Néné Neves - O Talento

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Antes Francisco Lemos Ferreira
Ernesto Luis César das Neves, o conhecido Néné Neves nasceu em Lisboa a 1 de Maio de 1946. Foi talvez o piloto português que mais provas e campeonatos ganhou em menos tempo (1964-1973). Chegou a pilotar 3 carros diferentes numa mesma jornada desportiva...e a vencer com os três carros.
Foi Campeão Nacional por 9 vezes. Em 1970 foi Campeão Nacional em três modalidades!!!
Dono de uma capacidade de adaptação aos diversos carros invulgar, Néné só não pilotou um Formula 1, como tanto queria, nem teve uma carreira internacional séria, porque simplesmente concorreram para tal 3 factores determinantes:

- Primeiro, corria por gozo próprio e uma carreira internacional obrigá- lo-ia a profissionalizar-se e a ter que conviver com os ingleses que,como ele dizia "se fosse preciso matavam os pais nas corridas para irem ao Baile do Orfanato";

- Depois porque o seu grande acompanhante e grande preparador nas corridas e responsável por uma grande parte do seu sucesso - Augusto Palma pai - morre em 1973;

- Finalmente porque se deu o 25 de Abril de 1974 e o país mudou na sua correlação de forças económicas de uma forma radical.

Em Moçâmedes'73, terra onde deu show, a receber os prémios
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Impelido pelo seu pai (que tinha um Porsche) e pelo seu irmão, o qual correra em motos e carros, Néné Neves viveu um ambiente favorável ao gosto pelo mundo motorizado.

Aos 15 anos faz a sua primeira corrida numa motorizada Aermachi Ala Verde e com 19 anos (1964) faz a sua primeira corrida oficial num Porsche Super 90 oferecido pela sua mãe - o Rali Rainha Santa em Coimbra. Esta prova seria ganha pelo veterano Américo Nunes, também num Porsche.

Em 1965 obtém a sua primeira grande vitória - Fazendo par com Basílio dos Santos num Porsche SC, ganha a Volta a Portugal.
Com o prémio monetário adquire um Cooper S 1300 e manda prepará-lo na Broadspeed em Inglaterra.
É com este Cooper S que faz provas em 1966 e ainda metade da época de 1967.

Néné, em 1964, com o Porsche Super 90 no Rali de S Martinho (foto cedida por Cougar)
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Néné Neves e Basílio dos Santos são aqui visados pelo Mundo Motorizado em palavras (Volta a Portugal, Rampa de Sto Tirso, Circuito de Bragança e Rampa da Pena) e publicidade (Sacor) a propósito da sua vitória na Volta a Portugal de 1965

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Regista-se o engraçado pseudónimo do Zé Lampreia ( Aierpmal, nome invertido) usado no Circuito de Portalegre e noutras corridas subsequentes, moda que viria a ser adoptada por alguns pilotos metropolitanos e das antigas províncias ultramarinas (caso de Larama, por exemplo)

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(Fonte:Mazungue/Kadypress/Ricardo Duarte e Luis Sousa)
 
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Antes Francisco Lemos Ferreira
Citando Cougar in "Mazungue":

Falando de Ernesto Neves , surgem me à memoria diversas consideraçoes .
Nao é todos os dias que surgem jovens pilotos com habilidade para
desenvolver o seu talento . O Ernesto Neves tinha esse talento ,melhorava
a cada corrida ,e esse talento era mais evidente nos Formula onde deixava
a concorrencia inibida , era a nitida diferença entre um vencedor e os also
runners , uma das suas melhores exibiçoes foi em Brands Hatch no Festival
de Formula Ford onde se reuniam cerca de 80 pilotos de diversas naçoes
e continentes , e era preciso notar que estes concorrentes eram o creme
da época alguns dos quais com apoios financeiros expressivos ja na epoca
Nesta corrida o Nene fez uma magnica prova nao se temendo quer o
traçado da pista quer a concorrencia ao volante do Lotus 69 o que lhe
angariou rasgados elogios quer da Autosport quer do Motoring News .
Penso que o que lhe faltou foi a vontade de dar o salto para outros voos
ou entao foi a sua opçao o que é de respeitar .
Seria injusto nao mencionar o nome de Augusto Palma que foi um mentor
de carreira do jovem piloto do melhor que havia na época .
Penso que o E Neves se retirou na altura propria , em 73 o tempo de
crescimento da economia começava a inverter , o desaparecimento de
Manuel Palma e outras situaçoes levaram a uma quebra de entusiasmo e
foi a altura certa .​

