Gasolina com ou sem chumbo?

Estado
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Alguém tem algo a dizer sobre o uso de gasolina sem chumbo versus aditivada?

Em tempos li que é possível usar gasolina sem chumbo nos clássicos feitos para gasolina com chumbo se se tiver algumas precauções:

- Com o uso os motores vão acumulando resíduos de chumbo o que permite que o seu efeito (aumento das octanas) se prolonge por um determinado período mesmo usando gasolina sem chumbo. Desta forma, recomendar-se-ía alternar o uso de gasolina com e sem chumbo num proporção de 1 depósito com gasolina com chumbo por cada 3 depósitos de gasolina sem chumbo.

Por outro lado, uma vez que a gasolina aditivada já não se encontra e os aditivos não tem, efectivamente, chumbo esta norma não será viável...


Será que alguém sabe qualquer coisa sobre este tópico?

PS: Já agora, sabem porque se adicionou chumbo à gasolina? Bom, o chumbo começou a ser adicionado à gasolina nos anos 20 por razões que nada tinham a ver com os automóveis. Na época, os porta-aviões não tinham sistemas de catapulta para fazerem descolar os aviões, daí que os mesmos tinha de conseguir levantar vôo de facto antes do fim da pista (que era curta...). A resposta aparentemente mais lógica para este problema era aumentar a potência dos motores. Naturalmente,na época, o motor a jacto ainda não tinha sido inventado pelo que os aviões tinham motores de combustão interna com pistões (iguais aos dos nossos carros...). Desta forma, a Marinha dos Estados Unidos, tentando resolver este problema, descobriu que se se aumentasse a taxa de compressão dos motores, aumentava a potência (este truque ainda hoje é usado pelos preparadores de motores que usam juntas da cabeça do motor mais finas e/ou maquinam a base da própria cabeça, retirando-lhe altura por forma a diminuir ligeiramente o volume total da câmara de combustão aumentando assim a compressão!). Esse aumento da taxa de compressão trouxe um "efeito lateral" indesejado que era a tendência para que o combustível inflamasse repentinamente e de maneira não homgénea. Em condições ideais o combustível começa a inflamar apartir dos eléctrodos da vela e vai queimando na direcção oposta. Se a combustão for muito "violenta" (o que acontece se se aumentar a taxa de compressão), a queima do combustível não segue esse "trajecto" de forma tão regular levando a que o pistão se desloque demasiado depressa e "antes do tempo", dando origem a um trabalhar irregular e perda de potência (além de aumentar o consumo...) num fenómeno a que se chama "pré-ignição". A forma que se encontrou para contornar isso foi aumentar a capacidade de combustão da gasolina, ou seja... aumentar o índice de octanas (nos anos 20, as gasolinas tinham 40-60 octanas)! Isso foi conseguido através da adição de chumbo (tetra-etil de chumbo mais precisamente...)!
 

Afonso Santos

YoungTimer
Pedro,

o meu pai tem um mini clubman de 73, já perguntou a diversos mecânicos se poderia usar gasolina sem chumbo 95 ou 98, à qual eles responderam que sim, não tem problema nenhum. Portanto, há mais ou menos 2 anos que usa gasolina sem chumbo e nunca teve problemas.

Afonso
 
OP
OP
P

Pedro Santos Jorge

YoungTimer
Têm ambos razão no que escrevem!

