Carlos Ferreira Barbosa
Clássico
O prazer de condução de um pequeno desportivo descapotável.
O dia amanheceu lindo.
Há semanas no estrangeiro as saudades do meu TriumphTR 4 Surrey Top, são enormes.
Penso…Hoje vou com ele para o emprego! São 25 quilómetros. Cidade, via rápida e estrada sinuosa.
Precisa de andar e acamar o motor.
Assim o pensei, assim o fiz!
Abro a garagem e deixo o Sol, a jorros, iluminar o meu adorado carrinho.
Dou-lhe a volta embevecido…sempre tem 45 anitos….Respeito!!!
Pega á primeira, e aquele ronronar e trepidar do chassis, fazem-me abrir um sorriso.
Acendo uma cigarrilha…aperto o blusão. Vamos a isto. Marcha atrás e saída para rua cheia de trânsito aquela hora. Quase não é preciso olhar para a retaguarda. Tudo pára para me deixar manobrar…respeito pela maravilhosa pequena máquina. Transeuntes abrandam o passo para olhar….
Vamos a isto, nada de grandes aquecimentos pois estas máquinas devem ser aquecidas em andamento e não estáticas…dizem os livros!
Deslizo pela marginal da cidade, metido no trânsito apressado das 8,30 da manhã….devagar…não tem problema, estou a aquecer a máquina e ainda estou nos 30º.
Nas esplanadas e dentro dos carros, as cabeças viram-se….
Se os compreendo! Sonhei como eles até aos 56 anos para ter o carrito dos meus sonhos de jovem adolescente….
Abre-se a via rápida, vamos a isto!
Aceleração viva e passagens de caixa suaves…o vento entra a rodos no compartimento e revolve-me o cabelo. O cheiro a motor quente e a cabedal fazem-me recordar outros tempos..
O cantar do motor, envolve-me…. A suave vibração do chassis transmite-se ao meu corpo, alcanço os 120 às 4.000. Engato o over-drive, fazendo cair as rotações para as 2.700 rpm. Vigio os manómetros, água mantém-se baixa, (não uso diafragma), pressão nos 80 kg, estamos bem….uma pequena entrada de fumo penetra pelo chão no buraco do travão de mão, situado aos pés do pendura…nada de preocupante…óleo de pequena fuga de junta de motor, pinga no escape a ferver e volatiliza-se….Estamos a acamar, eu e o carrito…Vai passar em breve…Estou certo.
Concentro-me na estrada, subindo suavemente a rotação e a velocidade, mas sem lhe abrir as goelas….o longo capôt estremece com a forte corrente de ar ascendente. Nem 500 quilómetros tem, depois da abertura do motor.
Sou ultrapassado por dois rapazes de boné de basebol, num Peugeot 206 Tunning…apitam-me, e dos dois lados do carro saem dois braços com os polegares espetados para cima. Belo…sabem o que ultrapassaram! Respondo-lhes com o mesmo sinal.
A via rápida acaba, entramos na estrada sinuosa de excelente piso…Vamos brincar? – pergunto eu, com um sorriso, ao meu carrito.
Desligo o over–drive. Agarro melhor aquele fino volante em cabedal de grip difícil, mas lindo de morrer.
Começam a chiar os pneus Michelin nas curvas. Entro a matar. O carro adorna mas corresponde, há que inserir bem a longa frente na curva e depois dar-lhe a potência suavemente…aparece uma apertada, vamos a uma desmultiplicação com ponta e tacão sem deixar cair a rotação…que linda contra brecagem….
Olho nos manómetros…tudo bem, mais algumas curvas longas e rápidas, com o cantar lindo daquele dois litros, dois carburadores Stromberg sem mariquices nem catalisadores….
Aproxima-se a empresa…que pena….vamos abrandar….deixemo-lo respirar e arrefecer….entra num ronronar baixinho…que delícia.
Cabelo revolto, sorriso nos lábios estaciono…Colegas meus a chegar, saindo dos seus carros, vêm-me cumprimentar e admirar o carrito.
Está bem…prometo deixá-los experimentar..Não sou ciumento e sou um mãos largas…Porque não compartilhar os pequenos prazeres da vida?
Até logo carrinho…Obrigado. Adorei esta tua entrega. Vou trabalhar feliz.
