Bom, respondendo ao repto lançado pelo Miguel Cristóvão, vou, na qualidade de concorrente nesta prova, fazer um pequeno relato sobre a mesma, expressando, como é óbvio, a minha opinião pessoal.
Participo em rallyes de regularidade (FIVA e SPORT), desde 1997, e o Rali da Pampilhosa da Serra, disputado no fim-de-semana terá sido, eventualmente, o mais difícil e exigente que efectuei até hoje, fundamentalmente, pelas péssimas condições climatéricas (muita chuva e nevoeiro) e pelo tremendo ritmo imposto pela Organização, como umas médias em troço e tempos para as ligações bem apimentadas!
Sem dúvida que o Rali da Pampilhosa da Serra foi uma prova muito exigente para as equipas a todos os níveis, principalmente ao nível da concentração, pois qualquer displicência ou exagero, poder-se-ia pagar muito caro!... Assim, que a prova foi muito desgastante para todos os concorrentes, tendo-se chegado ao final muito cansados, mas quase todos muito satisfeitos pela superação da enorme quantidade de desafios que esta prova encerrou.
Eu participei uma vez mais no habitual VW GOLF GTi MKI (1ª Série) de 1979, tendo como navegador o Ivo Tavares, que apesar da sua juventude é já um navegador muito experiente e perspicaz nesta valência das regularidades.
Antes do Rali a maior preocupação era o estado do tempo e como é que iríamos conseguir corresponder ao ritmo imposto pelas médias nessas condições. Desde logo, os pneus mereceram alguma preocupação, e, no meu caso, resolvi participar com uns Toyo CF1 usados, e como meio piso, à frente, e uns Yohokoama novos atrás. Quer à frente quer atrás desci a pressão dos pneus de forma a terem mais aderência, estratégia essa que se veio a revelar correcta.
Com médias maioritariamente de 50 kms/h e 60 kms/h naqueles troços sinuosos e escorregadios, sabíamos de antemão que as coisas não iriam ser propriamente fáceis, pelo que desde o ínício do Rallye adoptámos uma estratégia de contenção, centrada em andar o mais rapidamente possível, mas sem cometer exageros, ou ultrapassar os ideais limites de segurança.
A 1ª Secção que levou os concorrentes da Pampilhosa a Oleiros contemplou 3 PEC's, sendo que uma delas totalizou mais de 40 kms!... O grau de dificuldade foi elevado, e ao chegarmos ao final, ou seja, ao local do almoço em Oleiros, desconhecíamos em absoluto o que poderia valer o facto de termos efectuado uma prova muito certinha, sem sustos e respondendo quase sempre positivamente às encomendas das médias impostas. Verificamos os resultados, e constatamos que a estratégia tinha sido correcta. Ocupávamos então o 5º lugar, em igualdade pontual com os 4º's, nada menos, nada mais, do que o João Mexia Leitão e o Nuno Machado no Porsche 911.
Verificando que a estratégia estava correcta continuámos a adoptá-la para os 5 desafiantes troços da 2ª Secção! Tudo correu dentro da normalidade até ao penúltimo troço, altura em que o GTi denotou, novamente, problemas de alimentação, começando o motor a falhar e a embrulhar-se, o que nos colocou problemas acrescidos. Ainda assim, à chegada à Pampilhosa mantínhamos uma classificação no top five, o que nos deixava bastante satisfeitos.
Antes de partirmos para a 3ª e derradeira Secção, optámos por atestar o depósito na esperança, infundada, de resolver os problemas de alimentação do GOLF, algo que não se verificou.
Partimos para a 3ª Secção receosos de não conseguirmos aguentar a boa classificação alcançada até então dadas as graves limitações do bólide. Fazemos a antepenúltima PEC (nº 9) do rallye, e, mesmo com o carro a falhar tivémos um óptimo desempenho, ocupando então o 2º lugar à geral!... Mas, o pior estava para vir. A juntar aos problemas de alimentação acontece que na ligação da PEC-9 à 10, as pastilhas de travão entregaram a alma ao criador e a eficácia no travão perdeu-se e era tremendamente incerta. Tal facto fez-nos ser muito prudentes, e, ainda que andando o máximo que nos era possível, perdemos muito tempo para os mais directos adversários. No final da PEC-10 descemos para 3º's, mas, a derradeira PEC (nº 11), com pouco mais de 7 kms ainda nos foi mais difícil, pois os problemas de alimentação e de travões agudizaram-se ainda mais, tornando-se um suplício chegar ao final do troço. Acho que nunca ansiei tanto o final de um Rallye! Neste último troço perdemos um lugar no pódium (3º), porque o Paulo Gonçalves e o Henrique Damásio no Escort MKII tiveram o descaramento de nos dar uma aviadela de 147 pontos, ou seja, perdemos para eles neste troço 2m27s!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Bom, mas no final alcançámos o grande objectivo de terminar o rallye, no top five (4º lugar) e com a chapa do GOLF incólume, o que, infelizmente, nem todas as equipas conseguiram. Saliente-se que este rallye tever cronometragem por satélite através do sistema LOCATEL / My Time (Paulo Almeida), 100% eficaz e rápido no processamento dos resultados. Aliás, é possível a quem está em casa no dia da prova, ir verificando o evolucionar da prova em directo, no que se refere a classificações. Se quiserem testar façam-no no próximo dia 8 de Dezembro, no 9º Passeio de Regularidade do Ferodo Queimado.
Grande, duro, difícil, adrenalítico e muito desafiante rallye que o Jorge Conde e Cª do CAC nos proporcionaram, numa organização muito boa, quase isenta de erros.
De salientar que a componente social do rallye foi quase 5 estrelas, pois ficámos alojados no Pampilhosa Villa Hotel (4*), onde também jantámos no sábado e almoçámos no domingo, sendo que o almoço de sábado decorreu também a um grande nível no novo Hotel de Oleiros. Duas novas unidades hoteleiras do Pinhal a merecerem uma visita.
E, pronto, a "coisa" foi mais ou menos assim. Espero ter satisfeito a curiosidade de alguns "foristas" do Portal dos Clássicos mais interessados nos eventos de regularidade para automóveis clássicos, para mim, sem dúvida a vertente de que mais gosto neste nosso "mundo clássico".
Quem quiser aceder às classificações completas deverá proceder da seguinte forma:
Entra em www.locatel.es e, depois, no Acesso a Clientes deverá escrever no usuário: crono e na contraseña: locatel
