O que serão os futuros classicos?

HugoSilva

"It’s gasoline, honey. It’s not cheap perfume."
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Ultimamente, especialmente com o lançamento do Model 3 da Tesla, tenho sentido que isto dos elétricos está a ganhar forma rapidamente e este terá sido o ponto de viragem.
Um carro elétrico que custa $35.000, bem parecido, recheado de tecnologia e que até ver consegue ser aquilo que prometeu, é sem dúvida um game changer.

Até que me convençam do contrário manterei a minha ideia de que talvez com exceção dos super-desportivos, não vão haver clássicos "do futuro", a minha única dúvida é quais terão sido os últimos modelos lançados que ainda vão ter direito a esse "estatuto".

A cada ano que se lançam carros novos...

... acentua-se a espécie em extinção que é o descapotável...
... as versões apimentadas concentram-se mais em tentar colocar o máximo de cavalos possíveis no chão com as suas trações dianteiras do que em serem drivers cars...
... a imagem de cada marca aproxima-se cada vez mais das outras e a identidade faz cada vez mais parte do passado...

Daqui a 25 anos vai ser possível manter a rolar o... Megane RS de 2017? Quando aquela eletrónica começar a dar problemas e os interiores a darem de si? Não vai haver reprodução/subsittuição de nada até porque daqui a 25 anos vai estar tudo concentrado em substituir os ultrapassados carros elétricos!!

Acredito piamente que não vão haver muito mais gerações de homo sapien sapiens com oportunidade de disfrutar de carros clássicos, brevemente a única coisa que as gerações poderão fazer é folhear catálogos "vintage" e pagar para entrar nos museus das marcas para tentar cheirar os interiores cansados e tentar perceber que raio de confusão é aquela debaixo do capot...
 
OP
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JorgeMonteiro

JorgeMonteiro

...o do "Boguinhas"
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Mais 2 achas para a fogueira

1- Tenho a sensação que já estamos atualmente a entrar numa fase em que os que ganham estatuto de clássicos são carros com demasiada eletrónica e plástico. Não tenho noção se nas décadas anteriores havia também tanta "sucata sem sal" que foi filtrada e ficaram só os carros com real interesse.

2- Parece-me que o problema do futuro, não será tanto a conversão de motores de combustão em motores eletricos, mas sim a mudança completa do paradigma de transportes. Como disse o @HugoSilva, é provável que daqui a 25 já nem os eletricos tenham lugar neste mundo.



O que é que poderá acontecer? Será que se acabam as marcas "produtoras de carros como meios de transporte" e restarão meia dúzia de artesãos a produzir maquinas de culto para petrolheads?
 

HugoSilva

"It’s gasoline, honey. It’s not cheap perfume."
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Mais 2 achas para a fogueira

1- Tenho a sensação que já estamos atualmente a entrar numa fase em que os que ganham estatuto de clássicos são carros com demasiada eletrónica e plástico. Não tenho noção se nas décadas anteriores havia também tanta "sucata sem sal" que foi filtrada e ficaram só os carros com real interesse.

2- Parece-me que o problema do futuro, não será tanto a conversão de motores de combustão em motores eletricos, mas sim a mudança completa do paradigma de transportes. Como disse o @HugoSilva, é provável que daqui a 25 já nem os eletricos tenham lugar neste mundo.



O que é que poderá acontecer? Será que se acabam as marcas "produtoras de carros como meios de transporte" e restarão meia dúzia de artesãos a produzir maquinas de culto para petrolheads?

Estes 3 parágrafos resumem bem o que eu acho que vai acontecer e infelizmente daqui para a frente, pelo menos para os que acreditam nas questões ambientais, não é capricho nem "falta de chá" por parte dos consumidores é mesmo uma necessidade de tornar a coisa que é o objeto que permite a transportação pessoal e independente - o carro - em algo gradualmente mais sustentável.
Começou-se pelo mais importante, a forma de produzir energia, imutável à décadas e décadas, altamente ineficiente logo porque a fonte de matéria prima que se sabe hoje ser finita um dia vai acabar e até isso acontecer continuar a poluir o ar que respiramos com outros "milhentos" efeitos nefastos secundários que provoca ante de chegar ao asfalto.
Se calhar o próximo passo será acabar com a indústria do plástico proveniente das petroquímicas, a lógica é a mesma, é expectável que aconteça.

