"garagem De Alí Babá"

Francisco Dias

Veterano
Nuno quase 100% de acordo :)

A todos pensarmos assim, então teríamos e seguinte cenário:
Nenhum user manifestava qualquer tipo de interesse nestes carros, nem mesmo para peças.
O autor deste tópico (Carlos) acabaria por chegar à conclusão que realmente nenhum dos carros lá na garagem interessava.
Essa informação era transmitida ao dono.
O dono também desanimado acabaria por vender a preço de sucata. Bem ficaria a empresa de abate que depois vendia uma porrada de peças a valores ... :lol: Teríamos às tantas os tampões do opel por 25 euros cada, ou a grelha do 1300 gt por 100 euros :lol: :mad:.


[background=rgb(252, 252, 252)]"opinião relativamente a este tipo de carros"[/background]
[background=rgb(252, 252, 252)]se a pretensão principal na compra de um carro para restauro é a venda e ganhar com isso, então temos que escolher muito bem se o vamos vender por cá!! Compensará um vw karmann - ghia typ 14? Para o vender cá é melhor esquecer, pois mesmo fazendo um restauro de altíssima qualidade, cá estará sempre com inúmeros defeitos e estará sempre caro! [/background]
[background=rgb(252, 252, 252)]Ainda bem que não existe só o vermelho, temos sempre o branco ou o verde. Liberdade de escolha e cada um faz aquilo que lhe apetece nisto dos clássicos ... antigos. :eek:Se eu quiser gastar uns 10000 euros num banal mini 1000, onde está o erro? Teria que gastar os mesmos 10000 num cooper s para ser um gajo sensato e inteligente?![/background][background=rgb(252, 252, 252)] [/background]



[background=rgb(252, 252, 252)]"passa-se o mesmo em todos os paises onde existe mercado de clássicos." [/background]

[background=rgb(252, 252, 252)]Existe algum tipo de mercado de clássicos por cá? Na minha modesta opinião não! Sim muitos carros em venda, uma grande parte com valores desajustados, outros com valores irreais e os restantes são vendidos para o exterior, pois por cá, estão sempre caros! [/background]
[background=rgb(252, 252, 252)]Outra situação neste "hobby" dos clássicos são cotações anunciadas. Em alguns casos dá a ideia que são orientadas segundo carros em venda de alguns comerciantes ... ex: datsun 1200 coupé 4000 euros! onde?! outro ex: fiat 600 1ª série por 5000 euros?! onde estão? Temos sempre o exemplo de um NSU cabriolet por uns míseros 22000 euros ... sim comprem! é essa a cotação por cá.[/background]

Sim Nuno vamos esperar por outras opiniões. :)
 

Pedro Pereira Marques

Pre-War
Autor
E eu a pensar que tenho mau feitio... :)

Acho que os dois estão ambos de acordo, o problema é mesmo o fórum onde explicar por escrito não é o mesmo que falar.

O Nuno por um lado e com toda a razão diz que não compensa alimentar um mero passatempo gastando milhares de euros, o que proporcionalmente aos ordenados é o que se chama uma grande imbecilidade (e eu sou um imbecil hein). Obviamente que um verdadeiro apaixonado dos clássicos não os compra a pensar na venda, mas é bom saber que alguma coisa aconteça temos ali um pé de meia... senão alugávamos clássicos para andar ao fim-de-semana.

Mas existe algum mal em aliar uma paixão a uma poupança? Porque é que o proprietário que tem o Datsum 120Y e gastou 10.000 eur no restauro é mais "classicista" do que o que comprou um Jaguar E por 50.000 já restaurado? Porque é que o primeiro quando vende o carro perde muito dinheiro e o segundo até poderá ganhar? É porque o primeiro é mais amante dos clássicos ou mais imbecil?

O que o Nuno está a dizer é isso mesmo: se quisermos ser amantes de clássicos e aliarmos essa paixão a uma boa gestão das finanças (sim temos que pensar nisso para não sermos imbecis, ainda mais nos tempos que correm) não compensa comprar um clássico de pouco valor e restaurá-lo. Mais vale comprar o mesmo carro já restaurado ao "imbecil" que o restaurou.

Só para não ferir susceptibilidades: EU TAMBÉM SOU UM IMBECIL mas aprendi há minha custa e por isso é que o posso dizer. Já cheguei a gastar 5 x mais do que o carro vale num restauro... se fosse rico voltava a fazer, como não o sou não posso.

Em relação às cotações o Francisco tem toda a razão, e sabem que mais? Eu nem olho para elas, porque nem sei se hei-de rir ou chorar. Então em relação aos Alfas que é o que conheço melhor, as cotações não reflectem em nada o mercado.

Depois também não nos podemos esquecer que os preços anunciados não são os preços reais de venda isto em relação aos carros mais populares, mas temos que nos lembrar que quando a fasquia sobe muitas vezes os carros vão para o estrangeiro porque cá pelo burgo ninguém dá valor, muito por falta de educação e cultura automobilística.

Eu, O IMBECIL, já podia ter o meu carro de sonho, um Alfa Romeo Giulia Sprint Gta. Mas porque é que tenho dezenas de Alfas, que nem consigo andar neles todos ao mesmo tempo, gastei uma fortuna na "colecção", quando bem que podia ter poupado e andar de Gta. Tinha um como deve de ser, único, com história, de interesse e.... tinha preservado as finanças pessoais que o valor daquilo está sempre a aumentar 10% a 20% ao ano. Mas como sou IMBECIL.... :(
 

Francisco Dias

Veterano
[background=rgb(252, 252, 252)]estou a gostar da troca de opiniões. :) [/background][background=rgb(252, 252, 252)] [/background]

[background=rgb(252, 252, 252)]"Mais vale comprar o mesmo carro já restaurado ao "imbecil" que o restaurou." :lol: todos sabemos que não é a mesma coisa.[/background]

[background=rgb(252, 252, 252)]"cheguei a gastar 5 x mais do que o carro vale num restauro... se fosse rico voltava a fazer, como não o sou não posso." [/background]
[background=rgb(252, 252, 252)]também já o fiz e não estou arrependido. Hoje não vale o que gastámos ... daqui a uns bons anos poderá valer. Não, não sou rico.[/background]

[background=rgb(252, 252, 252)]"muitas vezes os carros vão para o estrangeiro porque cá pelo burgo ninguém dá valor, muito por falta de educação e cultura automobilística" [/background]
[background=rgb(252, 252, 252)]eu acho que não seja pelas essas razões, mas sim pelo facto que ganhámos pouco. Igualmente pensámos que comprar lá fora fica muito mais barato. :rolleyes:[/background]
 
OP
OP
Carlos Vaz

Carlos Vaz

Pre-War
Ora que coisa gira! Como um banal tópico a divulgar um conjunto mais ou menos heterogéneo de "sucata" se transforma num debate assaz interessante!

