Marketers Vs Engineers

Carlos Vaz disse:
Percebo-te mas (há sempre um mas lol) antes de ser dos classicos, acaba por ser de carros ou automóveis ou lá o que raio quisermos e por vezes é preciso chegar aos novos, que efectivamente serão classicos daqui a algum tempo tal como os classicos foram novos há algum tempo, para colocar certas coisas em perspectiva!

Recentrando, efectivamente não tenho tanta certeza assim de que os carros recentes sejam claramente menos duraveis e fiaveis que os antigos. É preciso não esquecer que o tipo de uso hoje é muito mais exigente do que era há 30 ou 40 anos... a quantidade de kms é incomensuravelmente superior do que nessa altura, de forma que é comum encontrar carros com 2 anos e quilometragens superiores ás que se faziam em 10 ou 12 anos na época!
Assim, convém estabelecer algumas premissas antes de se iniciar uma "discussão" destas sob pena de andarem todos a falar de coisas diferentes.

Quanto aos programas de "absolescencia programada" não sei efectivamente quando começaram, mas diz-se que a Mercedes terá avançado com isso depois do w123 que era efectivamente virtualmente indestrutivel... pelo menos a julgar por um 250 Turbodiesel com que andei e que tinha mais de 600mil... o pisar do carro era o de um carro novo.
Yep... Boa perspectiva. De facto não se consegue fazer muita coisa com alguns carros antigos do que se faz hoje com um moderno. Claro que para ir de A a B todos teoricamente chegam. O pior é o resto.

Rectifico apenas uma coisa...esse que andaste 250 TD deve ser W124 e não W123.
O W123 só saiu em diesel com 240d, 300D e 300TD, salvo-erro.


E sim...o W124 é considerado o carro mais indestrutível e mais fiável do Mundo. Mesmo hoje em dia.

Abraço
 

António Barbosa

Red Line
Portalista
Dois exemplos para contribuir para o tópico:

1 - No manual do VW Golf IV, está lá escrito, não estou a inventar, "as lâmpadas fundidas devem ser trocadas num concessionário pois são um serviço demasiado especializado" arregacei as mangas e troquei a lâmpada...

2 - O Austin Allegro nas fases finais de design teve a linha do capot completamente redesenhada porque os do marketing acharam que uma versão com 1750cc ia vender bem, enganaram-se e bem! A crise petrolífera de 73 arrumou com essas cilindradas nos veículos desse segmento e com o capot redesenhado o Allegro ficou (ainda) mais feio...
 

Carlos Vaz

Pre-War
A propósito deste tema deixo uma outra questão: antes dos Marketeers não foram os Engenheiros "castrados" pelos contabilistas?

Lembro-me de na Lancia isso não acontecer e o resultado é que um Flavia Coupé 1800 custava em Inglaterra mais ou menos o mesmo que um Jaguar E... É facil perceber o que isto pode fazer ás vendas e também é facil perceber porque faliu a marca e foi parar ás mãos da Fiat!

Mas que estavam entre os melhores carros do seu tempo não tenham duvidas, a atenção aos detalhes era absolutamente brutal.
 

João Luís Soares

Pre-War
Membro do staff
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Delegado Regional
Portalista
Carlos Vaz disse:
Eduardo e João... que me desculpem mas estão a ser "intelectualmente desonestos"!

Eu sei que isto é um forum de classicos, mas quando se critica a industria automóvel alemã, estamos (ou estão) a criticar aquilo que se faz hoje... já agora relembro que tal como os classicos de hoje já foram novos, os novos de hoje serão inevitavelmente os classicos de amanhã.

A verdade é que se quisermos gastar essa quantia num carro novo em quase todas as categorias é absolutamente impossivel não olhar para a produção alemã... e... depois disso recusá-la é mesmo uma questão de sobranceria ou de optar por ser diferente embora isso possa implicar um produto menos conseguido!
E no caso das berlinas familiares, como disse só o Jaguar XF (eventualmente a minha escolha) e se não está já no mercado está para chegar, o Maserati Ghibli.