CB
O dia amanheceu lindo.
Há semanas no estrangeiro as saudades do meu TriumphTR 4 Surrey Top, são enormes.
Penso…Hoje vou com ele para o emprego! São 25 quilómetros. Cidade, via rápida e estrada sinuosa.
Precisa de andar e acamar o motor.
Assim o pensei, assim o fiz!
Abro a garagem e deixo o Sol, a jorros, iluminar o meu adorado carrinho.
Dou-lhe a volta embevecido…sempre tem 45 anitos….Respeito!!!
Pega á primeira, e aquele ronronar e trepidar do chassis, fazem-me abrir um sorriso.
Acendo uma cigarrilha…aperto o blusão. Vamos a isto. Marcha atrás e saída para rua cheia de trânsito aquela hora. Quase não é preciso olhar para a retaguarda. Tudo pára para me deixar manobrar…respeito pela maravilhosa pequena máquina. Transeuntes abrandam o passo para olhar….
Vamos a isto, nada de grandes aquecimentos pois estas máquinas devem ser aquecidas em andamento e não estáticas…dizem os livros!
Deslizo pela marginal da cidade, metido no trânsito apressado das 8,30 da manhã….devagar…não tem problema, estou a aquecer a máquina e ainda estou nos 30º.
Nas esplanadas e dentro dos carros, as cabeças viram-se….
Se os compreendo! Sonhei como eles até aos 56 anos para ter o carrito dos meus sonhos de jovem adolescente….
Abre-se a via rápida, vamos a isto!
Aceleração viva e passagens de caixa suaves…o vento entra a rodos no compartimento e revolve-me o cabelo. O cheiro a motor quente e a cabedal fazem-me recordar outros tempos..
O cantar do motor, envolve-me…. A suave vibração do chassis transmite-se ao meu corpo, alcanço os 120 às 4.000. Engato o over-drive, fazendo cair as rotações para as 2.700 rpm. Vigio os manómetros, água mantém-se baixa, (não uso diafragma), pressão nos 80 kg, estamos bem….uma pequena entrada de fumo penetra pelo chão no buraco do travão de mão, situado aos pés do pendura…nada de preocupante…óleo de pequena fuga de junta de motor, pinga no escape a ferver e volatiliza-se….Estamos a acamar, eu e o carrito…Vai passar em breve…Estou certo.
Concentro-me na estrada, subindo suavemente a rotação e a velocidade, mas sem lhe abrir as goelas….o longo capôt estremece com a forte corrente de ar ascendente. Nem 500 quilómetros tem, depois da abertura do motor.
Sou ultrapassado por dois rapazes de boné de basebol, num Peugeot 206 Tunning…apitam-me, e dos dois lados do carro saem dois braços com os polegares espetados para cima. Belo…sabem o que ultrapassaram! Respondo-lhes com o mesmo sinal.
A via rápida acaba, entramos na estrada sinuosa de excelente piso…Vamos brincar? – pergunto eu, com um sorriso, ao meu carrito.
Desligo o over–drive. Agarro melhor aquele fino volante em cabedal de grip difícil, mas lindo de morrer.
Começam a chiar os pneus Michelin nas curvas. Entro a matar. O carro adorna mas corresponde, há que inserir bem a longa frente na curva e depois dar-lhe a potência suavemente…aparece uma apertada, vamos a uma desmultiplicação com ponta e tacão sem deixar cair a rotação…que linda contra brecagem….
Olho nos manómetros…tudo bem, mais algumas curvas longas e rápidas, com o cantar lindo daquele dois litros, dois carburadores Stromberg sem mariquices nem catalisadores….
Aproxima-se a empresa…que pena….vamos abrandar….deixemo-lo respirar e arrefecer….entra num ronronar baixinho…que delícia.
Cabelo revolto, sorriso nos lábios estaciono…Colegas meus a chegar, saindo dos seus carros, vêm-me cumprimentar e admirar o carrito.
Está bem…prometo deixá-los experimentar..Não sou ciumento e sou um mãos largas…Porque não compartilhar os pequenos prazeres da vida?
Até logo carrinho…Obrigado. Adorei esta tua entrega. Vou trabalhar feliz.
CB