Tão interessante que como é usual nestas coisas, todos acabam por ter razão!
Na verdade eu até concordo com o Nuno e entendo perfeitamente o ponto de vista dele, mas... (há sempre um mas) levado ao limite acabará por descambar naquilo que o Francisco descreveu.

Na verdade, teremos de uma vêz por todas que perceber que em Portugal não há mercado de classicos... as transacções são muito poucas. O que inda pode haver é um pequeno "mercadilho" de "sucata" para dadores ou mesmo restauráveis. As próprias "cotações" são dificilimas de obter precisamente por falta de negócios e porque quando estes se fazem não há a "transparencia" de um leilão (por ex.) e por conseguinte na verdade não sabemos ao certo que quantia se pagou por este ou por aquele exemplar!
A mim parece-me que a coisa estará (há algum tempo) como o mercado imobiliário (em que trabalho) em que nenhum negócio se realiza aos preços pedidos (nem lá perto... asseguro-vos que é relativamente comum chegar a metade do valor pedido), pelo que se estabelecemos o preço a pedir por um 5º carro, tendo em base os 4 que estão á venda no território nacional, o mais certo é acabarmos com 5 carros á venda com preços totalmente desfazados da clientela existente.

Depois, nesta altura muito particular do "inexistente mercado", mais uma vêz como no imobiliário, o tempo joga a favor dos compradores e por conseguinte contra os vendedores... pois... eu sei, a mudança do "chip" não é facil pois durante muito tempo foi ao contrario.

Em determinada altura, resolvi restaurar um 1750 Gtv (1ª série) e simplesmente parei de fazer contas quando ia nos 17500€... um divorcio e uma crise que para mim começou há 9/8 anos determinou uma venda por 7000€!!!!!!!!!!!!!!
E olha que eu não estava desligado disto, tinha estado ligado ao ARCP e estava ligado a muitas actividades classicas, conhecendo muita gente e sendo conhecido por muitos... todos me "gritavam" que o carro valia 12mil, que 10mil era de caras, mas... ninguém passou um cheque desse valor!!!!!!!!!!!!

Hoje, a coisa fica assim: se um dia enriquecer (altamente improvável), encararei um classico tal como um novo... é usufruir e gozar com a noção de que é dinheiro para perder. Restauros a 100%, a mandar fazer fora, é "peditório" para o qual já dei!
Agora, posso perfeitamente arranjar um "brinquedo" (aliás, ando com isso a magicar na cabeça), ir fazendo eu o que puder, sabendo que não fica feito com as "regras da arte" e usufruír desse processo e do produto final sabendo perfeitamente que só não será a mais completa ruína financeira porque as minhas horas não contam!

Há uma coisa que é certa: este gosto é um bocado como os clubismos futebolisticos, simplesmente não se explica!
 

Eduardo Relvas

fiat124sport
Premium
Bem, já chego tarde à discussão, mas é de facto um tópico sensível.

A verdade, como já foi dito, é que todos têm um pedaço de razão. Os clássicos não são um passatempo movido pela lógica. Se o fossem, se calhar muito poucos de nós o seguiam. É um facto que perdemos muito dinheiro, que raramente vemos retornado na sua totalidade. Mas também poucos de nós restauram ou mantêm um carro com o intuito de o vender, pelo menos se forem sensatos.

Não há practicamente nenhum clássico que dê retorno ao investimento de um restauro como deve ser, na linha daqueles que é hábito vermos aqui pelo Portal. Se falarmos de algo com cotações de 6 algarismos, aí sim. Mas nos clássicos do dia-a-dia, é mesmo como disse o Nuno, até dados são caros. Isto se se pensar em termos de mercado e retorno.

Claro que há sempre quem não tenha as ideias organizadas e pense que se ganha dinheiro a embonecar um destroço barato que passa de bagatela a um tesouro. Mas esses depressa são postos no sítio, quer porque não vendem ou porque acordam e percebem que restaurar um carro não é para qualquer um.

Depois temos o problema dos preços inflacionadíssimos a que vemos os carros anunciados no mercado nacional, e que tiram a qualquer um a vontade de comprar. Os nossos vendedores regra geral convencem-se que algo que tenha mais de 25 anos e trabalhe vale "miles de euros", mesmo que seja uma barraca com rodas que mal consegue pôr os cilindros todos a queimar gasolina.

O mercado nacional está a debater-se com uma época em que vai ter de haver uma viragem grande, forçada pelas circunstâncias presentes. Não se pode pensar em vender por preços irreais, e vemos os mesmos carros passarem meses e meses anunciados. É bem feita.

Eu como vendedor tenho o exemplo recente da minha E30. Levou menos de uma semana a vender desde que decidi publicar os anúncios na internet. Recebi dúzias de mails e alguns telefonemas nos dois dias imediatamente a seguir, e o rapaz que a comprou veio-a buscar de Braga de propósito. Porque é que vendeu tão depressa? Porque o preço era mais que sensato em face do produto, da raridade, do estado e do que tinha sido feito e faltava fazer. E foi vendida por esse preço. Que ainda assim, passe a curiosidade, era bem menos do que estava no anúncio do anterior dono, a quem a comprei por menos de metade do que ele tinha anunciado. Não era nem sequer remotamente sensato, e teve de o reconhecer.

É claro que provavelmente podia ter feito mais algum dinheiro com ela. Mas não queria estar a aturar regateios durante meses a fio, nem estar a fazer dela mais do que era. Por isso optei por ser o mais claro possível, apostar nos pontos fortes e não esconder os fracos, e pôr uma etiqueta à altura. Se perdi dinheiro? Não. Mas também não ganhei, foi o que investi nela, mais euro menos euro. Ficámos todos contentes, e vendeu-se rapidamente.

Por isso, o que falta no nosso mercado é sensatez. Se os vendedores reconhecerem que vender por um preço adequado é melhor que pedir mundos e fundos durante anos (com o resultado inevitável que o carro fica "queimado" por quem visita os classificados com frequência), o mercado não pára. Há sempre gente a comprar e a vender. Mas tal como o mercado imobiliário, os clássicos estão cada vez a ser vendidos por preços mais razoáveis. E os que são cheios de bazófias... ficam no sítio.

Por isso, caros amigos... não há que desanimar. Se querem vender, pensem com muita honestidade quanto é o preço razoável a pedir pelos carros que têm. Se querem comprar, armem-se com o melhor conhecimento do modelo que puderem, agarrem no dinheiro "vivo", e vão à guerra... na pior das hipóteses, perdem uns euros do passeio. Mas com o cenário actual, é bem provável que voltem para casa com um carro que gostam a um preço justo.

Um abraço a todos!
 

