Conta apagada 42341
Veterano
Os olhos do ti Henrique, aliás, Henrique Amaral, 80 anos, brilham quando um a um os espectadores do último Poço da Morte em Portugal descem as escadas e formam uma pequena fila para o cumprimentar. Apesar de, bem ao lado, possuir um pavilhão de espelhos, o Risoterapia, só a adrenalina do fundo poço de madeira o faz vibrar: as acelerações em rodopio, as palmas enquanto gira como um pião enlouquecido e ergue a bandeira nacional de olhos vendados.
Ver anexo 338628 Ver anexo 338629 Ver anexo 338630 Ver anexo 338631 Ver anexo 338632
"Vou continuar enquanto tiver saúde", explica o "ti Henrique", em plena confusão das Feiras Novas, a grande romaria de fim de Verão em Ponte de Lima.
Nas Feiras Novas, durante três dias, cruzam-se bandas filarmónicas, ranchos de folclore, concertinas, desgarradas, um mar de gente circulando, mal, pelas atracções, pelas tendas de comes e bebes, pelas centenas de barracas e roulottes de feirantes.
Henrique, beirão de Mangualde, é um veterano e um pioneiro, que viu o seu primeiro poço na Feira de São Mateus, em Viseu, há muitos anos. "Eram italianos, eu tinha oito anos e nunca mais esqueci aquilo. Era o que eu queria".
Mais tarde, surgiram os poços nacionais e Henrique começou a aprender e a exibir-se num deles, aos 18 anos.
Ainda trabalhou numa esfera da morte, a mesma que mantém arrumada por não ter quem trabalhe nela e aos 40 mandou finalmente construir em São João da Madeira o seu poço.
Na última década, para desgosto de Henrique, a atracção esteve semi-parada até que a SIC o descobriu e transmitiu uma reportagem em horário nobre. "Foi há três anos. O pessoal lembrou-se e começou a querer ver outra vez, muitos trazem os filhos que não conheciam isto".
Encontrei o quarentão Poço da Morte de Henrique Amaral enfiado a um canto triste da feira.
Por momentos, temi que nem viesse a funcionar. "Sim, trabalha", explicou um determinado Henrique, "à noite, só à noite".
Quando por lá cheguei, atravessadas as luzes feéricas e tentadoras das grandes atracções modernas, jovens em cadeiras de cabelos para o ar, a gritar como possessos e a ser sugados no ar como marionetas, não vi ninguém. Junto à velha bilheteira, nem uma alma.
Aos poucos, vindos não se sabe de onde, foram aparecendo aficionados acedendo ao chamamento de Henrique ao microfone:
"Faça como São Tomé, venha ver para crer".
Alguns, são nostálgicos dos velhos tempos, outros habitués. "Sempre que ele vem a Ponte de Lima, não perco um", confessa um homem, "só não trouxe o meu miúdo porque tem medo. O velho (Henrique do Amaral) é um espectáculo!"
Afinal, subidas as escadas em madeira, Henrique e Carlos, o seu empregado e colega, acabam por exibir as ruidosas máquinas rodopiantes perante um povo caloroso, que não regateia aplausos. "Obrigado, muito obrigado!", agradece embevecido, no fundo do poço, o artista, o veterano, vestido com um fato laranja que o faz parecer um octogenário astronauta, 80 anos feitos em Fevereiro.
Apesar da idade, da placa e dos parafusos numa perna, dos maldito ácido úrico e reumatismo, dos pedidos dos familiares, ninguém o consegue tirar dali.
Muito menos agora que renovou toda a madeira e parafusos do Poço da Morte: "Está aí madeira para durar mais vinte anos. Se calhar", diz a rir, "eu é que não duro mais 20 anos". Apetece dizer: "Dura, então não dura!".
Se depender do optimismo e fé na vida de Henrique, o último dos quatro poços da morte que existiam em Portugal eternizar-se-á, perdurará sempre, como um ícone, um último bastião do que eram e são as nossas feiras. Afinal, o que será das feiras portuguesas sem o seu poço da morte, "a loucura sobre rodas, o total desprezo pela vida"?
in Café Portugal,
http://www.cafeportugal.net/pages/dossier_artigo.aspx?id=2591
http://www.youtube.com/watch?v=GlUsnJs5wKI
http://youtu.be/Bsi8rZt8z60
Qual o futuro destas acrobacias de moto em Portugal?! Provavelmente o esquecimento
Fiquei curioso ao saber que o meu avô, fui a um espectáculo destes em Abrantes no ano de 1945,
Ver anexo 338633
Alguém aqui da "Velha Guarda" conheceu ou ouviu falar sobre esta jovem senhora?
