Piloto Mistério

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Antes Francisco Lemos Ferreira
Para animar isto quem adivinhar quem é este piloto ganha um prémio do Portal dos Classicos :D
a receber em casa pelo correio e é de ligar à ficha :D

Vamos la participar :D
 

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Francisco Lemos Ferreira disse:
Para animar isto quem adivinhar quem é este piloto ganha um prémio do Portal dos Classicos :D
a receber em casa pelo correio e é de ligar à ficha :D

Vamos la participar :D

Jo Siffert...
 
Brands Hatch, 24 de Outubro de 1971.
Disputa-se a 1ª World Championship Victory Race, prova de F1 extra-campeonato. No paddock, apesar da corrida não contar para nada, a azáfama é a habitual: pilotos, mecânicos e outros membros das equipas, convidados, jornalistas e público acotovelam-se - uns nos seus afazeres outros à procura de um 'boneco', um autógrafo ou dois dedos de conversa com os seus pilotos favoritos.
Ao longe, diviso e reconheço o meu amigo Jo 'Seppi' Siffert, ainda 'à civil', de fato, mãos nos bolsos e os óculos que o protegem do sol que parece querer abençoar este domingo de corridas em solo de sua majestade britânica.

- Seppi! - grito, procurando furar por entre a multidão.

Reconhecendo-me a voz, roda sobre os calcanhares e fita-me. Instintivamente, como o caçador perante a presa, carrego no botão de disparo fixando aquele instante para eternidade. Mal sabia então - nem tinha como o saber - que aquela seria uma das suas últimas fotos em vida.

- René! Então, tudo bem? - responde-me, no seu jeito habitual, de anti-vedeta, sempre disponível, dispensando-me o mesmo sorriso de playboy com que destroça corações femininos por todo o lado para onde vá e com que parece esconder a imensa e inquebrável determinação com que construiu a sua carreira, 'pedra a pedra', com as suas próprias mãos, neste difícil mundo - para quem, como ele, não tinha fortuna pessoal - das corridas de automóveis e lhe permitiu tornar-se um dos mais amados pelo público e admirado pelo seus pares.
- Tudo! E tu? Pensava que ias ao Japão...
- Sim, era para ir, mas as coisas complicaram-se com o transporte do carro e depois, como havia aqui a homenagem ao Jackie, acabei por não insistir muito e preferi vir aqui...

De facto, era suposto Siffert ter seguido com o seu Porsche 917/10 para o Japão, depois de ter disputado no fim-de-semana anterior o Monterey Grand Prix a contar para o campeonato Can-Am, mas dificuldades no transporte do carro acabariam por deixar o piloto suíço livre para responder positivamente ao apelo à homenagem ao recém coroado campeão de F1 e seu amigo Jackie Stewart. Ironia do destino, esta Victory Race - por sinal disputada no mesmo circuito de Brands Hatch onde, três anos antes, Siffert havia conquistado a sua primeira vitória (oficial) na F1 - havia ocupado a data deixada vaga pela anulação do GP do México a contar para o Mundial de F1, depois da morte, em Julho desse ano, do ídolo mexicano Pedro Rodriguez - colega de equipa de Siffert quer na BRM, na F1, quer na Porsche, no Mundial de Marcas, e seu arqui-rival - ter levado os organizadores mexicanos a desistirem da prova.

- E os pequenos?
- Estão óptimos - estive agora com eles depois de vir dos Estados Unidos. A Véronique está cada vez mais linda e o Philippe, não tarda nada está a andar!

Siffert parecia correr contra o tempo. Fora assim sempre desde miúdo, em que o sonho de um dia chegar à F1 o levara a empreender toda a espécie de pequenos negócios que lhe iam garantido o mínimo de recursos necessários, até esses dias, em que ao Mundial de F1, juntava a F2, o Mundial de Marcas (WSC) e o Can-Am - que só nesse ano já o tinham feito disputar cerca de 40 corridas, quase uma por fim-de-semana. A Véronique, que tinha dois anos, e Philippe, nove meses, apenas as fotografias permitirão um dia imaginar memórias de um pai que mal conheceram mas não deixarão de admirar...