Camacho Cêrcas

Pre-War
Autor
Estava difícil registar-me novamente aqui no fórum, já está…

Dr. Vaz, andas a esconder segredos… Um "barn find" relativamente interessante. Tens de contar-me o que queres resgatar para ti…

Tenho de concordar com algumas afirmações. A "coleção" que o Vaz apresenta é, de facto, pouco interessante mas é para mim, provavelmente para alguns será digna de estar exposto num museu. Temos de entender que existem os entusiastas e os curiosos. Os entusiastas sabem que um Porsche 924 não vale nada e tem um motor Audi e um curioso olha para o 924 e pensa que aquele carro deve ser um desportivo exclusivo, caro, raro, rápido, cheio de luxos, tem uns faróis feitos por extraterrestres e acima de tudo, é um Porsche. No meio, existe um grupo de indivíduos que anda indeciso e tem um Porsche 924. Eu tenho um 924…

Existe lugar para todos, temos é de entender o que são e respeitar as suas decisões e convicções.

Se vale o esforço para salvar aqueles exemplares, eu até considero que sim. Nunca será por razões financeiras, mas por razões meramente emocionais. Restaurar uma viatura a 100% é para quem pode e não para quem quer e muitos esquecem este fator, daí existirem tantos clássicos para venda desmontados e a meio do restauro. Neste caso, as viaturas aparentam estar num estado de degradação algo avançado, o que encarece o restauro mas torna-o mais abrangente emocionante, é quase como fazer uma tese, ficamos entendidos num assunto que poucos dominam e neste caso, vai desde a desmontagem, pintura, estofos, etc., etc.. Quantos é que aqui estão sabem qual o parafuso que fica em tal sítio ou qual a forma de tirar aquela peça? E quantos é que preferem não saber nada disto e esquecer que um restauro destes nunca mais? Entendo ambas as partes, felizmente e infelizmente…

Se a razão imperar, deixem-se estar quietos, vão lá ver a "Gabriela" que tem uns "para-choques" bem mais bonitos e esqueçam que viram este tópico. No Standvirtual existem tantas opções de carros interessantes que num instante ficam a pensar que estes carros, dados, seriam uma ofensa e teriam de vos pagar bem para ficar com eles.
Se forem emocionais e nunca olham para o saldo bancário, gostam de sujar as mãos, a vossa mulher quer sempre ir aos sogros aos fins-de-semana e ficam com uma lágrima no canto do olho quando veem o final do "Querido, rebentei a casa.", então, parabéns, está ali uma oportunidade interessante de terem um clássico popular, irem a encontros e rigorosamente todos os presentes saberem dar uma dica sobre o vosso clássico.

Se todos quisessem restaurar o mesmo modelo da mesma marca, o que seria dos restantes? Quantos carros eram moderadamente populares e agora não vemos um na estrada, á venda, nas coleções particulares? A seleção natural existe e isso constata-se na quantidade de Minis, Escort´s, 2 cv, Carochas, etc., que sobreviveram e osque foram esquecidos, os Austin´s 1100/1300, Alfas Giulias, Citroen GS/GSA, Ford Taunus, etc., a lista é infindável.

Outro aspeto que quero frisar: o facto de ser raro não faz com que seja apetecível.

Temos de apelar obrigatoriamente aos sentidos, às emoções, á auto-realização. Eu consigo compreender que alguém gaste 5000/10.000 euros no restauro de um carro popular ou até mal-amado. No entanto, terá de argumentar com o coração para não ser um …imbecil, idiota, otário, labrego, inculto... Exemplo prático: eu guardei o meu 1º carro que era do meu falecido Pai. Presentemente, vale o mesmo que um carrinho de compras… vazio. Um Renault 21 GTL bicorpo de 1990. Este verdadeiro "mono" provocará náuseas e calafrios a alguns, a outros um conjunto de emoções fortes (hummm… serei o único a vibrar com um R21?). Mas podia ser com um Aston Martin, no meu caso, foi com o R21. Entre as peças que já comprei, o que gasto para o ter armazenado já contabiliza uns euros valentes e tudo em prol das recordações, da nostalgia, da auto-realização… E aqui é que faço a divisão entre entusiastas e os curiosos. E os que estão divididos entre este dois grupos.

Relativamente à existência (ou não) de um mercado profissional (ou não) de clássicos em Portugal, é muito fácil de constatar que… sim, existe. Senão vejamos: temos atualmente 3 revistas dedicadas exclusivamente a este assunto (se são rigorosas ou não, fica ao critério de cada um, eu leio alguma imprensa estrangeira, por isso, tenho a minha opinião formada), dezenas de empresas que tentam (sobre)viver de veículos clássicos/pré-clássicos, diversos fóruns e clubes, encontros de entusiastas a decorrer quase todos os fins de semana, rallys de regularidade, grupos de entusiastas e pessoas que motivam a ingressar neste meio exclusivo e minoritário. Se tudo isto não faz movimentar nada, então não sei o que faz. Elucidem-me.

Se eu quiser comprar um veículo clássico amanha, sem sair da cadeira onde estou agora sentado, basta ter um telefone, internet e uma grande dose de confiança, pois este mercado que alguns dizem não existir, irá satisfazer este capricho.
Custa-me até ler e ouvir quando dizem que em Portugal é sempre a mesma miséria, tudo caro, se é barato é de desconfiar, que os preços são irreais e um bom negócio só se for de borla, maus profissionais… Epa, perdoem-me mas eu já tive dos dois lados, já comprei e já vendi muito, já ganhei muitos euros e já perdi muitos euros, já ri e chorei muito, fiz amigos e inimigos, e num mercado sem qualquer regulamentação, em que a política dominante é o salve-se quem puder, existirá sempre quem está satisfeito e quem perdeu a fé.

Alguns restauros que se fazem em Portugal, não parecem estar muito longe de alguns que se fazem lá fora, excelente qualidade, excelentes profissionais a um preço minimamente sustentável. Agora deveria aparecer alguém a dizer:" Mas tu sabes lá do que falas, lá nas Americas aquilo sim, é um restauro." Bem, lamento mas alguns daqueles restauros, 80% do carro é totalmente novo, e eu, num carro antigo, considero a "patine" um elemento fundamental na experiencia que é possuir e circular com um carro antigo. Gosto de originalidade, em alguns casos algumas ligeiras modificações.

Voltando ao tema do mercado aqui no burgo: o mercado estagnou, claro que sim, que os valores têm de realmente discutidos, claro que sim, que os profissionais têm de rever as suas tabelas e formas de trabalhar, claro que sim. Como em todos os segmentos de mercado, seja no imobiliário, nos investimentos financeiros, nos negócios alimentares, etc., nada escapa a esta recessão e terrorismo mental que instalou-se na mente e alma do nosso povo. Os caprichos, os hobby´s, o que é facultativo e dispensável, será sempre o alvo a abater por quem pensa em cortar nas despesas e assim o mercado reage, ou seja, muita oferta a preços interessantes (ainda não estamos em saldos), poucos compradores e os que compram, fazem umas "OPA´S" hostis.

