"Regresso a Casa"- A HISTÓRIA DA AVENTURA de WOLFSBURG (Agosto de 2007)

[Hugo Freitas Pereira]

Olá a todos.
Devido a ter participado na 10º Conversa de Garagem daqui do Portal, ficou a promessa de criar um tópico com o relato de uma certa viagem...

Como muitos já devem saber (principalmente os ligados ao meio VW), o Clube Carocha da Madeira realizou em 2007 uma viagem até à Alemanha...

Aqui fica o relato do que se passou... (é capaz de demorar algum tempo até conseguir colocar a história toda)...



"Caros membros:

Venho por este meio, e em nome do "Clube Carocha da Madeira", do qual sou um dos membros da Direcção, relatar uma actividade do Clube, intitulada de "Regresso a Casa".

Como o nome indicia, foi uma viagem feita ao volante de Volkswagens Carocha e um dos seus "familiares", um Fastback, por alguns dos seus sócios.

Foi no dia 9 de Agosto de 207 que estes 8 veículos com 17 "Regresseiros" iniciaram esta aventura, rumo à Alemanha, à sua cidade natal, Wolfsburg.

De salientar que os participantes (carros e pessoas) saíram da Ilha da Madeira, chegando a Lisboa na sexta feira, rumando logo nesse dia para Valpaços.


Eis o programa:


Dia 10, sexta, Chegada dos últimos elementos, recolha dos carros no transitário e respectivas lavagens: Lisboa - Valpaços,

Dia 11, sábado, Valpaços – Burgos,

Dia 12, Valpaços (Dia de descanso),

Dia 13, domingo, Burgos – Bayonne,

Dia 14, segunda, Bayonne – Poitiers,

Dia 15, terça, Poitiers – Versailles,

Dia 16, quinta, Tourcoing – Sint-Job-‘t-Goor (BBT),

Dia 17, sexta, Sint-Job-‘t-Goor - Bruxelas,

Dia 18, sábado, Bruxelas – Liechlingen,

Dia 19, domingo, Liechlingen – Wolfsburg.

Dia 21, embarque dos carros em camião TIR para Lisboa,

Dia 23, quinta, regresso a Lisboa, por avião desde Hanover,

Dia 24, sexta, embarque das viaturas no barco e regresso de avião dos participantes insulares para a Madeira.


Os veículos participantes foram:

- 1200 de 1964;
- 1300 de 1970;
- 1302 de 1970;
- 1302 de 1970;
- 1302 de 1971 (transformado em cabrio);
- 1200 de 1971;
- 1303s de 1974 e
- Fastback de 1969"

 

[Hugo Freitas Pereira]

Eis o logotipo do evento, que tem, entre outros, o apoio da "Cidade do Funchal - 500 Anos":

 

[Hugo Freitas Pereira]

Apresentação dos carros, junto à Câmara Municipal do Funchal:

 

[Hugo Freitas Pereira]

“-Uma ida até à Alemanha? Nada de especial, principalmente se for de avião. De comboio… um pouco cansativo, mas sempre dá para apreciar a vista. Autocarro… não? Como? De carro? Não será muito cansativo? Qual é o carro? Um carocha!? Dos novos? Não? Dos antigos? Com mais de 30 anos a fazer mais de 3.000 quilómetros pelas auto-estradas? Mas os carros estão na ilha da Madeira!? Vocês são loucos ou quê?”

Esta foi a frase que os participantes mais ouviram, antes, durante e depois desta viagem.

A ideia inicial partiu de meia dúzia de entusiastas e sócios do Clube Carocha da Madeira, há já uns bons 5 anos antes. Numa reunião de Direcção, veio à conversa uma visita a Wolfsburg, cidade berço do Carocha, ideia essa que seria de logo apoiada por todos os presentes.

No dia 6 de Agosto de 2007 iniciou-se a viagem para Portugal continental dos cinco Volkswagens refrigerados a ar madeirenses. Em Valpaços estariam à espera outros três companheiros para a aventura.

 

[Hugo Freitas Pereira]

Dos oito carros participantes, com excepção de um Tipo 3 (um Fastback 1600TL), todos eram Carochas, com datas de nascimento a variar entre 1964 e 1974. Vários modelos constituíam o pelotão, nomeadamente dois 1200, um 1300, três 1302 e um 1303 com cilindradas desde os 1200 aos 1600 cc.
A apresentação oficial havia ocorrido na Câmara Municipal do Funchal, na 6ª feira anterior, à comunicação social e população em geral.
Com a missão de projectar o nome da Cidade do Funchal, que em 2008 celebrará os seus 500 Anos, os 17 participantes ficaram com o título de “Embaixadores da Cidade do Funchal - 500 Anos”, um motivo de grande orgulho. Este grupo tinha como membro mais novo uma criança de 5 anos e como mais velho, uma “outra” de 83.


