Revista Motor Clássico - O Guia de Cotações (2015)

Ricardo Teixeira

Gasolina nas veias
Retomo então um tema que chegou a ser controverso e polémico, roçando algumas vezes o autismo.

No entanto, "água mole em pedra dura...." deu os seus frutos e como resultado, um trabalho que já vinha a ser desenvolvido pelo Adelino acabou por ver a luz do dia: o Guia de Cotações revisto!

Assim como de inicio critiquei o que era apresentado, acabei por louvar finalmente o passo de gigante que esse documento periódico da revista deu, não só na forma como as versões vinham descriminadas, mas também nos seus respectivos valores.

Tenho realmente estado arredado da participação activa dos fóruns, dando prioridade à família, que já conta com 3 novos rebentos.... Não tenho no entanto estado ausente do papel de "Big Brother" da comunidade clássica nacional e internacional.

Fica também o registo da minha consciência em que o peso da minha opinião tenha esmorecido e com isso a sua respectiva relevância.

Mas tal qual a primeira batalha, também penso que esta vale a pena travar, pois acima de tudo acho que a vontade de ganhar cada vez mais notoriedade, prestígio e credibilidade é o objectivo primário da publicação.

Dito isto, e estando ausente de Portugal por um período superior ao já habitual, recebi esta semana um "Pack" das mais importantes publicações europeia, trazido em mão por uma pessoa amiga. Lendo na diagonal as respectivas, detectei algumas tendências que já vinha a observar desde o inicio do ano no mercado internacional e registei também (na minha opinião) a necessidade de serem revistos determinados pontos no Guia da MC.

Vamos por partes (apenas as que tenho opinião formada)...

O que concordo:
No geral a estrutura de modelos e versões apresentada está bastante consistente com o que é o panorama Nacional. Acho que os "Minis" estarem juntos, independentemente de serem Austin ou Morris faz sentido. Concordo que por exemplo o Peugeot 205 Rallye finalmente supere os GTI's, não só pela raridade, como também pelo carisma de ser um produto da Talbot Sport e ser também um dos últimos "weberizados" da historia automóvel.... A extensão do alcance dos útimos modelos cotados (mais recentes) também me parece adequada, indo até 2005 em casos que pré-clássicos já assumidamente candidatos a serem peças ambicionadas.

O que não concordo:
Talvez por estar fisicamente fora do "contexto", tenho assistido de bancada a evolução do mercado. Nitidamente existe uma recuperação dos valores das cotações desde final de 2014, e Portugal não foi excepção. Vamos ser conservadores e apontar para cerca de 10% de crescimento. Estes últimos devem ser somados a cerca de 10% de conservadorismo da análise do presente guia, ou então corrigir o conceito de "Condição 1" para "Bom estado" e adicionar esses mesmos 10% a uma "Condição 1+" para - esses sim - "Excelente estado e/ou poucos Km's". De qualquer das formas, penso que o guia peca por defeito em cerca de 20% transversalmente ao que está a ser praticado actualmente. Falta a secção Chevrolet, quanto mais não seja pelos Camaros e Corvettes....

Caso a caso:
Se eventualmente a regra acima for aplicada, poucos pontos me chamaram a atenção. Mas posso mencionar alguns a título de exemplo: Austin Healey 100/4 BN1 deve trocar com BN2. Os BMW M3 E36 estão um pouco acima do que me parece a realidade actual, mas eventualmente irão aumentar a curto prazo. Os Ferrari 308 têm vindo recentemente a valorizar mais do que os 328. Os Fiat Topolino "A" (36-45) deveriam estar objectivamente acima dos "B" e "C", não só pela antiguidade como também pelo carisma. Os Fiat 124ST, e Ritmos TC deveriam ser um pouco mais destacados dos restantes modelos. Os Honda CRX 16-16 devem trocar o valor com o seu sucessor 16Vtec. Os Lancia Delta Integrale não me parecem realistas.... Dou um 16v mais 4.000€ em troca de um Evo1? E valorizo a diferença entre o Evo1 e 2 no dobro? É irreal no mercado internacional.... A cotação do Aurelia B24 era bem vinda. Na Lotus a clivagem entre o Europa S1/S2 e os TC deveria ser superior, assim como entre os Mercedes 190 2.3 e 2.5-16v. O Triumph GT6 tem sido uma boa surpresa nas recentes valorizações pelo que em relação aos Spitfire de 4 cilindros está a ter mais procura.

