Tu precisas de um Clássico.

Hugo Albuquerque

Rover Enthusiastic
Viver com um Clássico - "Já não há peças"
(história retirada do meu site a 11 Fev. 2016 TU PRECISAS DE UM CLÁSSICO )

Ver anexo 420131

Toda a gente já teve oportunidade de proferir/ouvir pelo menos dois ou três dosinúmeros mítos e piadas que rodeam o universo do automóvel clássico. Como já devem ter percebido pelo mote deste blog, o meu objectivo é desmistificar, um a um, todos esses mitos sobre o dia-a-dia com um clássico. Hoje vou falar sobre um deles: A suposta inexistência de peças de substituição para carros antigos. Dita a giria popular o seguinte: “Não interessa se o teu carro faz parte de uma série de produção de 5 ou 10 milhões de unidades. Se é antigo, todas as peças ter-se-ão miraculosamente escapulido da face da terra, e nunca mais serão acessíveis ao comum dos mortais.“

Este é um dos mitos que afastam o cidadão comum dos clássicos: Aquela malvada piada: “Já não encontras peças para isso pá!”. Esta expressão é tão popularmente generalizada que já pensei aproveitar o meu lanço de pseudo-escritor elançar a minha própria colecção de livros de aventura. Já estou a imaginar algo do género “A saga do último Farolim”, “Em busca da grelha perdida”. “A fuga da junta da colaça”, “Um quadrante chamado D. Sebastião” entre outros… (Se pertences a uma editora de livros, estou aberto a propostas!)

99% das vezes existe uma solução para o teu problema. No entanto, essa percentagem é proporcional à tua vontade, tempo e dinheiro para encontrar a solução. No meu caso, não posso simplesmente chegar a um concessionário da Toyota e pedir peças para um Starlet de 1988. Não posso deixar o carro com o mecânico e esperar que ele tire as peças de uma cartola. Não posso ir a uma loja de peças generalista e esperar que eles tenham lá exactamente o que procuro. Não posso também esperar encontrar sempre as peças originais dentro de uma caixa ainda por abrir (mas quase!).

Ver anexo 420132

Recentemente o meu Starlet teve que ir à inspecção. Antes disso, deixei-o na oficina para fazer um check-up geral ao carro. Assegurado de que o Starlet estava em muito boas mãos, aproveitei o “tempo livre” para procurar algumas peças que me faltavam para restaurar o carro à sua condição original. Nomeadamente: Centros das jantes, palas dos guarda-lamas, calhas do tejadilho (mal geral dos ep70) e ainda um farolim traseiro para substituir.

Tudo o que me separou das peças foi um computador com acesso à Internet e um telemóvel.

Ver anexo 420133

Não existe uma fórmula única para procurar peças. Cada caso é um caso, e às vezes tens que ser um pouco criativo para encontrares o que precisas. No entanto, deves-te lembrar que qualquer pesquisa é sempre feita em dois vectores: Procura (expores as tuas necessidades a potenciais vendedores) e oferta (procurar o que já existe à venda). No meu caso, comecei a minha procura em duas frentes: Sites de vendas/leilões (Olx, Custo Justo, eBay) e grupos de Facebook (Toyota Starlet PT; Grupo oficial Toyotistas.com; Toyotistas OldSchool; Toyotistas; Team Toyota Portugal; Compra e venda de peças de automóveis antigos). O primeiro ataque foi feito no Facebook, visto que as respostas ao meu post iriam sempre demorar a surgir. Enquanto isso, fui pesquisando paralelamente no OLX, CustoJusto e eBay. Se és membro activo nos grupos de facebook que indiquei, dever-te-ás lembrar disto:

Ver anexo 420134
Spamei este post sem dó nem piedade em todos os grupos que achei pertinente, e os resultados foram incríveis. Quero dar um agradecimento especial a todos os que me contactaram com ofertas ou sugestões de como encontrar as peças. Consegui! Foi também durante estes contactos que me pude aperceber que, como em tudo na vida, existem diferentes tipos de vendedores:

  • Os ideais (Um contacto simples e a venda efectua-se)
  • Os políticos (Convencem-te que têm todas as preças que precisas, mas não têm nem uma)
  • As divas (“Não respondo a mails, nem a mensagens, nem a números desconhecidos”)Contacto por telepatia, aceita?
  • Os tímidos (Colocam informações, mas sem fotografias)
  • Os fotógrafos de moda (As fotografias só mostram as partes boas)
  • Os que vão de férias (Publicam o anúncio e nunca chegam a responder a propostas)
  • O neto de 4 anos do vendedor (Pior que o nível gramatical e erros ortográficos do anúncio, só as peças que está a vender)
Feitos todos estes contactos, e com alguma paciência, chegou-me tudo a casa via entrega à cobrança via correios, por um preço bem mais baixo do que pagaria por peças de um carro moderno. Um final feliz.