Se hoje em dia já são poucos os clássicos para os quais é fácil encontrar peças novas ou reproduções, ainda que de inferior qualidade, e estamos a falar de carros dos anos 60/70 vá, imagine-se daqui a umas décadas ainda ser possível os mercados alternativos ao OEM darem resposta à panóplia de peças necessárias para manter os potenciais clássicos dessa altura a rolar.
Tornar-se-á o clássico num hobbie estritamente para os que conseguirem pagar por aquela peça raríssima, aquele retrovisor, aquele logótipo da mala, aquele guarda-lamas, etc.?
 

Edgar.Guerra

Pre-War
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Se houver um nº suficiente de entusiastas dos clássicos a manter a propriedade e uso de um clássico como um hobby (e eu acho que vai haver, e que as alterações que aí vêm podem até fazer aumentar os amantes dos clássicos, ao potenciar algum saudosismo), haverá seguramente fornecedores a produzir as peças necessárias.
Com o avançar da tecnologia, reproduzir uma qualquer peça de um qualquer clássico poderá vir a ser "piece of cake" no futuro. Imaginem uma coisa do estilo impressoras 3D, mas que consigar reproduzir qualquer material não-orgânico. E para os orgânicos, aí sim, continuaremos a ter os artesãos que temos hoje.
 

João Pereira Bento

128coupe
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Carros com Airbag estão grande parte condenados. É um milagre em décadas não haver um azar.

Um exercício engraçado é pensarem qual o ultimo carro sem Airbag de determinada marca e o primeiro com o dito saco da mesma marca. Quais é que existem mais? Ainda hoje ia a pensar na praga de Renault 19 que existem a andar e Mégane I mais recentes nada.
 
Ainda hoje ia a pensar na praga de Renault 19 que existem a andar e Mégane I mais recentes nada.

Isso depende muito do local que frequentamos. No meu caso vejo tantos 19 como meganes I, ou seja, quase nada...conheço 1 exemplar de cada a rolar...

No entanto essa questão dos airbags tem realmente fundamento...assim como os catalisadores. Quando o meu irmão pôs o seu 156 2.5 V6 SW à venda o meu mecânico perguntou-me porque não ficava com ele como futuro clássico...antes que conseguisse responder ele disse:
- Pois...esta gaita tem 3 catalisadores!!! Se com um há problemas nas IPO...o que pensar com 3? :wacko:
 

Rafael Isento

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Pelo interesse que a malta nova demonstra pelos carros, os clássicos poderão estar condenados.
Quais são os miúdos de hoje que daqui a 20/30 anos vão querer carros sem grandes écrans ligados à internet? Pura e simplesmente não vão conseguir viver assim.
Tenho 3 crianças pré-adolescentes em casa. Se desligo o "router"... quase me matam!
 

João Pereira Bento

128coupe
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Pelo interesse que a malta nova demonstra pelos carros, os clássicos poderão estar condenados.
Quais são os miúdos de hoje que daqui a 20/30 anos vão querer carros sem grandes écrans ligados à internet? Pura e simplesmente não vão conseguir viver assim.
Tenho 3 crianças pré-adolescentes em casa. Se desligo o "router"... quase me matam!

Acho completamente o contrário!

Há 20 anos atrás quem é que tinha clássicos? Só uma pequena elite, estou errado?


Isso depende muito do local que frequentamos. No meu caso vejo tantos 19 como meganes I, ou seja, quase nada...conheço 1 exemplar de cada a rolar...

Claro. No Parque das Nações ou no Restelo por exemplo deve ser igual. :p Na província* preservam-se muitos carros desse género (unos, clios, 205). Aqueles que tem airbag assim que há um toque vão para o lixo. :) Eu até vejo mais Uno´s diariamente do que Puntos da primeira série. :)

*Que bem se está no província, pena é hoje a minha vizinha residente em Lisboa estar a queimar plásticos.
 