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Na volta a Portugal de 1965 , é preciso dar um desconto a certas
afirmaçoes que por vezes eram feitas para vender entusiasmo . O Nene
com o dinheiro que ganhou na Volta de certeza que nao deu para comprar
o Morris Cooper S , quanto mais prepara lo na Broadspeed , mas pronto
ajudou . Nesta Volta o Basilio dos Santos era incontestavelmente o piloto
Porsche mais rapido e eficiente em Ralis , situaçao essa que perdurou até
1966 e foi o grande obreiro da vitoria , no fim a receita era sempre a
mesma , andar entre os primeiros e atacar na parte decisiva .O Neves aqui
nesta Volta teve das melhores aulas de conduçao a que se pode aspirar .
Como situaçao hilariante nesta Volta a Equipa Batista dos Santos -
Bandeira de Lima num Hilman Imp faz uma prova em pleno para abandonar
com a chegada à vista por falta de gasolina .
O José Lampreia em Portalegre da um show no R8 Gordini que lhe vale um
convite para integrar a equipe de Dieppe , mas opçoes familiares levam no
a declinar esse aliciante convite , ele alias jà usava o pseudonimo Aierpmal
para escapar a essas pressoes .De notar que so 2 equipes chegam em 65
ao fim da Volta e ,o segundo classificado " Xixaro" um ilustre desconhecido
desaparece da mesma maneira que participou , no maior dos silencios e
tudo isto foi obtido com um NSU Prin
z .
 
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Antes Francisco Lemos Ferreira
(cont.)
Voltando ao E NEVES porque rir é sempre bom , quando foi testar e buscar
o Cooper S à Broadspeed , levou como veiculo de reboque o Porsche SC
com que tinha ganho a volta a Portugal .
Um dos inconvenientes de rodar no sentido de transito ao qual nao se
esta habituado é a questao das prioridades , e o nosso piloto teve um
encontro num cruzamento de que resultou a destruiçao da parte da
frente esquerda do SC , guarda lama , frente , capot,etc . Para se ver a
resistencia do desgraçado ainda conseguio trazer o Cooper S no
atrelado até Lisboa .

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Recordando alguns carros usados por o E Neves

1964 Porsche S90
1965 Porsche SC
1966 Porsche SC ,Morris Cooper S
1967 Morris Cooper S , Lotus Cortina, Lotus Elan SE
1968 Lotus Cortina , Lotus Elan s3, Lotus Elan S3/SE , Palma V e Cortina
Lotus
1969 Lotus 47 , Elan S3, Ford Escort Twin Cam ,Lotus Europa , Palma V e
NSU
 

David Silva

scuderi
Confesso que desconhecia mais este às do volante... Obrigado pela partilha Francisco! E uma entevista com o senhor? Não é possível?
Pena a foto do Porsche estar tão pequena...

P.S.- Tens o 5º parágrafo repetido...
 
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Antes Francisco Lemos Ferreira
O Néné Neves era (e é) um tipo engraçado e não gostava de ralis. Conta ele ao Rui Pelejão (que deve ser filho do Pelejão Marques) que numa ocasião fez as Camélias com o Zé Megre como navegador. Combinaram previamente que quando chegassem aos controles o Zé Megre receberia o cartão de controle e dizia "Obrigado" ao que o Néné com a cara metida na estrada e as mãos no volante apenas tinha de arrancar com muita velocidade. A palavra "obrigado" era a senha para arrancar furiosamente em frente. Chegados ao controle de Monserrate o Néné engata a primeira e fixa-se na estrada, enquanto o Megre trata do cartão do controle, mas veio do um tipo do público, antes do controlador, que ofereceu uma bolacha ao Megre ao que este aceitou e ripostou "Obrigado". Nisto o Néné arranca em derrapagem e em grande estilo mas uma bolacha é que fez as vezes do cartão de controlo...

Kadypress in "Mazungue"
 
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Antes Francisco Lemos Ferreira
David Silva disse:
Confesso que desconhecia mais este às do volante... Obrigado pela partilha Francisco! E uma entevista com o senhor? Não é possível?
Pena a foto do Porsche estar tão pequena...