Ver anexo 420135

Para terminar este post, e em jeito de glossário, deixo aqui todas as categorias e entidades que contactei na minha procura. Algumas delas aplicam-se apenas ao universo Toyota, mas outras são aplicáveis a qualquer veículo de qualquer marca. Devo avisar também que fiz a minha pesquisa a partir de Aveiro. Espero que isto possa ser útil a alguém que também ande à procura de peças para o seu clássico:



  • Sucatas e centros de abate
    • Impor2000 (Cacia)
    • Brás e Azevedo (Braga)
    • Rocha, Mota e Soares (Canelas)
  • Lojas e vendedores de peças
    • Arviauto (Vila Real)
    • Toniauto (Sever do Vouga)
    • Chapicar (Águeda)
    • SSGarage (Porto)
  • Online
    • Grupos Facebook (Toyotistas, Toyota Starlet PT, Peças carros antigos…)
    • OLX (Peças e carros para peças)
    • Custo Justo (Peças e carros para peças)
    • eBay (Peças novas e usadas)
    • Fóruns (Não cheguei a usar)
  • Feiras e exposições
    • Salão Automóvel Clássico Aveiro
Ver anexo 420136

Um assunto de facto interessante!
A verdade é que queiramos ou não, a escassez de peças é das maiores dores de cabeça para quem tem um clássico.
Na minha situação, com os Rover, posso dizer-te que nunca tive o dissabor com escassez de peças, algo que as pessoas não acreditam pelo facto da marca ter declarado insolvência à 11 anos, MAS (há sempre um mas) tenho a perfeita noção que é uma questão de tempo (pouco tempo) até as peças para os Rover começarem a extinguir-se, isto porque para além da marca já não ser comercializada e o meu modelo ter sido lançado em 1989, deixou também de ter a sua representante (Xpart) a fabricar peças para os MG-Rover em 2016. Exato, estamos em 2016!
Daqui em diante a dificuldade para arranjar peças para MG-Rover's vai duplicar, senão triplicar.

Porém ainda existem determinadas soluções, das quais optei por algumas. Essas soluções passam por:

  • Criar stock de peças em casa. Peças essas que tenham maior desgaste e procura.
  • Ir a centros de abate e levar tudo e mais alguma coisa ao preço da chuva (os preços praticados nestes carros e peças chegaram a um ponto ridículo...e ainda bem para mim).
  • Comprar um modelo igual ao que se possui apenas para peças.
  • Procurar no ebay.co.uk


Isto tudo para dizer que na verdade ter um pré-clássico/clássico pode torna-se numa dor de cabeça a nível de peças, em especial para aqueles que tentam manter os seus modelos de marcas que já se extinguiram.
Neste caso dei o exemplo da Rover, visto ser a minha marca de eleição mas há marcas que sofrem muito mais com este fenómeno pelo facto de já não existirem à muitos mais anos (o caso da NSU, Triumph, DKW, entre muitas outras).

Ainda assim podemos ver que o mercado Português a nível de peças para Rovers é dos melhorzitos pois a marca vendeu bastante por cá. Basta ter atenção na rua e ainda se vão vendo bastantes para uma marca que já fechou as portas à 11 anos.
Já para um proprietário de um Saab acredito que a dor de cabeça seja muito maior do que a dor de cabeça de um proprietário de um Rover, no entando a Saab declarou falência à coisa de meses.
Acaba por estar tudo um bocado relacionado com a porção de vendas que determinada marca teve num determinado país.

Continua a criar tópicos assim, que tenho todo o gosto em participar! :thumbs up::thumbs up:
 

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Pedro Pereira Marques

Pre-War
Autor
Excelente tópico, bem escrito, bem delineado e vai de encontro a tudo o que o Portal representa!