De facto o problema está no aumento acentuado do ritmo de desgaste das válvulas de escape. Penso que o ideal estará algures a meio do que aconselha o Afonso e o RH Stoll:

-Usar gasolina sem chumbo sem qualquer aditivo é possível mas, possivelmente, será necessário mudar as válvulas mais cedo do que sería normal. Nos anos 20, quando se introduziu o chumbo, um motor fazía 20.000 - 30.000 Kms e era depois recondicionado! Claro que os motores dos anos 50-70 (a maioría dos clássicos que temos são desta época) são muito mais evoluídos pelo que "resistem" muito melhor. Por outro lado, tanto as gasolinas actuais como os aditivos substitutos do chumbo possuem características detergentes consideráveis que lhes conferem uma capacidade para "limpar" internamente muitas das impurezas e resíduos acumulados no motor, o que não é necessáriamente bom para os motores clássicos! Efectivamente, os motores dos nossos clássicos possuem impurezaas e resíduos (de chumbo, nomeadamente) que ajudam a "tapar" algumas folgas causadas pelo desgaste dos componentes, pelas juntas em estado de conservação menos bom, etc. Assim, se "limpamos" demasiado aumentamos a probabilidade de fugas de óleo, diminuição da compressão, etc. Daí que eu pense que os aditivos devam ser usados de tempos a tempos e não por norma, sempre que se enche o depósito.

O que lhes parece?

Pedro
 

Afonso Santos

YoungTimer
Pedro,

como mencionei em cima, o meu pai à 2 anos que usa sempre gasolina sem chumbo 95 e, nunca teve problemas por isso.

Abraço,

Afonso
 
OP
OP
P

Pedro Santos Jorge

YoungTimer
Afonso,

Quando dizia que ao usar gasolina sem chumbo sem usar substitutos do chumbo existia a possibilidade de ter um desgaste maior nas válvulas de escape, queria dizer isso mesmo: possibilidade! Não é uma certeza!

Por outro lado, a diferença entre os motores preparados para gasolina com e sem chumbo reside na liga metálica usada mas válvulas de escape logo, como nunca sabemos ao certo que tipo de liga constitui as "nossas" válvulas, pode muito bem dar-se o caso de nunca termos problemas!

Um abraço,
Pedro
 

Vitor Dinis Reis

Pre-War
Membro do staff
Portalista
Concordo, mas além do efeito de limpeza temos outras duas questões que penso serem mais importantes:
  • O efeito lubrificante da gasolina com chumbo,
  • A maior "octanagem" provoca uma explosão mais violenta.
Começo por analizar a segunda: ao usar gasolinas com 98 e 100 octanas obrigamos os motores a funcionar com explosões para as quais estes motores não estão preparados. Isto leva a um desgaste anormal de vários componentes, nomeadamente o próprio pistão.
Este problema "obriga" que muitos motores sejam alvos de intervenção especifica para alterar o ponto morto superior retardando o início da ascenção (2 na imagem abaixo), porque não é possivel alterarmos as ligas das cabeças, pistões, etc. Atenção que isto deve ser feito por quem "percebe da poda".

motor4tempos.gif


A outra questão é o efeito lubrificante. Aqui não hà grandes ciências, penso que é essencial utilizar regularmente os ditos aditivos. Sem a protecção do chumbo as batidas "em seco" das válvulas nas sedes vão provocar um desgaste prematuro delas e levar a deformações.
Certamente que Clubman do pai do Afonso irá começar a ter problemas de compressão com o passar do tempo.
 

Vitor Dinis Reis

Pre-War
Membro do staff
Portalista
Aproveito para deixar uma tabela da ACAP (Associação Comércio Automóvel de Portugal) sobre os veiculos que podem ou não utilizar gasolina sem chumbo aditivada.
Ver anexo 207
 

Anexos

  • gasolina-aditivada.xls
    82 KB · Vistos: 444
Viva

Cá para mim se o motor não foi feito a pensar na gasolina sem chumbo eu não arrisco! Não custa nada deitar para o deposito o aditivo.
Claro está que se um dia precisar de gasolina e me tiver esquecido do frasquito, é claro que nem me vou preocupar com o assunto, vai mesmso sem aditivo e de certeza que a cabeça do motor não se estraga.
 
Afonso Santos disse:
Pedro,

como mencionei em cima, o meu pai à 2 anos que usa sempre gasolina sem chumbo 95 e, nunca teve problemas por isso.