E... asseguro-vos que há muita gente em Portugal (e no resto do mundo nem se fala) a gastar esse tipo de dinheiro neste tipo de carro. Se a opção da malta daqui é outra, isso já são outros "quinhentos"!
E... não serve alegar desconhecimento sobre o que as marcas fazem hoje, pois isso parece não impedir ninguém de de "achar" que os carros novos são do "pior que há", quase obra do "demo" em pessoa.

Já agora Luis... de facto fico sem perceber qual a razão da compra de um GT86 e de um BRZ, já que na prática fora pequenas diferenças esteticas e na taragem da suspensão são exactamente a mesma coisa pelo que ou se teria um ou o outro. Ainda assim estão claramente abaixo do orçamento aqui colocado e na minha modesta opinião, desde o dia em que saíram não são "minimamente decentes", são fantásticos e classicos procurados garantidos daqui a 30 anos.
Carlos, não concordo.
Eu não fugi à questão.

Começando pelo fim, eu falei no GT86 e no Subaru BRZ em simultâneo, porque os acho minimamente interessantes.
Além disso, se tivesse esses €€ todos, era sinal que podia e optava por um comparativo de longa duração. laugh.png
Além disso podia-te convidar para um Track Day sem gastares nada e para vermos quem era o melhor... tongue.png

Acredita que estou a ser totalmente honesto quando digo que quase desconheço os automóveis modernos. Não é alegação, é realidade e é uma opção minha com a qual vivo muito bem.
O meu pai assina a Turbo e eu só leio os artigos do José Vieira (ex-director), que normalmente falam sobre outros tempos.

Sim, gosto de ser diferente. Mas isso não é uma obsessão.
Não gosto dos automóveis de hoje em dia em geral.
Gosto de pensar fora da caixinha onde o marketing teimosamente me tenta meter e não consegue.
Isso não é estagnação. É uma evolução onde dou os passos por iniciativa própria e não por opção condicionada.
Dou-te um exemplo aparentemente fora do âmbito do fórum, mas que penso que explica o que sinto. Anda o povo todo atrás de iphones, telemóveis touch, android e etc. Eu tenho um Nokia de teclas relativamente recente. Tive um igual antes mas estraguei-o. Adorava-o apesar de ser em azul e a alternativa ser o vermelho vivo. Era um mal com o qual eu tinha de viver... Até ao dia em que fui à loja ver um substituto para o estragado e me cruzei com um em cinzento na montra, algo "marcado" por estar exposto. Nem pensei duas vezes. Era aquilo que me satisfazia por completo e foi isso que comprei. (E ainda arranjei um belo desconto por causa de ele estar "marcado".)
Provavelmente é da educação. A minha mãe tem um Opel Agila e foi ela que convenceu o vendedor que queria um igual ao que teve antes. Por ele, ela trazia um Corsa e ele ainda o fazia quase ao mesmo preço...

Com o que se discute no tópico é igual.

Eu não ligo puto ao marketing e é das coisas que mais me chateia.
As escolhas que escrevi em cima seriam sempre "males menores".

Mas esqueci-me de um carro que me fez escrever o quase logo no início...

O Alfa 4C. Esse levava-me os €€. Se eu os tivesse...

Voltando ao tópico e aos clássicos, eu não acho que haja assim tantos automóveis actuais que vão ser clássicos. Não por questões de qualidade ou de carisma, mas por evidentes questões de durabilidade. Essa palavra é daquelas que deve fazer espécie aos marketeers...

Centremos a questão e deixemos as derivações...
 

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Eduardo Relvas

fiat124sport
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Carlos Vaz disse:
A propósito deste tema deixo uma outra questão: antes dos Marketeers não foram os Engenheiros "castrados" pelos contabilistas?

