Conta apagada 31475
Antes Francisco Lemos Ferreira
Armando de Lacerda – O Senhor Automobilismo
Venho apresentar à comunidade do Portal dos Clássicos, o Senhor Armando de Lacerda, para mim o Senhor do Automobilismo Português, grande impulsionador da modalidade no anos 70 em Portugal e no ultramar, nomeadamente organizou as 6 Horas Internacionais de Nova Lisboa ( Huambo) e Rallye de Portugal .Tive a honra de o convidar para este fórum, sendo certo que já se tinha registado em Dezembro de 2007, facto que desde logo me suscitou a atenção.
Como uma capacidade de organização singular, Armando de Lacerda , presenciou momentos de glória e de tragédia, sendo parte integrante da História do Automobilismo Português. Pelo que me deu a conhecer, a humildade do Senhor Armando é da dimensão do seu passado. Os relatos na 1ª pessoa no Mazungue, Sazalangola e outro fóruns são de teor histórico.
As 6 Horas Internacionais de Nova Lisboa (hoje Huambo) foi uma prova emblemática, onde Armando de Lacerda ( Sporting Clube do Huambo) conseguiu um traçado que entrou para o Calendário das Provas FIA . Privou com Pilotos oriundos de todo o mundo, como Gérard Larrousse, Vic Elford, “Nicha”Mário Araújo Cabral, Claude Swietlick (todos em Lola T290 da Écurie Bonnier), André Wicky (presente em provas como Vila Real com o seu Porsche 908/2) e Os Portugueses Carlos Gaspar, Carlos Santos, Hélder de Sousa, Santos Peras, Cardoso Albernaz, António Peixinho, Mabílio de Albuquerque, Emílio Marta, Waldemar Teixeira, “Larama” e Organizou provas onde se viam máquinas como o Lola T290, T280, Chevron B21, Porsche 907, 910, Ford GT 40, Ford Capri, BMW 2002, 2800 Csi , Alfa Romeo e Mini.
Vou permitir-me citar dois relatos deliciosos do Sr. Armando de Lacerda:
Sobre as 6 Horas Internacionais de Nova Lisboa ( Huambo)
O Ruy veio recordar-me o José Viegas, um velho amigo e companheiro de trabalho na Mineira do Lobito com quem efectuei muitas incursões por "Nova Lisboa by night".
O Viegas, que corria pelo Taki-Talá, entrou nas 6 Horas de 1972 e verificou que o Gerard Larrousse o ultrapassava de 7 em 7 voltas.
Então o José Viegas depois comentava: Cada vez que o Larrousse me ultrapassava, eu sabia que já tinha conseguido dar mais 7 voltas.
Mas a evocação do Ruy veio lembrar-me um episódio engraçado que, não resisto a contar.
Uma tarde fui com o José Viegas beber um whisky a casa da "D.Esmeralda".
Para quem não conheceu, a "D.Esmeralda" era uma "respeitável" senhora que, segundo afirmava, tinha o melhor whisky de Nova Lisboa porque o recebia toda das Forças Armadas.
Além das bebidas, passava também uns filmes pornográficos e, no meio destes, um das 6 Horas que ela anunciava ser a corrida que o seu grande amigo Lacerda dirigia e que fora filmado pelo filho dela.
Após o 25 de Abril, a D.Esmeralda verificava, com grande tristeza, que os seus filmes, que lhe haviam custado bom dinheiro, eram inocentes comparados com os que se estavam a exibir nas salas de cinema.
Como se não bastassem já os atributos referidos, a D.Esmeralda dava guarida a outras "respeitáveis senhoras", algumas delas casadas, que vinham de Luanda passar umas férias a Nova Lisboa e, juntando o útil ao agradável, realizavam um pequeno pé-de-meia.
E o pé-de-meia por vezes era tão bom que houve uma senhora que, ao fim de um mês, regressou a Luanda no seu BMW 2002 que adquirira no fim das férias.
Para concluir e para nem pensarem que exagero na qualidade da casa, só vos digo que, uma noite depois do jantar, ali levei alguns colegas meus, comissários de feiras internacionais, e que o Comissário da Feira de Paris, entusiasmado com a qualidade do serviço, afirmou que iria aconselhar a inclusão da casa no Guia Michelin.
Mas voltando aquela tarde e ao José Viegas, só vos digo que, enquanto bebiamos o whisky, ele contou à senhora, que nos acompanhava na bebida, uma história tão triste sobre a sua solidão que esta prontificou-se a ir a casa dele passar a ferro um fato que ele precisava para ir naquela noite a uma festa e que estava todo amarrotado.
E dali saímos os três direitos à casa do José Viegas onde, depois de beber mais um whisky, ali os deixei com a senhora a passar-lhe o fato, ao mesmo tempo que suavizava um pouco a sua terrível solidão.
Um abraço e até sempre!