P.S.- Tens o 5º parágrafo repetido...

Obrigado David;)
 
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Antes Francisco Lemos Ferreira
Continuando Néné Neves, o ano de 1966 foi o seu ano Cooper S (preparação Broadspeed)

Temos poucos registos desse ano, mesmo assim reproduzimos:

Rampa da Pena- 1º Classificado em Turismo

Vila Real - 2º Classificado em Turismo, atrás de John Miles (Lotus Cortina)

Porto - 5º Classificado em Turismo, atrás de Gaspar (Alfa Romeo GTA), Gião (BMC Cooper S), Augusto Palma (Lotus Cortina) e Lampreia (Renault 8 Gordini 1.1)

Cascais - Turismo , apenas treinou.

Posto aqui algumas fotos que me foram cedidas por A. Andrade e Sousa (Néné tripula o Mini de "avental" branco visível na terceira e quarta fotografias)

Circuito do Porto

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(Fonte:Mazungue/Kadypress/Ricardo Duarte e Luis Sousa)
 
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Antes Francisco Lemos Ferreira
1967 começa bem para Ernesto Neves que repetiu a façanha de 1966 - tornou a vencer a Rampa da Pena de 1967 mas, desta vez, em duas categorias - Turismo com o Cooper S Broadspeed e também em Grande Turismo e Desporto com um Lotus Elan já aqui falado pelo Cougar.
Com o Cooper S fez 2m02s04 batendo o record anterior de Aquiles de Brito no Ferrari GTB que foi de 2m03s32 !!! Aliás Neves bateu o seu próprio tempo - O Cooper S foi mais rápido que o seu Elan vencedor na Classe GT/Desporto e atá, (re)veja-se mais rápido que o vencedor da Classe Turismo Especial/Protótipos , José Lampreia (Lotus Elan S2) com 2m04s48 e do que Luis Fernandes, vencedor da Categoria Formula V com 2m10s18!!!

Turismo
Foi sintomática a supremacia dos Cooper S na prova de Turismo com o pódio a ser preenchido por Neves, Burnay Bastos e Adolfo Sampaio relegando o super competitivo Alfa Romeo GTA de Carlos Gaspar para um modesto 4º lugar. A corrida interna entre os BMC Cooper S nesta prova de rampa também teve desigualdades pois os que usavam autoblocantes tiveram a vida mais facilitada.

GT e Desporto
Aqui Neves impôs o Lotus Elan a António Meneres, em carro idêntico e a Américo Nunes (Porsche 911S). Pedro Rasteiro (Lotus Elan) ficou a 6s do pódio.

Um dos Lotus Elan que esteve na Pena (José Lampreia também ele vencedor mas em Turismo Especial/Protótipos)

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Em Maio de 1967 Néné Neves faz a Rampa de Paços de Ferreira, novamente com os dois carros preparados pelo Team Palma - O Lotus Elan e o Cooper S Broadspeed. A subida, realizada na EN 559 rumo ao Monte Pilar, tinha uma extensão de 3200 mts e um declive médio da ordem dos 6%.

No agrupamento de Turismo Neves não teve dificuldades em vencer com o Cooper S averbando um tempo de 1m45,20 superando Adolfo Sampaio (Morris Cooper S) e António Peixinho (Cortina Lotus).Peixinho foi mesmo terceiro embora parte da publicidade contrarie esta posição.

Na categoria GT, Desporto, Turismo Especial e Protótipos as vedetas foram os noveis (acabadinhos de chegar) Lotus mk47 GT, vulgo Lotus 47, de Carlos Santos (vencedor) e de Luis Fivelas Fernandes (2º lugar) que impuseram a potência para vencer folgadamente (Santos) sobre Néné Neves (Lotus Elan) que teve de se contentar com terceiro lugar ficando contudo a 1,34s de Fernandes.

