História das 2 Rodas

OP
OP
C

Conta apagada 31475

Antes Francisco Lemos Ferreira
A Celestino

A Celestino foi uma pequenissima montadora de motorizadas com sede em Torres Vedras.
Esta pequena empresa deveu o nome ao seu criador. Celestino Duarte comprava quadros de motorizadas em grandes quantidades à EFS e à Famel, montando-lhes primeiramente o motor Zundapp e mais tarde o motor Casal.

Os depósitos e guarda lamas montados nos seus modelos eram diferentes dos usados nas EFS e Famel.

As motorizadas estavam disponiveis em 3 cores: azul e branco, vermelho e branco, verde e branco, representando respectivamente as cores do F.C.P ( Futebol Clube do Porto ); S.L.B (Sport Lisboa e Benfica; SCP ( Sporting Clube de Portugal.

As motorizadas traziam no depósito o símbolo Celestino e ainda uma menção à cidade de Torres Vedras e ao nº de telefone da empresa.

Como curiosidade pode-se referir que as motorizadas tinham bastante procura e eram vendidas mais caras que as EFS e Famel....

A Celestino actualmente realiza reparações em Ciclomotores e em Bicicletas.

in " Página Pessoal de Gustavo Pinto"
 

Anexos

  • celestino.jpg
    celestino.jpg
    29.1 KB · Vistos: 3
Simplesmente fantástico Lemos.

Para mim este é dos melhores e mais completos tópicos até agora criados.
Eu como amante das duas rodas, tenho que aplaudir este trabalho. :cool:

Em minha casa moram duas EFS, sendo que uma delas está em restauro profundo.
 

Diogo Lisboa

Veterano
Visto que o tópico está a mudar o tema para as 2 rodas nacionais propunha a mudança do título para História das 2 Rodas Nacionais:D...
 
OP
OP
C

Conta apagada 31475

Antes Francisco Lemos Ferreira
A So4
A S04 nasceu pelas mãos de António Mendes, encarregado na Metalomecânica da C.U.F. (Companhia União Fabril), do Barreiro.
António Mendes, residente no Barreiro era casado e teve dois filhos, um rapaz e uma rapariga. Infelizmente viu o seu filho falecer bastante cedo, já que este faleceu durante a guerra colonial quando cumpria o Serviço Militar.

Como habilitações literárias, António Mendes tinha apenas a 4ª classe, não o invalidando de ser um excelente profissional.

O facto de ter apenas a 4ª classe, também não o invalidou de aceitar um desafio peculiar realizado por três amigos. Esse desafio consistiu na construção de uma motorizada!

O desafio foi bem superado já que António Mendes construiu 4 motorizadas de 95cc (48cc declarados), sendo totalmente construidas por si (quadro e motor).

Podemos ter um pouco a noção de como estas motorizadas foram produzidas, nos excertos de um e-mail enviado a este site pelo Eng. Norberto Pedroso, filho do Eng. Emílio Infante Pedroso, na altura Director do Departamento de Metalomecânica da C.U.F. e amigo de António Mendes:

-"Digo que vi construir as So4 porque nunca esquecerei a bancada de trabalho de João Mendes com os desenhos desta motorizada pendurados num painel em frente, integralmente por ele concebidos."

-"Os quatro exemplares foram concretizados com a ajuda duma fresadora e torno também por ele idealizados ao que me lembro".

Entre muitas outras situações, podemos referir uma curiosa situação de um restauro de uma moto Werner de 1902, que vem realçar a competência profissional de António Mendes.

Por volta de 1968, o Eng. Norberto Pedroso, inicia o restauro de um Motociclo Werner do ano de 1902, veículo esse que pertenceu ao seu avô.

Como o motor deste Motociclo necessitava de segmentos, foi destacada uma pessoa para levar o cilindro e o piston a várias casas da especialidade para tentar arranjar as peças necessárias. Inadvertidamente, essa pessoa deixou cair o cilindro ao chão, provocando uma enorme fractura. Devido à elevada idade do Motociclo era impossivel substituir o cilindro por um novo, pois as peças para este veículo rareavam.

Foi pedido a António Mendes que realizasse a intervenção de recuperação do velho cilindro, operação essa que realizou com um rotundo sucesso..

Quanto aos exemplares da So4 actualmente conservados, restam apenas uma motorizada em optimo estado e restos de outra.

Curiosidades:

Como se conservou um exemplar da So4 até aos dias de hoje?


Um apreciador de motociclos, de seu nome Pirrata, teve conhecimento que estariam duas "motos velhas" guardadas dentro de um barracão situado no Bairro das Palmeiras, no Barreiro.

Esse barracão onde estavam as duas motos pertencera em tempos a António Mendes, o autor das So4.

O sr. Pirrata conseguiu adquirir as duas máquinas em 1998 por 5000$00 ( 25€), permitindo assim que essas duas peças rarissimas não se perdessem.

Do barracão trouxe 2 quadros de moto muito deteriorados e dois motores guardados em caixas de madeira.

Quando iniciou o restauro das máquinas, o sr. Pirrata descobriu que todas as peças das motos estavam numeradas. Uma continha a numeração 1 e a outra a numeração 4.

