Os 60 anos do Fiat 600

Exactamente! Foi mais um pormenor que não passou para a produção. Não sei que queixas é que os utilizadores do 600 tiveram/têm do sistema de arrefecimento do motor, mas sei que é sofisticado/rebuscado. Assisti a uma explicação do sistema num dos encontros de Arcozelo e acabei por não perceber grande coisa. Se este for o local apropriado para uma explicação simples, fico à espera.
O sistema é relativamente simples, a bomba de água faz girar a ventoinha, o radiador fica por trás, sendo que há um espaço por trás do radiador em que o ar quente se concentra e sai pela parte de baixo do radiador (há uma tampa para o efeito, que pode estar aberta ou fechada). Nesse espaço por trás do radiador, há uma tampa que permite que o ar quente do radiador aqueça o habitáculo, passando pelo túnel central, já na parte da frente este tem saídas para os pés (que podem ser abertas ou fechadas) e também para o para brisas.
O problema do aquecimento do meu 600 é que não tinha a blindagem por baixo da bomba de água e radiador, então quando o carro abrandava, o ar quente que saída da parte de baixo do radiador acabava por ser puxado de novo pela ventoinha, entrando assim a uma temperatura elevada e fazendo o motor sobreaquecer. Os 600 têm uma válvula que expande a determinada temperatura e desliga o motor (corta a corrente presumo eu). As aberturas do capot estão feitas propositadamente para que o fluxo de ar que passa pelo tejadilho do carro seja direccionado para o motor (ou parte dele), sendo que a ventoinha ajuda nesse processo. Mesmo em dias de sol, se o carro estiver a andar a uma velocidade constante e se apalpar o capot, ele está praticamente frio. E estando o sistema em bom estado (tubagens, favos do radiador, ventoinha, blindagem...) é praticamente impossível sobreaquecer o motor, mesmo em dias quentes. Já cheguei a fazer 40 quilómetros seguidos em autoestrada com o meu 600, a 70/80 num dia com algum calor e não se passava nada!

Na imagem, a vermelho é a tal tampa que permite a saída do ar do radiador, neste caso aberta. E na zona azul é a blindagem que tapa a parte de baixo da bomba de água.

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António Barbosa

Red Line
Portalista
Foi sem duvida nenhuma a melhor explicação de todas que ouvi, obrigado Rui! A foto também ajudou muito.
Mas, tal como eu pensava, o sistema é sofisticado e algo rebuscado. Essas tampas são retiráveis por curiosos/metediços/chicos-espertos e terão dado oportunidade ao sobreaquecimento.
Fiquei surpreso (positivamente) pela suspensão traseira do 600, foram todos assim?
 
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João Luís Soares

João Luís Soares

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António, essas blindagens eram muitas vezes retiradas nas oficinas ou em casa para fazer reparações e depois esqueciam-se de as colocar de volta...
 

João P Silva

Veterano
Seria interessante pensar num encontro/ concentração exclusivamente para Fiat 500 e 600. Ainda existem alguns no país. Qual é a vossa opinião?


Existiu em tempos uma concentração Ibérica, algumas vezes feita cá em Portugal, outras vezes feita em Espanha.

O Fiat Clássicos Clube de Portugal fez isso durante bastantes anos, mas na verdade o ultimo penso que foi em 2007.
As imagens falam por si.
 

Anexos

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João P Silva

Veterano
Já que estamos num tema sobre a refrigeração, um dos meus livros sobre o carro diz o seguinte:

"Para que exista sempre uma boa circulação de ar fresco no radiador, é necessário providenciar para que não falte nenhuma das chapas do piso do motor, nem o deflector de saída do ar à saída do radiador. As chapas do piso asseguram que entre o ar renovado pela grelha do capot do motor e que este seja encaminhado para o radiador. Se não existirem essas chapas, o ar quente que sai do radiador será novamente absorvido pelo ventilador produzindo uma refrigeração deficiente.
O sistema de arrefecimento funciona através de um termostato situado na caixa inferior do radiador que abre progressivamente a borboleta de descarga do ar. "

Havia a possibilidade do termostato avariar, e manter o deflector sempre aberto. No meu não tem o termostato e encontra-se sempre aberto.
 