Nos últimos meses, despachei alguns carros que não utilizava, que deixei de ter o entusiasmo inicial ou até porque não tenho paciência para os restaurar. Desta forma, tive de lidar com um mercado estranho, hostil, com muita oferta a todos os preços possíveis e pessoas que parecem vir de Marte fazer negócios. No entanto, e tirando um ou dois casos de carros que sei perfeitamente que estão com um valor pouco simpático e que vai ser complicado realizar negócio num futuro próximo, tudo o que vendi foram quase sempre ao 1º individuo que apareceu no espaço de poucos dias, o que, como escreveu o amigo Eduardo Relvas, a sensatez será um dos segredos do negócio. Depois, tenho alguns chaços que tenho algum apreço mas que se forem vendidos, não deixam grande saudade, aplico a técnica "atirar o barro á parede".

Eu costumo dizer que estas crises não trazem só coisas más, existem fatores positivos, nem que seja o facto de se dividir o "trigo do joio"… If you know what i mean.

E temos de deixar de comparar o nosso mercado e meio de acção com o que se passa fora de Portugal. Se em alguns casos, temos imensas razões para nos queixar e debater (nos últimos anos, perdemos direitos e regalias), em outros casos, até somos uns felizardos. Caso concreto: em Inglaterra, os carros realmente são baratos, mas alguém aqui sabe os preços dos seguros?

O Mestre Pedro Marques frisou algo importante que costuma ser tabu neste mundo: um Alfa 33 16V cansado e sem suspensões "empacotar" uma Giulia Sprint em mint condicion na Serra de Sintra. ( Epá, não era isto que eu queria escrever, olha, já está…) Ok, modo sarcástico off, sorry. :lol:
O Pedro enalteceu a questão de um particular investir em clássicos. É exatamente como o Marques escreveu, existe algum mal em aliar a paixão a uma poupança? Mas qual é o problema em comprar um carro, dar-lhe um jeito, andar com ele uns tempos e depois vender? Provavelmente, nem ganhamos um cêntimo, mas se não perdermos, já ganhámos em prazer e os euros investidos estavam em algo palpável, que pode ser apreciado a vários níveis, nem que seja pelo facto de termos algo agradável na garagem que nos proporciona um passeio de domingo agradável, um track day mais entusiasmante ou um encontro com amigos na garagem para falarmos sobre ferrugem com umas bejecas e um chouriço assado pelo meio. Ou preferem um monte de notas de 500 euros na garagem?

Já agora, se me permitem a ousadia, um conselho. Quem tiver alguns euros de parte, agora é altura ideal para comprar um clássico ou pré-clássico com poder de valorização. Façam como as águias e falcões, a pairar no céu á espera de uma boa oportunidade. Mas não se esqueçam, o que hoje parece ser um bom negócio, amanha poderá não ser. Ou seja, não se precipitem, o mercado ainda não estabilizou e continua a ter previsões pouco animadoras, os preços continuam a descer.

Relativamente aos valores e tabelas de clássicos, será uma discussão eterna e que nunca haverá consenso. Mais uma vez, o nosso micro-mercado tem características distintas.
Caso pratico: Alfa 75. Eu tenho 3, um Trofeo, Twin Spark e V6. Considero o 75 um Alfa muito interessante, seja pela engenharia, historial, ser um Alfa de Milão, ser pratico, ter 5 lugares, bom equipamento e ser uma berlina genuinamente desportiva, que máquina brutal. No revés da medalha, é um modelo com problemas de ergonomia, desatualizado quando saiu, feioso, barulhento, eu sei lá, só defeitos, que porcaria de Alfa. O valor de um 75 Twin Spark, rondará os 4500 euros de acordo com as tabelas nacionais. Quem é que vai oferecer quase 5000 euros por um 75 TS? Ninguém. Então vamos comprar aquele que está para venda por 1500 euros, é o que ele vale… Ora bem, afinal parece que temos de dar um jeito a este 75 TS, mas por 1500 euros, vai valer o esforço. Depois de comprar as peçitas que o 75 necessitava e do mecânico ter dado aquele jeito na mecânica, no fim gastou-se outros 1500 euros, ainda falta pintura, comprar os faróis da frente, os coletores que entretanto partiram, o autoblocante está a fazer um barulho estranho, a 2º arranha… Entretanto, aparece no SV um 75 TS com bom aspeto, integro, por uns pornográficos 7500 euros. Afinal, em que é que ficamos?

Aqui, eu estou com a pessoa que comprou o chaço de 1500 euros e que o vai restaurar. Quem compra um 75 e o vai restaurar, nunca será para vender, daí estar a borrifar-se para os quase 200 euros que custa cada farol… Mas quando alguém critica o preço pedido por um carro restaurado e não sabe os euros e horas investidas, devia passar pelo mesmo ou ter alguma consciência.
E existem carros fáceis de restaurar e outros que são uma dor de cabeça. Um Carocha é fácil e acessível de comprar peças, um GT Junior pode ser bastante oneroso e complicado de terminar o restauro.

Um aparte, o 75 está a entrar num grupo de veículos sobrevalorizados, como são os AE86, os Golf Gti, os 205 Gti, Cooper S, etc.. Julgo existirem ofertas mais interessantes a preços idênticos ou até mais baixos.

Existem automóveis que nasceram para serem colecionáveis, desejáveis. Outros tiveram de competir, de serem extremamente populares, de aparecer no cinema, de terem transportado presidentes e ministros, nem que seja, pelo facto de envelhecerem melhor que outros. Todos merecem figurar no museu públicos gratuitos que são as estradas. Ok, todos, menos o Marina. E o Alegro. E os Dacia…

O radicalismo e extremismo, aliado, provavelmente, a uma convivência monocultural, provocam em alguns indivíduos, alguma resistência e abertura a toda a cultura automobilística que existe. Ou seja, pessoas com "palas". Costumo afirmar que em 1º lugar, estão os automóveis e depois as marcas que verdadeiramente aprecio. Ao participar em alguns fóruns e até em conversas com pessoal deste meio, constato que existe uma cultura de ignorância e raiva para com algumas marcas e modelos. Eu, como apreciador de marcas italianas (mas não só), oiço barbaridades que fazem-me ficar ainda mais careca de pessoas alérgicas a marcas italianas, mas, em contrapartida, oiço e leio afirmações do mais descabido que conheço dos apreciadores de Alfas, Fiat´s, Lancias, etc. Exemplo prático, num conhecido fórum de Alfistas, não se pode escrever Audi+tdi+fiavel= eu gosto, pois existe logo um grupo de indivíduos com pedras para nos mostrarem que um Alfa com 50.000 kms cheio de problemas é que afinal é bom. E muitos não sabem porque não gostam de X marca ou explicar porque gostam da marca Y. Se me pedirem para explicar porque gosto de Alfas, Lancias, Bmw´s, Citroen´s, Honda´s, Land Rover´s, etc., eu sei o que dizer.

A forma como conseguimos expressar e entender este mundo dos automóveis julgo ser o mais importante.