Pode-se concluir por isso que o sr. Pirrata adquiriu o primeiro e o último exemplar das So4, não se sabendo por isso o paradeiro do exemplar nº 2 e do nº3...

Devido ao estado muito deteriorado em que se encontravam as motos, apenas foi possível restaurar um exemplar, servindo o outro como dador de peças...


Resta apenas frisar que toda a moto foi construída por António Mendes, incluindo os moldes para fundição do motor!

A moto contava com uma caixa de velocidades à Inglesa ( lado direito), sendo a primeira velocidade para cima e as restantes para baixo. A moto contava ainda com um útil amperimetro e com um indicador de velocidades eléctrico.

*Agradecimento a Sérgio Jordão pelas informações gentilmente cedidas para a realização desta secção de curiosidades.

in " Página Pessoal de Gustavo Pinto"
 

Anexos

  • so4%20deposito%20cima.jpg
    so4%20deposito%20cima.jpg
    21.4 KB · Vistos: 10
  • so4%20deposito.jpg
    so4%20deposito.jpg
    19.9 KB · Vistos: 8
  • so4%20lateral%20frente.jpg
    so4%20lateral%20frente.jpg
    22.1 KB · Vistos: 9
  • so4%20lateral%20tras.jpg
    so4%20lateral%20tras.jpg
    21.2 KB · Vistos: 10
  • so4%20motor.jpg
    so4%20motor.jpg
    22.9 KB · Vistos: 13
OP
OP
C

Conta apagada 31475

Antes Francisco Lemos Ferreira
MOTORIZADAS PORTUGUESAS NA IMPRENSA

Na década de 90, a revista Motojornal realizou um mega comparativo com o nome de "11 anos, 11 motas", para comemorar os 11 anos de vida desta publicação. Em análise estiveram 11 motorizadas de 50 cc, entre nacionais e estrangeiras. Os modelos em análise foram os seguintes: Aprilia Extrema; Casal Magnum; Cagiva Prima; Kawasaki AR50; Suzuki Wolf; Macal Troféu PRE/RVE; Famel Feeling; SIS Cagiva Diva; Honda NSR 50; Yamaha TZR50. Das motorizadas nacionais revelaram as seguintes conclusões:
SIS Cagiva Diva- Constituiu alguma decepção talvez pelo facto da sua preparação ter sido pouco cuidada, já que trazia o disco do travão empenado. A suspensão traseira foi considerada bastante rija, provocando alguns safanões. O travão traseiro foi considerado pouco eficaz.

O design foi considerado pouco apelativo ( traseira exagerada e depósito desmasiadamente grande). A posição de condução foi considerada estranha, já que os braços ficavam esticados e os pés muito recuados.

Na parte da instrumentação realçaram a falta de um conta rotações, já que no seu lugar estava um termómetro de temperatura do motor.

As luzes foram consideradas visíveis e bem dispostas. Os comandos levaram nota muito positiva, destacando a existência de um starter eléctrico.

O motor levou nota muito positiva, sendo bastante rotativo e fazendo da motorizada um exemplar bastante rápido.

A caixa de velocidades foi considerada curta e precisa , a embraiagem resistente.

Consideraram no final que devido ao seu preço, poderia ser uma alternativa válida às motorizadas estrangeiras.



Macal Troféu R- Foi considerada do melhor que se fazia em Portugal. Foram destacados o design, o motor e a preocupação em acompanhar as evoluções das marcas estrangeiras.

Como pontos negativos foram destacados os inumeros parafusos usados para prender as carenagens, alguns pontos de oxidação no quadro e o bocal do depósito do combustível que sofria de deterioração rápida. Os espelhos retrovisores foram considerados pouco eficazes.

O equipamento foi considerado um pouco incompleto em relação às adversárias.

Os comandos foram conotados como simples de usar e um pouco duros.

A posição de condução foi considerada muito agradável e o assento bastante confortável.

O quadro levou nota excelente, e a suspensão dianteira Paioli levou nota muito positiva. A suspensão traseira foi considerada muito regular, oferecendo estabilidade e conforto.

Os travões foram considerados com um bom desempenho geral.

A caixa de velocidade foi considerada bem escalonada mas não muito precisa, devido aos pontos mortos entre relações.

Foi considerada como um dos modelos a seguir pelos concorrentes nacionais...

Famel Feeling: A página de teste dedicada a este modelo começou com uma menção à marca Famel, conotada de robusta, fiável, de baixa manutenção e de grandes performances.

A Famel Feeling foi considerada a nível estilistico e mecânico um pouco ultrapassada.

A embraiagem de serra cabos foi considerada impotente para a caixa de velocidades (5 velocidades e um ponto morto entre cada, o que equivalia a 9 velocidades!!!!).

Foi conotada com um optimo comportamento em curva fruto de um bom quadro e de suspensões duras.

O motor Zundapp levou nota positiva apesar de não receber melhoramentos à alguns anos.

Na travagem encontraram um excelente disco perfurado à frente e um conjunto traseiro por cabo pouco eficaz.