A única "falha" que vi foi a descrição de todos os tipos de vendedores, mas faltou a descrição de todos os tipos de compradores, ou melhor, de prováveis compradores.
 

António José Costa

Regularidade=Navegação, condução e cálculo?
Portalista
Excelente tópico, bem escrito, bem delineado e vai de encontro a tudo o que o Portal representa!

A única "falha" que vi foi a descrição de todos os tipos de vendedores, mas faltou a descrição de todos os tipos de compradores, ou melhor, de prováveis compradores.

Caro Pedro, cada um que vista a sua carapuça como comprador, hahaha.

@Joel Araújo , excelente ideia, tenho essa estrada em mente para fazer o mesmo, falta saber o ano, e se a 2 ou a 4, a ver vamos;). Como seguramente a vais fazer primeiro aguardo as histórias magistralmente descritas:)!
Façam uma espectacular viagem! Um abraço!
 
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Joel Araújo

Joel Araújo

Clássico
A Estrada Real EN2 – Dia 0 (Aveiro-Porto-Chaves)
(História retirada do meu site TU PRECISAS DE UM CLÁSSICO )

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250km depois, são 2:11 da manhã e finalmente estamos em Chaves.

Nas últimas 24h já estivemos em Aveiro, jantamos no Porto, conduzimos até ao extremo norte do país; Vimos um carro capotado na A4; O Starlet levou um transplante de radiador e junta da cabeça do motor; O Sérgio atirou uma bola vermelha ao ar e o João comeu um pacote de Doritos.

Melhor início de férias seria impossível.

Amanhã: Visita ao centro de Chaves, Vila Real e terminamos na Régua.

Boa noite.
 

Anexos

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Joel Araújo

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Clássico
A Estrada Real EN2 – Dia 1 (Chaves-Régua)
(História retirada do meu site TU PRECISAS DE UM CLÁSSICO )

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Dia 1 (120km)
Chaves-Vidago-Vila Real-Régua


Depois de acordarmos quase toda a pensão com a nossa chegada a Chaves no dia anterior, dormimos algumas horas e levantamo-nos bem cedo para comer os excelentes croissants da Pensão Neutel (e “guardar” alguns para o caminho). Conseguímos o feito de nos perdermos nos primeiros 50 metros de viagem, mas não tardou estávamos no centro histórico de Chaves.

Nota: A nossa viagem começou antes do Km zero da EN2, só porque 738 kilómetros às vezes não são suficientes.

Como verdadeiros turistas de calções e chapéu, visitámos a torre de menagem; discutimos possibilidades de utilização dos canhões da muralha; contámos os 37 cabeleireiros que existem naquele raio de 100 metros; Tentei cortar o cabelo no “Corte Implacável” mas sem sucesso; Ultrapassamos a ponte Romana; Cheiramos a película biológica da superfície do rio Tâmega; Atravessámos o rio pelas poldras (sem cair, nem morrer); Vimos um Starlet irmão e fomos para o início da EN2. Cometemos uma ilegalidade mesmo em cima do marco do Km 0 (nada de obscenidades!) e finalmente demos por iniciada a viagem.

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Seguimos para o Vidago Palace onde substituimos a legenda Toyota por uma da Rolls Royce e colámos uma Spirit of Ecstasy no capô para tentar entrar pela cancela principal. O segurança estava a cair no disfarce que nem um patinho, até reparar que o João tinha a barba por fazer e eu vestia uma camisa da Springfield. Mandou-nos dar a volta.

Desiludidos, partimos para Vila Real onde enterrámos a máguas com um bruto almoço (o primeiro de muitos) no Restaurante panorâmico “O Amadeus”, e demos num passeio até ao miradouro e estação de comboios abandonada.

O fim da tarde aproximava-se e era hora de seguir para a Régua. Com um calor quase insuportável, vimo-nos obrigados a dar à manivela e ligar o ar condicionado ao máximo. Fizemos uma visita à barragem onde nos juntámos aos olheiros de barcos turisticos e, claro está, tirámos nós também umas fotos no pôr do sol. Tudo em nome da amizade.
Mais uma vez não poupámos despesas na hora de encher a barriga, e pedimos uma colossal posta de vitela à moda da Régua no Restaurante à beira rio “O Maleiro”. Posto isto, e porque estamos em Agosto e toda a freguesia do interior tem algum Santo para celebrar, aproveitámos. Horas depois, frustrados com a nossa falta de habilidade no jogo da malha e fartos de jogar nos matrecos de graça, arrancámos de novo e seguimos para a pensão “Casa Cardoso”. Mesmo o facto de estarmos num sítio chamado “Régua” não nos impediu de fazer mal os cálculos e percorrer mais 10km do que o previsto para lá chegar.