Lembro-me de na Lancia isso não acontecer e o resultado é que um Flavia Coupé 1800 custava em Inglaterra mais ou menos o mesmo que um Jaguar E... É facil perceber o que isto pode fazer ás vendas e também é facil perceber porque faliu a marca e foi parar ás mãos da Fiat!

Mas que estavam entre os melhores carros do seu tempo não tenham duvidas, a atenção aos detalhes era absolutamente brutal.
Nada disso... no Reino Unido houve durante muito tempo pesadas taxas sobre tudo o que não fosse de produção doméstica. Daí haver um total desencontro entre segmentos de carros estrangeiros e nacionais.

Mas sim, já antes dos "marqueteiros" houve os "contadores de feijões"... tongue.png mas esses, menos mal. Há que de facto ter alguma racionalidade nos custos, a primeira regra para ter um negócio lucrativo é saber equilibrar os custos com os lucros. A Lancia no seu auge era de tal modo dedicada à qualidade que se esqueceu que para se manter à tona precisava de receber mais pelos carros do que eles custavam...

Quanto ao nascer da obsolescência programada, foi no princípio dos anos 30. E a culpa foi deste senhor, o Alfred P. Sloan, presidente da General Motors...

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Este senhor teve a ideia de reduzir deliberadamente a qualidade das peças, e programar renovações de modelos mais aceleradas, para vender mais... por isso é culpa dele! tongue.png

E respondendo à questão anterior, foi exactamente em meados dos anos 30 que surgiram as primeiras acusações contra os construtores automóveis, dizendo que estavam a produzir modelos comprometidos com princípios que não os da qualidade e solidez, mas sim mais fracos e menos fiáveis.

Foi aliás de uma insurgência de um grupo de entusiastas do automobilismo contra estes factos que foi criado um dos mais excêntricos e ainda hoje dinâmicos clubes automóveis... o VSCC, ou Vintage Sports Car Club. Neste clube só são admitidos modelos concebidos e/ou construídos até 1930.

Um abraço!
 

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João Luís Soares

Pre-War
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Portalista
António Barbosa disse:
Dois exemplos para contribuir para o tópico:

1 - No manual do VW Golf IV, está lá escrito, não estou a inventar, "as lâmpadas fundidas devem ser trocadas num concessionário pois são um serviço demasiado especializado" arregacei as mangas e troquei a lâmpada...

2 - O Austin Allegro nas fases finais de design teve a linha do capot completamente redesenhada porque os do marketing acharam que uma versão com 1750cc ia vender bem, enganaram-se e bem! A crise petrolífera de 73 arrumou com essas cilindradas nos veículos desse segmento e com o capot redesenhado o Allegro ficou (ainda) mais feio...
Pois... Dois bons exemplos de abordagens diferentes mas ambas erradas, a meu ver.

Carlos Vaz disse:
A propósito deste tema deixo uma outra questão: antes dos Marketeers não foram os Engenheiros "castrados" pelos contabilistas?

Lembro-me de na Lancia isso não acontecer e o resultado é que um Flavia Coupé 1800 custava em Inglaterra mais ou menos o mesmo que um Jaguar E... É facil perceber o que isto pode fazer ás vendas e também é facil perceber porque faliu a marca e foi parar ás mãos da Fiat!

Mas que estavam entre os melhores carros do seu tempo não tenham duvidas, a atenção aos detalhes era absolutamente brutal.
Um exemplo clássico, mas algo complicado. (Ups, o Eduardo já explicou.) tongue.png

Quando dizes que a atenção ao detalhe era brutal, tens toda a razão. O problema foi que isso deixou de ser uma prioridade...
 

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Carlos Vaz

Pre-War
João Luís Soares disse:
Carlos, não concordo.
Eu não fugi à questão.

