Guia Tuning Alfa Romeo 105's

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HugoSilva

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"It’s gasoline, honey. It’s not cheap perfume."
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(...) não é a Alfa Romeo que se dá ao luxo de enveredar por coisa nenhuma (...)

Como é certo o que eu faço mais ideia é se a Alfa Romeo apoia este tipo de modificações ou reinterpretações ou aberrações ou o que lhes quisermos chamar, e nesse sentido ela não se dá ao luxo de fazer nada claro mas face a outras casas existe, me parece, um interesse maior em fazer estes brinquedos de 50/60/70.000€.

Ao final do dia acaba por ser algo injusto estarmos a apedrejar a Alfa Romeo ou a Alfaholics, isto faz-se noutros sítios, vêm me à cabeça os Mini por exemplo, aliás, basta ir ao OLX e ver a quantidade de Mini's com os seus A+ transplantados dos Rover Metro, rebored para 1.400cc, com bancos bucket, volantes desportivos, kill swiches, turbinados, rebaixados, alargados, com rollbars, etc.

A mim acaba por não me chocar tanto estas "desvirtuações" do clássico dado que a alternativa para muitos destes carros era estarem feitos em papa numa sucata qualquer.
 

Eduardo Relvas

fiat124sport
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(...)
Julgo que este projeto nacional chegou a estar aqui documentado no fórum mas não o encontro e truques de produção à parte, acho que ninguém se importava de ter um brinquedo destes para de vez em quando ir fazer umas curvas...(...)

Sem dúvida que sim, mas este não me parece ser um dos mais ofensivos. Afinal, o motor ainda está minimamente dentro daquilo que era possível ser feito na época. As jantes já me parecem um bocado demais, mas pronto... são gostos, e rapidamente se resolvem.

Obviamente nem todos gostamos de ter o carro original (e eu sou um dos que não faz questão), mas um dos problemas que vemos repetidamente é o de ter carros que são mal modificados. Pneus de tamanhos malucos, suspensões rebaixadas à bruta, motores mal preparados... é mato. E isso não favorece nada os carros, só o ego de quem se apresenta na rua com eles.

Poucas são as pessoas que conseguem ter o discernimento de modificar algo como deve ser, e esses normalmente são os trabalhos que sobrevivem a longo prazo. O resto ou arruína o carro ou acaba nas mãos de alguém mais paciente que devolvem a dignidade ao que sobra.

Como proprietários de clássicos que somos, temos duas questões que nos guiam todos os dias. Uma é a de gozar o que temos o mais possível, e outra é a de preservar os carros dos quais temos agora a custódia para gerações futuras.

Mas como queremos que eles sejam representados no futuro? Como carros manhosos e perigosos mas que roncam à bruta e andam mais do que travam? Ou como Frankensteins, porque nos anos 60 ninguém sabia fazer carros como deve ser, por isso enchafurdamos aquilo com tecnologia dos anos 90?

A maioria das pessoas que modificam os carros, nunca experimentaram o carro que descaracterizaram no pico da sua forma. Acharam-no horrível, perigoso e lento porque a suspensão estava desfeita, o motor a precisar de uma revisão como deve ser, e outros pequenos detalhes. E usam isso como justificação para os esventrar por completo e torná-los em algo que nunca foram.

Muitos dos Fiat 127 que por aí andam artilhados até às orelhas não são melhores a curvar que o meu, todo original e com um ar cansado. Já envergonhei Minis várias vezes com ele, incluíndo numa prova de slalom. E fica tudo embasbacado quando vêem que ainda lá tenho o bom e velho 903 cc, caixa de 4 e nem sequer um carburador duplo corpo! Nope... está tudo original, apenas montado com algum cuidado. Para ser o melhor que pode ser, sem comprometer nada.

Quando se vai fazer modificações, é preciso conhecer bem e ponderar os prós e os contras de cada uma das coisas. E isto não se aprende de um dia para o outro, a ver dicas de sabichões no YouTube. Um motor mais potente obriga a rever atentamente as capacidades do resto para ter a certeza que consegue lidar com as performances acrescidas. Um pneu maior implica outra geometria de suspensão, e provavelmente ao reforçar de todos os pontos de montagem (e mesmo dos elementos móveis em si) para conseguir lidar com a carga acrescida. O mesmo se aplica aos travões.

O problema é que tudo isto são coisinhas que ninguém vê, e quando se quer vender o visual, nada disto é feito. Claro que se calhar os tipos da Alfaholics fazem, mas é por isso que os deles custam o que custam. O tipo que tira uma foto e vai pedir ao Zé da Esquina que lhe faça um igual já não vai ter os mesmos resultados...