João P Silva

Veterano
Coloco aqui uns vídeos, no primeiro um publicitário de época do 600, já na sua versão D, com as portas normais. (ultima versão).


De seguida coloco um vídeo de testes da FIAT, que tem os 600 que aparecem a partir do minuto 9.20.



Claro, aqui aborda outros modelos, mas acho que não fica Off-Topic.
Os carros eram duros, quem sofria era os passageiros. Note-se que hoje em dia é o contrário, ou pelo menos é essa a finalidade.
Deixo duas fotos que vem no seguimento do tema.
 

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António Barbosa

Red Line
Portalista
Já que estamos num tema sobre a refrigeração, um dos meus livros sobre o carro diz o seguinte:

"Para que exista sempre uma boa circulação de ar fresco no radiador, é necessário providenciar para que não falte nenhuma das chapas do piso do motor, nem o deflector de saída do ar à saída do radiador. As chapas do piso asseguram que entre o ar renovado pela grelha do capot do motor e que este seja encaminhado para o radiador. Se não existirem essas chapas, o ar quente que sai do radiador será novamente absorvido pelo ventilador produzindo uma refrigeração deficiente.
O sistema de arrefecimento funciona através de um termostato situado na caixa inferior do radiador que abre progressivamente a borboleta de descarga do ar. "

Havia a possibilidade do termostato avariar, e manter o deflector sempre aberto. No meu não tem o termostato e encontra-se sempre aberto.

Pelo que me lembro é exactamente este sistema que me parece sofisticado/rebuscado. Os termostatos costumam servir como uma torneira térmica, ou seja, quando o motor está frio a 'torneira' está fechada, à medida que o motor se aproxima da sua temperatura normal de funcionamento a 'torneira' começa a abrir para permitir que o liquido de refrigeração circule e arrefeça o motor. Tinha a ideia e a frase sublinhada confirma, o termostato no motor do 600 não terá (só) essa função pois não?
 

João P Silva

Veterano
Pelo que me lembro é exactamente este sistema que me parece sofisticado/rebuscado. Os termostatos costumam servir como uma torneira térmica, ou seja, quando o motor está frio a 'torneira' está fechada, à medida que o motor se aproxima da sua temperatura normal de funcionamento a 'torneira' começa a abrir para permitir que o liquido de refrigeração circule e arrefeça o motor. Tinha a ideia e a frase sublinhada confirma, o termostato no motor do 600 não terá (só) essa função pois não?


A função do termostato é apenas abrir a tampa. A agua circula sempre no motor - radiador
 

António Barbosa

Red Line
Portalista
Ok, está-se a fazer cada vez mais luz... Esse termostato envolve um embolo e cera? Se tiveres fotos do termostato põe por favor!
 

Pedroferreira

YoungTimer
Foi sem duvida nenhuma a melhor explicação de todas que ouvi, obrigado Rui! A foto também ajudou muito.
Mas, tal como eu pensava, o sistema é sofisticado e algo rebuscado. Essas tampas são retiráveis por curiosos/metediços/chicos-espertos e terão dado oportunidade ao sobreaquecimento.
Fiquei surpreso (positivamente) pela suspensão traseira do 600, foram todos assim?

Boa noite. Estou neste momento a restaurar um fiat 600 de 1966, estou com problemas na valvula do radiador, pelo que sei esta valvula serve para arrefecimento do motor, quando atinge 65 a 75 graus faz abrir uma tampa por baixo do carro que deixa entrar ar para arrefecer. A minha valvula esta a funcionar, acontece que alguem antes cortou as pegas que vão ligar a tampa e todos os contasctos que fiz antes niguem me consegue ajudar, estou a espera de resposta de contactos que fiz para espanha e inglaterra. Aqui alguem sabe de algum sitio onde me possam ajudar? Obrigado
 