Começando pelo fim, eu falei no GT86 e no Subaru BRZ em simultâneo, porque os acho minimamente interessantes.
Além disso, se tivesse esses €€ todos, era sinal que podia e optava por um comparativo de longa duração. laugh.png
Além disso podia-te convidar para um Track Day sem gastares nada e para vermos quem era o melhor... tongue.png

Acredita que estou a ser totalmente honesto quando digo que quase desconheço os automóveis modernos. Não é alegação, é realidade e é uma opção minha com a qual vivo muito bem.
O meu pai assina a Turbo e eu só leio os artigos do José Vieira (ex-director), que normalmente falam sobre outros tempos.

Sim, gosto de ser diferente. Mas isso não é uma obsessão.
Não gosto dos automóveis de hoje em dia em geral.
Gosto de pensar fora da caixinha onde o marketing teimosamente me tenta meter e não consegue.
Isso não é estagnação. É uma evolução onde dou os passos por iniciativa própria e não por opção condicionada.
Dou-te um exemplo aparentemente fora do âmbito do fórum, mas que penso que explica o que sinto. Anda o povo todo atrás de iphones, telemóveis touch, android e etc. Eu tenho um Nokia de teclas relativamente recente. Tive um igual antes mas estraguei-o. Adorava-o apesar de ser em azul e a alternativa ser o vermelho vivo. Era um mal com o qual eu tinha de viver... Até ao dia em que fui à loja ver um substituto para o estragado e me cruzei com um em cinzento na montra, algo "marcado" por estar exposto. Nem pensei duas vezes. Era aquilo que me satisfazia por completo e foi isso que comprei. (E ainda arranjei um belo desconto por causa de ele estar "marcado".)
Provavelmente é da educação. A minha mãe tem um Opel Agila e foi ela que convenceu o vendedor que queria um igual ao que teve antes. Por ele, ela trazia um Corsa e ele ainda o fazia quase ao mesmo preço...

Com o que se discute no tópico é igual.

Eu não ligo puto ao marketing e é das coisas que mais me chateia.
As escolhas que escrevi em cima seriam sempre "males menores".

Mas esqueci-me de um carro que me fez escrever o quase logo no início...

O Alfa 4C. Esse levava-me os €€. Se eu os tivesse...

Voltando ao tópico e aos clássicos, eu não acho que haja assim tantos automóveis actuais que vão ser clássicos. Não por questões de qualidade ou de carisma, mas por evidentes questões de durabilidade. Essa palavra é daquelas que deve fazer espécie aos marketeers...

Centremos a questão e deixemos as derivações...
Eu também digo que o melhor telemóvel que tive (acabou por avariar e não sei se ainda não gasto algum com ele) foi um Nokia 6310i... no entanto, já não dispenso receber os emails na hora (na minha actividade profissional dá jeito).

Quanto ao resto é por isso que eu não sou um amante de classicos mas sim o que se denomina por "petrolhead" pois gosto deles tanto novos como velhos como classicos! E... não gosto dos mesmos carros, ou seja: tal como não gosto de um Clio também não gosto de um 5... mas gosto de um Alpine tal como gosto de um Clio RS...

E discordo totalmente que os carros actuais (ou modernos) sejam menos duraveis que os antigos... e nem é preciso ir muito longe, vê a corrosão em qualquer carro feito há 40 anos e vê num feito há 10 anos.
 

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Os mercados de antigamente sofriam igualmente de valorizações e desvalorizações de moeda que poderiam condicionar as vendas de determinadas viaturas em determinados Países. A globalização ainda era uma miragem...
 

Carlos Vaz

Pre-War
João Luís Soares disse:
Pois... Dois bons exemplos de abordagens diferentes mas ambas erradas, a meu ver.


Um exemplo clássico, mas algo complicado. (Ups, o Eduardo já explicou.) tongue.png

Quando dizes que a atenção ao detalhe era brutal, tens toda a razão. O problema foi que isso deixou de ser uma prioridade...

Eheheh
A Lancia é um caso interessante: "faliu" por fazer carros com qualidade a mais e voltou a "morrer" por fazê-los com qualidade a menos!
 