Abraço,

Afonso


E nesse caso 2 anos é igual a quantos kilómetros ? O uso de gasolina sem chumbo de modo continuado num motor não pensado para o efeito só vai revlar efeitos a longo prazo.
Não é o mesmo que dixar cair uma lampada ao chão, "olha... Partiu-se..."
 
Bom dia a todos

Na passada semana entrei em contacto com a Mercedes, para saber o que fazer com o meu Mercedes 190SL de 1956, foi-me transmitido que poderia usar S/chumbo 98 sem problemas, mas que era melhor ulilizar com aditivo.

Saudações Clássicas
Salvado Santos
 

Nuno Gomes

YoungTimer
Não se esqueçam que a taxa de compressão também conta! Mesmo que possa usar sem chumbo, há ainda a considerar 95 ou 98, segundo a taxa de compressão, correndo o risco de ocorrer auto-detonação se o combustivel tiver poucas octanas! Para além disso, o numero de octanas está mais directamente relacionado com a compressão a que o combustivel pode ser sujeito do que propriamente o rendimento que dá! Geralmente, os motores que usam gasolina de maior octanagem têm mais rendimento, mas não depente directamente da gasolina, mas sim do motor que tem geralmente uma taxa de compressão maior. Nos carros que inicialmente usavam super, convêm usar 98+aditivo.
Nos que usavam a gasolina "normal" (aida se lembram dela?), convêm usarem 95+aditivo.
 
Olá

Quando se fala em octanas logo aparecem grandes explicações onde relaciona indice de octanas com a capacidade da gasolina em aumentar o rendimento de um motor.
Sabendo que isso não é verdade, e para não ser eu argumentar sobre esta questão já que aquilo que cada um de nós escreve por aqui vale o que vale, deixo-vos aqui um texto que se pode ler numa enciclopédia on line

"Octanagem é o índice de resistência a detonação dos combustíveis. O índice faz relação de equivalência à porcentagem de mistura em isoctano e n-heptano. Por exemplo, uma octanagem de 87 equivale a uma mistura de 87% de isoctano e 13% de n-heptano.

Ao contrário do que muitos pensam, a octanagem não tem correspondência com a qualidade do combustível. Normalmente motores mais potentes exigem maiores pressões e, por consequência, combustíveis mais resistentes. Mas a maior potência e rendimento é sempre obtido a partir de combustíveis de octanagem compatível com o projeto do motor.

Qual a relação do chumbo com a octanagem da gasolina?

O chumbo era utilizado para aumentar a octanagem da gasolina, mas, por questões ambientais, foi eliminado. O chumbo somente é utilizado na gasolina de aviação, sendo seu uso prejudicial aos carros modernos, equipados com catalisadores e sonda-lâmbda.


Uma gasolina com maior octanagem pode ser mais econômica?

Sim, nos carros que requerem este tipo de gasolina. Não utilizá-la vai aumentar o consumo, reduzir a potência disponível e pode causar danos ao motor do veículo."

Bom, a até aqui tudo bem nada de novo, agora o que eu gostava de saber é porque é que os carros de um modo geral funcionam melhor com 98
 

Claudio Vilas

Veterano
Boa noite

Se os motores foram criados para gasolina com chumbo, quem andar com o carro sem o respactivo aditivo pode ter a certeza que daqui por uns tempos vai ter problemas com as valvulas e não só.
Alias, foi dada aqui uma explicação pelo Sr Vitor Diniz, qu esclarece tudo.
Quem quiser fazer asneiras faz mas depois:::::::::.
Cump

Claudio
 

Ricardo Raposo

MiniManiaco
Boas...