Sobre o V Rallye Tap
Há já algum tempo, tinha prometido, no forum do NKT ao jóvem e nosso amigo Caldeira, contar a história de um "famigerado" controle de passagem que foi fatal para 24 concorrentes ao V Rali TAP.
Problemas familiares e, muito principalmente, porque penso que estas recosdações pouco possam interessar aos outros, tem feito com que adiasse o prometido.
Porém, como vejo, actualmente, tão pouca participação nos foros dos automóveis e o nosso jóvem Caldeira incitando a uma maior participação de todos, aí vai a história.
Que me desculpem aqueles para quem, estas recordações de velho, nada dizem.
O César Torres tinha preparado uma pequena armadilha e pensava que um ou outro concorrente, mais desatento, iria cair nela.
Nunca pensou que se verificasse a hecatombe que na realidade sucedeu.
O V Rali TAP foi o último que meteu uma prova de regularidade.
A localização desta prova não estava indicada no regulamento, o qual dizia que ela seria indicada no controle horário anterior à mesma.
Assim, foi instalado um controle horário em frente do Convento de Mafra e, ali, era entregue aos concorrentes uma carta indicando a localização da regularidade que teria lugar no Gradil.
Entretanto, no trajecto entre esse controle e o início da regularidade, foi instalado, conforme permitia o regulamento, um controle de passagem..."o famigerado"!
Sucede que 24 dos concorrentes ao receberem a carta com a indicação da regularidade já não ligaram ao itinerário do regulamento e enfiaram logo directos ao Gradil, por uma estrada logo a seguir ao Convento, falhando, portanto, o controle de passagem e sendo, por isso, desclassificados.
Na Ota, onde terminou o Rali, foi um autêntico pandemónio pois os desclassificados queriam, por força, serem repescados.
O César foi intransigente dizendo que, se tivesse pensado que a maioria falhava o controle de passagem, não o teria lá posto, mas não podia fazer nada pois agora tinha 24 a reclamar sem razão e se os repescasse teria 6 a reclamar com razão.
E para ter assunto para voltar à vossa presença, em breve, vos direi quem foram os 6 que cumpriram com o regulamento.
Armando de Lacerda in Mazungue
Presto aqui homenagem ao Sr. Armando de Lacerda, em nome do Portal dos Clássicos, e que se a saúde permitir estará presente no nosso Encontro Nacional em Aveiro enriquecendo o evento com o seu convívio.
Bemvindo e Bem Haja
Francisco Lemos Ferreira
Venho apresentar à comunidade do Portal dos Clássicos, o Senhor Armando de Lacerda, para mim o Senhor do Automobilismo Português, grande impulsionador da modalidade no anos 70 em Portugal e no ultramar, nomeadamente organizou as 6 Horas Internacionais de Nova Lisboa ( Huambo) e Rallye de Portugal .Tive a honra de o convidar para este fórum, sendo certo que já se tinha registado em Dezembro de 2007, facto que desde logo me suscitou a atenção.
Como uma capacidade de organização singular, Armando de Lacerda , presenciou momentos de glória e de tragédia, sendo parte integrante da História do Automobilismo Português. Pelo que me deu a conhecer, a humildade do Senhor Armando é da dimensão do seu passado. Os relatos na 1ª pessoa no Mazungue, Sazalangola e outro fóruns são de teor histórico.
As 6 Horas Internacionais de Nova Lisboa (hoje Huambo) foi uma prova emblemática, onde Armando de Lacerda ( Sporting Clube do Huambo) conseguiu um traçado que entrou para o Calendário das Provas FIA . Privou com Pilotos oriundos de todo o mundo, como Gérard Larrousse, Vic Elford, “Nicha”Mário Araújo Cabral, Claude Swietlick (todos em Lola T290 da Écurie Bonnier), André Wicky (presente em provas como Vila Real com o seu Porsche 908/2) e Os Portugueses Carlos Gaspar, Carlos Santos, Hélder de Sousa, Santos Peras, Cardoso Albernaz, António Peixinho, Mabílio de Albuquerque, Emílio Marta, Waldemar Teixeira, “Larama” e Organizou provas onde se viam máquinas como o Lola T290, T280, Chevron B21, Porsche 907, 910, Ford GT 40, Ford Capri, BMW 2002, 2800 Csi , Alfa Romeo e Mini.
Vou permitir-me citar dois relatos deliciosos do Sr. Armando de Lacerda:
Sobre as 6 Horas Internacionais de Nova Lisboa ( Huambo)
O Ruy veio recordar-me o José Viegas, um velho amigo e companheiro de trabalho na Mineira do Lobito com quem efectuei muitas incursões por "Nova Lisboa by night".
O Viegas, que corria pelo Taki-Talá, entrou nas 6 Horas de 1972 e verificou que o Gerard Larrousse o ultrapassava de 7 em 7 voltas.