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Guilherme Bugalho

BUGAS03
Portalista
Eduardo Relvas disse:
Bem, eu entendo que esta "corrupção" do marketing é uma infecção recente, mas isto é o Portal dos Clássicos... já comecei a ficar enjoado de tanto plástico que acabou de me passar pela frente dos olhos! tongue.png

Já agora, e voltanto ao tema, apesar daquilo que disse no parágrafo acima, alguém faz ideia de quando foi a primeira vez que alguém começou a acusar os construtores automóveis de estarem a reduzir a qualidade dos materiais e construção?

Um abraço a todos!

Parece que foi com o Ford T .... :D
Parece que aproveitavam a madeira dos caixotes para o chão e a chapa das caixas dos parafusos para o carro .... :D
 

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Eduardo Relvas

fiat124sport
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Carlos Vaz disse:
(...)
E discordo totalmente que os carros actuais (ou modernos) sejam menos duraveis que os antigos... e nem é preciso ir muito longe, vê a corrosão em qualquer carro feito há 40 anos e vê num feito há 10 anos.
A questão é que mesmo que sim, façam mais km, sim, enferrujem menos (o plástico não enferruja! tongue.png ), daqui a 25 anos já cá não estão. Como é que vais sustentar um electrodoméstico quando começar tudo a dar o berro e a complicação for de tal ordem que ultrapassa as tuas capacidades de DIY, e já não houver peças (reciclaram-nas todas quando passaram 10 anos de o modelo descontinuar) nem equipamentos de diagnóstico que os tratem?

A chatice é essa... hoje ninguém quer que o carro cá fique pra contar a história. Daqui a uns anos até o podes cá ter, mas vai quase de certeza ser uma peça de museu estática...

Um abraço!
 

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Eduardo Relvas

fiat124sport
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Guilherme Bugalho disse:
Parece que foi com o Ford T .... biggrin.png
Parece que aproveitavam a madeira dos caixotes para o chão e a chapa das caixas dos parafusos para o carro .... biggrin.png
Nada disso, a isso chama-se engenho e astúcia... o Henry Ford especificou ao detalhe quais as dimensões, e os materiais para as caixas. Aí não havia compromisso, aliás houve sempre foi empenho em construír do melhor possível. Só anos mais tarde começaram a cortar...

Um abraço!
 

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Carlos Vaz

Pre-War
Eduardo Relvas disse:
A questão é que mesmo que sim, façam mais km, sim, enferrujem menos (o plástico não enferruja! tongue.png ), daqui a 25 anos já cá não estão. Como é que vais sustentar um electrodoméstico quando começar tudo a dar o berro e a complicação for de tal ordem que ultrapassa as tuas capacidades de DIY, e já não houver peças (reciclaram-nas todas quando passaram 10 anos de o modelo descontinuar) nem equipamentos de diagnóstico que os tratem?

A chatice é essa... hoje ninguém quer que o carro cá fique pra contar a história. Daqui a uns anos até o podes cá ter, mas vai quase de certeza ser uma peça de museu estática...

Um abraço!
És capaz de ter razão! Mas a "culpa" não é dos carros, é de uma forma de vida em que nenhuma das partes desde o dono ao fabricante tem qualquer interesse em criar condições para que durem mais tempo.
 

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Guilherme Bugalho

BUGAS03
Portalista
Eduardo Relvas disse:
Nada disso, a isso chama-se engenho e astúcia... o Henry Ford especificou ao detalhe quais as dimensões, e os materiais para as caixas. Aí não havia compromisso, aliás houve sempre foi empenho em construír do melhor possível. Só anos mais tarde começaram a cortar...

Um abraço!
Bem ..........
Uns chamam "engenho e astúcia"; eu chamo "abuso de posição dominante" biggrin.png
Um abraço para ti também ..