Abraço e Bom Ano.
 

nuno granja

petrolhead
Portalista
Autor
Enttre outras coisas o Portal serve para isto, troca de opiniõies :)


Sobre o meu post inicial neste tópico, não pretendo cercear ninguem, cada um faz as escolhas que entende, mas antes de sonhar, convem ter os pès bem assente na terra.

Nenhum dos meus carros vale o preço do restauro.

nuno granja
 
OP
OP
Carlos Vaz

Carlos Vaz

Pre-War
Camacho, se foi necessário estar tanto tempo fora do Portal para escreveres com esta qualidade, então vai-te, pira-te por mais uns tempos! ;)

Uma delicia de ler!

De tal forma que me vejo obrigado a rever a minha afirmação de que em Portugal não há mercado de classicos... não quer dizer que mude de opinião, mas claramente tenho que a rever.

Parabéns e BENVINDO!
 

Pedro Pereira Marques

Pre-War
Autor
O Mestre Pedro Marques frisou algo importante que costuma ser tabu neste mundo: um Alfa 33 16V cansado e sem suspensões "empacotar" uma Giulia Sprint em mint condicion na Serra de Sintra. ( Epá, não era isto que eu queria escrever, olha, já está…) Ok, modo sarcástico off, sorry. :lol:

Ah ah ah!!! :lol: Só te esqueceste de dizer o resto: O Sprint é 1600 e só perdeu a subir... a descer e nas curvas ganhou!!!

Gostei de ler o que escreveste e em relação ao 75 estás a pensar no meu caso não é? :D

Comprei o meu 75 diário ao Eduardo e ele que diga o que já gastei... mais valia ter comprado o tal por 7500 eur. Tens toda a razão, mas como sou imbecil.... :mellow:

O Carlos falou aqui do seu 1750 mas faltam fotografias!


Dados do VeículoMatricula: AH-41-53
Côr: VERMELHO
Nº. Chassis: AR-1361285
Nº. Motor: AR-00548-45814
Ano de fabrico: 1968

Antes:
Ver anexo 298325

Depois:
Ver anexo 298326

O carro até tinha uns colectores de escape especiais. Tenho um registo de todos os Alfas antigos que conheço e assim torna-se sempre mais fácil a identificação.

Desculpem o off-tópic, mas ate pus fotografias e tudo! :lol:
 

Anexos

  • 6766_4803d2c13de47.jpg
    6766_4803d2c13de47.jpg
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  • 1750carlosvaz01.jpg
    1750carlosvaz01.jpg
    42.1 KB · Vistos: 48

Pedro Pereira Marques

Pre-War
Autor
Isto dos preços tem que se lhe diga e vou dar dois exemplos reais, de carros que estão actualmente à venda:

O primeiro foi todo restaurado, não é réplica porque lhe faltam travões, caixa, diferencial, suspensão e motor de Gtam, é mais um "look alike" e mesmo assim eu sei que ao vender por 65.000 eur está a perder dinheiro. Para quem queira realmente um carro de competição poupa no sentido em que se o fizesse de raíz gastaria muito mais.

http://madeira.coisas.com/motores/automoveis/carros/alfa-romeo-gtam-2000/8091783/

O segundo é um 1300 Gt Junior de 1970. Precisa de restauro e o senhor pede 10.500 eur. Mas depois do restauro em quanto fica?

http://santarem.coisas.com/motores/automoveis/carros/alfa-romeo-1-3-gt-julia-de-1971/1838578/

P.S. de notar que ambos os vendedores são mentirosos. O primeiro nunca diz que é um "look alike" e até salienta o facto de ser original... é mentira. O segundo diz que o carro está impecável. O conceito dele de "impecável" é muito diferente do meu e o carro tem muitas incongruências e será um restauro difícil e oneroso.

Ao sabermos disto e olharmos para, por exemplo, este anuncio:

http://www.standvirtual.com/carros/Alfa-Romeo/GTV/P7400310/

À primeira vista podemos achar caro, mas tendo em conta que é um carro que é só dar à chave e vai perdurar anos sem intervenções, qual será a melhor compra?

Temos este também que à primeira vista parece caríssimo:

http://www.standvirtual.com/carros/Alfa-Romeo/Spider/P7018365/

Se realmente estiver impecável, é extremamente barato.

De notar que todas as minhas opiniões foram baseadas em fotografias (à excepção do primeiro carro que conheço bem) e como tal podem estar completamente erradas, servem apenas de exemplo.

Um bom ano a todos! Será difícil que seja bom, mas mesmo assim torço para que o seja. Um abraço.
 

Francisco Dias

Veterano
Estava difícil registar-me novamente aqui no fórum, já está…

Dr. Vaz, andas a esconder segredos… Um "barn find" relativamente interessante. Tens de contar-me o que queres resgatar para ti…

Tenho de concordar com algumas afirmações. A "coleção" que o Vaz apresenta é, de facto, pouco interessante mas é para mim, provavelmente para alguns será digna de estar exposto num museu. Temos de entender que existem os entusiastas e os curiosos. Os entusiastas sabem que um Porsche 924 não vale nada e tem um motor Audi e um curioso olha para o 924 e pensa que aquele carro deve ser um desportivo exclusivo, caro, raro, rápido, cheio de luxos, tem uns faróis feitos por extraterrestres e acima de tudo, é um Porsche. No meio, existe um grupo de indivíduos que anda indeciso e tem um Porsche 924. Eu tenho um 924… Com ainda muita teimosia de muitos a contariar, sim o 924 é um Porsche.

Existe lugar para todos, temos é de entender o que são e respeitar as suas decisões e convicções.

Se vale o esforço para salvar aqueles exemplares, eu até considero que sim. Nunca será por razões financeiras, mas por razões meramente emocionais. Restaurar uma viatura a 100% é para quem pode e não para quem quer e muitos esquecem este fator, daí existirem tantos clássicos para venda desmontados e a meio do restauro. Neste caso, as viaturas aparentam estar num estado de degradação algo avançado, o que encarece o restauro mas torna-o mais abrangente emocionante, é quase como fazer uma tese, ficamos entendidos num assunto que poucos dominam e neste caso, vai desde a desmontagem, pintura, estofos, etc., etc.. Quantos é que aqui estão sabem qual o parafuso que fica em tal sítio ou qual a forma de tirar aquela peça? E quantos é que preferem não saber nada disto e esquecer que um restauro destes nunca mais? Entendo ambas as partes, felizmente e infelizmente…

Se a razão imperar, deixem-se estar quietos, vão lá ver a "Gabriela" que tem uns "para-choques" bem mais bonitos e esqueçam que viram este tópico. No Standvirtual existem tantas opções de carros interessantes que num instante ficam a pensar que estes carros, dados, seriam uma ofensa e teriam de vos pagar bem para ficar com eles.
Se forem emocionais e nunca olham para o saldo bancário, gostam de sujar as mãos, a vossa mulher quer sempre ir aos sogros aos fins-de-semana e ficam com uma lágrima no canto do olho quando veem o final do "Querido, rebentei a casa.", então, parabéns, está ali uma oportunidade interessante de terem um clássico popular, irem a encontros e rigorosamente todos os presentes saberem dar uma dica sobre o vosso clássico.