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Amanhã há mais.
Dia 2 (150km)
Régua-Viseu
 

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Hugo Albuquerque

Rover Enthusiastic
Muito bom Joel! :)
Esse dito edifício chamado de Vidago Palace é muito parecido ao atual abandonado edifício das Termas dos Cucos, em Torres Vedras. Embora esse seja muito maior o espaço envolvente é muito idêntico.
Se passarem por lá era de aproveitarem fazer uma visita ao local...é muito bonito, embora se encontre desde 2009 desativado -_-

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Não posso deixar-te de dizer é que estava à espera de mais fotografias :rolleyes:
 

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Joel Araújo

Joel Araújo

Clássico
Muito bom Joel! :)
Esse dito edifício chamado de Vidago Palace é muito parecido ao atual abandonado edifício das Termas dos Cucos, em Torres Vedras. Embora esse seja muito maior o espaço envolvente é muito idêntico.
Se passarem por lá era de aproveitarem fazer uma visita ao local...é muito bonito, embora se encontre desde 2009 desativado -_-

Não posso deixar-te de dizer é que estava à espera de mais fotografias :rolleyes:

Temos muitas mais fotos para mostrar! :)

Infelizmente, durante a viagem e visitas, o tempo que sobra para escrever os posts é pouco, e para editar fotos muito menos. -_-

Como explico no site, no fim da viagem vou compactar todos os dias com o resto das fotos. Não se preocupem!

Abraço
 

afonsopatrao

Portalista
Portalista
Fantástico! Estou a adorar acompanhar. Os meus parabéns pelos posts, sempre bem escritos e divertidos! Ah, e sou mais um cheio de inveja pela aventura
 
OP
OP
Joel Araújo

Joel Araújo

Clássico
A Estrada Real EN2 – Dia 2 (Régua-Viseu)
(História retirada do meu site TU PRECISAS DE UM CLÁSSICO )

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O dia começou bem cedo na pensão “Casa Cardoso”. Talvez cedo demais para os restantes hospedados. Nós 3 sofremos daquele síndrome de estupidez matinal que nos faz rir sem motivo e pensar no que não se deve pensar, como por exemplo: Diferentes formas de assaltar frigoríficos, dado que não havia pequeno almoço para ninguém.

Acabámos por ir comer a um tasco no centro de São Martinho de Mouros, num daqueles sítios onde todo o léxico além de “aguardente, iscas de fígado, bifes de cebolada e broa” é visto como dialecto estrangeiro. Previsivelmente, “torrada” e “galão” foram alvo de um olhar estanho.

Arrancámos finalmente em direcção a Lamego, pelos trechos de estrada mais bonitos que já vi.

Irónico como a melhor forma que encontrámos de andar a pé, foi organizar uma viagem de carro. Durante este dia 2 acabaríamos por andar cerca de 11km a pé, cada um. Passo a explicar:

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Vêem? Está explicado.

O que vêm na foto é apenas um terço (no pun intended) da escadaria da Nossa Sra. dos Remédios em Lamego. Quem já esteve no Bom Jesus em Braga perceberá. O melhor de tudo é chegar lá cima de tronco à mostra prontos para o grito do ipiranga e apercebermo-nos que está a haver um casamento de emigrantes. O 4º casamento que vemos durante a viagem. (Por motivos de pudor, selecionei uma das fotos em que ainda não estamos sem roupa da cinta para cima)

Antes de nos arriscarmos nesta escalada fizemos uma visita à torre de menagem de Lamego, e visititamos o centro histórico dentro e fora das muralhas. Sítios obrigatórios a visitar.

Com o apetite mais aberto que o do carburador do Starlet, almocei um bom prato de vitela com raspas de presunto à moda da terra no “Restaurante Novo”, mesmo em frente à Catedral. O João almoçou uma salada, mas é segredo.