A recepção às viaturas foi feita no porto de Lisboa, dia 11. Estas ao serem desembarcadas do navio “Ilha da Madeira” provocaram aos proprietários um “frio na espinha”. A altura que a grua elevou os carros foi impressionante. Se algum cabo rebentasse…
:?

 

[Hugo Freitas Pereira]

Passadas mais de três décadas para a maioria deles, os seus pneus voltavam a tocar solo continental. A adrenalina começou a aumentar e após as verificações ao estado das viaturas, a bagagem começou a ser acondicionada. A partida estava para breve. No entanto, dado o adiantado da hora e também ao facto da cobertura da comunicação social, (infelizmente nada de TVs), os “Regresseiros” resolveram almoçar primeiro antes de se fazerem à estrada.

 

[Hugo Freitas Pereira]

Foi a primeira vez que um clube automóvel assumiu uma missão diplomática, em Portugal e não sabemos se mesmo a nível mundial, não temos ideia de ouvir em nada semelhante.


O Miguel aqui já tinha saído do porto e com a ajuda do João Maria (um fanático VW, que veio da Mealhada só para nos conhecer e apanhar boleia novamente para lá) , tratava de instalar os elementos necessários para o GPS e afins...

 

[Hugo Freitas Pereira]

Aqui, ainda na Buraca, para o almoço.



A saída de Lisboa ocorreu por volta das 16:00 horas, rumo a Valpaços. A primeira paragem deu-se em Mealhada, para deixar na sua casa o moderador do maior fórum português da actualidade sobre Volkswagens refrigerados a ar, que é a Garagem VW, o João. Este tinha deslocado-se de propósito à capital na véspera por comboio para receber a comitiva.

 

[Hugo Freitas Pereira]

A paragem foi aproveitada para verificar o estado das porcas das jantes de três viaturas, pois estas haviam sido alvo de pintura e poderiam ter-se alargado. Aqui surge já a primeira preocupação, pois um rolamento duma roda ameaçava gripar, dado a quantidade de massa consistente que saia do copo de protecção. Após uma verificação e novo aperto, a caravana fez-se à estrada e novamente pela auto-estrada.



Na portagem, um carro vai abaixo (o meu) e não tinha corrente. Bobine? :roll: Bateria? Não, apenas um simples fio solto do borne da bateria, esquecimento do electricista aquando a revisão ao carro. Mais um aperto e fica tudo resolvido.



A noite já começava a cair.

 

[Hugo Freitas Pereira]

A noite já ia alta quando avistaram Valpaços, local da primeira dormida.


Já passava da uma da manhã quando começou o jantar, um famoso arroz de cabidela.



Uma quilometragem engraçada para um 1302 (tirando o 9, meio escondido). A meio caminho de Valpaços...


Chegava assim ao fim o 1º dia, com cerca de 580 quilómetros percorridos, pois as voltinhas na metrópole também contaram.

 

[Hugo Freitas Pereira]

O Azulinho do Coroado, que aqui passou para as mãos do Manuel Rosa, o nosso Presidente.

 

[Hugo Freitas Pereira]

No sábado, logo pela manhã, a comitiva rumou à Câmara Municipal de Valpaços, onde foi presenteada por amostras de vinho e azeite da região.




De seguida, as inscrições no passeio de Automóveis Clássicos de Vilarandelo foram imediatas. A antecipação em uma semana deste evento por parte da organização permitiu ao grupo madeirense participar numa nobre causa, visto que parte do valor da inscrição revertia para um orfanato local. As visitas ao concelho pelas estradas regionais e o convívio entre os participantes foram uma constante.



Outros Volkswagens estavam presentes no encontro, bem como carros de outras marcas.





A terminar o dia, antes do jantar com respectiva entrega de prémios de participação, uma visita a um solar típico que encantou todos participantes. A iniciativa “Unidos por um Sorriso” foi um sucesso.

 

[Hugo Freitas Pereira]

A despedida de Valpaços...