- Bela qualificação, hein?
- Sim, o carro está bom, conseguimos um bom acerto... vamos lá ver como se vai portar na corrida.
- Tem sido um ano difícil...
- Bem, não foi mau... mas não fossem alguns problemas que tivemos e poderia ter sido melhor. Mas as corridas são assim.

O contrato com a BRM - pago pela Porsche (marca da qual era piloto oficial no WSC) como forma de impedir que a sua 'estrela' se mudasse para a rival Ferrari, que lhe havia acenado com um contrato duplo para F1 e Mundial de Marcas - parecia promissor, depois da terrível desilusão que havia sido a sua ligação à March, no ano anterior, tendo lhe dado a oportunidade de alcançar a sua segunda vitória na disciplina e a melhor classificação de sempre (4º lugar, ex-aequo com Jacky Ickx) no campeonato. Mas se na F1 o sonho de discutir o título e consagrar definitivamente o seu nome na disciplina, juntando-se à restrita galeria dos seus maiores heróis (nomeadamente daquele que mais admirara, Jim Clark), ia sendo sucessivamente adiado, no WSC o seu nome granjeara já uma reputação inquestionável, tendo não só ajudado a Porsche a conquistar os títulos de 69, '70 e '71 como era, àquela data, o piloto com mais vitórias (13) naquele campeonato e também o que detinha o recorde de vitórias (6) num só ano (1969). Mas o seu estatuto no seio da equipa de John Wyer, que representava oficialmente a marca alemã no WSC, vinha a ser questionado, em pista, desde o ano anterior, pela juventude e talento do mexicano Pedro Rodriguez, estando ainda bem fresco na mente de todos nós o episódio da largada para os 1000 Km de Spa-Francorchamps do ano anterior...

- Vemo-nos depois da corrida?
- Sim, claro. Até logo.

Não o voltaria a ver.
À 14ª volta, 15:18 horas daquela tarde de Outono, uma nuvem de fumo negro ergue-se no ar, anunciando o pior. Não tardaríamos a sabê-lo.

À noite, no bar em que era suposto encontrá-lo, com alguns dos seus amigos, depois da corrida, o seu lugar permanecia triste e silenciosamente vazio. Enquanto a TV debitava imagens a preto-e-branco do acidente, para uma plateia entre o alheado e o incrédulo; Heini, Jean-Pierre e Michel - os cubos de gelo tilintando no copo - olhavam o vazio; e Jacques - o cigarro pendente dos lábios - escrevia febrilmente como que procurando fixar as memórias de um tempo que já não mais voltaria.

Dias depois, eu era apenas mais um entre as cerca de 50.000 pessoas que enchiam as ruas de Friburgo prestando a última homenagem ao seu herói - que já não o era só da zona baixa popular e proletária da cidade, onde nascera no seio de família onde o dinheiro não abundava, mas também da zona alta aristocrática que igualmente o adoptara já como seu.

"Là, où il y a le risque, il y a la mort. Là, où il n'y a pas de risque, il n'y a pas de vie", diria o Padre Duruz, durante o serviço fúnebre, resumindo o espírito de um época, em que qualquer piloto convivia de muito perto com a morte, que amiúde se cobrava da ousadia de quem a desafiava.
Mas, como também me diria a sua irmã Adelaide, "Chaque être humaine fait une choix. Et lui, Il a fait le choix de vivre dangereusement. Je pense qu'il vaut mieux vivre dangereusement pendant 34 ans, qui s'emmerder pendant 80 ans."

Joseph Siffert. Friburgo, 7 de Julho de 1936 - Brands Hatch, 24 de Outubro de 1971.

vr
Le Mans Portugal

Nota: qualquer semelhança com pessoas, factos ou acontecimentos reais não é, de todo, mera coincidência. Porém, o relato do suposto encontro é pura ficção baseada na interpretação livre da foto que ilustra o artigo, retirada do filme "Jo Siffert. Live Fast, Die Young" (Men Lareida, CH, 2005).
 

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Francisco Lemos Ferreira disse:
O Alberto ganhou rapidamente :D A foto é de Le Mans em 1971. Manda a morada por pm sff:D

Yupiiiiiiiiiiiii, finalmente ganhei alguma coisa!!!!!:feliz::feliz:

Lemos Obrigado pelo prémio;), é de pilotos com esta aura que se fez a história do desporto automóvel!!!:D
 
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