Se todos quisessem restaurar o mesmo modelo da mesma marca, o que seria dos restantes? Quantos carros eram moderadamente populares e agora não vemos um na estrada, á venda, nas coleções particulares? A seleção natural existe e isso constata-se na quantidade de Minis, Escort´s, 2 cv, Carochas, etc., que sobreviveram e osque foram esquecidos, os Austin´s 1100/1300, Alfas Giulias, Citroen GS/GSA, Ford Taunus, etc., a lista é infindável.

Outro aspeto que quero frisar: o facto de ser raro não faz com que seja apetecível. Poderá dar alguns exemplos?

Temos de apelar obrigatoriamente aos sentidos, às emoções, á auto-realização. Eu consigo compreender que alguém gaste 5000/10.000 euros no restauro de um carro popular ou até mal-amado. No entanto, terá de argumentar com o coração para não ser um …imbecil, idiota, otário, labrego, inculto... Exemplo prático: eu guardei o meu 1º carro que era do meu falecido Pai. Presentemente, vale o mesmo que um carrinho de compras… vazio. Um Renault 21 GTL bicorpo de 1990. Este verdadeiro "mono" provocará náuseas e calafrios a alguns, a outros um conjunto de emoções fortes (hummm… serei o único a vibrar com um R21?). Mas podia ser com um Aston Martin, no meu caso, foi com o R21. Entre as peças que já comprei, o que gasto para o ter armazenado já contabiliza uns euros valentes e tudo em prol das recordações, da nostalgia, da auto-realização… E aqui é que faço a divisão entre entusiastas e os curiosos. E os que estão divididos entre este dois grupos. É essa também uma das razões que por vezes gastámos muitos € num determinado carro que à partida não tem muita lógica. Nestes casos compreendo em pleno.

Relativamente à existência (ou não) de um mercado profissional (ou não) de clássicos em Portugal, é muito fácil de constatar que… sim, existe. Senão vejamos: temos atualmente 3 revistas dedicadas exclusivamente a este assunto (se são rigorosas ou não, fica ao critério de cada um, eu leio alguma imprensa estrangeira, por isso, tenho a minha opinião formada), dezenas de empresas que tentam (sobre)viver de veículos clássicos/pré-clássicos, diversos fóruns e clubes, encontros de entusiastas a decorrer quase todos os fins de semana, rallys de regularidade, grupos de entusiastas e pessoas que motivam a ingressar neste meio exclusivo e minoritário. Se tudo isto não faz movimentar nada, então não sei o que faz. Elucidem-me.
Mercado de clássicos/antigos ... claro que existe! Bons profissionais, bons comerciantes, agora na questão de preços, abordagem para os negócios, forma de negociação ... nisso estamos a anos luz. A 1ª coisa que nós questionámos sobre um carro que está em venda, é qual o melhor preço. não interessa o real estado do mesmo! Isso é secundário! Quanto aos grupos de entusiastas, uns bons outros nem por isso, uns que dizem sempre muito bem, outros que criticam por tudo e por nada. Repito o que já em cima disse, se porventura aparecer um clássico em estado irrepreensível aparece sempre um "expert" a dizer que isto ou aquilo não está bem! Também nisto somos muito díspares em relação aos nossos amigos CE.

Se eu quiser comprar um veículo clássico amanha, sem sair da cadeira onde estou agora sentado, basta ter um telefone, internet e uma grande dose de confiança, pois este mercado que alguns dizem não existir, irá satisfazer este capricho.
Mesmo não o conhecendo, não estou a vê-lo fazer isso! claro que há excepções, a não ser que seja um carro que custe 500 euros
Custa-me até ler e ouvir quando dizem que em Portugal é sempre a mesma miséria, tudo caro, se é barato é de desconfiar, que os preços são irreais e um bom negócio só se for de borla, maus profissionais… Epa, perdoem-me mas eu já tive dos dois lados, já comprei e já vendi muito, já ganhei muitos euros e já perdi muitos euros, já ri e chorei muito, fiz amigos e inimigos, e num mercado sem qualquer regulamentação, em que a política dominante é o salve-se quem puder, existirá sempre quem está satisfeito e quem perdeu a fé.
Já vendi alguns carros, e a diferença entre um negócio com um "tuga" e com um "estrangeiro" é mesmo notória!! Sim também nisso somos uns coitadinhos. Por cá está sempre tudo caríssimo!! Ora se está caro, o porquê de por vezes fazerem umas centenas de kms?! Espertice solaia chamo eu a isso.

Alguns restauros que se fazem em Portugal, não parecem estar muito longe de alguns que se fazem lá fora, excelente qualidade, excelentes profissionais a um preço minimamente sustentável. Agora deveria aparecer alguém a dizer:" Mas tu sabes lá do que falas, lá nas Americas aquilo sim, é um restauro." Bem, lamento mas alguns daqueles restauros, 80% do carro é totalmente novo, e eu, num carro antigo, considero a "patine" um elemento fundamental na experiencia que é possuir e circular com um carro antigo. Gosto de originalidade, em alguns casos algumas ligeiras modificações.

Voltando ao tema do mercado aqui no burgo: o mercado estagnou, claro que sim, que os valores têm de realmente discutidos, claro que sim, que os profissionais têm de rever as suas tabelas e formas de trabalhar, claro que sim. Como em todos os segmentos de mercado, seja no imobiliário, nos investimentos financeiros, nos negócios alimentares, etc., nada escapa a esta recessão e terrorismo mental que instalou-se na mente e alma do nosso povo. Os caprichos, os hobby´s, o que é facultativo e dispensável, será sempre o alvo a abater por quem pensa em cortar nas despesas e assim o mercado reage, ou seja, muita oferta a preços interessantes (ainda não estamos em saldos), poucos compradores e os que compram, fazem umas "OPA´S" hostis.

Nos últimos meses, despachei alguns carros que não utilizava, que deixei de ter o entusiasmo inicial ou até porque não tenho paciência para os restaurar. Desta forma, tive de lidar com um mercado estranho, hostil, com muita oferta a todos os preços possíveis e pessoas que parecem vir de Marte fazer negócios. No entanto, e tirando um ou dois casos de carros que sei perfeitamente que estão com um valor pouco simpático e que vai ser complicado realizar negócio num futuro próximo, tudo o que vendi foram quase sempre ao 1º individuo que apareceu no espaço de poucos dias, o que, como escreveu o amigo Eduardo Relvas, a sensatez será um dos segredos do negócio. Depois, tenho alguns chaços que tenho algum apreço mas que se forem vendidos, não deixam grande saudade, aplico a técnica "atirar o barro á parede".

