(...)
Julgo que este projeto nacional chegou a estar aqui documentado no fórum mas não o encontro e truques de produção à parte, acho que ninguém se importava de ter um brinquedo destes para de vez em quando ir fazer umas curvas...(...)
Sem dúvida que sim, mas este não me parece ser um dos mais ofensivos. Afinal, o motor ainda está minimamente dentro daquilo que era possível ser feito na época. As jantes já me parecem um bocado demais, mas pronto... são gostos, e rapidamente se resolvem.
Obviamente nem todos gostamos de ter o carro original (e eu sou um dos que não faz questão), mas um dos problemas que vemos repetidamente é o de ter carros que são mal modificados. Pneus de tamanhos malucos, suspensões rebaixadas à bruta, motores mal preparados... é mato. E isso não favorece nada os carros, só o ego de quem se apresenta na rua com eles.
Poucas são as pessoas que conseguem ter o discernimento de modificar algo como deve ser, e esses normalmente são os trabalhos que sobrevivem a longo prazo. O resto ou arruína o carro ou acaba nas mãos de alguém mais paciente que devolvem a dignidade ao que sobra.
Como proprietários de clássicos que somos, temos duas questões que nos guiam todos os dias. Uma é a de gozar o que temos o mais possível, e outra é a de preservar os carros dos quais temos agora a custódia para gerações futuras.
Mas como queremos que eles sejam representados no futuro? Como carros manhosos e perigosos mas que roncam à bruta e andam mais do que travam? Ou como Frankensteins, porque nos anos 60 ninguém sabia fazer carros como deve ser, por isso enchafurdamos aquilo com tecnologia dos anos 90?
A maioria das pessoas que modificam os carros, nunca experimentaram o carro que descaracterizaram no pico da sua forma. Acharam-no horrível, perigoso e lento porque a suspensão estava desfeita, o motor a precisar de uma revisão como deve ser, e outros pequenos detalhes. E usam isso como justificação para os esventrar por completo e torná-los em algo que nunca foram.
Muitos dos Fiat 127 que por aí andam artilhados até às orelhas não são melhores a curvar que o meu, todo original e com um ar cansado. Já envergonhei Minis várias vezes com ele, incluíndo numa prova de
slalom. E fica tudo embasbacado quando vêem que ainda lá tenho o bom e velho 903 cc, caixa de 4 e nem sequer um carburador duplo corpo! Nope... está tudo original, apenas montado com algum cuidado. Para ser o melhor que pode ser, sem comprometer nada.
Quando se vai fazer modificações, é preciso conhecer bem e ponderar os prós e os contras de cada uma das coisas. E isto não se aprende de um dia para o outro, a ver dicas de sabichões no YouTube. Um motor mais potente obriga a rever atentamente as capacidades do resto para ter a certeza que consegue lidar com as performances acrescidas. Um pneu maior implica outra geometria de suspensão, e provavelmente ao reforçar de todos os pontos de montagem (e mesmo dos elementos móveis em si) para conseguir lidar com a carga acrescida. O mesmo se aplica aos travões.
O problema é que tudo isto são coisinhas que ninguém vê, e quando se quer vender o visual, nada disto é feito. Claro que se calhar os tipos da Alfaholics fazem, mas é por isso que os deles custam o que custam. O tipo que tira uma foto e vai pedir ao Zé da Esquina que lhe faça um igual já não vai ter os mesmos resultados...
Mas voltando ao começo do tema, apimentar um carro italiano é um trabalho inglório, porque eles já em novos eram do melhor que se fazia em termos de performance...