[Expresso] Os Porsches portugueses com mais de 20 anos que são vendidos a €600 mil na Califórnia

Vitor Dinis Reis

Pre-War
Membro do staff
Portalista
Artigo interessante no Expresso... Certamente irá inflacionar ainda mais os 911 clássicos:
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CRÉDITOS: PORSCHE
No melhor ano de vendas da Porsche em Portugal - em 2015 vendeu 483 automóveis novos, mais 22% que em 2014 - o responsável da marca alemã para o mercado luso, Nuno Costa, revela que os estrangeiros estão a comprar os 911 que foram matriculados em Portugal há mais de 20 anos. Cada carro desses, depois de ser revisto e arranjado na Califórnia, pode ser vendido por mais de 600 mil euros...
Há poucos anos um Porsche 911 usado, com 25 anos, era vendido em Portugal entre 10 mil e 15 mil euros. Hoje, um carros desses, arranjado na Califórnia, pode ser vendido a mais de 600 mil dólares...

Trata-se de um novo fenómeno para a Porsche. E Portugal é um dos poucos países da Europa onde estes carros são encontrados em bom estado, sem estarem corroídos pelo sal que é colocados todos os invernos nas estradas dos países do norte da Europa. "Por isso, muitos estrangeiros vêm a Portugal comprar estes 911 com mais de 20 anos, que ainda são das gerações com motores refrigerados a ar", revelou ao Expresso o responsável da Porsche Ibérica, Nuno Costa.

Apesar sermos um país europeu de baixo rendimento per capita, a marca alemã de automóveis desportivos tem tido em Portugal uma quota de mercado superior à que detém em países mais ricos. E embora o mercado total de Porsches não seja muito grande, porque a população é reduzida, proporcionalmente há um grande número de 911 no mercado de usados, matriculados de origem em Portugal - que são carros que estão habitualmente em melhores condições que os existentes no Reino Unido, na Alemanha, na Bélgica, em França ou nos países nórdicos, com níveis de corrosão muito inferiores.

Ao nível de quotas de mercado, a Porche “tem 0,32% do mercado nacional, quando nos mercados maduros da Europa Ocidental representa entre 0,20% e 0,22%”, refere o responsável da Porsche Ibérica.

E diz mais: “Em 2015 registamos o melhor ano de sempre nas vendas em Portugal, com 483 carros novos matriculados em Portugal, mais sete exportados.” Face aos 395 novos Porsches matriculados no mercado nacional em 2014, houve um crescimento de 22%.

Perante a recente procura de modelos 911 usados, com mais de 20 anos, a marca alemã descobriu no mercado português um potencial até há poucos anos era irrelevante. Este novo segmento ultrapassa a dimensão das vendas de veículos novos em Portugal e deve-se essencialmente à especificidade do clima português.

ESTRANGEIROS DESCOBREM PORTUGAL
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CRÉDITOS: PORSCHE

“Há dois anos começaram a vir a Portugal estrangeiros com o objetivo de comprarem os 911 que tinham sido matriculados há mais de duas décadas no mercado nacional, sobretudo os que tinham o chassis da série 964”, refere Nuno Costa.

“Vinham com listas de encomendas de carros fabricados entre 1989 e 1994, com motores que ainda eram refrigerados a ar. Faziam-lhes inspeções, levantavam-nos, fotografavam-nos e pediam os livros de revisões. Pagaram em dinheiro e levaram-nos para a Alemanha. Depois, muitos deles seguiram para os Estados Unidos”, conta o responsável da Porsche Ibérica.

“Na realidade, compraram-nos em Portugal porque o nosso clima mantém estes carros em bom estado, enquanto os que existem nos países do Norte da Europa sofrem a corrosão do sal que todos os invernos é espalhado pelas estradas”, explica, referindo que "essa procura fez disparar a cotação desses modelos".

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CRÉDITOS: PORSCHE

VALORIZAÇÕES DE 70%
“Esses 911 portugueses com mais de 20 anos sofreram valorizações de 70%”, acrescenta. Na Alemanha, são restaurados seguindo os padrões originais da Porsche, e têm uma procura elevada como modelos genuínos.

Mas os que seguiram para os EUA são reformulados na Califórnia pela marca Singer, que, depois de um trabalho efetuado durante seis a oito meses em cada carro — por equipas de engenheiros especializados e com a mecânica modernizada pela Cosworth (que transforma motores de competição) — são vendidos por valores que vão até aos 600 mil euros, o que equivale ao preço de quase quatro 911 novos.

“Um 911 da geração 964, que há três anos valia menos de 20 mil euros, neste momento não se consegue comprar por menos de 50 mil euros — e já não existe nenhum no mercado. Um 911 da geração 993 — eu tinha um, que comprei há dois anos por 28 mil euros — já não se consegue comprar por menos de 60 mil. Já vendi o meu mas não apanhei o pico da valorização”, conta Nuno Costa.

Este fenómeno é de tal forma pujante que a própria Porsche vai “desenvolver um negócio novo, que é o Classic Car Center, porque observamos essa valorização dos 911 clássicos e achamos que temos de fazer parte desse negócio como um todo, o que implica termos oficinas dedicadas a automóveis clássicos”, revela Nuno Costa.

Neste momento, na Península Ibérica, a Porsche já tem prontos cinco concessionários com áreas só dedicadas aos clássicos. “Este novo negócio deverá corresponder inicialmente a 20% da venda de usados, mas acreditamos que evoluirá para 30%”, diz, admitindo que, “só em Portugal isso poderá significar cerca de €500 mil da faturação anual do segmento pós-venda”.

Também devido ao clima português, a Porsche apresentou em dezembro o novo 911 em Portugal. Trouxe 1800 pessoas de 100 mercados diferentes, num período de três semanas, o que implicou um investimento de €12 milhões.

Nuno Costa diz que tiveram "uma sorte fantástica com o tempo em dezembro, pois estavam 20 graus em Évora. Os participantes perguntavam-me em que parte da Europa se consegue fazer isto a meio de dezembro. Devemos aproveitar melhor as nossas estradas, a hotelaria e a gastronomia para este tipo de eventos".

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Pois... 600mil depois de extensamente modificados pela Singer... estes "pasquins" são sempre a mesma coisa.
De resto, a questão da conservação dos carros na Europa versus Portugal, foi sempre assim... tal como nas "américas" os carros californianos serem mais preservados que os outros.

Esse foi o meu primeiro palpite, o clima PT e o quão bom acaba por ser para a conservação da chapa.
 
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