Mas voltando ao começo do tema, apimentar um carro italiano é um trabalho inglório, porque eles já em novos eram do melhor que se fazia em termos de performance...
 

João Luís Soares

Pre-War
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Como é certo o que eu faço mais ideia é se a Alfa Romeo apoia este tipo de modificações ou reinterpretações ou aberrações ou o que lhes quisermos chamar, e nesse sentido ela não se dá ao luxo de fazer nada claro mas face a outras casas existe, me parece, um interesse maior em fazer estes brinquedos de 50/60/70.000€.
(...).

Qual Alfa Romeo? A divisão da Fiat que se está a borrifar para o espírito Alfa clássico?
 
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HugoSilva

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Qual Alfa Romeo? A divisão da Fiat que se está a borrifar para o espírito Alfa clássico?

Sim, podemos ver as coisas assim, talvez um dia que haja guita à séria, mas hoje em dia pouco há a fazer. Quem gosta seja de clássicos na sua forma mais próxima do original ou do clássico transformado em brinquedo é a exceção, não é a regra e como tal não é sequer r€l€vant€.
 

João Pereira Bento

128coupe
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Eu por exemplo era incapaz de sair à rua com esse Alfa Azul cheio de tubos no interior! Sentir-me-ia mais incomodado do que se utilizasse uma bolsa à cintura da Lacoste (falsa), um crucifixo ao pescoço e um Cap dos New York Yankees . No entanto admiro muito a capacidade técnica envolvida nesses projectos..

Quando restaurei o meu 128, nunca o conduzi antes e recusei sempre conduzir carros iguais de amigos que fui conhecendo durante o processo de restauro. Entretanto Já conduzi vários e nenhum original ou com pneus 145!
São mais divertidos que o meu? Até hoje não gostei de nenhum. A partir do momento que os rebaixam por exemplo o compensador de travagem nunca mais o conseguem acertar. Eu travo a fundo e bloqueio as 4 rodas. :)

Um destes dias dei uma volta com um amigo que tinha uma linha de pensamento igual à maioria do pessoal, inclusive tem um Escort para artilhar, ficou parvo com o carro! Entramos numa rotunda típica com aqueles repuxos de água, está sempre molhada, a frente fugiu-me, tirei pé e ele ficou. Se tivesse pneus largos tinha lá ficado, é a rotunda de um hospital por acaso. :)
A vontade dele de modificar os carros tem vindo a desvanecer, os carros são para se gozados na sua essência senão qualquer Clio RS chega para andar muito depressa.

Eu não sou mais esperto que os outros, tive foi a sorte de conhecer pessoal sensato a alertar-me como o Eduardo Relvas o tem feito aqui por exemplo, senão também hoje tinha um carro todo artilhado. Era apenas mais um. :)
 
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HugoSilva

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Eu por exemplo era incapaz de sair à rua com esse Alfa Azul cheio de tubos no interior!

Nem acho que fizesse sentido é mesmo um brinquedo para ir fazer umas curvas pra serra, não para usar com frequência até porque o motor e todo o setup deve ser demasiado nervoso.

Ainda assim... seja ou não da grande qualidade do vídeo... quero!
 

Pedro Pereira Marques

Pre-War
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Acho que o Camões, para além de zarolho, era parvo e estou a fim de reescrever os lusíadas. Tágides? Ficaria melhor bacanas ou damas.

Quando falamos de clássicos com algum pedigree, como é o caso dos Alfa Romeo, temos também que ter algum pedigree na nossa maneira de pensar e actuar. Mas quem somos nós para estar a modificar um Alfa Romeo? Será que somos assim tão importantes? Tão capazes? Tão instruidos? Tão nós? E a marca? E os outros que a conceberam?

Acho que é tempo de dar valor ás marcas e aos homens que as fizeram, ao não respeitar isso, reescrevemos a história, criamos mentiras e somos tudo menos amantes de automóveis. Os automóveis bem que podiam ser hoje aquilo que foram ontem, mas infelizmente existem uns que têm um ego maior e estragam tudo!

Infelizmente não tenho tempo para escrever o que penso, mas já aqui noforum disse o que pensava acerca da alfaholics e das suas transformações. Onde anda esse texto? ;)
 

Eduardo Relvas

fiat124sport
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Quando falamos de clássicos com algum pedigree, como é o caso dos Alfa Romeo, temos também que ter algum pedigree na nossa maneira de pensar e actuar. Mas quem somos nós para estar a modificar um Alfa Romeo? Será que somos assim tão importantes? Tão capazes? Tão instruidos? Tão nós? E a marca? E os outros que a conceberam?(...)

Ora nem mais... só um desconhecedor da história pode achar que chega assim de repente e supera toda a engenharia que estes carros têm.