Publicidade da época no Mundo Motorizado
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Paços de Ferreira'67 viria a ser a prova inaugural para os Lotus mk47 GT importados à Lotus Cars pelo Team Palma. Carlos Santos já havia demonstrado esta maquina num intervalo da 3ª Prova de Perícia do Targa Clube, mas aqui foi para valer...e ganhar

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(Fonte:Mazungue/Kadypress/Ricardo Duarte e Luis Sousa)
 
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Antes Francisco Lemos Ferreira
Na mítica e internacional prova de Vila Real de 1967, no agrupamento de Turismo, Néné Neves (Cooper S Broadspeed) andou bem mas também teve alguma sorte para chegar ao 2º lugar, atrás de António Peixinho (Cortina Lotus) - o vencedor. Outro Cooper S, o de Burnay Bastos, ocupou o ultimo lugar do pódio.
Digo sorte porque o azar bateu a outras portas - Carlos Gaspar (Alfa Romeo GTA), o favorito que já comandava, desistiria depois de galgar um lancil, segundo ele, por obstrução de José Lampreia (Renault 8 Gordini). Manuel Gião (Cooper S) que fora sempre superior a Neves, acabou a prova com uma correia partida não sem antes ter perdido uma roda e ter feito 200 metros sem a mesma até à box. Assim o caminho ficou livre para a fácil vitória de Peixinho que terminou com pouco menos de um minuto de vantagem sobre Neves.

Na prova rainha - agrupamento de GT, TE e Protótipos Neves, em Lotus Elan, abandonou. Esta prova foi ganha por Michael Grace d'Udy (Mike d'Udy) em Lola T70 seguido dos Lotus mk47 GT de Carlos Santos e de Mané Nogueira Pinto

Imagens do Mundo Motorizado

Publicidade
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Arranque para a prova rainha com C Santos, Mané e Mike d'Udy

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(Fonte:Mazungue/Kadypress/Ricardo Duarte e Luis Sousa)
 
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Antes Francisco Lemos Ferreira
A 17 e 18 de Junho de 1967 realizou-se o I Circuito Granja do Marquês (o II Circuito foi marcado para 9 e 10 de Setembro).

Turismo (Gr 1 e 2)
Néné Neves obtém o 3º tempo com o Cooper S Broadspeed atrás de Peixinho (Cortina Lotus) e de Carlos Gaspar (Alfa Romeo GTA). Na partida, do tipo Le Mans, Gaspar e Neves foram mais lestos e adiantam-se a Peixe. Depois do colapso do Alfa, Peixinho passa a comandar e Neves fazia das tripas coração para tentar acompanhar o Cortina que fugia nas rectas. Neves descreveu algumas das curvas em duas rodas…
A corrida foi monótona e só um despique entre Lampreia e Burnay Bastos trouxe alguma (pouca) animação. O pódio seria ocupado por :1º Peixinho, 2º Neves, 3º Lampreia.


GT e Desporto, TE e Protótipos (Gr 3 a 5)
Aqui os reis da fiesta foram os quatro Lotus 47 do Team Palma. Assim que pisaram, com grande aparato, os rectângulos de cimento da pista de aviação da Granja um frisson apoderou-se dos espectadores ávidos de presenciar o desempenho daquelas quatro novidades.
Os quatro Lotus 47 dominaram uma nova grelha tipo Le Mans por esta ordem: Luís Fernandes, Carlos Santos, Mané Nogueira Pinto e José Lampreia. Os dois o primeiros dispunham de injecção Tecalemit nos seus 47 enquanto que os dois últimos tinham os 47 equipados com a versão carburadores. Para a grelha, Neves classificou-se logo a seguir aos 47 com o Elan S3 do Team Palma à frente de Carlos Faustino (Porsche RSK) e do já aqui falado neste Fórum Achilles de Brito (Lotus Elan 36 BRM ).
Neves adiantou-se no comando, comandando apenas meia volta para ceder o lugar a Nogueira Pinto. Com os 47 a dominar Neves fez o que pôde e chegou a perder o capôt em corrida. Contudo, à 31ª volta encosta com problemas mecânicos.
Esta prova viria também a ter uma curiosidade - um Shelby GT350 de Jonathan Ponter que seria o carro mais potente em prova.


Na partida tipo Le Mans Neves baralhou as contas dos 47'men

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José Lampreia venceu com justiça embora o seu 47 estivesse na versão de carburadores. O gigante Shelby GT350 não teve os cavalos muito bem dominados.

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Antes Francisco Lemos Ferreira
Na segunda corrida da Granja do Marquês, realizada oito dias depois do GP do ACP, a 8 e 9 de Junho de 1968, e denominado III Circuito Sintrense, Ernesto Neves voltou a repetir a dose : vitória no Agrupamento de Turismo com o Lotus Cortina, ficando à frente dos BMC Cooper S de Colaço Marques , Manuel Champalimaud , e de Bernardo Sá Nogueira. O quinto classificado foi José Lampreia no R8 Gordini.