Rafael Isento

Portalista
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Há 20 anos atrás quem é que tinha clássicos? Só uma pequena elite, estou errado?
Creio que sim João. Há 20 anos atrás tinha eu precisamente essa idade e lembro-me de ver vários. Inclusivé viam-se muitos das décadas de 60 e 70. Hoje carros até 1990 já são clássicos. E estes últimos já são "plásticos", por ventura o menos interessantes e aqueles para que os miúdos de hoje vão olhar. Haverá alguém no futuro com vontade de recuperar um Ibiza 1.3CLX? Ou um Clio 1.2RN? Um Polo 1.0MPi? E um Prius?
Não esquecer que a grande maioria dos carros atuais são tração frontal, o que pode ajudar ao desinteresse.
 

Samuel

Veterano
Pelo interesse que a malta nova demonstra pelos carros, os clássicos poderão estar condenados.
Quais são os miúdos de hoje que daqui a 20/30 anos vão querer carros sem grandes écrans ligados à internet? Pura e simplesmente não vão conseguir viver assim.
Tenho 3 crianças pré-adolescentes em casa. Se desligo o "router"... quase me matam!

Também não concordo contigo @Rafael Isento. Ainda há bem pouco tempo pensei que existe cada vez mais pessoal (novo) a procurar carros 'antigos' nesta perspectiva lata de ser ou vir a ser clássico. Algo que há uns anos atrás não se via - quem procurava, ia já para modelos clássicos e quanto mais exoticos melhor (assim a carteira o permitisse).
Sim, é verdade que podem ser febres ou modas mas sinto que há essa procura (até aqui no Portal se sente isso) é também já com alguma adesão ao género feminino.
Se calhar por causa da idade e da disponibilidade de modelos mais antigos Ainda não chegou aos cílios mas ainda outro dia vi um 19 dos primeiros em estrado irrepreensível que talvez venha a ser uma boa opção.
 

Samuel

Veterano
Relativamente a este tema, o que me parece que mais vai condicionar os futuros clássicos (falando do que já existe como candidatos potenciais) são as questões ligavas à electrónica. Cada vez mais coisas girão à volta das centralinas e de sistemas sensoriais que não são fáceis ou são mesmo impossíveis de replicar ao contrário da maioria dos órgãos mecânicos.
Mesmo as peças plásticas, também pode constituir uma dificuldade mas hoje em dia a reposicao poderá não ser tão difícil (haja dinheiro).
Assim, o que poderá vir a salvar estas gerações recentes é o Stock de originais/cópias/compatíveis (dos primeiros a política é que haja cada vez menos) e o Stock de usados/acidentados/abatidos que têm um número finito.

Eu vou vivendo nesse dilema entre o guardar e preservar porque não sei o que me espera em termos de peças de substituição um dia e entre uma viatura que se é de utilização diária, tendo que justificar o valor que desvia ao orçamento familiar, tem de servir para tudo.
Votre voiture est-elle un futur collector ?
 

Rafael Isento

Portalista
Membro do staff
Portalista
Também não concordo contigo @Rafael Isento. Ainda há bem pouco tempo pensei que existe cada vez mais pessoal (novo) a procurar carros 'antigos' nesta perspectiva lata de ser ou vir a ser clássico. Algo que há uns anos atrás não se via - quem procurava, ia já para modelos clássicos e quanto mais exoticos melhor (assim a carteira o permitisse).
Sim, é verdade que podem ser febres ou modas mas sinto que há essa procura (até aqui no Portal se sente isso) é também já com alguma adesão ao género feminino.
Se calhar por causa da idade e da disponibilidade de modelos mais antigos Ainda não chegou aos cílios mas ainda outro dia vi um 19 dos primeiros em estrado irrepreensível que talvez venha a ser uma boa opção.
Gosto que discordem de mim, de forma devidamente fundamentada, afinal nem eu nem ninguém somos donos da razão.

Eu fundamento a minha opinião pelo interesse que a miudagem desperta pelos carros, afinal são eles que daqui a 20/30 anos andarão à procura de um. Por essa altura todos nós teremos o nosso clássico ou a devida falta de paciência para eles.
Honestamente não vejo a geração entre os 10-15 anos com o devido interesse nos carros. Já na geração de 20 e poucos vão existindo alguns, mas muitos deles desenvolvem o interesse por necessidade e não propriamente por paixão.
Creio que hoje em dia procuram-se mais carros velhos do que propriamente carros clássicos.
Obviamente isto é uma opinião pessoal, venham daí as vossas ;)
 

Samuel

Veterano
Gosto que discordem de mim, de forma devidamente fundamentada, afinal nem eu nem ninguém somos donos da razão.