De depósito cheio, seguimos para a próxima paragem que a Eva nos mandou (Eva é o nosso GPS, porque precisamos de um nome para insultar quando nos perdemos): São Pedro do Sul. As termas situadas nesta região são imediatamente reconhecíveis pelo seu estilo arquitectónico e pintura característica. Felizmente, todos temos menos de 60 anos e ir às termas ainda não consta nos nossos planos de férias. Fomos antes para as piscinas de Gerós, mesmo ali ao lado. Acreditem ou não, foi o meu primeiro mergulho do ano.

Fazia-se tarde e foi hora de partir para Viseu, onde pernoitamos em casa da Marta, grande amiga que conhecemos na Universidade. Fomos recebidos pelos pais, sempre simpáticos, de uma amabilidade incrível e sempre prontos a contar mais uma história. Antes de nos deitarmos tivémos ainda tempo de dar um salto à Feira de São Mateus, a feira franca mais antiga da Península Ibérica. As feiras francas já não são o que eram e como tal, os cavalos foram substituidos por carrinhos de choque, as tabernas por roulotes de farturas e a música medieval por “Esta m* é ké boa” tunts tunts. Consta que houve uma concentração de Clássicos lá durante o dia, mas não cheguei a tempo.

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Dia 3 (180km)
Viseu-Pedrógão Grande
 

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Joel Araújo

Joel Araújo

Clássico
A Estrada Real EN2 – Dia 3 (Viseu-Pedrógão Grande)
(História retirada do meu site ( TU PRECISAS DE UM CLÁSSICO )

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Dia 3 (230km)
Viseu-Tondela-Penacova-Pedrogão Grande

Ao acordar no terceiro dia de aventura, lembrámo-nos que apesar da viagem ser grande e haver muita coisa para ver, nós não somos turistas. Não precisamos de acordar todos os dias antes das galinhas para ir visitar tudo a correr. Chegada a esta conclusão, aproveitámos a manhã no conforto da casa da Marta (que apresentei no post anterior) e aproveitei para actualizar o blog, comer mais que o normal e ouvir mais umas histórias do Sr.João (pai da Marta).

Antes de partirmos em viagem, fiz um rápido check-up aos níveis de água e óleo do Starlet e não podia ficar mais satisfeito: Não perdeu uma gota de nada (Ao contrário dos ocupantes). A substituição do radiador e da junta da cabeça estão a dar resultados, e outro dos efeitos positívos que senti foi a ausência de perda de potência, mesmo nas estradas sinuosas de montanha que tinhamos percorrido. Só nunca tinha visto tanto pó dos travões nas jantes dianteiras, mas com as descidas até ao Douro não é de admirar. Limpa-se e assunto resolvido.

Antes de partirmos para Penacova fizémos uma pequena paragem na cidade fantasma de Tondela, onde não encontrámos nem uma bola de feno a rolar ao sabor do vento. Ver gente não seria fácil naquele sítio, mas nós não desistimos: Procurámos por toda a parte, até que apenas nos restava procurar na estação de arte rupestre. Durante cerca de 20 minutos andamos pelo meio da floresta, exaustos e já sem água. Quando toda a esperança parecia perdida, no fim do trilho e já no local das pinturas, encontrámos casal que foi até lá de jipe. Parecia uma miragem, e antes que conseguíssemos pedir-lhes boleia de volta à civilização, eles já tinham ido embora.

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Voltámos a pé até ao carro exaustos, numa visita que em vez dos 15min. previstos, demorou mais de uma hora. Felizmente o ponto seguinte da viagem não poderia ser mais adequado: A praia fluvial de Penacova. Até lá chegar tivémos que passar por um dos piores atentados à EN2: O corte feito pelo IP3 que se alarga por vários kilómetros até perto de penacova. Todos sabemos que a EN2 sofre de alguns destes cortes, mas sem dúvida este foi o pior para nós.

Depois de um banho refrescante no Mondêgo (motivo dos meus calções na próxima foto), partimos já ao anoitecer para o parque de campismo do Pedrógão Grande. Passámos por um dos trechos mais bonitos de toda a EN2, bem no alto das montanhas, com vistas incríveis sobre o património natural de Portugal.

Na chegada ao Pedrógão, mesmo sem ponta de luz, conseguimos ainda montar as tendas sobre a pedra mais dura do parque e acordar metade dos alojados no processo. Um dos momentos mais inesperadamente bons do dia foi o jantar no quartel de Bombeiros Voluntários do Pedrógão Grande, onde para além do ambiente acolhedor e bons preços, provei a melhor serradura da viagem.