Post scriptum - "do melhor possível" e do mais barato ...
 

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Eduardo Relvas

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Carlos Vaz disse:
És capaz de ter razão! Mas a "culpa" não é dos carros, é de uma forma de vida em que nenhuma das partes desde o dono ao fabricante tem qualquer interesse em criar condições para que durem mais tempo.
Ora aí está... e mesmo em termos de construção e de contabilidade dá jeito, porque não se precisa de construír algo robusto que continue robusto ao fim de 20 anos, logo poupam-se uns trocos aqui, outros ali... cada vez mais, são como os telemóveis. Cheios das "paneleirices da moda", e prontos para passar de moda quanto antes.

Guilherme Bugalho disse:
Bem ..........
Uns chamam "engenho e astúcia"; eu chamo "abuso de posição dominante" biggrin.png
Um abraço para ti também ..


Post scriptum - "do melhor possível" e do mais barato ...
laugh.png laugh.png laugh.png

És capaz de ter razão. Mas ao longo de quase 20 anos de produção, o facto é que aquilo reduziu de preço que foi uma coisa doida... e o carro era tão estupidamente robusto que ainda hoje funcionam lindamente. Vi recentemente um que esteve mais de 60 anos numa garagem e que pegou à primeira quando o foram de lá tirar... é a simplicidade e robustez máxima.
 

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Automóveis descartáveis excepto...aqueles que são exclusivos e muito fora da carteira de milhões. Esses continuarão numerados, exclusivos, pretendidos, marcadamente com lugar num Museu.
Agora, a presença de grandes carros, com identidade marcada, alguns até de estilo retro faz -se pagar muito mais!

Mas dos modernos não há dúvidas que o melhor é sempre optar por "instant classics" se houver O2 para tal.

Mas o melhor mesmo é clássicos... Sobretudo aqueles que sabemos que são adequados para nós. A identidade própria, a fusão entre Homem-máquina é mais fácil de ocorrer num qualquer clássico e até mais popular do que num automóvel actual que é construído às centenas de milhar todos os anos. Podemos de forma barata não nos imiscuir-nos com os demais.
Mas para quem precisa de usar o carro para muita coisa (6000km por mês...) perdoem-me mas baixem impostos de tudo para me porém a andar de clássico! A pressao é de tal ordem que...se não tivermos cuidado, vamos ser obrigados a andar de supostos chassos poluentes ao Domingo de manhã... Isto não está fácil!

E a cultura e educação não são as mesmas. E os impostos...e a pressão toda!

Outro dia, fui a Salamanca, em trabalho, saindo de Braga...400km para um lado, 400km para outro. Fiz aquilo tudo em mais ou menos 6h20 no total, em 800km por alto.(usando a A25 que todos sabemos os limites de velocidades em alguns pontos) Se fosse de clássico anos 60... A coisa, com pressa podia levar-me à falência, para não falar no tempo que não conseguia fazer porque a pressão seria de tal forma que, não cumpriria o serviço naquele dia. Mais a minha preocupação perante o carro que, neste caso não existe!
E tinha que ser porque o Mundo não espera. Ou então perdia Amor ao carro e toca a andar...160/170/200... E trava para 100/120... Pra 40... Pra 200 outra vez...a ouvir musiquinha porreira, quietinho, com silêncio, com estabilidade aparente, com travões de 280mm à frente, abs, Esp, controle de tracção e essas mariquices todas! Dão jeito para isto, a cena do trabalho, levar tralha, rapidez, boa luz, bom radio, bom conforto, bom consumo..., excelente tempo. Pra clássico...partia aquilo tudo...ou então dêem-me um ordenado Inglês para brincar aos carros clássicos no dia-a-dia em Portugal e para os meus 'mais de 60.000km anuais em viaturas de trabalho.