Quanto à corrida de GT, Neves classificou-se, com o Lotus Elan abaixo retratado, em quinto lugar mesmo depois de ter ido às boxes para reparar uma avaria. José Lampreia foi o vencedor em Lotus 47, seguido de João Ferreira de Moura (Jag E type) e de Pedro Rasteiro (Porsche 911S).


Na Granja II'68, Néné pilotou o Lotus Elan do Team Palma carro que, nesse mesmo ano, iria fazer o Palanca Negra em Angola pelas mãos de Nicha Cabral. Aqui Emílio Marta conduz o mesmo carro , no mesmo ano, na dita corrida de Luanda, levando o carro da box à grid(foto cedida por C.Marta)

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Nicha em prova no Palanca Negra'68 com o mesmo Lotus Elan, perseguindo Arhens de Novaes no Porsche 904GTS (foto cedida por Cougar)

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O XV Circuito Internacional de Vila Real, disputado em 6 e 7 de Julho de 1968, não trouxe grandes e boas notícias para Néné Neves. Das quatro provas para automóveis ali disputadas, Néné inscreveu-se em duas:

Com o Lotus Elan para a prova de GT, recheada de carros muito mais competitivos, e de pilotos internacionais de nomeada. Néné pouco poderia fazer. Faz o 14º lugar à geral. A prova foi ganha por Mike d'Udy (Lota T70) seguido de David Piper (Ferrari P3) e de Paul Hawkins (Ford GT40).

O Lotus Elan que Néné tripulou em Vila Real'68 (foto retirada do livro Circuito de Vila Real 1931-1973 de Carlos Guerra)

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Na prova destinada aos Turismo, Néné alinha com o Lotus Cortina fazendo a pole position.
Néné domina durante 11 voltas, faz a vmr mas uma avaria na bomba de água, retira-o prematuramente de uma vitória certa.
Só um aparte - os motores Lotus 1.594 cc ( Elan, Europa, Cortina, etc) tem uma sistema de bomba de água diferente e mais complicado que um motor comum onde a bomba de água fica localizada no exterior e é acoplada ao bloco por falanges metálicas e tubagem diversa. De facto, a bomba de água do Lotus está inserida dentro do motor pelo que a sua substituição obriga à remoção de uma tampa do motor, com pouquíssimo espaço para trabalhar - digo-vos, um verdadeiro pincel.De resto também não era avaria resolúvel numa corrida de sprint.
Três Cooper S preencheriam o pódio por esta ordem - Bernardo Sá Nogueira, José Paiva e Sousa e Vítor Colaço Marques.

Grid e Turismo com Neves (Lotus Cortina), M. Champalimaud e Paiva de Sousa (ambos em Coper S) na primeira linha. Na segunda linha - Burnay Bastos e Bernardo Sá Nogueira (ambos em Cooper S), este último viria a ser o vencedor. Depois parece-me Alfredo César Torres (#101, à dtª na foto) e Xico Santos (Ford Escort Twin Cam) e...?. Já não consigo identificar mais a não ser outro Escort (deduzindo pelas dimensões, no fim da grid ao fundo), neste caso um 1.3GT do piloto Hamlet. (foto partic. Kadypress, ex-AAS)

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(Fonte:Mazungue/Kadypress/Ricardo Duarte e Luis Sousa)
 
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Antes Francisco Lemos Ferreira
O Clube 100 à Hora organizou e promoveu o VII Circuito de Montes Claros a 3 e 14 de Julho de 1968.

No Agrupamento de Turismo Ernesto Neves regressa à glória com o Lotus Cortina. Faz a pole position e na corrida, sem esforçar o carro, ganha vantagem a Fernando Baptista que classificou o seu Cooper S na segunda posição.Fernando Baptista marcaria, no futuro, as páginas do automobilismo português ao volante dos Cooper S. O terceiro classificado foi Manuel Champalimaud, também em Cooper S. A oposição de Néné para esta corrida poderia ter advindo de Xico Santos que, logo na primeira volta, fica off-side ao virar o seu Ford Escort Twwin-Cam de patas-ao-ar na curva do moinho. Teria sido aqui que ganharia a alcunha de Xico Cambalhotas?