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Dia 4 (300km)
Pedrógão Grande-Évora
 

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Rafael Isento

Portalista
Membro do staff
Portalista
Até lá chegar tivémos que passar por um dos piores atentados à EN2: O corte feito pelo IP3 que se alarga por vários kilómetros até perto de penacova. Todos sabemos que a EN2 sofre de alguns destes cortes, mas sem dúvida este foi o pior para nós.

Essa zona é mesmo assim, esse pedaço da EN2 é parte integrante do IP3, no entanto não deixa de ser a EN2, designa-se de IP3/N2, pois esse troço faz parte do Itenerário Principal da Beira Litoral (IP3).

Boa viagem e cá ficamos a aguardar o reporte da 4ª etapa!
 
OP
OP
Joel Araújo

Joel Araújo

Clássico
A Estrada Real EN2 – Dia 3 (Viseu-Pedrógão Grande)
(História retirada do meu site ( TU PRECISAS DE UM CLÁSSICO )

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Dia 4 (300km)
Pedrõgão Grande-Sertã-Vila de Rei-Abrantes-Évora


O dia começou bem cedo no parque de campismo do Pedrógão Grande, por três simples razões: Todas elas de pedra, de vértices pontiagudos e situadas tacticamente debaixo do meu saco cama. Sob a observação cerrada de uma família de campistas acima da nossa tenda, arrumámos tudo rapidamente e voltámos à estrada. A primeira passagem foi na Vila, onde fomos tomar o pequeno almoço, e apesar de estamos ainda bem longe do Alentejo, tais ares já se fazem sentir numa papelaria da zona, onde a simples tarefa de imprimir uns mapas a partir de uma Pen se mostrou a tarefa mais árdua do dia, e cara também: 2€ por 4 cópias A4. Finalmente atacámos a estrada, fazendo a primeira paragem na Barragem do Cabril, ainda em Pedrógão, antes de seguir para a Sertã. O calor começava a fazer-se sentir, assim como a típica arquitectura das casas do interior/centro. Neste 4º dia de viagem acabaríamos por visitar 3 castelos diferentes. O da Sertã (torre), o de Almourol e o de Abrantes.

Seguimos caminho até Vila de Rei, o centro geodésico de Portugal. Estes marcos históricos têm a mania de dificultar a vida aos visitantes de carro, mas há 200 anos atrás não previram que alguns desses visitantes fossem de Starlet. A subida até ao topo da colina foi feita em 1ª, num ronco a 4 tempos que vai ficar gravada para a história como a primeira invasão terrestre japonesa a Portugal.

Digo-vos que vista do topo é incrível, mas não vos vou estragar a surpresa.

Depois da descida ao som dos rateres da gasolina mal queimada, era hora de almoçar. Fomos ao “Cobra” no centro de Vila de Rei, restaurante que redefiniu o conceito de secretos de porco, pelo menos para mim.

O início de tarde foi passado a invadir mais um castelo, desta vez o de Almourol, bem no centro do rio Tejo. Confesso que tenho algumas vertigens, portanto não foi tarefa fácil. Assistimos a mais um casamento, e antes que a noiva se apaixonasse por estes 3 belos rapazes (acontece!) fugimos para Abrantes, também para o topo do castelo, e sem dúvida um dos pontos altos do dia (na minha opinião).

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Ao sair de Abrantes, finalmente atravessámos para lá do rio e estávamos pela primeira vez na margem sul. Facto que foi imediatamente observável pela mudança de paisagem e tipo de estrada. O verde deu lugar ao amarelo e as curvas deram lugar às intermináveis rectas.

A viagem até Évora foi longa e quase toda feita à noite, numa refrescante mudança devent du sud.

A chegada a Évora foi feita já pelas 22h30, o que não pareceu, de todo! Era 3ªfeira, e as ruas estavam literalmente a abarrotar de gente! Grande parte turistas, é verdade, mas nunca esperei tal azáfama aquela hora. Fomos jantar um bom bacalhau à Pipa Redonda e, derrotado pelo cansaço, fui-me logo deitar. Consta que o João e o Sérgio ainda foram para as más vidas, mas isto fica off the record.

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Dia 5
Évora-Beja
 

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