A volta de uns 2/3 anos o meu pai tinha um renault 5 C de 86, acontece que qd houve essa alteraçao das gasolinas aquele carro nao se dava com nenhuma sem ser 98.
Fosse Super aditivada ou a 95 ele começava aos soluços. A minha mae nao sabia e qd andava com ele punha super e lá tinha o meu pai que no dia seguinte desmontar carburador e lava-lo, e tirar a gasolina do deposito. Com a 98 andava certinho.
Esse já nao o temos.
Agr eu nao sei o que fazer com o 106XN de 92.... Alguem tem dicas para este?? Nao quero que ele fique já de reforma.
 
Ricardo Raposo disse:
Boas...

A volta de uns 2/3 anos o meu pai tinha um renault 5 C de 86, acontece que qd houve essa alteraçao das gasolinas aquele carro nao se dava com nenhuma sem ser 98.
Fosse Super aditivada ou a 95 ele começava aos soluços. A minha mae nao sabia e qd andava com ele punha super e lá tinha o meu pai que no dia seguinte desmontar carburador e lava-lo, e tirar a gasolina do deposito. Com a 98 andava certinho.
Esse já nao o temos.
Agr eu nao sei o que fazer com o 106XN de 92.... Alguem tem dicas para este?? Nao quero que ele fique já de reforma.


Essa situação é no minimo estranha. Por experiencia nunca encontrei carro algum que tivesse sintomas assim tão estranhos (desmontar carb.) só por passar de 98 para 95 ou coisa assim.
Pode haver engasgadelas em situações pontuais, mas basta uma afinação principalmente no ponto do motor para que tudo passe.
A unica coisa que noto é que um carro afinado para 98 fica mais lento e eventualmente a "grilar" quando leva 95.
O caso mais estranho foi com o motor de um carocha de 59 que na época só bebia "normal" e após o restauro o dono espetou-le gota de 100 :D Foam dois jogos de velas e muita dor de cabeça para ter uma afinação rasoavel enquanto as velas não pifavam :rolleyes: Com 95 ficou 5 estrelas.

Quanto ao NX de 92, a de 95 serve perfeitamente desde que a afinação esteja correcta.
 
João Fernando disse:
E já agora qual o aditivo mais recomendável?

De qualquer marca?

Eu por comodidade (existe sempre nas bombas) uso o da Galp. tem uma vantagem sobre outros queó facto de não ter tendencia para solidificar dentro da garrafa como é o caso da redex.
Se é melhor ou pior...acho que ninguem sabera opinar com verdadeiro conhecimento de causa.
 

Amandio Lima

YoungTimer
Boa noite,

Então,para me esclarecer melhor, não que não tivesse esclarecido, mas para que me seja ainda maisutil este conhecimento, que tipo de gasolina deverei usar nestes três carros, pois são os que andam mais:

VW 1303 de 76 que tem um motor novo que veio da suiça, que muito provavelmente será muito mais recente que o carro....

O Mini 1000 MKII de 70 e no Mini HL 1000 que é de 78?

Um muito obrigado e saudações classicas!!
 

Rodrigo Pires

YoungTimer
Boa tarde.
Apenas vou relatar a minha experiência pessoal com os meus minis, que pode não valer grande coisa. Com 95, o carro fica completamente diferente, parece que se ouvem logo as válvulas a bater e o carro parece que não tem forças. Com 98 não denoto grandes diferenças, quer seja de som, quer seja de andamento, nada, mas sei que o desgaste das válvulas é muito maior. Ando sempre com 98 ao qual adiciono o aditivo, por precaução de modo a evitar problemas futuros, tal como já foi referido é preciso lembrar que os problemas que podem vir a aparecer são sempre no longo prazo. O aditivo que uso é o da Bardhal.
Experimentei uma vez a gasolina de 100 octanas da BP, e o que posso dizer é que realmente o carro andava um bocadinho mais e as recuperações eram mais rápidas. Mas talvez tenha sido só impressão minha!!!

A minha opinião é que se deve usar 98 com aditivo, penso que é a melhor opção embora mesmo com aditivos, a gasolina não seja a mesma coisa que a super.
 
Estado
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