Eu fundamento a minha opinião pelo interesse que a miudagem desperta pelos carros, afinal são eles que daqui a 20/30 anos andarão à procura de um. Por essa altura todos nós teremos o nosso clássico ou a devida falta de paciência para eles.
Honestamente não vejo a geração entre os 10-15 anos com o devido interesse nos carros. Já na geração de 20 e poucos vão existindo alguns, mas muitos deles desenvolvem o interesse por necessidade e não propriamente por paixão.
Creio que hoje em dia procuram-se mais carros velhos do que propriamente carros clássicos.
Obviamente isto é uma opinião pessoal, venham daí as vossas ;)

Eu compreendo essa mudança de paradigma... antigamente, muitos também iam desenvolvendo esse interesse desde pequenos porque, de alguma forma, iam acompanhando alguém próximo a mexer em carros ou que já os tinha. Hoje em dia vem tudo cravado para não se mexer. Há muita pouca gente que se atreve a esventrar (eu, por exemplo) as tripas do compartimento do motor (a começar pelos próprios mecânicos - "Ah, isso agora tem de se substituir tudo").
Mesmo sendo por necessidade pode ser que seja um pequeno bichinho que é plantado, quem sabe, pelos programas a que agora se tem acesso e antigamente nem existiam, ou pela proliferacao de encontros por todo o país...
Os que têm 10-15 anos ainda têm muita personalidade para desenvolver e educar nesse sentido. Mas também nos cabe essa tarefa de motivar os nossos (no que me diz respeito ainda é só os vossos :p) filhos para esta paixão. :)
 
Creio que hoje em dia procuram-se mais carros velhos do que propriamente carros clássicos.
Pois...mas a paixão tem de começar de alguma maneira! Isto é como o vírus Alfa, o contacto pode ser acidental, mas se pica, fica-se viciado.
Os putos até podem procurar apenas algo barato...os "normais" ficarão indiferentes aos exemplares mais antigos, os mais sensíveis, provavelmente, nem por isso!
 

João Pereira Bento

128coupe
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Portalista
Creio que sim João. Há 20 anos atrás tinha eu precisamente essa idade e lembro-me de ver vários. Inclusivé viam-se muitos das décadas de 60 e 70. Hoje carros até 1990 já são clássicos. E estes últimos já são "plásticos", por ventura o menos interessantes e aqueles para que os miúdos de hoje vão olhar. Haverá alguém no futuro com vontade de recuperar um Ibiza 1.3CLX? Ou um Clio 1.2RN? Um Polo 1.0MPi? E um Prius?
Não esquecer que a grande maioria dos carros atuais são tração frontal, o que pode ajudar ao desinteresse.

Quando digo que há 20 anos atrás só a elite é que tinha clássicos, refiro-me a coleccionadores. Muitos tinham carros velhos mas era por necessidade. Nos anos 80 havia muito menos matéria prima seguramente e não era qualquer "Zé" que tinha uns 3 ou 4 carros velhos na garagem (30/40 anos) e andava com eles. Atingimos um pico entre matéria prima e a facilidade em preservação?

Hoje fui a contar Renault 19 e Meganes 1. Em quase 500km pelo interior - 17 Renault 19, 1 Mégane Cabrio, outro Coupé amarelo e 2 de 4 portas. :p

Se eu fosse nessas conversas em fóruns dos tracção frontal, hoje não tinha o meu 128! :p

Hoje fotografei isto, encontro de Renault Express. :p Fui recentemente reparar um para-brisas e estava lá uma para levar um vidro novo. O funcionário disse-me - "veja lá que o senhor gosta tanto deste carro que tem várias, algumas só para peças. Há cada cromo".

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Anexos

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Esta é uma matéria complicada :rolleyes:


Antigamente, as marcas fabricavam quase como que cada um na sua, hoje em dia como todos sabemos,existe quase uma globalização do fabrico automóvel.

Dantes a gasolina era rainha, nos dias de hoje reina o diesel (que também adoro :p), graças à germanização/glorificação dos fumarolas no mundo automóvel, que se verificou em massa a partir dos anos 90 e recentemente até assistimos a marcas conceituadas, obrigadas a lançar pela primeira vez modelos com motorização diesel para agradar as massas...