Eu costumo dizer que estas crises não trazem só coisas más, existem fatores positivos, nem que seja o facto de se dividir o "trigo do joio"… If you know what i mean.
Completamente de acordo com essa afirmação.

E temos de deixar de comparar o nosso mercado e meio de acção com o que se passa fora de Portugal. Se em alguns casos, temos imensas razões para nos queixar e debater (nos últimos anos, perdemos direitos e regalias), em outros casos, até somos uns felizardos. Caso concreto: em Inglaterra, os carros realmente são baratos, mas alguém aqui sabe os preços dos seguros?
Eu acho sim que podemos e devemos comparar-nos. Se em muitas outras coisas o fazemos o porquê de não o fazermos também nisto dos clássicos?! Somos uns felizardos em quê? Pelo preço da gasolina? Pelos impostos pagos?!!

O Mestre Pedro Marques frisou algo importante que costuma ser tabu neste mundo: um Alfa 33 16V cansado e sem suspensões "empacotar" uma Giulia Sprint em mint condicion na Serra de Sintra. ( Epá, não era isto que eu queria escrever, olha, já está…) Ok, modo sarcástico off, sorry. :lol:
O Pedro enalteceu a questão de um particular investir em clássicos. É exatamente como o Marques escreveu, existe algum mal em aliar a paixão a uma poupança? Mas qual é o problema em comprar um carro, dar-lhe um jeito, andar com ele uns tempos e depois vender? Provavelmente, nem ganhamos um cêntimo, mas se não perdermos, já ganhámos em prazer e os euros investidos estavam em algo palpável, que pode ser apreciado a vários níveis, nem que seja pelo facto de termos algo agradável na garagem que nos proporciona um passeio de domingo agradável, um track day mais entusiasmante ou um encontro com amigos na garagem para falarmos sobre ferrugem com umas bejecas e um chouriço assado pelo meio. Ou preferem um monte de notas de 500 euros na garagem?

Já agora, se me permitem a ousadia, um conselho. Quem tiver alguns euros de parte, agora é altura ideal para comprar um clássico ou pré-clássico com poder de valorização. Façam como as águias e falcões, a pairar no céu á espera de uma boa oportunidade. Mas não se esqueçam, o que hoje parece ser um bom negócio, amanha poderá não ser. Ou seja, não se precipitem, o mercado ainda não estabilizou e continua a ter previsões pouco animadoras, os preços continuam a descer.

Relativamente aos valores e tabelas de clássicos, será uma discussão eterna e que nunca haverá consenso. Mais uma vez, o nosso micro-mercado tem características distintas. Também nisto queremos ser mais espertos! Se o meu vizinho vendeu por 10 eu vou querer vender por 15! É à vontade do freguês.
Caso pratico: Alfa 75. Eu tenho 3, um Trofeo, Twin Spark e V6. Considero o 75 um Alfa muito interessante, seja pela engenharia, historial, ser um Alfa de Milão, ser pratico, ter 5 lugares, bom equipamento e ser uma berlina genuinamente desportiva, que máquina brutal. No revés da medalha, é um modelo com problemas de ergonomia, desatualizado quando saiu, feioso, barulhento, eu sei lá, só defeitos, que porcaria de Alfa. O valor de um 75 Twin Spark, rondará os 4500 euros de acordo com as tabelas nacionais. Quem é que vai oferecer quase 5000 euros por um 75 TS? Ninguém. Então vamos comprar aquele que está para venda por 1500 euros, é o que ele vale… Ora bem, afinal parece que temos de dar um jeito a este 75 TS, mas por 1500 euros, vai valer o esforço. Depois de comprar as peçitas que o 75 necessitava e do mecânico ter dado aquele jeito na mecânica, no fim gastou-se outros 1500 euros, ainda falta pintura, comprar os faróis da frente, os coletores que entretanto partiram, o autoblocante está a fazer um barulho estranho, a 2º arranha… Entretanto, aparece no SV um 75 TS com bom aspeto, integro, por uns pornográficos 7500 euros. Afinal, em que é que ficamos?

Aqui, eu estou com a pessoa que comprou o chaço de 1500 euros e que o vai restaurar. Quem compra um 75 e o vai restaurar, nunca será para vender, daí estar a borrifar-se para os quase 200 euros que custa cada farol… Mas quando alguém critica o preço pedido por um carro restaurado e não sabe os euros e horas investidas, devia passar pelo mesmo ou ter alguma consciência.
E existem carros fáceis de restaurar e outros que são uma dor de cabeça. Um Carocha é fácil e acessível de comprar peças, um GT Junior pode ser bastante oneroso e complicado de terminar o restauro.

Um aparte, o 75 está a entrar num grupo de veículos sobrevalorizados, como são os AE86, os Golf Gti, os 205 Gti, Cooper S, etc.. Julgo existirem ofertas mais interessantes a preços idênticos ou até mais baixos.

Existem automóveis que nasceram para serem colecionáveis, desejáveis. Outros tiveram de competir, de serem extremamente populares, de aparecer no cinema, de terem transportado presidentes e ministros, nem que seja, pelo facto de envelhecerem melhor que outros. Todos merecem figurar no museu públicos gratuitos que são as estradas. Ok, todos, menos o Marina. E o Alegro. E os Dacia…

O radicalismo e extremismo, aliado, provavelmente, a uma convivência monocultural, provocam em alguns indivíduos, alguma resistência e abertura a toda a cultura automobilística que existe. Ou seja, pessoas com "palas". Costumo afirmar que em 1º lugar, estão os automóveis e depois as marcas que verdadeiramente aprecio. Ao participar em alguns fóruns e até em conversas com pessoal deste meio, constato que existe uma cultura de ignorância e raiva para com algumas marcas e modelos. Eu, como apreciador de marcas italianas (mas não só), oiço barbaridades que fazem-me ficar ainda mais careca de pessoas alérgicas a marcas italianas, mas, em contrapartida, oiço e leio afirmações do mais descabido que conheço dos apreciadores de Alfas, Fiat´s, Lancias, etc. Exemplo prático, num conhecido fórum de Alfistas, não se pode escrever Audi+tdi+fiavel= eu gosto, pois existe logo um grupo de indivíduos com pedras para nos mostrarem que um Alfa com 50.000 kms cheio de problemas é que afinal é bom. E muitos não sabem porque não gostam de X marca ou explicar porque gostam da marca Y. Se me pedirem para explicar porque gosto de Alfas, Lancias, Bmw´s, Citroen´s, Honda´s, Land Rover´s, etc., eu sei o que dizer.

A forma como conseguimos expressar e entender este mundo dos automóveis julgo ser o mais importante.

Abraço e Bom Ano.

Sim sou Português :p embora não com muito orgulho
 
OP
OP
Carlos Vaz

Carlos Vaz

Pre-War
Pedro, uma precisão nessas fotos do meu ex 1750 (curiosamente eu não tenho nenhuma)!

