Há! Dou um exemplo, pega num Ibiza de 2010-2011. A crítica era unânime ao dizer que o Ibiza tinha um bom chassis. Fiz mais de 20.000 kms num alugado (alugado = melhor carro do mundo para usar e abusar). Aquilo tinha um bom chassis??? Se arranjares forma de desligar aquela parafernália de electrónica talvez eu consiga responder, de outra forma o carro é uma bosta. Há sempre um sistema qualquer em acção e avisos no quadrante a toda a hora, parecia uma árvore de natal. Infelizmente os carros hoje em dia são todos castrados, até os verdadeiramente desportivos. Decididamente nada disso me seduz.
Francamente foi carro que nunca me interessou e como tal nem sei o que se disse e escreveu acerca dele... ainda para mais em versões que não fossem de topo. Para mim vai directamente para o mesmo lugar de todos os utilitários se ja de que época forem... não me vou repetir:
Ainda assim devo lembrar que a electronica também evolui. E vamos a exemplos dos mais simples. Quem é que não se lembra dos 1ºs sistemas de ABS e do quão intrusivos eram ao ponto de alongar em muito (por vezes mesmo muitissimo) as distâncias de travagem?
Os actuais fazem a sua função como se fossem um "mordomo" inglês com a maior das discrições e sem se fazerem notar durante muitos e muitos kms.
Por outro lado os carros começam a especializar-se. A grande mudança é que antigamente conduzia-se qualquer carro de forma "desportiva" sem grandes constrangimentos e hoje a electronica circunscreve-o a um determinado tipo de uso. Os que gostam mesmo de conduzir continuam a ter opções, têm é que saber o que compram e qual o uso que lhe vão dar.
Ainda há boas máquinas, por exemplo um Caterham Seven ou um Lotus Elise.
Considero estes como os mais acessíveis para pura adrenalina.
Serão... e têm tantos clientes como sempre tiveram. Uma verdadeira minoria muito minoritária no universo dos compradores. Daí que a Lotus desde sempre que vive em estado de pré-falência e marcas como a TVR se foram (exemplos são mesmo muitos). Além de que provavelmente menos de 10% dos clássicos aqui da casa destilam uma infima parcela da adrenalina que estes destilam... ou seja compara-se o incomparável.
Mas pode é perguntar-se se as inovações que foram introduzidas desde a década de 90 não tiveram um alcance diferente que as anteriores. É diferente passar a haver mudanças sincronizadas (onde o conforto melhora mas o prazer de condução se mantém) do que passar a haver um computador que afecta a nossa relação com o carro.
Os carros passaram a ser mais pesados, menos ágeis, mais escuros. Ou seja, julgo que o problema não está na evolução; está no sentido que ela leva.
Bom ponto! Apenas com o "pequeno buraco" de simplesmente já não ser verdade.
Essa foi efectivamente uma tendência do mercado que inverteu nos últimos anos. Passa-se aqui o mesmo que acerca do tal Ibiza de que o Rafael falava, como não me interessa nem sei o que se dizia, como a malta não se interessam pelo que a industria (a mesma que produziu os actuais clássicos) automóvel faz hoje em dia (porque não gostamos de "plasticos") acabamos por nem saber o que se passa.
Falando de carros perfeitamente mundanos, o actual Golf pesa cerca de 100kg a menos que o seu antecessor. O Astra (mais mundano e "insipido" que isto não há) apresenta uma redução de peso ainda mais drástica, cerca de 200kg em relação ao seu antecessor e isto é uma constante da industria.
Nem vale a pena perguntar quanto emagreceram os Range Rover... quase dava para fazer outro carro.
Falando de carros mais virado para o aspecto ludico da condução, o actual MX5 voltou ás origens sendo até mais pequeno que a 1ª versão e voltou ao peso do original.
O Toyota GT 86 usa o baixo peso aliado a pneus mais estreitos (baixo grip) que o habitual como argumentos para manter um certo "feeling" de condução.
Interessem-se por tudo o que se faz e verificarão que talvez possam cair alguns mito.
Lembrem-se de 3 coisas:
- o"prazer de condução" é individual e portanto diferente para diferentes pessoas;
- esta casa não é o ultimo reduto dos que prezam o "prazer de condução" e por conseguinte somos muitos mais, mesmo entre os actuais compradores de carros novos
- estar aberto a outras experiencias pode surpreender-nos.
E para provar o que digo: não conheço nenhum fã do Citroen DS ou CX que não aprecie totalmente os avanços da electrónica na suspensão hidropneumática do Citroën C6. Todos gostam das suas funcionalidades. Porquê? A meu ver, porque foi evolução que não beliscou a matriz do automóvel. Pelo contrário, reforçou o seu carisma.
Isso não é igual à maioria das inovações inauguradas nos últimos 20 anos.
A actual tendência para o baixo peso está a mostrar que por vezes menos é mais. Volto ao exemplo da ultima versão do MX5 que é comercializado com 2 motores (milagrosamente ambos atmosféricos), um 2litros com 160cv e um 1.5 com 136cv (espero que a memória não me esteja a atraiçoar) e das dezenas de pessoas que já escreveram sobre o carro fica claro que a preferência recai sobre o motor mais pequeno.
Uma ultima achega acerca das questões da electronica e da forma como afecta a condução vejam os videos do Chris Harris.
Vai dar para perceber quando ele experimenta o Lotus Exige V6 que tem uma electrónica muito (mas mesmo muito) desenvolvida que a dado ponto ele diz que aquilo o incomoda mas em boa verdade não pode dizer que se esteja a intrometer nem a retirar "prazer de condução".
Exemplos de carros com muita electrónica que são referencia não faltam.
Ah... e não é preciso ir para coisas muito caras... nunca consegui ler nada sobre o Suzuki Swift Sport ou sobre o ultimo Fiesta ST que fosse desfavorável do ponto de vista das sensações de condução.
São exemplos e "guide lines" para quem quiser ir um pouco mais além.
Recordo que os clássicos de hoje já foram novos e alguns (muitos) sofreram com o mesmo "preconceito" e espero estar vivo para ver quantos dos actuais "plasticos" vão ser muito considerados daqui a 30/40 anos.
Reconheço que estou claramente não off tópic mas off forum, pois discutir "oldtimers" versus classicos poderá ser aceitável, andar numa casa como esta a fazer a "apologia" da ultima coisa que chegou ao mercado é capaz de ser um pouco demais.
Por isso, em principio não deverei adiantar muito mais acerca deste assunto.
Mas, que foi divertido, foi.