Como pontos negativos foram referidas as braçadeiras do escape e as placas de apoio dos poisa- pés. As cores e esquema estético também levaram nota negativa.

A instrumentação foi considerada excelente, com bons punhos e em boa posição, com conta rotações electrónico, luzes de neutro, pisca e com um bom farolim.

O assento foi considerados dos mais confortáveis.


Casal Magnum : A Casal Magnum impressionou todos os que a testaram. A qualidade de construção e as capacidades do motor foram evidenciadas.

Os comandos foram considerados os mais completos do comparativo.

Em termos de instrumentação, o painel foi considerado bastante legível e agradável, tendo relógio digital. As luzes indicadoras não estavam coordenadas com a sua função e foram consideradas pouco visíveis. A optica dianteira foi referenciada como pouco potente em médios.

Os plásticos das carenagens foram considerados com muito boa qualidade, assim como os elementos estruturais, já que o quadro não denotava pontos de oxidação.

O design não foi considerado dos melhores...

Os poisa pés levaram nota negativa por estarem colocados muito atrás e recolherem com facilidade.

O banco foi considerado confortável...

Em termos de suspensões, a dianteira foi considerada suave e constante e a traseira deixou um pouco a desejar (talvez devido à má qualidade dos pneus usados no teste).

A travagem não teve qualquer defeito a apontar....

Nota positiva pelo facto da Magnum estar equipada com Starter Eléctrico.

O motor levou nota positiva....

Foi considerada a mais equilibrada das nacionais....

in " Página Pessoal de Gustavo Pinto"
 
OP
OP
C

Conta apagada 31475

Antes Francisco Lemos Ferreira
A Rápida

* Agradeçimento especial a João Graça, elemento que se tornou indispensável à realização desta biografia.
A Rápida deve o seu nome e a sua existência a uma pessoa, Manuel José Barros.

Manuel José Barros nasceu em Olhão em 1922, e logo começou a mostrar o seu interesse por veículos de duas rodas.

Aos 17 anos de idade, construiu a sua primeira bicicleta!

Na década de 40, já com perto de 26 anos, Manuel Barros decidiu abrir uma pequena fábrica de Bicicletas. Tinha nascido assim a Rápida. Ainda hoje, segundo alguns testemunhos podemos encontrar bicicletas Rápida a circular nas ruas de Olhão.

Na década de 50, seguindo a tendência da procura da bicicleta com motor auxiliar, Manuel Barros, juntamente com os seus empregados começaram a montar motores Cucciolo nos quadros Rápida.

Reconhecer um quadro Rápida é uma Tarefa facil. Tanto no quadro como na roda pedaleira foram gravados as palavras "Rápida" ou "Universal".

Foram vários os modelos produzidos, sendo que os preços variavam entre os 5 mil escudos (25euros) e os 8 mil escudos (40 euros).

A paleta de modelos começava no Standard (similar ao Vilar com depósito atrás).

O modelo seguinte era o Super Standard (com depósito na parte superior do quadro e com escape em forma de "rabo de peixe".

Havia ainda o modelo de pedaleira simples ( que era equipado com duas correntes e cujo o projecto foi uma invenção de Manuel Barros).

Por fim o modelo especial ( o motor era montado ao meio do quadro, e também possuia o sistema de pedaleira simples).
Segundo Manuel Barros, a invenção da pedaleira simples deveu-se ao facto de que os proprietários deste tipo de veículos não faziam as revisões atempadamente, fazendo com que a pedaleira de aluminio equipada de série no motor Cucciolo se degradasse. O sistema de pedaleira simples fazia com que este orgão fosse mais resistente.
Tanto o pinhão de ataque como a roda pedaleira foram fundidos e maquinados manualmente um a um na fundição da Rápida. Para a sua realização era utilizada uma liga de 50% de ferro e 50% de aço. A realização desta ardua mas perfeita tarefa ficava a cargo do irmão de Manuel Barros.

Como curiosidade, refira-se que numa altura de grande procura destes ciclomotores, a Vilar recrutou os serviços da Rápida para o fabrico de quadros de bicicleta e componentes, visto estar a ter mais encomendas do que aquelas que podia atender. Por isso é natural que possam ainda circular nas nossas ruas ciclomotores Vilar Cucciolo com quadro da Rápida.

A produção durou até ao final da década de 50, chegando-se nos melhores meses de produção a atingir os 15 quadros por dia.

Já perto da década de 60, Manuel Barros decidiu abandonar o fabrico de ciclomotores, devido a problemas com a licença de fabrico.

Depois desta aventura no mundo dos ciclomotores, dedicou-se ao fabrico de cadeiras e de bicicletas, tanto de estrada como de corrida.

Actualmente, a Rápida faz reparações de bicicletas e serviços de metalização, sempre no mesmo local onde a firma passou toda a sua história e sempre pelas sábias mãos de Manuel Barros.

in " Página Pessoal de Gustavo Pinto"
 

Anexos

  • rapida22.jpg
    rapida22.jpg
    34.2 KB · Vistos: 4
De salientar que a marca mais antiga que ainda se mantem em produção e continua no coração de todos os amantes das 2 rodas é de 1903 e dá pelo nome de Harley-Davidson
 
Topo