Ambas se referem ao depois!

A 2ª foto refere-se ao tempo em que eu o restaurei: coloquei-lhe aquelas jantes que adorava mas não sei sequer de que marca são. Na altura não foi aquela cor que pedi, aquilo foi por autorecriação de quem as arranjou com o acordo de que se não gostasse não pagava. O facto é que gostei!
O carro tinha uma linha completa de escape que veio da "Alfaholics", umas molas e amortecedores (que foram um erro) regulaveis da Spax. Tinha uma estabilizadora mais grossa e autoblocante. Tinha também um filtro de ar da "pipercross" que tinha algumas semelhanças com os dos GTA.

A outra foto, é já do carro na mão do novo dono, depois de recolocadas as jantes originais (que seguiram com ele), bem como tudo o resto de origem. Ao que sei, as peças de "performance" com exepção das molas (que efectivamente o rebaixavam demasiado) foram colocadas numa Berlina que vai fazendo umas regularidades.

Quem sabe ao certo disso é o Rui "Martini" que certamente conheces!
 
OP
OP
Carlos Vaz

Carlos Vaz

Pre-War
Respondendo ainda ao Camacho Cercas... de facto quando digo que em Portugal não há mercado de classicos, é no sentido ém que os bons exemplares rareiam e as transacções são poucas, o que não permite estabelecer médias de preços (cotações) realistas.
Claro que apesar disso há empresas e pessoas a trabalhar (uns bem outros mal, como em todas as áreas) e que de alguma forma dão "corpo" a esse mesmo mercado!

Agora que as transacções são poucas e na maior parte das vezes "á porta fechada", são!
Ao nivel dos "chassos" a coisa já muda um pouco de figura!
 

Camacho Cêrcas

Pre-War
Autor
Agradeço as tuas palavras, Vaz. Por vezes gosto de escrever umas linhas quando sei que quem vai ler tem a mesma sensibilidade automobilística que eu. Perdi a paciência para escrever em alguns fóruns, talvez porque os velhos do Restelo persistem na mesma conversa, as mentalidades não mudam e existe a tal falta de abertura para assuntos mais abrangentes. É como os clubes de futebol, mesmo sabendo que o Sporting está ao nível de clubes da II Liga, os adeptos fanáticos ainda acreditam que conseguem vencer algo esta temporada…

Grande Pedro, tás bem?
Pois, em relação á tua Giulia, tenho de reconhecer que está um pequeno monstro, grande andamento, a tua mestria na condução fazem o resto. MAS……. Sim, mas, contra o meu 33 16v, que mesmo cansado, pilotado por alguém que tem plena consciência das suas capacidades medianas de condução, tem um andamento explosivo. Eu não pude abusar porque além das suspensões (ou falta delas), travões e casquilhos, o 33 não consegue impressionar em toda a sua plenitude neste estado. Realço o motor que transborda saúde e manda umas labaredas brutais, excelente para assar um frango… Claro que tu vinhas ali sempre a morder-me os calcanhares… mas porque eu deixava, era para picar-te… ;)
Seria injusto comparar estes dois Alfas, mundos diferentes, filosofias diferentes, andamentos diferentes mas o mesmo prazer na condução, super divertidos, cada um ao seu estilo.

Em relação aos 75, não tinha na altura pensado nos Alfas que compraste-me, mas a história encaixa na perfeição. Além do dinheiro e horas que gastaste no restauro, pagas-te bem os 2 75 TS e nunca te ouvi lamentar, ou seja, entendes a filosofia dos restauros e sabias ao que ias. Um gentleman.

Algo que ainda não discutimos e que é, provavelmente o aspeto mais interessante, o fator "fun" que tiramos das nossas maquinas. Mas aqui, vou deixar o Dr. Vaz escrever as 1º´s linhas, pois temos discutido este aspeto por diversas ocasiões e o Vaz tem uma opinião muito válida e curiosa sobre este assunto.
Será que conseguimos ter prazer/fun na condução dos carros que estão a ser aqui discutidos?

Um bom 2014 – 1 para todos.
 

Pedro Pereira Marques

Pre-War
Autor
não estando comprador, nem conhecendo os seus donos qual a vossa opinião sobre estes carros.
http://www.standvirt...rocha/P7410067/

http://www.standvirt...forma/P7394857/

Atenção, não passa de uma opinião:

O primeiro, se realmente tiver sido bem restaurado de chapa e se estiver completo é bem comprado. O segundo vai precisar de um grande restauro de chapa. se esse restauro de chapa for feito como deve de ser sem ser atamancado, gasta-se dezenas de milhares de euros. Será que vale a pena?

O engraçado nisto tudo é que eu até acho que o carro por 6000 eur é bem comprado e ainda falta muita coisa para fazer e estamos a falar do carro mais popular do mundo, agora imaginem o que eu acho dos outros menos populares. Porque é que um "simples" Vw Carocha vale 6000 eur desmontado e um Fiat 124 Spider não há-de valer 25.000 eur? Porque é que deixamos que muito clássico de interesse seja vendido para fora?

Voltando ao tópico e embalado com a conversa dos Vws, eu sou dos que gostam de nivelar por cima. Os carros que o Carlos Vaz encontrou se restaurados propriamente valem mais de 5000 eur. Se virmos os anuncios dos Carochas, das 4L's, dos Minis, das Meharis e de outros carros semelhantes populares, muitos pedem mais de 5000 eur por eles. Estes últimos são muitas vezes os primeiros a dizer que um Alfa Gt Junior por 15000 eur é caro, mas depois pedem o mesmo pelo seu clássico popular. Se queremos ser justos então nivelemos as coisas por cima: um Carocha desmontado vale 6000 eur? Vale sim sr, e um Alfa Gt Junior tem que passar a valer 25.000 eur. Uma Transporter pão de forma por 13000 eur cheia de podres?! Sim pode valer, mas vamos então aumentar (e bem) os preços dos outros.

Qual o mais barato?

http://www.standvirt...pider/P7323355/

http://www.standvirt...forma/P7394857/

Mas porque é que um Vw Carocha restaurado vale 8.500 eur e um Lamborghini nas mesmas condições não há-de valer 31.000 eur?

http://www.standvirtual.com/carros/VW/Carocha/P7376442/

http://www.standvirtual.com/carros/Lamborghini/Urraco-P250/P6929782/

Porque é que o segundo vai ter que ser vendido para o estrangeiro, porque por cá todos dizem que o homem é doido e pede mundos e fundos?

Conclusão: o nosso parque automóvel clássico está cada vez mais pobre.
 
OP
OP
Carlos Vaz

Carlos Vaz

Pre-War
Pedro, as justificações para o que aqui descreves, estão no facto desta "doença" ser tudo menos racional e no facto das motivações de compra serem diferentes de pessoa para pessoa!

Se a logica imperasse, há muito que todos os adeptos seriam do FCP...
 
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