Esta foto é de 1945 na feira popular de Lisboa,
Ver anexo 338634
O que é passado é passado, mas façam o favor não o esquecer!
Ver anexo 338635 Ver anexo 338636
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"Vou continuar enquanto tiver saúde", explica o "ti Henrique", em plena confusão das Feiras Novas, a grande romaria de fim de Verão em Ponte de Lima.
Nas Feiras Novas, durante três dias, cruzam-se bandas filarmónicas, ranchos de folclore, concertinas, desgarradas, um mar de gente circulando, mal, pelas atracções, pelas tendas de comes e bebes, pelas centenas de barracas e roulottes de feirantes.
Henrique, beirão de Mangualde, é um veterano e um pioneiro, que viu o seu primeiro poço na Feira de São Mateus, em Viseu, há muitos anos. "Eram italianos, eu tinha oito anos e nunca mais esqueci aquilo. Era o que eu queria".
Mais tarde, surgiram os poços nacionais e Henrique começou a aprender e a exibir-se num deles, aos 18 anos.
Ainda trabalhou numa esfera da morte, a mesma que mantém arrumada por não ter quem trabalhe nela e aos 40 mandou finalmente construir em São João da Madeira o seu poço.
Na última década, para desgosto de Henrique, a atracção esteve semi-parada até que a SIC o descobriu e transmitiu uma reportagem em horário nobre. "Foi há três anos. O pessoal lembrou-se e começou a querer ver outra vez, muitos trazem os filhos que não conheciam isto".
Encontrei o quarentão Poço da Morte de Henrique Amaral enfiado a um canto triste da feira.
Por momentos, temi que nem viesse a funcionar. "Sim, trabalha", explicou um determinado Henrique, "à noite, só à noite".
Quando por lá cheguei, atravessadas as luzes feéricas e tentadoras das grandes atracções modernas, jovens em cadeiras de cabelos para o ar, a gritar como possessos e a ser sugados no ar como marionetas, não vi ninguém. Junto à velha bilheteira, nem uma alma.
Aos poucos, vindos não se sabe de onde, foram aparecendo aficionados acedendo ao chamamento de Henrique ao microfone:
"Faça como São Tomé, venha ver para crer".
Alguns, são nostálgicos dos velhos tempos, outros habitués. "Sempre que ele vem a Ponte de Lima, não perco um", confessa um homem, "só não trouxe o meu miúdo porque tem medo. O velho (Henrique do Amaral) é um espectáculo!"
Afinal, subidas as escadas em madeira, Henrique e Carlos, o seu empregado e colega, acabam por exibir as ruidosas máquinas rodopiantes perante um povo caloroso, que não regateia aplausos. "Obrigado, muito obrigado!", agradece embevecido, no fundo do poço, o artista, o veterano, vestido com um fato laranja que o faz parecer um octogenário astronauta, 80 anos feitos em Fevereiro.
Apesar da idade, da placa e dos parafusos numa perna, dos maldito ácido úrico e reumatismo, dos pedidos dos familiares, ninguém o consegue tirar dali.
Muito menos agora que renovou toda a madeira e parafusos do Poço da Morte: "Está aí madeira para durar mais vinte anos. Se calhar", diz a rir, "eu é que não duro mais 20 anos". Apetece dizer: "Dura, então não dura!".
Se depender do optimismo e fé na vida de Henrique, o último dos quatro poços da morte que existiam em Portugal eternizar-se-á, perdurará sempre, como um ícone, um último bastião do que eram e são as nossas feiras. Afinal, o que será das feiras portuguesas sem o seu poço da morte, "a loucura sobre rodas, o total desprezo pela vida"?
in Café Portugal,
http://www.cafeportugal.net/pages/dossier_artigo.aspx?id=2591
http://www.youtube.com/watch?v=GlUsnJs5wKI
http://youtu.be/Bsi8rZt8z60
Qual o futuro destas acrobacias de moto em Portugal?! Provavelmente o esquecimento
Fiquei curioso ao saber que o meu avô, fui a um espectáculo destes em Abrantes no ano de 1945,
Ver anexo 338633
Alguém aqui da "Velha Guarda" conheceu ou ouviu falar sobre esta jovem senhora?
Esta foto é de 1945 na feira popular de Lisboa,
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O que é passado é passado, mas façam o favor não o esquecer!
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Anexos
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