Isto para não falar da eletrónica, para mexer tive formações complementares e tenho de ter programas de diagnóstico e estamos sempre em actualização constante (como em tudo na vida).

Antigamente o "Manel GT" abria uma oficina e fazia quase tudo com uma chave de fendas e um martelo, quando começaram a sair carros com centralinas, o "Manel gt" já ia ficando para trás, fazía-se o diagnóstico por impulsos de uma lâmpada identificando os código de avaria deste modo.

Hoje com o pc ligado e olhar para gráficos em tempo real num banco de teste a comandar tudo no carro, os putos do amanha vão estar nas 7 quintas e quem não perceber patavina disto vai para canto.

No entanto, como existe sempre uma reacção oposta e de igual intensidade em tudo na vida (lei de Newton), os clássicos existiram sempre e vai haver escassez de mão de obra especializada e material que valeram ouro.


Desde o inicio deste século, houve claramente uma mudança de paradigma das marcas, penso que hoje em dia não se fabricam carros para o amanha, é quase tudo palha, apenas os mais exóticos serão clássicos, ou não?!

...e nem quero saber :rolleyes:, já me chega bem o que foi feito no século passado e nunca chegarei a prova-los todos :DD:D
 

Eduardo Correia

Portalista
Portalista
Também não acredito que o futuro dos clássicos esteja condenado ou que paire uma nuvem negra sobre sobre os petrolheads do futuro.
Como tudo na vida, há gostos e paixões para tudo e muitas delas adquirem-se com a idade.

Eu desde miúdo que gosto de carros, mas quando tinha os meus 10-15 anos não dava grande atenção aos clássicos.
Foi algo que senti despertar quando cheguei aos 20s.

A verdade é que vejo bastantes adolescentes hoje em dia (mais do que via antes) a interessarem-se pelos clássicos e basta circular uns minutos pelos grupos nas redes sociais para perceber que há muitos que já têm o "bichinho".
É claro que por vezes - como aconteceu há uns dias - calha um deles colocar uma foto de um 127 e a perguntar que carro é pois nunca tinha visto...
Em suma, até podem não saber que carro é (quem o desenhou ou fabricou, que motorização tem, se é raro ou não, etc.), mas o interesse está lá... E se não sabem, vão à procura, pesquisam, investigam...
O interesse também se desenvolve, aprendendo. E até nesse aspecto os adolescentes de hoje tem uma vantagem adicional, pois tem um acesso muito mais facilitado à informação e ao conhecimento do que a maioria de nós teve na era pré-internet.

Acho que a própria consciencialização sobre os clássicos também evoluiu. Apesar de os carros serem hoje mais descartáveis do que eram antigamente, creio que passou a haver maior preocupação em preservar aquilo que cada um de nós julga poder ser um futuro clássico. Basta dar alguns exemplos com ou menos de 25 anos (Ax Sport, Clio Williams, 106 Rallye, ou mesmo outros mais banais).

Eu tenho um carro de 2002 que, fruto das suas características, já me decidi não vendê-lo. Entre ganhar uns poucos milhares de euros e guardá-lo para o futuro, prefiro optar por esta última. Estou convencido que daqui a 25 anos não me irei arrepender da decisão. Julgo que outros tantos pensarão da mesma fora.

E isto traz à conversa um outro ponto, que não se deve negligenciar. As nossas memórias, aquilo que sonhámos sobre um determinado modelo ou que vivemos com um determinado carro.

O Rafael perguntava há pouco se algum miúdo teria vontade de recuperar um Clio 1.2.
Provavelmente a resposta seria negativa na maior parte dos casos.
No entanto, foi o meu primeiro carro e fiz com ele grande parte da minha vida universitária. Se o encontrasse hoje a circular ou mesmo abandonado (creio que ainda existe), estaria seguramente disposto a comprá-lo por bastante mais do que aquilo que comercialmente vale.

Por muito "nonsense" que possa parecer objectivamente, haverá sempre um maluco disposto a investir num determinado carro, disposto a gastar tempo e dinheiro naquilo que o resto do mundo pode achar um disparate. E ainda bem que assim é, pois é desta forma que conseguimos manter vivo este "hobby".

Tudo isto dito e ainda que possa estar equivocado (espero que não), creio que o gosto e o interesse pelos clássicos estão muito mais democratizados e que não corremos o risco do futuro provar-nos o contrário.
 
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