A alvorada foi por volta das sete, no terceiro dia. A recepção por parte da autarquia da cidade de “Nuestros hermanos” assim obrigava. A partida fez-se por entre ruas ainda desertas e com o sol a nascer.


Seria a 2ª etapa mais longa da viagem, com mais de 400 quilómetros a percorrer. A comitiva estava animada, pois no primeiro dia tinham sido quase 600 sem problemas.


No entanto, já em plena “auto-pista” e com gasolina mais barata (leia-se espanhola), rebentava a correia de alternador do cabrio, apelidado de “Rantanplan”. A utilização de” Walkie-Talkies” por todos os condutores revelou-se uma boa aposta por parte da organização. De imediato os carros abandonaram a estrada na primeira saída, e com uma rápida intervenção, a correia foi substituída. A causa era apontada pela ferrugem presente na polie inferior. O carro havia estado imobilizado durante um ano na oficina para retoques e a humidade fizera das suas. Durante esta paragem, a comitiva ainda foi convidada por um habitante local a participar numa concentração de viaturas clássicas que ocorria a poucos minutos dali. Infelizmente o convite teve de ser declinado, por motivos de agenda.



Aqui, a primeira paragem após a troca de correia. Os espanhois domingueiros ficaram um pouco baralhados com os nossos carros, principalmente depois se aperceberem da viagem que iriamos fazer...

 

[Hugo Freitas Pereira]

De volta à estrada, um momento para recordar:

 

[Hugo Freitas Pereira]

Eis-nos no Hotel, já eram 5 da tarde...

Ao longo desta etapa (bem como noutras), os pop-out e os ventiladores do meu pestaninhas foram mais do que suficientes para suportar temperaturas acima dos 40 graus. 8)




A chegada ao centro de Burgos deu-se com escolta policial. A abrir a caravana, uma viatura de pirilampos ligados e com dois excelentes profissionais não deixou ninguém indiferente à sua passagem.


Após o alinhamento dos carros na zona histórica da cidade, frente à catedral, com os respectivos estandartes, a comitiva recebeu da Autarquia local lembranças para todos os participantes, tendo também esta sido presenteada pelas lembranças madeirenses.

Aqui, a representante a assinar o nosso "Livro de Honra".

 

[Hugo Freitas Pereira]

O centro histórico de Burgos é muito bonito, e apesar de termos lá ficado apenas algumas horas, deu para ver algumas ruas e praças típicas.





Nota negativa para o lixo que pura e simplesmente era atirado para o chão, mesmo com recipientes próprios por perto...

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Às 23:00 horas, nova escolta policial para o nosso hotel. Uma cidade para recordar e um dia voltar... com mais tempo.

 

[Hugo Freitas Pereira]

Burgos by night...

A partida no dia seguinte, rumo a Bayone, obrigou a um reabastecimento, que foi aproveitado para comprar o jornal local, onde a viagem “Regresso a Casa” já era notícia.

 

[Hugo Freitas Pereira]

Os Pirinéus...




Uma paragem ainda antes da avaria... ainda em território espanhol... parecia o far-west. O Coroado parecia que estava a adivinhar que a correia ia partir-se outra vez...



Por 2500€, era vossa. Havia uma loja de antiguidades mesmo ao lado... estava fechada, mas até os carrinhos dum carrocel dos anos 50/60 tinham para venda.

Ao longo da viagem e já nos Pirinéus, rebenta novamente a correia ao cabrio. A assistência foi ainda mais rápida, mas deixou o grupo mais apreensivo. A correia só tinha uns meros 300 quilómetros. A velocidade teria de ser mais reduzida (ainda mais) para evitar o esforço. A média dos 90 quilómetros horários baixou para os 75. Não estando programada nenhuma recepção no destino (senão a do hotel para o “check-in)” não foi muito problemático dilatar as horas de viagem.

 

[Hugo Freitas Pereira]

Da 2ª correia e da sua reparação ninguém tirou fotos.
A caravana partiu-se em dois, ficando 4 para cada lado. Os 4 primeiros sairam no primeiro desvio.


Já era visível o trabalhinho dos mosquitos e demais bicharada na frente do carro. :?



A inclinação já era considerável. Até fazia lembrar a nossa Madeira , excepto a largura das faixas.

 

[Hugo Freitas Pereira]

Os últimos quilómetros espanhoís. Mais túneis...


Tempo para uma última paragem para encher os depósitos dos carros e da malta.



O combustível ainda a preços acessíveis.