Ford, essa grande confusão!
Esta deixou-me perdido e penso ser o caso mais urgente a ser corrigido. Ter as secções Ford USA/GB/Alemanha faz sentido e é necessário, no entanto a secção Alemanha/GB estraga tudo. Além disso existem vários erros, tais como:

- Duplicação dos Capri RS2600, que apenas foram produzidos na Alemanha e que surgem nos dois capítulos e com valores diferentes, assim como o Sierra RS500 que apenas foi produzido pela GB e com RHD. Penso que outros modelos carecem de análise e correcção semelhante.

- Valorização do Sierra RS Cosworth (2wd, 3 portas), além de ser inferior ao mais recente Escort Cosworth, está longe do que é actualmente praticado no mercado nacional e internacional. Até podemos incluir a infame comparação com o M3 E30 nos leilões mais recentes da ACA King's Lynn constantes da Classic and Sportscar de Setembro:

- Sierra RS Cosworth Estado normal (Fair), £47.250 = 64.500€
- BMW M3 E30 Estado bom (Very Good), £12.600
- BMW M3 E30 Evo Excelente, £38.850

Entretanto a Angia Car Auctions vendeu este fim de semana:
- Sierra Cosworth RS500 £42.000
- Sierra RS Cosworth £30.450

Espero que mais uma vez a minha opinião encontre eco na nossa comunidade clássica....

Melhores cumprimentos,
R
 
OP
OP
Ricardo Teixeira

Ricardo Teixeira

Gasolina nas veias
Os respetivos clips, bem diferentes dos 22.500€ da atual versão do guia da Motorclássico....

Assim como os - atualmente - muito inflacionados BMW M3 E30 a voarem mais baixinho.....

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OP
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Ricardo Teixeira

Ricardo Teixeira

Gasolina nas veias
Agora também uma opinião da "Classic Cars" (ser a publicação de clássicos com maior tiragem do mundo deve dar-lhe alguma credibilidade...):

"...realmente os preços para Capris 3.0S começam a desafiar os dos Mk1 3000, que tradicionalmente apenas são superados pelos raros modelos RS."

Ou seja, um RS2600 ou 3100 tem que valer sempre acima dos 33.000€, o que também se pode justificar pelo o que se encontra no Autoscout24 ou Mobile (à volta de 49.000€), longe dos 21.000/26.000/28.000 da Motorclássico.....

http://suchen.mobile.de/fahrzeuge/d...scription=2600&pageNumber=1&action=eyeCatcher

http://suchen.mobile.de/fahrzeuge/d...elVariant1.modelDescription=2600&pageNumber=1

http://rscapris.proboards.com/thread/708/sale-rs2600

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Nelson Santos

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Olá Ricardo,

Concordo com o que dizes e principalmente em relação à FORD. Talvez esteja mais atento a esta marca porque possuo um, mas de facto que grande confusão. Vou dar-te um exemplo, o FORD Taunus 12m P4, o preço bem pode subir. Em portugal ando a fazer um registo e ainda não encontrei mais de 20 (contando com os que nem andam e mais valia estar para peças). Portanto a raridade deste modelo e o lugar na história que tem, como sendo o primeiro modelo com tração dianteira da Ford, devia ver estas caracteristicas refletidas no preço.

Depois existe essa confusão e não separar claramente US de UK de GER.

Mas pronto, pode ser que alguém da redação leia este forum e pense um pouco neste assunto.

Abraço.
 

João Luís Soares

Pre-War
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Ricardo, começando pelo fim, acho que tens razão quanto à evolução positiva desse aspecto da Motor Clássico.
Felizmente é um bom passo dado.