Na grid, Neves, Xico Santos e Vítor Colaço Marques com o Cooper S Ex-Moura Pinheiro. (foto partic. Kadypress, ex-AAS)

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Neves festeja mais uma vitória ao volante do Lotus Cortina do Team Palma, desta vez no Agrupamento de Turismo em Montes Claros. (foto partic. Kadypress, ex-AAS)

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A jornada de Montes Claros englobava também uma prova de Formula V, que seria ganha por R.Cavagnac e ainda a prova rainha - a de GT Grande Turismo. Definitivamente, o Lotus Elan com que Ernesto Neves participou já não era carro para andar à frente nos GT porque alguns pilotos de topo tripulavam carros bem mais competitivos já para não falar nos três Lotus 47 que eram mais ágeis que o Elan. Nesta corrida acrescentou-se ainda a concorrência estrangeira, pois a prova internacional de Vila Real tinha decorrido oito dias antes.
Esta prova foi ganha por Carlos Gaspar que, finalmente, conseguiu levar o GT40 até o fim da prova como vencedor e sem problemas. Nicha Cabral foi o segundo classificado ao volante de um lindo Ferrari Dino 206S e Jonh Miles fechou o pódio tripulando um Lotus 47 de fábrica, o tal dos snorkels…
Como os 47 portugueses viveram diversos problemas,o quarto lugar foi disputadissimo entre dois grandes volantes portugueses de sempre : Mané e Néné. No final das contas, Mané Nogueira Pinto impôs os cavalos do potente Porsche 911R sobre o Lotus Elan do Tem Palma de Néné Neves. Na bandeirada final 0,29s os separaram…

Nicha, Carlos Gaspar e Peter Crossley, poucos momentos antes da partida. Em grande plano o Chevron B8 Climax. O piloto deste carro - Peter Crossley (de capacete colocado) - obteve o 3º tempo da grid,mas, na corrida, sofreu um ligeiro despiste e ficou, irremediavelmente afastado dos lugares cimeiros.
Ao lado está o bonito Ferrari Dino 206S que Nicha já tripulara em Vila Real. (foto partic. Kadypress, ex-AAS)

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Arranque para a corrida de Formula V. (foto partic. Kadypress, ex-AAS)

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(Fonte:Mazungue/Kadypress/Ricardo Duarte e Luis Sousa)
 
Excelente contributo.
A experiência de um piloto muito bem resumida. Mais um que não conhecia :D

É impressionante os tempo efectuados pelo Cooper S na rampa :oo
 
Continuando pelas portas abertas pelo Amigo Francisco Lemos Ferreira...

(Fonte:Kadypress/Ricardo Duarte e Luis Sousa)

A jornada de Vila do Conde foi disputada em 23 e 24 de Agosto de 1968. Era o décimo terceiro Circuito que se disputava nesta localidade.
Par a prova de Turismo, a luta adivinhava-se entre Néné Neves e Carlos Santos. Santos herdara o Lotus Cortina do Team Palma e Néné alinharia no Ford Escort TC de Xico Santos. Os carros equivaliam-se em termos de motorização. Neves faria a pole, seguido e Santos e de Fernando Baptista em Cooper S. Neves dominou sempre batendo o record da pista. Santos terminou em segundo e o terceiro classificado foi Manuel Champallimaud que saíra da 4ª posição da grid.

Grid para a prova de Turismo (foto de Justino Santos extraída do livro VC Vol I de Zagan/J M Freitas)
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Momento de disputa da corrida de Turismo. (foto partic. kadypress/ex-AAS)
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Quanto à prova de GT Grande Turismo já sabíamos que o Elan de Neves não era competitivo em face ao dois Lotus 47 (o terceiro 47 - o de Santos ficara em Angola para Herculano Areias) e em face do Ford GT40 de Carlos Gaspar. Mesmo assim Neves resolveu alinhar, desta vez com o Escort TC com que tinha corrido na prova de Turismo. A primeira linha da grid ficou preenchida por Gaspar (GT40) Fernandes e Lampreia em Lotus 47. A vitória coube ao imbatível GT40 e Neves debateu-se com dificuldades face a uma avaria na caixa de velocidades do Escort TC tendo tido uma performance condicionada por esse facto.

Momento da chegada e vitória do GT40 em que está visível o Escort TC que Néné Neves tripulou (foto partic. kadypress/ex-AAS)
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