Então o José Viegas depois comentava: Cada vez que o Larrousse me ultrapassava, eu sabia que já tinha conseguido dar mais 7 voltas.
Mas a evocação do Ruy veio lembrar-me um episódio engraçado que, não resisto a contar.
Uma tarde fui com o José Viegas beber um whisky a casa da "D.Esmeralda".
Para quem não conheceu, a "D.Esmeralda" era uma "respeitável" senhora que, segundo afirmava, tinha o melhor whisky de Nova Lisboa porque o recebia toda das Forças Armadas.
Além das bebidas, passava também uns filmes pornográficos e, no meio destes, um das 6 Horas que ela anunciava ser a corrida que o seu grande amigo Lacerda dirigia e que fora filmado pelo filho dela.
Após o 25 de Abril, a D.Esmeralda verificava, com grande tristeza, que os seus filmes, que lhe haviam custado bom dinheiro, eram inocentes comparados com os que se estavam a exibir nas salas de cinema.
Como se não bastassem já os atributos referidos, a D.Esmeralda dava guarida a outras "respeitáveis senhoras", algumas delas casadas, que vinham de Luanda passar umas férias a Nova Lisboa e, juntando o útil ao agradável, realizavam um pequeno pé-de-meia.
E o pé-de-meia por vezes era tão bom que houve uma senhora que, ao fim de um mês, regressou a Luanda no seu BMW 2002 que adquirira no fim das férias.
Para concluir e para nem pensarem que exagero na qualidade da casa, só vos digo que, uma noite depois do jantar, ali levei alguns colegas meus, comissários de feiras internacionais, e que o Comissário da Feira de Paris, entusiasmado com a qualidade do serviço, afirmou que iria aconselhar a inclusão da casa no Guia Michelin.
Mas voltando aquela tarde e ao José Viegas, só vos digo que, enquanto bebiamos o whisky, ele contou à senhora, que nos acompanhava na bebida, uma história tão triste sobre a sua solidão que esta prontificou-se a ir a casa dele passar a ferro um fato que ele precisava para ir naquela noite a uma festa e que estava todo amarrotado.
E dali saímos os três direitos à casa do José Viegas onde, depois de beber mais um whisky, ali os deixei com a senhora a passar-lhe o fato, ao mesmo tempo que suavizava um pouco a sua terrível solidão.
Um abraço e até sempre!
Sobre o V Rallye Tap
Há já algum tempo, tinha prometido, no forum do NKT ao jóvem e nosso amigo Caldeira, contar a história de um "famigerado" controle de passagem que foi fatal para 24 concorrentes ao V Rali TAP.
Problemas familiares e, muito principalmente, porque penso que estas recosdações pouco possam interessar aos outros, tem feito com que adiasse o prometido.
Porém, como vejo, actualmente, tão pouca participação nos foros dos automóveis e o nosso jóvem Caldeira incitando a uma maior participação de todos, aí vai a história.
Que me desculpem aqueles para quem, estas recordações de velho, nada dizem.
O César Torres tinha preparado uma pequena armadilha e pensava que um ou outro concorrente, mais desatento, iria cair nela.
Nunca pensou que se verificasse a hecatombe que na realidade sucedeu.
O V Rali TAP foi o último que meteu uma prova de regularidade.
A localização desta prova não estava indicada no regulamento, o qual dizia que ela seria indicada no controle horário anterior à mesma.
Assim, foi instalado um controle horário em frente do Convento de Mafra e, ali, era entregue aos concorrentes uma carta indicando a localização da regularidade que teria lugar no Gradil.
Entretanto, no trajecto entre esse controle e o início da regularidade, foi instalado, conforme permitia o regulamento, um controle de passagem..."o famigerado"!
Sucede que 24 dos concorrentes ao receberem a carta com a indicação da regularidade já não ligaram ao itinerário do regulamento e enfiaram logo directos ao Gradil, por uma estrada logo a seguir ao Convento, falhando, portanto, o controle de passagem e sendo, por isso, desclassificados.
Na Ota, onde terminou o Rali, foi um autêntico pandemónio pois os desclassificados queriam, por força, serem repescados.
O César foi intransigente dizendo que, se tivesse pensado que a maioria falhava o controle de passagem, não o teria lá posto, mas não podia fazer nada pois agora tinha 24 a reclamar sem razão e se os repescasse teria 6 a reclamar com razão.
E para ter assunto para voltar à vossa presença, em breve, vos direi quem foram os 6 que cumpriram com o regulamento.
Armando de Lacerda in Mazungue
Presto aqui homenagem ao Sr. Armando de Lacerda, em nome do Portal dos Clássicos, e que se a saúde permitir estará presente no nosso Encontro Nacional em Aveiro enriquecendo o evento com o seu convívio.
Bemvindo e Bem Haja
Francisco Lemos Ferreira