Os trabalhos realizados e a descrição do mesmo são espectaculares , até já estou curioso pelo próximo capítulo , e eu que até nem sou grande fã dos carocha…
Fiquei mais curioso ainda foi pelo processo de galvanização em casa , existe algum vídeo ?
Ou foi com algum produto específico ?
Estou a antecipar alguma informação que iria colocar mais à frente quando proceder à galvanização de algumas peças dos faróis e do macaco do VW. Aí poderei fazer um filme para se ver o processo a acontecer. O que está a azul são links. Galvanização - processo de aplicação de uma camada protectora de zinco ou ligas de zinco [o mais comum] ou outro metal uma superfície de aço ou ferro de modo a evitar a corrosão, isto é, a oxidação do ferro 2Fe + O2 + 2H2O → 2Fe(OH)2 . Atenção que o zinco também oxida, embora seja um processo mais limitado que o ferro, mas podemos ultrapassar esse problema. Os para-choques cromados eram feitos pela aplicação de crómio no ferro, ficavam com bom aspecto e não oxidavam, hoje em dia uma alternativa próxima usa o níquel. A origem do termo é no nome de quem descobriu o processo no séc. XVIII, Luigi Galvani.
O que comprei foi um kit numa loja inglesa em 2018, mas em 2020... Brexit... Depois disso encontrei uma loja no eBay alemão que vende só produtos com esta finalidade, mas com muita coisa por fazer, os trabalhos foram sendo adiados, nunca comprei lá nada e deve haver mais fornecedores, quem sabe em Portugal.
Mas isto também se pode fazer de forma mais caseira uma zincagem electrolítica. É preciso ter uma fonte de zinco e uma solução, que na abordagem caseira até pode ser à base sulfato de magnésio e vinagre para acidificar e finalmente uma fonte de electrões, que já vi fazer com uma pilha.
Recuperei uns bonecos que fiz em tempos, para o zinco mas também o cobre.
Encontrei uma página com abordagem caseira, onde por acaso estão a galvanizar o fecho do porta-bagagens de um... VW. Está em inglês (para quem não sabe - google tradutor) e chama-se Zincagem em casa com materiais comuns por Tom Gugliotta - não me responsabilizo pelo que está lá, mas parece-me correcto.
Outros dados que não estão lá para quem queira ter tudo afinado e isto é para o zinco. Não sou perito, tenho estes valores de quando zinquei baseados com o que vinha no kit, não sei se são universais.
Valor de pH: <7 (daí usarmos um ácido na solução)
Intensidade de corrente: 2,5 A/dm2 (os dm2 são a área da peça (o o total das peças) a galvanizar, cuidado corrente a mais queima a peça - fica preta por experiência própria - corrente a menos demora uma eternidade. O sistema de controlo de amperagem que usei foi muito rudimentar, com tentativa e erro, acabou por funcionar. Neste momento já tenho uma fonte com controlo de voltagem e amperagem que também precisava para outras coisas.
Taxa de deposição: 40 µm/hora com 2,5 A numa área de 1 dm2 - são 40 µm (lê-se micrometros) de espessura. Por comparação. a espessura total média da tinta em veículos OEM (de fábrica) atualmente varia entre 95-125 micrometros.
Convém que a água esteja em movimento (uma bomba de aquário das mais baratas serve).
A peça tem de estar limpa antes do processo. No meu caso para além da limpeza e lavagem normal usei ainda um banho alcalino e um banho ácido (cuidado que isto são coisas potentes e perigosas de contacto com pele e olhos e de inalar). Entre cada banho as peças passaram por água limpa. No final do processo de zincagem, passei as peças por água limpa e mergulhei-as numa solução de passivato que cria uma camada protetora no zinc e evita que oxide. As soluções de passivato que mais se usam são a azul (a que usei e dá o aspecto brilhante prata do zinco) e a amarela que dá uma coloração amarelada à peça (quem tem carros antigos já deve ter visto algumas peças com esta cor).
Encontrei o meu manual que fiz para o kit que tinha/tenho, bem como fotos dos componentes. Para a zincagem usei um balde, para as outras soluções comprei umas caixas de plástico com tampa das que se usam para alimentos, convém que sejam polipropileno (se forem está assinalado com um PP ver abaixo; cuidado que na versão inicial tinha PET - politereftalato de etileno que estava errado!) que em principio suporta bem as soluções alcalinas e ácidas que usei (1) e uns garrafões cortados para o enxaguamento das peças. 1- trabalho parcialmente num laboratório, tenho tido uma solução de ácido nítrico e outra de hidróxido de sódio (coisas potentes!) para fazer limpezas e as caixas PP têm aguentado sem problema e já lá vão uns anos de uso. Para alguns potenciais críticos , não consigo recipientes em vidro com dimensão para o mesmo efeito.
Símbolo associado ao polipropileno, o PP pode estar dentro da zona definida pelas setas
PDF com compatibilidades químicas, incluíndo alguns metais. Está em inglês.
Pensamentos finais: acredito que para uma peça que seja para pintar, qualquer sistema funciona bem, até se ficar queimado não haverá problema. No caso de querermos uma peça que fique com um acabamento quase espelho e que não é para pintar provavelmente tem de se usar mesmo material não caseiro. Mas como referi não tenho experiência, aposto que aqui no fórum haverá até quem regularmente recorra a esta técnica. Finalmente, a solução mais simples e porventura com resultados mais perfeitos, há profissionais em Portugal que trabalham só nesta área, não sei em concreto onde e quem, mas "em conversa de café" lembro de ouvir isso, mas como não precisava fixei.
Em chegando o verão, com temperaturas mais altas, lá irei para a garagem galvanizar peças e documentar tudo, fica prometido.
Mais uma resposta que achei que ia ser simples e rápida e já lá vai uma hora entre escrever, ajustar o tamanho das imagens para que não fiquem com muitos KB, pesquisa no meus discos onde teria as informações e pesquisas na internet, mas se for útil a alguém não é tempo perdido
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, não consigo recipientes em vidro com dimensão para o mesmo efeito.