Agora, para quem faz uns meros Km por dia...tudo bem! Porque não usar o clássico? Se me desse ao luxo de ter o meu trabalho a 20/30 km da minha casa...era já! Porreiro! Ia de clÁssico de anos 50 até!
Casos como o Nuno Granja a usar aqueles tanques eighties na A1 todas as semanas são raros...e tiro o chapéu mas não nos esqueçamos que são carros muito robustos, ele é determinadamente zeloso por tudo, tem condução moderada para não andar com coisas em cima da hora estupidificadas como eu fiz em Salamanca..a médias de 140/150km/h onde sabemos, cá entre nós que o ponteiro andou muitas vezes nos 2..km/h. Nas secções espanholas onde não há radares e estrada vazia...e em alguns pontos em Portugal que não digo! ;)
Mas com carros anos 80 é uma coisa...com carros de anos 50 seria outra coisa.

Agora, o que mais me incomoda é o domínio do Marketing de marcas como a Lancia, por exemplo. Que dos tempos áureos teve um sopro genial com o Delta de rallyes ao se envolver no WRC e a partir daí só fez de guarda-chuva para a Fiat...
Hoje olho para aquele Lancia que em certos momentos até era engraçado (por ser diferente e tipo gangster Style) e chamava-se 300C da Chrysler e não consigo comer, agora nem um, nem outro...

Olho para a SAAB a partir do momento que se fez com chassis GM e nada... Só mesmo os motorzoes que aquilo tem!
Olho para os coreanos e só me apetece fazer cocktails molotof para atirar à maior parte... (Não digo que não sejam fiáveis, baratos e competitivos) mas o "sal no bacalhau" é obrigatório e intrínseco!

Mas de facto, vamos deixar de fazer DYI nestes carros modernos...não vale a pena! Usa e Lixo...

Abraços
 
Hugo Norton:
Olho para a SAAB a partir do momento que se fez com chassis GM e nada... Só mesmo os motorzoes que aquilo tem!
Há uns tempos dei umas voltas numa carrinha SAAB 9 qualquer coisa e aquilo até se mexia. Chassi GM e motor FIAT biturbo fumarento...porreiro pá! laugh.png ... Marketeer rules...

Os marketeiros são uns tipos porreiros e à custa do trabalho deles com AUDI e VW dá para andar de SKODA Break com motor igual e materiais semelhantes mas por uma fracção do preço dos alemães. Viva os marketeiros! biggrin.png
 

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Eduardo Relvas

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Hugo Norton disse:
(...)
Agora, o que mais me incomoda é o domínio do Marketing de marcas como a Lancia, por exemplo. Que dos tempos áureos teve um sopro genial com o Delta de rallyes ao se envolver no WRC e a partir daí só fez de guarda-chuva para a Fiat...
Hoje olho para aquele Lancia que em certos momentos até era engraçado (por ser diferente e tipo gangster Style) e chamava-se 300C da Chrysler e não consigo comer, agora nem um, nem outro...
(...)
Esses tempos áureos a que te referes, já foram criados sob a égide da Fiat e do departamento de competições, também conhecido por Abarth... não tinham nada de Lancia. Da Lancia pura nos rallyes só tens o Fulvia, mesmo o Stratos já beneficiou do facto de estar dentro do "guarda-chuva" da Fiat...

Ainda assim, concordo contigo que o que se tem feito à Lancia é vergonhoso... é pena ver a marca definhar com produtos sem originalidade, e o badge engineering com a Chrysler então nem se fala. Falou-se em tempos num ressuscitar, especialmente quando apareceu aquele protótipo lindo de um Fulvia moderno (em base Fiat Barchetta), mas foi tudo em vão.

Pode ser que agora que a Alfa mudou de rumo e já conquistou outro patamar mais de acordo com a sua história, se possa vir a fazer o mesmo com a Lancia. Mas sinceramente a mim já pouco me diz... não me estou a ver cliente de nenhuma delas, nem de outra qualquer. Coisas descartáveis e ilusões a mim não me dizem nada.

Um abraço!
 
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