essa a intenção. De maneira nenhuma.Mas se noutros paises a procura de pesados e comerciais classicos está a aumentar,porque nao resguardarmos nos tambem essa importante fatia da Historia que nos pertence? Esperaremos que seja tudo destruido e vendido para a sucata, e levado para o estrangeiro?
Da próxima vez que virem um comercial,ligeiro ou pesado a precisar de atenção, apercebam-se do desafio que poderá ser, e do interesse brutal que ira gerar a sua volta...Mais uma opção que contibuirá para esta diversidade que e o entusiasmo por veiculos classicos.Mais um rude golpe desferido naqueles que julgam que isto dos clássicos é apenas para meia-dúzia, e um feudo onde podem brincar ás leis e ás regras.
Nunca "trabalho".
Depois, por algum soturno motivo, os comerciais têm a mania estranha de virem só com dois lugares, ou no máximo ,três. Mais do que isso, já teremos de ter uma carta de outra categoria para os fazer circular na via publica.
Juntando a isto tudo, os comerciais estão anos luz da imagem que muitos entusiastas pretendem lançar, a de " prestígio" e " Bon vivant". Sabem perfeitamente que nunca irão conseguir essa imagem ao volante de uma " Caixa aberta",por exemplo. ( Mais tarde, descobrirão que também nao a vão conseguir ao volante de um MGB,que é basicamente uma carrinha de caixa aberta. Mas isso são outros quinhentos...)
Entranhou-se de tal maneira na nossa mente que os "comerciais" são para cinzentos personagens envergando fatos-macaco e desperdício no bolso, que falam de bombas e repartidores como quem fala de bola ou de telenovelas, que raramente desperdicamos um segundo olhar a um comercial, quando andamos a procura de um " projecto". Desconhecem os altos valores que os comerciais atingem em mercados internacionais de coleccionadores, frequentados por pessoas cujo os seus " segundos carros", envergonhariam muito dono de BMW comprado a crédito.
Entretanto, a nossa vida de entusiasta arrasta-se pelos anos, estacionando o nosso carocha nos encontros, ao lado de outros carochas. O puto de dezasseis anos, já dá palpites sobre carochas e sobre Minis. Ja nos "corrige", se não identificamos o espelho como sendo daquele ano. Quando acordamos de manhã, aos Domingos de encontros, rebentamos de expectativa sobre se iremos encontrar um espelho, ou um tubo novo para nos surpreender, num mar de carros que estamos carecas de conhecer.
Entretanto, aparece um comercial clássico: Uma carrinha.Um autocarro. Um camião. Uma furgoneta. Subitamente, a malta ja não liga aos espelhos e ao ano que pertence o escape do modelo B,instalado no modelo A. De repente, uma lufada de ar fresco, acompanhada de silvos de ar sobre pressão, e a visão de um motor que parece ter sido esculpido numa só peça, e cujas únicas modificações sao o óleo que escorre pelo bocal de enchimento abaixo, levam de novo as mãos aos narizes e às cabecas, que se coçam de novo a tentar assimilar o que acabam de ver. O fumo grosso , a ferrugem no chassis, e a caixa de carga toda esmoçada, ja não interessam para nada!
De novo, voltamos a ver um clássico na sua essência, como um veículo que surpreende e nos transporta de novo para tempos passados. Já não nos importamos com escorridos de tinta,porque sinceramente, não existe semelhante coisa numa pintura que conservou o seu carácter ao longo dos anos, Riscos e mossas "included". E que dá um jeitão do camandro, quando precisamos de fazer mudanças ou algum transporte. Ou armazenar motos,ou ferramentas.
Um pequeno grupo reduzido de "camisinhas de marca", relegados para segundo plano, reunem-se ao fundo, junto a MGBs ultravalorizados, e a carochas a custar o preco de um M3, a descobrir da pior forma que um comercial salta brutalmente à vista num encontro de clássicos, e rouba facilmente o protagonismo , colocando-se violentamente no foco de atencoes que rebenta contra ele,como um Mar encapelado numa tarde de Inverno contra as rochas.
Não será para todos, é certo. Não é essa a intenção. De maneira nenhuma.Mas se noutros paises a procura de pesados e comerciais classicos está a aumentar,porque nao resguardarmos nos tambem essa importante fatia da Historia que nos pertence? Esperaremos que seja tudo destruido e vendido para a sucata, e levado para o estrangeiro?
Da próxima vez que virem um comercial,ligeiro ou pesado a precisar de atenção, apercebam-se do desafio que poderá ser, e do interesse brutal que ira gerar a sua volta...Mais uma opção que contibuirá para esta diversidade que e o entusiasmo por veiculos classicos.Mais um rude golpe desferido naqueles que julgam que isto dos clássicos é apenas para meia-dúzia, e um feudo onde podem brincar ás leis e ás regras.