Posso dizer com bastante confiança (estou dentro da minha área, mais coisa menos coisa) que em termos mecânicos, tirando um ou outro pormenor, estes carros não devem grande coisa em termos de soluções técnicas a um carro muito mais moderno. Quantos carros desta classe tinham nos anos 80 ou 90, aquilo que estes tinham nos anos 60? Até podiam ter uma ou outra coisa, mas não tinham tudo.

Aliás, basta ver quão à frente estavam do seu tempo que o bialbero da Alfa é uma receita dos anos 50 que quando saíu de cena ainda dava cartadas das grandes a todos os concorrentes. O mesmo se passou com o da Fiat, que é um dos motores mais bem sucedidos em várias categorias do desporto automóvel. Isto não aconteceu por acaso, minha gente... foram trabalhos de grandes mestres, muito bem planeados, concebidos e desenvolvidos. E não é qualquer "pim-pam-pum" que chega e resolve aquilo melhor. Se vocês se derem ao trabalho de estudar estes motores ao pormenor como eu faço, percebem a genialidade que ali existe, até nos mais pequenos pormenores... os nossos antepassados não eram estúpidos, por isso não os subestimem.

Um motor que tem performance de ponta, fiabilidade, flexibilidade de utilização, entre outras coisas... não é algo que foi pensado de um dia para o outro. Obviamente haverá sempre um ou outro detalhes que, com 40 anos de retrospectiva, se pode retocar. Mas estamos a falar de detalhes, não de riscar tudo e começar outra vez.
 

João Luís Soares

Pre-War
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Delegado Regional
Portalista
(...)
Infelizmente não tenho tempo para escrever o que penso, mas já aqui noforum disse o que pensava acerca da alfaholics e das suas transformações. Onde anda esse texto? ;)

Concordo com todo o resto do teu comentário, mas respondo apenas a esta parte.

Aqui falaste disso, por exemplo: http://portalclassicos.com/foruns/index.php?threads/legalizar-alfa-romeo-gtam.21763/

Aliás, a opinião que escrevi no último comentário da página anterior foi baseada no que fui aprendendo contigo aqui e que me levou a ir pesquisar e ler umas coisas na net e em revistas italianas.
 
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Pedro Pereira Marques

Pre-War
Autor
Concordo com todo o resto do teu comentário, mas respondo apenas a esta parte.

Aqui falaste disso, por exemplo: http://portalclassicos.com/foruns/index.php?threads/legalizar-alfa-romeo-gtam.21763/

Aliás, a opinião que escrevi no último comentário da página anterior foi baseada no que fui aprendendo contigo aqui e que me levou a ir pesquisar e ler umas coisas na net e em revistas italianas.

És o maior João! ;)

Era isso mesmo que me estava a lembrar. Já tinha bebido uns copos, mas o vinho trás a verdade...
 
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HugoSilva

HugoSilva

"It’s gasoline, honey. It’s not cheap perfume."
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Um Alfa Romeo não é um John Deere. Um Alfa Romeo antigo é aquele carro que quando avaria e não há mais nada a fazer, até se pode pendurar na parede da sala que a mulher não manda vir. Um Alfa, começando pelo desenho e acabando na mecânica é arte pura. Já olhaste bem para aquele motor? Para além de eficaz é bonito! Alguém na época pensou que deveria ser assim, mas quem somos nós (os supostos amantes da marca) para estar a modificar isso? Um Alfa Romeo deixa de o ser quando perde a sua génese, quando perde a sua ligação com o criador... mas quem é a Alfaholics no meio disto tudo? É uma empresa inglesa que faz peças "laser cut", "billet aluminium" e "highest standard" para quem nasceu em Liverpool e a sua bebida preferida é cerveja quente sem gás.

Face a isto nada tenho a acrescentar. Rendo-me.
 
Pelo que sei existe um muito interessante do Jim Kartalamakis que se debruça ao pormenor sobre o bialbero da Alfa Romeo ;)

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Para além do mais basta olhar para os gajos da Petrolicious, eles devem discordar bastante do "não há nada a fazer num AR" hehe

Eu caí na patetice de comprar há uns anos o livro deste senhor sobre como apimentar os V6 Busso/ Alfas transaxle.
Pensando bem, até não foi uma má compra, isto porque, espremendo bem o que lá vem, cheguei facilmente à conclusão que há mesmo MUITO pouco a fazer para melhorar o óptimo. Ou seja, não vale a pena a despesa para ser meio segundo mais rápido e dar cabo a originalidade.

Face a isto nada tenho a acrescentar. Rendo-me.

Mais um convertido! :thumbs up:
 

Anexos

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