Não falo dos outros casos, porque nada iria acrescentar ao que disseste, mas em relação aos Fiat 124 ST e aos Ritmo TC, não podia estar mais de acordo contigo. Em todos os mercados essas versões são bem mais cotadas que as "normais".

Quanto ao peso e relevância da tua opinião, a ausência poderia ser um factor a jogar contra isso, mas penso que o teu conhecimento e a fundamentação da opinião sustenta-a e é mais que suficiente para a credibilizar.
(Já agora, se alguém pensar que isto sou eu a "dar graxa" ao Ricardo, quero lá saber o que pensam. Se quiserem chamem-lhe isso... Só quero que o Ricardo se mantenha por cá porque acho imensamente útil para o Portal ter membros com este conhecimento.)
 

João Pereira Bento

128coupe
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Ricardo, começando pelo fim, acho que tens razão quanto à evolução positiva desse aspecto da Motor Clássico.
Felizmente é um bom passo dado.

Não falo dos outros casos, porque nada iria acrescentar ao que disseste, mas em relação aos Fiat 124 ST e aos Ritmo TC, não podia estar mais de acordo contigo. Em todos os mercados essas versões são bem mais cotadas que as "normais".

Quanto ao peso e relevância da tua opinião, a ausência poderia ser um factor a jogar contra isso, mas penso que o teu conhecimento e a fundamentação da opinião sustenta-a e é mais que suficiente para a credibilizar.
(Já agora, se alguém pensar que isto sou eu a "dar graxa" ao Ricardo, quero lá saber o que pensam. Se quiserem chamem-lhe isso... Só quero que o Ricardo se mantenha por cá porque acho imensamente útil para o Portal ter membros com este conhecimento.)

Eu também dou graxa, adoro o projecto de restauro do Peugeot. :)
 
As vezes preciso de saber a cotação de certos carros onde devo consultar?

Sem ser na interclássico muitos modelos e de determinados anos não constam...
 

Pedro Pereira Marques

Pre-War
Autor
O Ricardo tem toda a razão. (Ponto final parágrafo)

Existem muitas "nuances" no mercado e, "se aquele vale isto, este tem que valer mais". Os entendidos têm sempre a última palavra, os outros têm que acompanhar.

Devo destacar também a evolução dos preços dos Alfa Romeo, especialmente aquelas séries mais "interessantes" no momento: Giulietta Sprint (série 750 muito mais valorizada), 1750 Gtv (primeira série), 1300 Gt Junior (scalino), Giulia Sprint Gt Veloce (O Gta dos "pobres"), Giulia Sprint Gt... este último, tenho conhecimento de um em Portugal ter sido vendido por 70.000 euros.

Para breve está para vir a "inflacção" dos últimos Alfa Romeo (75, Giulietta Nuova, Alfetta) e também dos Alfasud (Sprint, Ti, etc)

Tendo em conta que, de facto (é um facto assumido, é verdade), em Portugal os preços e a procura chega passado um ou dois anos e falando na minha marca de eleição a Alfa Romeo, existem Alfa Romeo 75 (Twin Spark, Turbo, 2.5, 3.0) a serem vendidos entre os 10 e os 15 mil euros, Alfasud Ti dentro do mesmo valor e Alfasud Sprint (e até alguns 33) a compartilharem os mesmos requisitos na Europa, cá em Portugal vai acontecer o mesmo dentro de pouco tempo.

Quando assim é, podemos falar de outros modelos menos conhecidos pelo entusiasta padrão. Quando é que um Alfa Romeo 90 vale menos que um 75? Quando é que um Junior Zagato vale menos que um 1300 Gt Junior scalino? Quando é que um Alfa 6 vale menos que uma Alfetta 4 portas? E agora esticando a corda: Quando é que um 33 primeiríssima série vale menos que um Sprint Veloce 1300 de final dos anos 80?

É aqui que os entusiastas têm a vantagem, estão á frente nas escolhas e ditam o mercado! ;)
 
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João Luís Soares

Pre-War
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Pedro Pereira Marques

Pre-War
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Muito interessante Emanuel! Obrigado pela partilha!
 
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