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João Luís Soares

João Luís Soares

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Boa noite. Estou neste momento a restaurar um fiat 600 de 1966, estou com problemas na valvula do radiador, pelo que sei esta valvula serve para arrefecimento do motor, quando atinge 65 a 75 graus faz abrir uma tampa por baixo do carro que deixa entrar ar para arrefecer. A minha valvula esta a funcionar, acontece que alguem antes cortou as pegas que vão ligar a tampa e todos os contasctos que fiz antes niguem me consegue ajudar, estou a espera de resposta de contactos que fiz para espanha e inglaterra. Aqui alguem sabe de algum sitio onde me possam ajudar? Obrigado

Pedro, antes de mais peço-te que te apresentes ao pessoal abrindo um tópico aqui: http://portalclassicos.com/foruns/index.php?forums/os-entusiastas.136/

Depois, o melhor é abrires um tópico com a tua dúvida nesta secção: http://portalclassicos.com/foruns/index.php?forums/fiat.104/
 

Pedroferreira

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João Luís Soares

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Hoje lembrei-me de um tópico antigo cá do Portal que falava das várias versões do Fiat 600.
Vou repetir neste tópico o que lá escrevi na altura.
 
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João Luís Soares

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Fiat 600 - do projecto à produção

O projecto do Fiat 600 é bem mais antigo do que o que normalmente se pensa. O carro foi apresentado a 9 de Março de 1955, mas o projecto começou em 1945. O responsável foi Dante Giacosa, um dos "grandes" engenheiros italianos responsável por inúmeros projectos da Fiat.

O Fiat 500 C já estava totalmente desactualizado e era necessário um novo carro para dinamizar a Itália no pós-guerra.
Os primeiros projectos datam de 1945, mas havia a necessidade de substituir os Fiat 1100 e 1500 pré-guerra e os fundos eram escassos.
Finalmente, em 1951, avançou-se a sério. A primeira dúvida foi em fazer um carro com motor e tracção à frente ou com motor e tracção atrás. A direcção da Fiat optou pela 2ª hipótese.

A nível estético, foram escolhidas linhas arredondadas, para poupar na chapa e no peso.
Só faltava escolher um motor.

Depois de várias ideias, dada a urgência em lançar um utilitário, no início de 1953 Giacosa apresenta um motor de 4 cilindros, refrigerado a água, com árvore de cames no bloco, hastes e balanceiros. Na sigla habitual, um OHV.
Começava aqui o sucesso dos motores da série 100 da Fiat, que duraram até ao modelo homónimo - o Fiat Seicento de 1998.

As versões do Fiat 600 (e não só).

Entre Março de 1955 e Fevereiro de 1957 foi produzida a 1ª série do Fiat 600.
O motor tinha 633 cc, e desenvolvia 21,5 cv. Tinha um carburador Weber 22 DRA e uma taxa de compressão de 7:1.
As principais características que ao longo dos tempos seriam alteradas eram as portas de abrir ao contrário (suicidas ou malcriadas ou contra o vento), os vidros laterais de correr, piscas no topo dos guarda-lamas, faróis pequenos à frente, farolins totalmente vermelhos atrás sem piscas, símbolo redondo na frente com 6 frisos cromados (3 de cada lado).
O capot traseiro tinha 30 rasgos de refrigeração - 15 de cada lado.

Alterações ao longo da série:
No Verão de 1955 o indicador do nível de gasolina foi aperfeiçoado.
Em Fevereiro de 1956, os farolins traseiros passaram a incluir pisca devido a uma lei italiana (mas continuam totalmente vermelhos)

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Entre Março de 1957 e Fevereiro de 1959 foi produzida a 2ª série do Fiat 600.
A única alteração mecânica foi a mudança para o carburador Weber 22 IM, que permitiu passar para os 22 cv de potência.
Ao nível estético, os vidros passaram a ser descendentes e de manivela e os farolins traseiros passaram a incluir o pisca amarelo e um reflector.

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Entre Março de 1959 e Setembro de 1960 foi produzida a 3ª série do Fiat 600(última apenas com a designação Fiat 600).

A nível de mecânica passou a utilizar um carburador Weber 26 IM e a taxa de compressão passou a ser de 7,5:1; com estas alterações a potência passou para os 24,5 cv.
O dínamo, que era de 180W passou a ser de 230W.
Em termos de estética, na frente apareceram uns farolins pequenos transparentes por baixo dos faróis que tinham a dupla função de mínimo e pisca; acrescentaram-se uns piscas laterais no guarda-lamas. Os farolins traseiros passaram a ser maiores integrando um reflector quadrado.

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Entre Outubro de 1960 e Abril de 1964 foi produzida a 1ª série do Fiat 600 D, que é no fundo a 4ª versão do Fiat 600.
A motor sofreu um aumento de cilindrada e passou a ter uma capacidade de 767 cc e a produzir 29cv.
A nível estético, foram introduzidos os pequenos vidros deflectores triangulares nas portas e o capot traseiro passou a ter 36 rasgos de refrigeração.

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Entre Maio de 1964 e Outubro de 1965 foi produzida a 2ª série do Fiat 600 D.
A mecânica mantém-se igual.
A nível estético dá-se uma das maiores alterações - as portas passam a abrir no sentido que hoje é habitual. Esta alteração coincidiu com o lançamento do Fiat 850.
Esta foi a primeira versão do Fiat 600 a ser montada em Portugal, na Somave.

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Finalmente, entre Novembro de 1965 e Dezembro de 1969 foi produzida a 3ª série do Fiat 600 D.
A mecânica continuou a ser a mesma.
Em termos de estética os faróis da frente passaram a ser maiores (iguais aos do Fiat 850) e o depósito, que era de 27 litros, passa a ser de 31 litros.

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No fim do ano de 1969 a linha de produção do 600 vai para a Seat espanhola, que já produzia o 600 sob licença desde 1957.


Produções no estrangeiro:

Em Portugal foram produzidos os modelos Fiat desde 1964 (2ª série do 600 D) a 1969 (3ª série do 600 D).

Em Espanha (Seat):

Seat 600 N (1957-1963) - igual ao Fiat 600 1ª série.

Seat 600 D (1963-1970) - igual ao Fiat 600 D 1ª série.

Seat 600 E (1969-1973) - igual ao Fiat 600 D 2ª série.

Seat 600 L (1972-1973) - igual ao E, mas com 32,5 cv.

Na Argentina:

Fiat 600 (1960-1962) - igual ao Fiat 600 1ª série.

Fiat 600 D (1962-1965) - igual ao Fiat 600 D 1ª série.

Fiat 600 E (1965-1970) - idêntico ao Fiat 600 D 2ª série.

Fiat 600 R (1970-1977) - igual ao E mas com mais potência.

Fiat 600 S (1977-1982) - motor de 843 cc.


Apenas incluí os Fiat e os Seat porque são os mais comuns cá em Portugal.

Na Jugoslávia foram produzidos com o nome da Zastava.

Na Alemanha foram produzidos com o nome de Neckar Jagst.
 

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João Luís Soares

João Luís Soares

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Delegado Regional
Portalista
Cada vez gosto mais do 600 por causa do que vou lendo sobre o carro.

É engraçado que apesar de ter havido 3 Fiat 600 na minha família, nunca liguei muito ao carro enquanto clássico Fiat.
É o Fiat que mais se vê em encontros de clássicos, tenho muitas miniaturas dele, mas nunca me despertou uma verdadeira paixão.

Não cheguei a conhecer e ainda não descobri fotos dos 2 que a minha avó teve.
O único da família de que me lembro era da minha tia no fim dos anos 80 e início dos 90. Foi, inclusivamente, durante uma semana em 1991, carro do dia a dia da minha mãe (e meu, porque era ela que me ia buscar à escola).
Apesar de tudo isso nunca guiei nenhum e nunca esteve no meu top 5 de Fiat clássicos preferidos.
 
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